Gibraltar, Part II

E eis que resurjo com a parte final das mini aventuras em Gibraltar (antes tarde do que nunca).
O farol aí em cima fica numa área elevada e cercada de mirantes, chamada Europa Point; os locais dizem que é o extremo sul do continente ( na verdade é Tarifa, na Espanha, mas vamos deixar pra lá). Daqui você pode ver o oceano Atlântico encontrar o Mediterrâneo. Esse é o único farol britânico fora do Reino Unido.

Do farol do Europa Point se pode também ver a África (foto acima, à direita), que fica a apenas 25km de distância. Há uma rota de ônibus que leva até Europa Point, caso você não esteja de carro. Também há uma igreja católica e a mesquita Ibrahim-Al-Ibrahim (foto à esquerda), doação de um rei saudita.

Depois voltamos para o centro da cidade e, como o dia estava bonito, fomos dar um passeio a fim de apreciar mais um pouco da arquitetura colonial, vielas coloridas e flores nas janelas:

Depois foi hora de voltar pro hotel e nos preparar para a última noite de 2023. O staff estava ocupadíssimo acertando os últimos detalhes da festa e fomos para o bar. É inacreditável o quanto os drinks em Gibraltar são mais baratos e melhores do que os similares na Inglaterra. Eles também estão livres do imposto extra sobre álcool cobrado no Reino Unido, e não economizam na quantidade. Na terceira margarita você já está falando em línguas e considerando subir em cima da mesa (felizmente isso não acontece pois você também já não consegue levantar da cadeira).

Que beleza esse último pôr do sol. Me arrependi de não estar no topo da pedra de Gibraltar nesse momento para admirá-lo em toda a sua plenitude dourada, mas a varanda do bar do hotel também estava uma delícia (e na varanda do bar hotel tinha margaritas…).

Não fiz muitas fotos do evento mas ele incluiu cocktail de boas vindas, um jantar, entretenimento musical, canapés e mais drinks depois da meia noite; fora este maravilhoso kit com chapeuzinho, máscara, bigode, corneta, confete, serpentina, colares havaianos e christmas crackers – esses cilindros de papelão na foto abaixo à esquerda, que estouram quando você puxa as extremidades e têm brindes e piadas dentro; são bem tradicionais nas festividades britânicas.

Essa diva aceitou o desafio de cantar Adele e tinha uma voz simplesmente maravilhosa. Pena que os convidados não estava dando muita bola (esse é o destino de quem canta em restaurante, né? ter que disputar atenção com o churrasco), mas eu cantei junto e ela me notou:

Outra coisa chata é que logo depois da meia noite o DJ simplesmente meteu uma seleção de eurodance flopada. Eu teria ficado ali assim mesmo, não pela música mas pelos CANAPÉS – mas respectivo é ainda mais chato do que eu e preferiu ir fumar na varanda assistindo aos fogos iluminando o céu. As senhorinhas de 65 anos se equilibrando em cima de saltos 12 pulando feito cabritas ao som do bate-estaca me entreteram por mais uma meia hora até que meu marido mostrou o crachá da terceira idade e resolveu ir dormir. Poxa, mas e os CANAPÉS, sabe? (cries in hunger)

Primeiro dia de 2024. Solzinho de rachar, apesar da temperatura ainda amena. Resolvemos dar um rolê na Espanha – que fica logo ali depois da fronteira – mas qual não foi nossa surpresa ao chegar no setor de imigração e ouvir do funcionário espanhol (bastante debochado e fingindo não saber falar inglês) que por não termos reserva de hotel do outro lado da fronteira não podíamos visitar. “Ou férias em Gibraltar, ou férias na Espanha”, disse ele, nos empurrando os passaportes de volta. Beleza Diego, mas isso não vai fazer a Inglaterra devolver Gibraltar pra vocês, tá?. Reclama com o tratado de Utrecht.

Demos meia volta e fomos para a praia:

Essa aí se chama Sandy Bay, acessível por uma rampa que leva da pista à areia. Não fica muito lotada porque é difícil encontrar estacionamento (fomos de ônibus) e à tarde fica parcialmente na sombra por causa da Pedra. Achei uma graça essas casinhas geminadas com telhados vermelhos e pensei que (numa outra vida, em que eu fosse herdeira do Jeff Bezos) seria legal ter uma dessas como casa de veraneio para curtir o mediterrâneo no inverno europeu. Mas o que realmente me deixou encantada foi a pedra belíssima ao fundo, dominando a paisagem e cortando as nuvens com seus contornos. Poucas coisas são mais bonitas pra mim que montanhas, rochedos e toda a sorte de elevações ancestrais. Eu devo ter sido montanhesa em outra vida (ou, mais provável, um bode).

Respectivo: I BELIEVE I CAN FLYYYYY
Gaivota ali atrás: lol bitch I bet

Essa ao fundo é a praia ao lado, Catalan bay. Achei as casinhas coloridas ainda mais bonitas e lá tem um restaurante, uma loja e um pequeno estacionamento. Infelizmente não tivemos tempo de visitar dessa vez (essa foto foi feita da janela do ônibus quando estávamos saindo de Sandy bay), mas ficou marcada para a nossa próxima visita.

Essas flores amarelas/laranja me lançaram num deja vu nostálgico. O jardim da casa onde passei a infância era pontilhado de lantanas cor de rosa e eu usava as flores e os pequenos frutos como comidinha de boneca. As flores tinham o tamanho perfeito para fazer buquês de noiva ou arranjos de flores para a casa das Barbies. Infelizmente elas preferem climas quentes, mas da próxima vez que encontrar uma no garden centre vou plantar num vaso e deixar no conservatório durante o inverno.

Depois dessa trip finalmente subimos a pedra de bondinho para ver os macacos, mas não tenho registros dessa parte porque meu celular ficou sem bateria. Consegui fazer apenas alguns vídeos, que postei no instagram. A subida pelo bondinho é mais barata e uma experiência diferente, mas as vans são práticas e também oferecem belas paisagens. Lá em cima você pode fazer outras excursões, como a reserva natural, o Skywalk (se não tiver vertigem…), a caverna de Saint Michaels (coberta de estalactites e estalagmites, e às vezes eles promovem concertos de música clássica com orquestra – imagine a acústica!) e os Túneis do Cerco – cavados pelos britânicos durante os ataques dos espanhóis e franceses no século 18.

E quanto aos macacos, apesar dos *inúmeros* avisos para não alimentar ou tentar tocá-los as pessoas continuam desobedecendo. Dessa vez vimos um macaco levar a bolsa de uma turista, tirar uma caixa de remédios de dentro e tentar comê-los – isso poderia facilmente matar o animal. Fora que eles podem furtar comida que lhes faça mal e levar embora chapéus, jóias, câmeras e celulares. Em resumo: segure os seus pertences, não encare ou faça caretas para os bichinhos (isso é visto por eles como ameaça e podem se tornar agressivos a fim de se defender) e não os alimente porque a multa é salgada. Fora isso os macacos são lindos, brincalhões e observá-los é muito divertido. Alguns podem até tentar se aproximar; um deles puxou a barra da calça do respectivo e ganhou amendoim (seguro para eles se fornecido pelos funcionários), mas a regra é apreciar sem se esquecer de que são animais selvagens. E para o bem estar deles é bom que permaneçam assim.

E no dia seguinte, depois de almoçar um dos PIORES sushis da existência, chegou a hora de voltar pra casa. O aeroporto de Gibraltar é pequeno e a pista faz cruzamento com a estrada principal; eles precisam parar o trânsito para os aviões decolarem ou pousarem. Enquanto eu aguardava fomos informados de que havia uma falha técnica com o avião e que eles estavam esperando um engenheiro para resolver. O vôo saiu com quase quatro horas de atraso, mas esse não foi de longe o maior dos problemas…

Por muito pouco esse não foi o meu último pôr do sol. A uns 40 minutos de pousar em Londres fomos informados via tannoy pelos pilotos com uma voz meio esquisita que o vôo teria que fazer um pouso de emergência, mas eles não sabiam ainda ONDE. E que devíamos nos preparar para uma aterrisagem “difícil”. Hahahaha, só isso amores? Beleza, então. Imaginei que aquele “probleminha técnico” na verdade tinha sido um problemão e que talvez aquele vôo nem devesse ter decolado. Acabamos descendo em Nantes (não sem antes eu ter me arrependido por não ter feito um testamento) e o avião foi recepcionado na pista por… equipes de bombeiros. Sim, amigos, a cabine literalmente PEGOU FOGO. Os pilotos estavam falando esquisito por causa da FUMAÇA.

*insira gif da Xuxa falando PuTaQuEpArIu*

Enfim, sobrevivemos. E eu espero sinceramente passar uns seis meses sem ter que entrar noutro avião.

I’ll be your Rock of Gibraltar

Hey lovelies, Feliz 2024!
Ok, já estamos nos últimos respiros de janeiro mas o que vale é a sinceridade. :)

Espero que vocês tenham tido um fim de dezembro maravilhoso, celebrando o natal e a chegada do novo ano junto das pessoas mais queridas. Aqui eu tive um mês conturbado com dramas from Brazil e só consegui relaxar um pouco na reta final. A família do respectivo cogitou enviar a sogra para passar a data conosco, mas por causa da distância ela acabou desistindo. Infelizmente eu só fui informada disso de última hora, e sem saber se iria ou não recebê-la meu planejamento foi pras cucuias. Enfim, as luzinhas da árvore de natal não deram nó dentro da caixa, minha farofa de bacon estava perfeita e isso é tudo o que importa.

Costumo passar o natal em casa porque acho uma festa mais “cosy”. Porém logo depois veio chegando aquela crise existencial de fim de ano, que somada ao frio e a escuridão do inverno me obrigou a buscar uma nesga de sol. Não me entendam mal, eu curto demais a vibe acolhedora dessa época, acho muito gostoso me enrolar no conforto das texturas macias das roupas de inverno, sentir o calorzinho de uma lareira (outro plano para 2024) e os dias curtos com cara de chocolate quente maratonando minha lista de filmes no Prime Video. Mas como eu disse dezembro não foi um mês muito legal, a saúde mental sofreu e eu achei que um vôo curto trazendo céu azul, clima ameno e drinks baratos do outro lado iria me animar.

Ou seja, Gibraltar here we go again.

Primeiramente peço desculpas a todos que sem querer enganei no Instagram colocando a geolocation RIO DE JANEIRO de zuera na foto que abre esse post. :) Em minha defesa eu nunca pensei que alguém fosse realmente confundir a Pedra de Gibraltar com o Pão de Açúcar ou Corcovado; não-cariocas estão desculpados, mas os nativos do Hell De JaNeura? Are you ok? Enfim, ESSA pedra fica numa pontinha da península ibérica entre a Espanha e o Marrocos, banhada pelo mar mediterrâneo e pelo oceano atlântico. Gibraltar (Gibs, para os íntimos) é um território britânico ultramarino, ou seja, fala-se inglês, a moeda é a libra e seus habitantes são chamados gibraltinos – pessoas de ascendência inglesa que nasceram por lá. Também há os ingleses que escolheram se aposentar num país com o clima da Espanha mas sem ter que aprender a falar espanhol (inclusive apóio).

Fim do papo National Geographic, vamos aos finalmentes: hotel bom é hotel que já te recebe com champanhe no check in:

O Sunborn é um hotel que parece um iate (ou é um iate usado como hotel? Sinceramente não faço idéia) que fica “ancorado” em uma marina. Eu não costumo ficar em hotéis luxuosos; qualquer airbnb ou bed & breakfast já é suficiente. Porém conseguimos um pacote bastante razoável de última hora no Booking ponto com, e como meu marido não sabe o que são 30 dias seguidos de férias desde 2005 eu acho que ele merecia esse little treat.

Demos um passeio rápido pelas imediações, tomamos uma cerveja gelada no Bianca’s (um dos bares da marina, e que inesperado foi poder sentar numa mesa na calçada em DEZEMBRO sem passar frio, gente) e resolvemos jantar no próprio hotel, já que era a primeira noite estávamos meio cansados pra procurar restaurante na cidade. Isso se revelou um erro porque a comida era apenas mediana (e por outras razões que explico em breve). Enfim, o vinho estava ótimo, mas nunca entenderei pratos que levam arroz al dente. Posso estar demonstrando ignorância culinária aqui, mas arroz crocante não rola, desculpe.

Vista do bar do hotel à noite:

Vista do quarto. A área da marina é bem animada; no inverno não costuma lotar, mas os bares e pubs ficam abertos com música até bem tarde.

O último dia do ano amanheceu belíssimo:

O Hotel fica no coração da Ocean Village – um complexo residencial e de lazer ao redor de uma das três marinas de Gibraltar. A área, toda calçada em pedrinhas portuguesas, tem lojas, bares, restaurantes, dois cassinos e é pontilhado desses enormes blocos residenciais de varandas envidraçadas com vista para o mar. Não fosse o fato de que não é preciso usar carro para nada, a área me lembraria um pouco a Barra da Tijuca – porém com clima agradável e sem milicianos.

E fomos aproveitar o dia bonito (temperatura de 14 graus pela manhã com sol, chegando por volta dos 18 graus lá pelo meio dia) para dar nosso rolê. O centro de Gibraltar é formado por várias ruazinhas que desembocam numa longa rua comercial pedestrianizada. O comércio nessa área é quase todo voltado para os turistas: lojas de cosméticos, perfumes, jóias, eletrônicos, brinquedos e tralhas – não há cobrança de imposto, logo tudo é pelo menos 20% mais barato do que no UK.

A maioria dos comerciantes é de origem indiana mas o ritmo onipresente nos alto falantes é o reggaeton espanhol mais chinfrim que você possa imaginar (sabe a batida do refrão de “Envolver” da Anitta? Pois é aquela mesma batida em toda música, em todo lugar, o tempo inteiro). “Charmoso” não é uma palavra que eu usaria para definir o centro, mas isso pouco importa no verão quando os navios de cruzeiro despejam gente de todo o mundo atrás de encher a mala de barganhas. Porém basta erguer o olhar acima das lojas para descobrir algumas belezinhas arquitetônicas.

A sede editorial do Gibraltar Chronicle, o jornal local desde 1801. É o jornal diário mais antigo de Gibraltar e o segundo jornal de língua inglesa mais antigo do mundo a ser impresso continuamente. Eu gosto muito dessa área do centro; silenciosa, os imóveis são mais antigos e tem uma pracinha gostosa de sentar e ouvir o som do vento nas folhas das árvores.

Fiquei apaixonada por essa escultura na parede de um centro cultural. Os cabelos são formados pelas raízes de uma árvore, e o rosto foi esculpido onde ficava a base do tronco.

Nos encaminhamos para a estação do teleférico a fim de subir no topo da Pedra e dar amendoim para os macacos, mas por algum motivo ele não estava funcionando nesse dia. Sempre é possível usar o serviço das vans, mas eu não estava a fim e acabamos sentando num bar nas imediações para tomar uma cerveja e comer um croquete. Na verdade eu queria presunto ibérico, porém o garçom espanhol mandou um “tem, mas acabou” e depois do NADA “mas nós temos frango!” como se fosse um substituto válido (eu ri). Acabei pedindo uns croquetes e essa foi a porção “pequena” (quero nem saber o tamanho da grande).

Ao lado da estação do teleférico fica o jardim botânico de Gibraltar. Ele fica na subida de uma encosta e se estende em vários níveis; não é muito grande, mas é bastante pitoresco e você vai encontrar cascatas, cactos e suculentas enormes e árvores que parecem alienígenas. Não fiz muitas fotos dessa vez porque já visitamos em outra ocasião, respectivo não estava muito disposto e estava começando a “esquentar” para os meus padrões (uns 20 graus, hahaha) e o apelo da cerveja foi mais forte. Mas recomendo fortemente para quem gosta de plantas. Olha o tamanho desses bebês:

Depois disso voltamos para o hotel a fim de nos preparar para a festa de reveillon do hotel.

Pra não pesar demais o post o resto fica para o próximo capítulo. :)
Mas NÃO DESISTAM DE MIM, eu vou tentar (de novo) ser mais presente em 2024. <3

Leiden, Holanda II

De repente eis que surge um mercadinho de natal. ♥

E com ele, chocolate quente. Eu, que nem mesmo sou “chocolate people”, confesso que esse aí estava muito bom. Não melhor do que os chocolates quentes na Itália (é covardia comparar, na verdade), mas muito bom mesmo. Até o creme batido era uma delícia.

Blissed out after food state:

Aparentemente tem um museu nesse moinho; não deu tempo, fica pra próxima!

No meio da cidade há esse morrinho sob o qual se ergue uma fortificação circular, a chamada torre de Burcht:

Lá do alto dá pra ter uma vista bem bacana da cidade:

Achamos uma loja de doces interessante, com Pringles sabor pizza (nunca vi por aqui), pizza de chiclete e um iPad de chocolate.

Modestamente adquiri uma caixinha de Pocky sabor limão siciliano (tem gosto de Bis de Limão) e Reese’s peanut butter versão chocolate branco. :)

E assim acabou o nosso rolêzinho na cidade; Leiden é uma gracinha, não fica longe de Amsterdam mas tem brilho próprio. :)  Depois de tomar o café da manhã do hotel entramos no carro e pegamos a estrada novamente, destino Hannover.

Leiden, Holanda

Chegamos à noite na pequena Leiden para fazer um pit-stop no caminho pra Alemanha. Já deu pra sentir a vibe holandesa nos montinhos de bicicletas em todo canto.

O dia amanheceu cinza azulado (sem filtro):

Flores e até frutas pela rua; o inverno definitivamente ainda não apareceu esse ano.

Uma das coisas bacanas na Holanda e na Alemanha são as janelas das casas abertas para a rua, o desapego à privacidade que nos permite admirar mil badulaques decorativos em exibição nas soleiras. Irresistível espiar para dentro das salas e se encantar com o decor minimalista e rústico de inspiração escandinava.

As janelas das lojas não ficam atrás:

Essas tricoteiras? Aww. ♥

(to be continued…)