Bella Italia.

No avião o sol estava se pondo quando eu finalmente consegui abrir a janela sem que o flare me cegasse. Lá embaixo, no crepúsculo, as vilas eram pequenos aglomerados de luzes douradas, cintilando por entre as fendas do topo dos alpes cobertos de neve.

I live for moments like this. ♥

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Eu tenho esse problema, um paradoxo na verdade, de querer conhecer o mundo ao mesmo tempo em que tenho partes do mundo favoritas para onde sempre quero voltar.

E esse foi indeed um bate-e-volta de apenas cinco dias; o bastante para ver pessoas queridas, comer bem, matar saudades e fazer planos de aposentadoria como a do velhinho que vi em Argegno – tomando café da manhã (queijo, salame e uma taça de vinho tinto, bless!) sentado numa mesinha de bar na calçada diante das montanhas refletidas no lago. Ou numa fazenda com bodes, lenha já cortada aguardando o inverno, panelas de ferro despejando carbonara com bacon defumado em pratos de porcelana colorida, aos poucos transformando em hábito o privilégio simples de estar ali.

I could live like this. ♥

(A segunda parte desse post infelizmente não vai existir porque eu perdi todas as fotos do meu hard drive. Oh well, vamos ter que voltar à Itália para fotografar de novo.)

Sirmione & Lake Garda

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“we’re leaving on a jet plane…”

Almoço no Café Rouge do aeroporto, já que íamos chegar relativamente tarde (até parece que se janta cedo na Itália, mas enfim).

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Em solo italiano, pôr-do-sol na estrada depois de quase uma hora no aeroporto para pegar o carro que alugamos. Uma família inglesa na nossa frente com umas seis crianças bem pequenas – honestamente, não sei como o povo consegue.

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Praça central, onde as pessoas pegava o barco para as localidades vizinhas, à beira do Lago. Bem pitoresca com essas casinhas coloridas, restaurantes e gelaterias.

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E por falar em gelato…

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Neste momento eu percebi que manter dieta durante a viagem ia ser missão impossível – e eu nem gosto de sorvete exceto alguns sabores específicos de Haagen Dazs.

O almoço comportado (e relativamente low carb) do primeiro dia. Deus abençoe a mozzarela italiana.

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Haja bouganvillea.

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A melhor cerveja (tomei um gole pra não ficar aguada):

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A melhor água.

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O melhor café -mas aí você pede creme e eles te dão chantilly.

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O trenzinho que levava da pracinha até o nosso hotel – que ficava no extremo norte da ilha. No começo eu reclamei da “distância”, mas depois comecei a ver vantagens. O hotel era silencioso, tinha piscina (que eu obviamente não usei), jardim e acesso privativo à praia (idem).

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Breakfast area:

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Meu bronze depois de três dias debaixo de um sol inclemente e as pulseiras de couro com caveirinhas que são especialidade local. Comprei a branca por nove euros chorando e depois achei a azul e a rosa por cinco euros em Garda. Fuck my life.

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Esse restaurante era a coisa mais romântica, e o menu trazia vitelo à milanesa com batata frita. Salivei, mas infelizmente não rolou comer ali; Respectivo não gostou da idéia do calor nem da superlotação.

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Rolou esse aqui, à beira do lago. Melhor comida da viagem, por sinal. :)

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De barco no Lago Garda achei um coelhinho abandonado numa das mesas, provavelmente um brinquedinho de algum filme da Pixar, cortesia de um McLanche Feliz. Trouxe para casa.

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Fiquei apaixonada pela cor desse drink (aperol spritz). Mas me arrependi, era super enjoativo – mas vinha com batatinhas fritas. Not all is lost.

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Ruínas do Grotto del Catullo, parque de ruínas romanas ao lado do hotel. Realmente impressionante.

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E uns souvenirs que eu gostaria de ter comprado:

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De volta.

Eis-me aqui, depois de uma semana de férias para fugir um pouco das olimpíadas. O plano inicial era Tóquio, mas calculei que nessa época do ano estaria fazendo calor demais por lá, que a viagem precisava de mais planejamento e resolvi adiar o sonho dourado de comer sushi na fonte para o mês de Outubro. 

E aí eu decido ir para a Itália (de novo!), dessa a região do Lago Garda (Sirmione), Verona e costa da Liguria (Cinque Terre) onde o calor possivelmente estava mil vezes mais insuportável do que qualquer lugar no Japão. Sente só o bronzeado:

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A pulseira de caveirinhas fluo foi um achado em Sirmione. Depois encontrei-as pela metade do preço em Garda e comprei mais duas (as de pirâmide são da Forever 21).

Cerca de 600 fotos na câmera, sem contar as do celular – não deu pra ficar atualizando redes sociais com imagens porque a Vodafone me cobrava SEIS REAIS para mandar uma mísera foto por 3G. Por enquanto o que eu consegui mandar pra internet via Instagram:

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Lago Garda e as montanhas de background vistos do Grotto di Catullo – ruínas de uma mansão romana à beira do lago, no ponto mais alto de Sirmione.

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Cimitero Monumentale, em Verona. Vi aquele cemitério gigantesco no meio da cidade no mapa e sabia que ia ser a primeira coisa que eu veria na cidade. O que eu não esperava: os mais de quarenta graus absolutamente miseráveis. Acho que nunca experimentei uma sensação térmica tão desgraçada. O calor absurdo + clima super seco formam uma combinação que a gente só deveria ter que encontrar no inferno. Eu me sentia queimando, mesmo na sombra. Nem uma brisa, o sol refletindo nas superfícies uma luz que cegava os olhos e deixava tudo em volta com a coloração branca e brilhante de uma explosão nuclear. Dei uma voltinha e saí correndo de volta para o ar condicionado do nosso Fiat Panda alugado.

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A linda Manarola, em Cinque Terre. Estou bestificada com a beleza dessa região, com as casinhas coloridas caindo pelas beiradas dos rochedos, com a calma e a simplicidade da vida nas vilas de pescadores, com as vistas  inacreditáveis do Mediterrâneo das janelas das casas, com a comida sem luxos, porém farta e bem feita, com as senhorinhas sentadas na praça à noite já vestidas com suas camisolas de verão a fim de terminar o crochê, a taça de vinho e a fofoca da noite anterior, as dezenas de gatos se espreguiçando por entre as vielas e escadarias intermináveis… Se me prometerem ar condicionado e internet eu me mudo amanhã e até desenferrujo meu italiano.

No entanto, por mais que a gente ame viajar, chega um momento na viagem onde a decisão “fico aqui pra sempre ou vou-me embora?” precisa ser feita. Praticalidades da vida nos obrigam a jogar as malas na esteira do check-in, tirar os sapatos para passar pela vistoria de segurança, sentar no avião e aturar duas horas e meia de vôo cercados por crianças gritando e gente que aplaude aterrisagem. Mas aí, saindo da área de desembarque, inspiramos o ar “de casa” pela primeira vez e aquele cheiro de chuva, fumaça e outros aromas nem tão mencionáveis traz a sensação reconfortante de pertencer.

Hello Gatwick. Hello England. Hello London. I am back. :)

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“Sunset over Gatwick Car Park”, light on iPhone sensor, 2012. :)

Volto já, mas antes de ir, respondendo um meme fofo que me foi repassado pela Ba Moretti:

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1. Qual é o seu nome?
2. URL do seu blog.
3. Escreva: “A rápida raposa marrom pula sobre o cão preguiçoso.”
4. Citação favorita.
5. Música favorita (no momento).
6. Cantor/Banda favorita (no momento).
7. Diga o que quiser.
8. Indique 3 ou 5 blogs.

Só agora eu vi que esqueci de indicar os blogs no caderninho (também, usei um micro caderno, nem cabia mais). Como eu fiquei uma semana fora e não sei quem já fez o meme ou não, vou deixar em aberto para quem quiser participar.

p.s.: Pensando se coloco aquele sistema de comentários tosco do Disqus aqui no blog. Que q6 acham?

Itália, ano passado.

O casal que vos escreve passava férias de verão na Sicília, aquele lugar mágico, cuja orla de um azul impossivelmente saturado é cercada por condomínios de luxo e hotéis cobrando diárias de mil euros, impossibilitando que locais e turistas pobres (eu) tenham acesso ao mar. Ainda bem que eu não gosto de praia e fui pra lá com o único objetivo de comer até explodir. E fui bem sucedida; perdi 50% do meu guarda roupa ao chegar de viagem.

Largamos o carro alugado num estacionamento em Taormina e fomos bater perna, comer coisas gostosas, comprar artesanato (o que coubesse na mala e no bolso) e fazer fotos. Na volta, o papel esticado no pára-brisa avisava que tínhamos excedido o limite de horas permitido (onde esse tal limite estava afixado, não encontramos) e por isso estávamos sendo multados; favor pagar até o dia XX na delegacia da região XX de Taormina, grato.

Problemas: estávamos indo embora de Taormina no dia seguinte para nos dirigir mais ao sul. Hotel reservado e tudo. Já começava a escurecer e encarei o prognóstico de me enfiar no carro e ir procurar o endereço da tal delegacia (não constava na multa) e depois tentar encontrá-la; admito que idéia de ir caçar uma delegacia àquela hora na Sicília não me pareceu convidativa. Enfiei a multa na bolsa para guardar de recuerdo e Respectivo riu: “Ok, a gente paga SE eles nos encontrarem!”

Bom, hoje a multa chegou na nossa casa. Mais de um ano depois.
Entrega especial, com assinatura requerida ao destinatário. A multa, em si, apenas oito euros. A cobrança, no entanto, era de quase 37 euros – atraso no pagamento, taxas de envio, etcétera. Sinceramente? Deve ter custado a eles bem mais do que isso em horas de trabalho descobrir nosso paradeiro e enviar a carta. Nota 10 em esforço investigativo, zero em custo-benefício.

Mas essa eu pago, né? Caso contrário eles mandam a máfia em peso atrás de mim se eu um dia voltar a pôr meus Loubotins na Sicília.

(by the way, não tenho Loubotins; gasto meu dinheiro pagando multas de trânsito hiperfaturadas)

Lembro que voltei da Sicília meio puta (por vários fatores, incluindo cidades que pareciam estar apodrecendo a olhos vistos e onde nada funcionava) a ponto de gastar metade de um batom da MAC rabiscando um xingamento na parede de um banheiro em Siracusa – shame on me. Mas o fato é que a Sicília precisa de tempo para ser digerida e compreendida. E no fim das contas, as muitas pequenas coisas boas se sobrepõe em número e em impacto às poucas coisas ruins. E são essas pequenas coisas que me fazem ter saudade e me fazem querer retornar um dia, mais sábia para evitar as roubadas e mais paciente com o ritmo desacelerado da vida dessa gente tão orgulhosa da sua cultura.

O que me faz lembrar imediatamente do pequeno restaurante italiano em Londres, que tem sorte de contar com uma excelente cozinha, ótimo vinho e um garçom que, ao ser perguntado por um turista americano se ele era italiano, ergueu o nariz levemente indignado e respondeu, na lata: “no – i’m sicilian”.

Just another face in the crowd.

Acordei ouvindo La Forza de la Vita (versão do Renato Russo, mas também gosto quando é o Paolo Vallesi cantando… Eu adoro música italiana; quanto mais brega, melhor) e me lembrei da Sicília. E de que quase não postei foto nenhuma de lá, em lugar nenhum. Então eis mais algumas:

Uma luminária linda e o famoso arancini num café de Catania:

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Continuando a demonstrar a paixão dos sicilianos por varandas e decorá-las com plantas, de preferência vasinhos de gerânios.

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E a Itália às vezes me lembrava tanto o Rio de Janeiro. Essa aí embaixo parece uma rua qualquer na região dos Lagos, subúrbio ou serra.

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Subindo a estrada para Taormina.

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Varandinha seguindo a tradição das flores. Repare nos vasos de cerâmica, típicos de várias cidades italianas. Era difícil chegar em uma sem esbarrar com trezentas lojas vendendo vasos, potes, pratos, floreiras, estátuas, enfeites…

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As ruínas do “Teatro Grego”, uma das mais famosas na Sicília por conta da beleza e do estado de preservação. Sem falar na localização… A vista era qualquer coisa de incrível. E esses são meus sapatos vermelhos. AGAIN. Get used to it.

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Sicília, primeira parada; Catania e Acireale.

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Sente-se num bar qualquer na Sicília, peça um drink e observe em tempo real o milagre da multiplicação dos antipastos. EU SÓ PEDI UMA CERVEJA. Juro que nada tenho nada a ver com essas quatro tigelas de comida + esse copo cheio de água suja e legumes secos plantados nela (crudité? tá de zoação). O bar em questão se chamava “Café de Paris”, ficava na orla da cidade de Catania e servia uns sorvetes, digamos assim, arquitetônicos de tão complicados e cheios de coisas desconhecidas equilibrando-se em cima. Pensei em pedir um, para fins de pesquisa cultural – mas infelizmente eu não podia me empanturrar. Estavamos ali fazendo hora para o jantar. Que iria ser degustado num restaurante ali perto, mas que só abriria às oito da noite.

Um dos pequenos probleminhas da itália, aliás. Eles realmente esperam que voce faça uma refeiçao completa, composta de antipasto (entradas frias ou quentes), primo piatto (macarrao), secondo (carnes, aves ou peixes), contorno (legumes e verduras) e dolci (sobremesa), começando as OITO da noite, esticando-se ate quase as dez e tem a petulancia de esperar que voce consiga dormir.

E olha que eu nem comi o tal do dolci, hein.

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A pousada em Acireale era uma gracinha. Chama-se Il Limoneto e é um desses “agriturismos” que proliferam por toda a Sicilia – uma fazenda que resolve alugar quartos. A nossa cultivava limões. Eu nem vou tentar descrever a sensação de acordar pela manha, abrir a janela e me deparar com um tapete verdissimo de limoeiros estendido à minha frente. Realmente lindo.

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O que eu vou tentar descrever foi o sufoco ate chegarmos lá. Desembarcamos no aeroporto de Catania quase dez da noite, já que a TUI resolver nos presentear com um atraso de OITO HORAS em hannover, onde não podíamos sequer sair do aeroporto “no caso de o voo conseguir sair antes do previsto”. Ok. Desnecessario dizer que o voo atrasou TODAS as oito horas previstas, que eu tive que passar oito horas num aeroporto de merda onde não há NADA para se fazer e que o sol brilhava lá fora: vinte e oito graus de primavera germânica.

Mentalizei uma morte lenta e dolorosa para todos os funcionarios da TUI e só acalmei quando a própria convidou os passageiros do vôo atrasado para um almoço cortesia, num dos salões do hotel do aeroporto, com vinhos e cervejas e bebidinhas e tudo o mais de grátis. E ainda dois vouchers para gastar com comida no aeroporto (não foi necessário) ou tralhas da free shop (troquei por um pingente de coração Swarovski, a unica coisa que custava o exato valor dos dois vouchers combinados; eles não dão troco).

E toca brincar com o zoom da camera pra fazer a hora passar… zzzzzzz…

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A chegada na Itália foi assim, meio que um anticlimax. ESTAVA FRIO. Eu saio de Jersey num sabado de sol maravilhoso, pessoas bebericando em frente à praia, vinte e seis graus. chego em Hannover e passo uma semana ensolarada, temperatura media de 25 graus. E aí resolvo ir pro SUL DA ITALIA e, depois de quase um mês de expectativa, está CHOVENDO? Eu joguei pedra na cruz??

Quarenta minutos depois, conseguimos pegar o carro na locadora de veiculos (ah, a eficiencia italiana…) e tocamos pra Acireale. O dilúvio versão remix caindo. na metade do caminho, no meio de uma auto estrada, o blackberry do respectivo toca. Era o pessoal da locadora de veículos, pedindo para que voltássemos na mesma hora, porque eles haviam nos dado o carro ERRADO (uma porcaria de um Lancia enorme e ruim de manobrar).

É claro que, mais da metade do caminho percorrido, e estando numa auto estrada, e chovendo gatos, cachorros, canivetes e macarrão parafuso, não voltaríamos NEM FODENDO. E é claro que os pentelhos da locadora continuaram ligando de cinco em cinco minutos, berrando “where are you” com sotaque siciliano, perturbando o motorista e quase causando um acidente. É claro que, por causa disso, Respectivo tomou o caminho errado e nos fez ir parar dentro de uma, erm… favela?

É claro que eu, carioca escaldada, paniquei histericamente imaginando que a qualquer momento um mafioso ia pular na frente do carro, AK-47 em punho, nos mandando descer e berrando o equivalente a “perdeu, prêibói” em italiano. É claro que nada disso aconteceu; só demorou um pouco mais para acharmos a maldita entrada para a fazenda, passando por um monte de ruas escuras sem calçamento e com mato por todos os lados. É impressionante como nessas horas a gente relembra rapidinho as orações que aprendeu nas aulas de catecismo, uns 20 anos atrás. Mas mesmo sendo obrigados a estacionar o carro longe do quarto e caminhar pela lama carregando malas pesadas na chuva (ai, a minha escova!), chegar lá valeu a pena.

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Se o tempo estivesse bom, daria até pra ver o mar direito… E o vulcão Etna fumegando ali atrás.

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Mas ó, taí um pedaço dele. Tó.

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The only way is up

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Acima, a escadaria de Santa Maria del Monte em Caltagirone, Sicília (no topo fica a igreja de San Giuliano, com uma vista inacreditável). E também um dos demônios que decoram toda a murada dos jardins públicos da cidade. Caltagirone é famosa por suas cerâmicas, como os azulejos que decoram a escadaria e os potes, vasos e tralhas que se espalham nas lojinhas caça-turistas. Como não ia caber nada muito grande na bagagem, não deu pra aloprar; comprei apenas dois anjos meio barrocos em Taormina.

Aqui, outra foto da escadaria, encontrada no flickr (ainda tenho que fazer download das minhas), que também deixa clara a paixão dos italianos por varandas/sacadas nos apartamentos.