Learn to be a rock and not to roll.

There comes a time again when all your legs are crossed
And a whistling voice will tell you what you’ve lost
When the day has come, when all my bells will toll
Maybe you’ll learn to be a rock and not to roll

Fazia tempo que eu não postava um street art aqui.

A parte mais legal do east end (Brick Lane em particular) é que por mais que você ande por aquelas ruas você nunca vai ver tudo. E, mesmo que conseguisse, na semana seguinte já estaria diferente. Registro pela memória, porque muitas dessas artes não estão mais lá. Mas em breve haverá novas. Que logo vão desaparecer por baixo de outras. A criatividade de multiplica, o espaço é precioso, as coisas que se querem dizer precisam ser ditas. Ali quase nada é tão perfeito que mereça durar para sempre. As ruas do east end são uma ode à efemeridade. And I’m here for it. While it lasts.

That coffee shop we used to go on rainy days.

Seguimos tentando não desistir de ter um blog, mas está difícil.
Aparentemente não existe nenhuma plataforma preparada para lidar com blogging old style. O WordPress desconfigurou meus posts antigos (eles continuam lá mas não há espaço entre as imagens, o que deixa tudo esquisito e confuso) mas não há nada que o suporte possa (ou queira) fazer para ajudar. Ficarei por aqui até encontrar uma outra solução “definitiva” – até dar errado depois de algum tempo. Eu cada vez mais detesto redes sociais, mas atualmente (equívocos do Elon à parte) elas são o único lugar onde é possível contar com algum tipo de consistência. Triste.

Essas fotos são de uma visita a Richmond algumas semanas atrás. Fui fazer um trabalhinho em Putney e investigar uma loja nova no shopping de Wandsworth, e acabei almoçando num restaurante malaio barato e gostoso (que me serviu uma porção tão generosa de nasi goreng que passei 3 dias sem fome) e indo beber uma dirty coke (coca zero + leite de coco + limão) sentada no gramado de Richmond lendo a New Yorker do mês.

Estamos entrando no terceiro dia de temperaturas desagradáveis (30 graus) e eu entrei oficialmente na minha fase anual de sofrimento. E olha que o verão ainda nem começou. Meu ar condicionado já está instalado para 2023, mas ontem os 22 graus que programei não foram suficientes; vou baixar pra 18 hoje. Não existem palavras para explicar o quanto eu odeio sentir qualquer grau de calor, e enquanto os sun lovers estão animados programando curtir a cidade eu só consigo querer me enfiar numa floresta onde há sombra e as temperaturas costumam ser mais baixas. Considerando seriamente a hipótese de passar os três próximos meses exilada nos alpes suícos, mas infelizmente a minha conta bancária não concordou com a idéia. Passo de ônibus por parques na cidade e a visão de seres humanos brancos feito cêra de shortinho e cropped espalhados feito uma estrela do mar num gramado sem árvores sob o sol escaldante de MEIO DIA me faz duvidar de que pertencemos à mesma espécie. This bitch could NEVER.

Setembro, te amo e mal posso esperar pra te ver de novo.
Até lá andarei pela sombra, e carregando no filtro solar.

Into the greenery.

Hello, readers. Faz tempo, não? Mas jurei que voltava e cá estou, tentando fazer minha presença virtual renascer das cinzas, feito uma fênix tão insistente quanto preguiçosa. O post de retorno deveria ser sobre o Brasil, mas não me sinto capaz de escrever nada tão denso quanto gostaria agora (ou talvez nunca) então as impressões (ambíguas) e fotos (ruins) de maio ficam pra outro dia. Porque hoje eu só vou falar de flores – literalmente.

Dois anos depois dessa visita eu fui passear em Little Venice de novo e tentar gastar dinheiro em plantas; voltei de mãos quase vazias exceto por uma aglaonema pink e uma suculenta, mas sempre um prazer passear por aquele conservatório (que tem cheiro de floresta tropical), admirar os arranjos florais, a lojinha de produtos para jardim, o bazar de tralhas domésticas, esquentar as mãos ao redor de um latte no café e depois ir caminhar às margens do canal, curtir a fauna aquática e jantar num restaurante que faz a gente se sentir como se estivesse num barco – e como se pode ver pelas fotos, nós encerramos o expediente da casa.

A lovely day was had by all.

Treat me right, I’m still a good man’s daughter.

Eu comecei o último post dizendo que não tinha planejado sumir durante o mês de outubro e, depois de ter sumido quase todo o mês de novembro, preciso informar que a intenção não era ter desaparecido da face da blogosfera porém: adversidades e atribulações, amigos. 2021 está sendo um ano particularmente delicioso – not.

Uma parte legal dele é que eu resolvi mudar o meu escritório-atelier-seiláoquê para o antigo quarto de hóspedes. Porque ele tem vista pro jardim e eu achei que minha saúde mental agradeceria o simples prazer de presenciar o dia virando pôr do sol, as clematis do vizinho florescendo por cima do muro, o sol mudando de lugar e arrastando as sombras do carvalho pelo quintal, as estações se alternando, os esquilos saindo no tapa em cima da cerca, a chuva da madrugada, os pombos devorando sem a menor timidez os frutos da minha piracanta e a Frankie cochilando numa pilha de folhas no fundo do jardim – tudo isso sem dúvida muito mais agradável do que encarar uma parede, ouvir os gritos da filha do vizinho e o barulho do caminhão de lixo.

E de fato, os dias se tornaram muito mais agradáveis. O quarto “novo” é mais escuro, tem uma qualidade acolhedora e relaxante. Eu troquei o carpete velho e sujo por um piso de madeira quentinho, comprei um armário lindo de madeira maciça no marketplace do Facebook (que em breve será pintado e eu mostro aqui), incenso com cheiro de floresta, pus minha cadeira de veludo azul chamada… Blue Velvet (também num oferecimento da vendinha virtual do Zuckerberg) num canto com vista para as árvores, acendi minhas velas e me senti no paraíso.

A parte chata é que a internet não funcionava mais nesse quarto.

Por algum motivo o wi-fi simplesmente não chegava aqui – mas só no desktop, porque os celulares funcionavam perfeitamente. Risos. Levei algumas semanas para entender o problema: o meu transceiver (a parte do computador responsável por enviar/receber o sinal de internet) não estava dando conta do recado. Solução: comprei um transceiver externo e boom. Internet up and running again. Ok, o PC continua lento (o que também não ajuda a atualizar blog), mas aí a culpa é do Windows ou do hard drive. E como eu vou ter que pagar pra descobrir e resolver, deixei essa bomba para 2022.

Ufa. Deixa eu respirar.

Então, vamos lá tentar de novo. Não tenho nada de muito interessante para o “show-and-tell” de hoje além dessas pequenas vignettes do quarto novo e fotos de celular de um rainy saturday particularmente gostoso em Shoreditch – que junto com o Soho é um dos meus pedaços favoritos da cidade. Boa companhia, comfort food, fachadas coloridas, os muros cobertos de street art, as luzes dos letreiros refletidas em poças d’água… A alegria dos pluviófilos que acham que a chuva tem um efeito pacificador e deixa o mundo mais bonito.

Estamos no último mês desse ano estranho. As notícias por aqui não são muito animadoras: outra sombra de apreensão às vésperas de um Natal que estava sendo tão esperado, já que no último estávamos em pleno lockdown. Dessa vez estamos mais equipados, é verdade; mas ainda assim a decepção das pessoas é palpável. Fora o cancelamento dos nossos modestos planos de viagem no ano novo a minha rotina será quase a mesma, mas para muitas famílias o Natal é uma das raras oportunidades do ano em que podem se reunir. Sinto tanto por elas. E por todos os profissionais de saúde que podem estar se preparando para outra temporada difícil.

Essa incógnita sobre o futuro é quase tão ruim quanto a certeza de que tudo vai dar errado. Mas a vantagem da incerteza é que ela deixa espaço para a esperança. E nesse fim de ano eu escolhi cultivá-la. Ler menos notícias ruins, ler mais livros, manter contato com amigos, escrever cartas, reforçar a convicção de que estamos fazendo o melhor que podemos. Vai dar certo. ♥

Building shrines for the ashes of dead hopes.

Ficou mundialmente combinado nos últimos 18 meses que romantizar a pandemia e usá-la como suposto trampolim para “auto conhecimento”, “revolução pessoal” e “volta às raízes” é de extremo mau gosto. Mas vou humildemente pedindo desculpas e licença para dizer que pelo menos uma coisa positiva esse período fez por mim: eliminar de vez o FOMO – Fear of Missing Out, o famoso “medo de estar perdendo alguma coisa”, de não ter sido convidado para o evento onde todo mundo está. Depois de um ano e meio vivendo com tantas restrições, aquela ansiedade de “planejar o fim de semana” enchendo a agenda de atividades me abandonou. Sábado passado, por exemplo, eu cancelei uma festa de rua no sul da cidade (com direito a barraquinha de pão de queijo e presença da amiga que eu não vejo desde janeiro de 2020) porque tinha planos muito importantes para aquele dia: resolvi que eu iria me MIMAR.

O mimo? Comprar uma lata de Farrow & Ball Pink Ground na B&Q e passar dois dias pintando a sala de rosa, bebendo Koppaberg e ouvindo a trilha sonora de Dirty Dancing.

Ela faz o evento dela.

Mas às vezes a gente precisa tirar as pantufas, calçar sapatos e ir resolver a vida.

E numa dessas passei em frente à loja da Versace, me deparei com essas ofertas e fui obrigada a pagar o mico de tirar foto de vitrine de grife. Porque a pegada 90s/00s das bolsinhas de piriguete suburbana com os tamanquinhos combinando (tanto nos tons pastel quanto na vibe “sábado no Mercadão de Madureira“) me deixou encantada. Não, não é meu estilo, mas isso foi o figurino de uma época. Quem viveu sabe, e completou mentalmente esse lookinho com uma camiseta baby look, calça de cintura baixa e quem sabe uma boina de veludo se a ocasião merecer.

Já se eu fosse madame, rica e usasse salto acho que só teria sapatos Roger Vivier. Acho finos, delicados e bem old-fashioned – especialmente os modelos forrados de seda. Ok, também tem uma certa vibe “festa de 15 anos da filha da vizinha” mas eu sou cria dos anos 80/90 e compartilhar cafonices retrô é a minha love language.

Foi mais ou menos por ali que eu me dei conta de que não estava longe do Pantechnicon, um mercado nórdico/japonês (i know…) que abriga entre outras hipsterices o Café Kitsune. Que faz um puta egg sandwich e um iced latte bastante razoável. E estava na hora do almoço. Fiz o que tinha vindo fazer na área e depois trotei alegremente em direção à felicidade:

“Kitsune” significa raposa em japonês. O cookie é uma gracinha, mas meio caro pelo tamanho. O sanduíche foi uma reincidência e continua irretocável – eu não sei qual o truque dos japoneses, mas ninguém faz pão de forma gostoso como eles.

“Expect Magic and Miracles” – nada mais mágico e milagroso que encontrar lugar para sentar na Linha Central metrô às quatro e meia da tarde de uma quarta feira. Por outro lado nesse mesmo dia, segundo o aplicativo do NHS, eu estive próxima de uma pessoa aleatória que depois testou positivo para Covid. Na semana seguinte recebi uma mensagem de que, por precaução, teria que fazer auto isolamento em casa por alguns dias. Imediatamente cancelei compromissos, baixei revistas no Readly e me preparei para o pior – meu maior pânico sendo infectar o Repectivo. Porém cumpri a mini quarentena sem nenhum sintoma, yay! Miracles do happen indeed. ♥

P.S.: Fiz um banner novo pro blog. O anterior estava meio infantil, e então eu troquei para esse… que não está muito maduro também. Mas eu gosto dessa cor e não sei mais brincar com tipografia, então por enquanto fica assim.

P.S.2: Estou arrumando a página de links. Percebi que muitos blogs do meu blogroll já tinham sido deletados, infelizmente. Fiz a Marie Kondo na lista, removi os links quebrados e adicionei alguns, animadíssima na missão de ressuscitar a blogosfera. Let’s do this.

Here is London, giddy London

So good to see the city coming back to life. And without the crowds that used to make it hellish. Tourists are needed and need to come back, of course – but for now, while no one is looking, I’ll say yes, it’s that little bit nicer not having to battle hoardes of people everywhere. I just hope it won’t last.

How it used to be.

Mês passado fui caminhar ao longo do Strand on Green em Chiswick, e depois até Kew pra pegar um takeaway de tortinhas no Maids of Honour. Havia uma pequena fila do lado de fora do café mas estava vazio por dentro, mesas e cadeiras empilhadas num canto. Odeio ver lugares que eu amo assim. Espero que possamos voltar a algum nível de normalidade em breve.

You’ll always fail sometimes when you begin.

And I know you wanna get out of here.

i know you think this town is the problem but maybe it’s not, maybe it’s you
i know you think there are walls around you, but did you ever look
it’s so easy to blame other people, it’s so easy to hate where you’re from
but the truth is we’re the product of nothing
just a collection of the things that we’ve done

what if the songs you say define you were just the ones that you heard first?
what if your first love could be your last love if you hadn’t used it as a way to rehearse?
it’s so easy to think of an ending, it’s so easy to start all over again
but the truth is you have to stick with it;
you’ll always fail sometimes when you begin.

– summer camp

Sweet little moons.

Almoço no Ichiba de Westfield. Não consegui terminar de comer os Little Moons – mochis (bolinhos de arroz japoneses) recheados de sorvete; nope, não faça essa cara – então trouxemos as sobras para casa. Eles começaram a derreter no carro e vazaram dentro da minha bolsa. Tragédia à parte, eles são deliciosos. E acabei de descobrir que tem no Waitrose. Uh-oh.