



Hackney, London
Jan 07, 2019
Semana corrida com trabalho, médico, aporrinhações, faxina e buscar a sogra em Heathrow voltando das férias. Pra evitar o stress na cozinha (e como toda boa finlandesa ela gosta de peixe) fomos jantar no Loch Fyne, um restaurante de frutos do mar com vibe escocesa. Minha entrada foi salmão defumado + cream cheese com cebolinha.
O salmão estava ótimo, porém o que eu amei mesmo foi esse pãozinho com textura de bolo. ♥
Prato principal: badejo. Não sou fã de peixe mas não me arrependi. Porém confesso que a minha principal motivação para escolher esse prato foram as batatas dauphinoise e molho de alho-poró com creme de leite. :)
Encerrando com sticky toffee pudding:
Já comi melhores, mas: tava bão.
Encontrei a miga no Southbank Centre e fomos ver a exposição The World Goes Pop no Tate Modern:
A biblioteca do Tate que eu ainda não conhecia (a seção de livros infantis é delícia nível “esses livros são tão lindos que eu quero comê-los”) e uma foto clandestina da exposição; não pode fotografar, mas como resistir a essa vagina florida e espelhada? :)
Fotografando para registro/inspiração/consumerist enabling a bolsa escândalo da amiga (para os interessados tem à venda no Tate):
Pub time:
E cruzar a ponte com essa vista; as luzes da cidade, quase ao alcance da mão, começando a acordar:
Na Tiger de Oxford Street comprei essas luvas com “dedos magnéticos” (risos) para usar com o celular. Nada pior do que ter que ficar tirando as luvas o tempo todo no inverno pra fazer uma foto e congelar os dedinhos – e aquelas onde as pontas dos dedos ficam descobertas não esquentam nada. É claro que eu já tinha visto luvas assim antes, mas não eram tão bonitinhas e nem custavam só 3 libras, heh. :) O apetrecho rosa no meio é um cortador de papel. ♥
Dia seguinte, fuçando a livraria da Selfridges. Não sei de onde veio tanto interesse em copiar francesas. O que vocês acham desse papo torto de que toda parisiense é “chique e magra”?
Curti a capa desse livro “Cat Lady Chic” (uma tentativa de mudar a percepção das mulheres que amam felinos? Mais “chic” e menos “crazy”?), com a maravilhosa Carole Lombard sendo éterea ao lado de um bichano sendo demente. Dentro, várias divas posando com gatinhos. Ao lado o livro da divina Sevigny (girl crush since the 90s).
Fui com uma amiga tomar chá na Fortnum & Mason, já decorada para o Halloween. O chá estava fraco (usaram poucas folhas ou água morna), a louça sem charme, o bolo veio errado (na verdade eu escolhi errado porque o garçom falava feito um papagaio com soluço), o serviço era lento (quase esqueceram de trazer o bolo, que inclusive nem estava gostoso) e pagamos 15 libras cada uma pelo privilégio. Hmm, Fortnum, você ainda é uma das minhas lojas preferidas na cidade mas acho que bolo eu vou comer em outro lugar.
Chá em Winkworth, onde fui procurar o outono. :)
Grey is the warmest colour / Two shades of grey. :D
Já pus as luvas em uso:
O outono? Tá aqui:
Já estive em Winkworth antes (aqui e aqui) e vale a visita para os autumn lovers como eu, entre o fim de outubro e o começo de novembro. ♥
Decidi ir conhecer o Wa Café, um café/padaria japonesa em Ealing (pertinho da estação do metrô). Fui sem muita convicção (doces japoneses tradicionais podem ser meio, erm, complicados) mas me surpreendi positivamente. Tudo é feito no local, tudo estava uma delícia, o lugar é uma graça, os preços justos e o atendimento é nível Japan. :)
Breve venho contar melhor a experiência. :)
E pra encerrar a semana, entrando no clima do halloween em Morden Hall:
Semanas atrás fui conhecer o famoso (e polêmico) Cereal Killer Café de Shoreditch. Para quem não conhece, e se o trocadinho do nome ainda não foi dica suficiente, trata-se de um café especializado em servir cereal. E mais nada. Ok, eles têm torradas também, mas o carro chefe são os carboidratos em caixinha. Os gêmeos proprietários, hipsters born and bred (incluindo o cabelo cinza + barbas da moda), explicam que recebem desde pedidos de casamento de quem amou a idéia a ameaças de morte de quem achou tudo muito ridículo.
O café fica no número 139 da Brick Lane (onde rola o famoso mercado nos fins de semana) e se você não prestar atenção vai perder a portinha pintada de preto e sem placa. É um lugar para quem definitivamente gosta de cereais, como se pode perceber:
A oferta é vasta, entre cereais nacionais e importados de todo o mundo – especialmente dos EUA. Você escolhe o cereal (ou o mix de cereais) + o leite (integral, semi ou soja, que é gratuito mas você pode incluir um shot de aromatizante por 40 centavos) e os toppings (60 centavos cada). Outra opção é selecionar alguns dos “combos” que eles disponibilizam; no menu do site você pode ver todas as opções. Uma delas se chama “cocô de unicórnio” e parece que a escala Pantone vomitou arco íris na sua tigela.
Ready to tuck in?
Eu, sempre comedida (mentira, é que eu não tinha visto a opção colorida, rs), pedi Reese’s (cereal de manteiga de amendoim), shot de caramelo no leite e, como topping, um simpático Happy Hippo. ♥ Saudades de comprar Happy Hippos aos fim de semana lá em Jersey, onde por algum motivo eles são mais populares do que aqui. A cobertura de golden syrup Lyle’s é cortesia da casa, e a luminária é uma tigela de cereal do seriado Dukes of Hazzard (a série original, dos anos 70/80):
Não lembro qual cereal minha companhia pediu, mas ela preferiu o leite puro e se arrependeu amargamente (no sentido literal da palavra) de ter pedido um café. Eu tomei apenas o leite que sobrou depois que despejei no cereal.
Veredito: tarra bão. ♥ As partes chatas:
– O café aparentemente não é bom;
– As tigelas poderiam ser mais bonitinhas;
– A porção “média” é na verdade meio pequena (essa tigela sumiu em segundos e eu como devagar);
Agora eu quero voltar pra experimentar outras misturas. Damn. :(
Quem pediu esse chocolate quente aí embaixo se esbaldou, hein? Risos.
Eles também vendem souvenirs relacionados a cereais: chaveiros, carteiras, cadernos, canetas, etc. Também há uma coleção de memorabilia cerealística em exposição no porão do café – todos aqueles brindes cafonas de plástico, bonequinhos toscos, canecas comemorativas, tigelas que você ganhava se juntasse dez embalagens para trocar, etc.
A “polêmica” vem do fato de ser uma empreitada meio modernete e “desnecessária” num lugar considerado de baixa renda. Na época em que o café abriu lembro que houve um intenso debate nas redes sociais sobre a validade de se cobrar 3.50 numa tigela de ceral numa área “pobre” como Shoreditch; mas a mesma área tem diversos cafés de rede, como Starbucks (muitos que inclusive se valem de artimanhas jurídicas para evitar pagar impostos em solo britânico), várias lojas de produtos vintage de grife (ou seja, não exatamente baratos ou necessários) e ninguém está reclamando… Shoreditch há muito tempo já foi invadida pelos hipsters e seus cafés artesanais/pães orgânicos/sanduíches veganos/bolos sem glúten cobrando muito mais caro e não entendi a razão de direcionar todo o ódio para os gêmeos dos sucrilhos.
Lembro de ter ficado sem entender argumentos como “esse é o preço de uma caixa inteira de cereal!”, quando é óbvio que uma caneca de café no Starbucks também não custou exatamente o mesmo que você paga por ela – a diferença entre o custo de produção e o preço de revenda é o lucro do comerciante. Ninguém abre um estabelecimento para vender coisas pelo mesmo preço que comprou. Existem contas, aluguéis e salários a pagar, e o dono do café precisa comer.
Alguns dias depois da minha visita o Cereal Killer foi alvo de uma passeata promovida por um “grupo de radicais de esquerda” que atende pelo simpático nome de Fuck Parade, com direito a pessoas usando máscaras de porco, carregando tochas acesas e gritando palavras de ordem. Tinta vermelha foi jogada nas janelas (escreveram a palavra “escória”) assustando clientes no estabelecimento. O protesto é válido já que vivemos numa sociedade livre e o conceito de “limpeza social” realmente dá arrepios; eu só acho o foco meio equivocado uma vez que o processo de gentrificação já estava instalado quando esses moços chegaram e o máximo que eles fizeram com o hype foi trazer mais gente para uma área que fica meio abandonada durante a semana, beneficiando assim TODO o comércio local. O assunto não é tão simples e eu poderia falar por um bom tempo – mas hey, esse é um blog sobre lifestyle, e não sobre política/economia. Nevermind. ;)
E você, iria a um café para comer cereal? :)
Café simpático nas imediações de East Sheen, com staff agradável e bolos gostosos. Eles também servem comida de inspiração tailandesa/vietnamita – noodles, curries, sanduíches e saladas. O lugar é bonitinho e decorado com capricho (ou seja, instagram paradise!) e tem um jardinzinho pitoresco nos fundos caso você prefira mais luz natural para as suas fotos, ops, refeições. :)
O café é decorado com aquele capricho tipicamente asiático e as bebidas quentes são servidas em graciosas xícaras/pires feitos à mão, a superfície irregular e os desenhos delicados dando a idéia de arte feita por crianças. Nunca vi delas em outro lugar; não sei se eles mesmos fazem ou se o fornecedor não é muito conhecido. Da próxima vez que eu for lá vou perguntar se eles vendem. :)
Pra quem curte “latte art” eles sempre fazem um desenho fofo na sua bebida. :)
O latte e o chocolate quente estavam ótimos; quero experimentar o café vietnamita (com leite condensado ♥)
Acho que eles não têm site, somente a página do Facebook. É bom chegar cedo nos fins de semana, porque à tarde já não costuma sobrar quase nada além de croissants ou cupcakes.
E um rolêzinho pela área:
“On this site, Sep 05, 1782, nothing happened” – chorei. :D
Eu sempre quis um pórtico de madeira para a frente da minha casa com uma portinha vermelha e muitas flores. Bem, o pórtico não rolou, mas a porta vermelha ✓ check! e as flores, well, meio negligenciadas mas estão lá. :)
E o tema do 6×6 de Outubro tem a ver com um dos meus assuntos preferidos. :) São muitas as fachadas bonitas e interessantes numa cidade com arquitetura e história tão ricas. Escolhi algumas que talvez não sejam as mais famosas ou bonitas, mas que têm algum significado bacana pra mim.
A Floris é a loja/fabricante de perfumes mais antiga da Inglaterra ainda em funcionamento e é mantida pela mesma família de origem espanhola que começou o negócio nove gerações atrás, em 1730. Fica no número 89 da renomada Jermyn Street, rua que concentra as mais famosas e tradicionais alfaiatarias, perfumarias, sapateiros e chapeleiros da Inglaterra; tudo para servir o cavalheiro que deseja se vestir com classe e elegância. A fachada se manteve inalterada desde a abertura, a escultura do Brasão Real indicando que a loja possui uma autorização especial para fornecer seus produtos à família real britânica – sim, eles são os perfumistas oficiais da rainha. O interior é ainda mais bonito, com as estantes e balcões de mogno em estilo vitoriano que vieram da Grande Exibição de Londres em 1851.
Localizado no número 06 da Oxford Street, The Flying Horse é o último pub restante em toda a extensão da rua; todos os outros 50 e tantos já não existem mais. Muitas vezes eu digo pros outros que uma das ruas mais famosas e movimentadas de Londres só tem UM pub e eles não acreditam. Isso indica uma mudança de hábitos nacional; a juventude hipster não vê muita graça em pubs e prefere se reunir em cafés, bares e restaurantes pop-up. Anyway, esse pequeno notável resiste desde 1790, já passou por algumas mudanças de nome mas reverteu ao original e continua oferecendo cerveja e batata frita aos passantes de uma das ruas comerciais mais hype da Europa.
United Kingdom House é qualquer coisa de awesome. Além dessa fachada maravilhosa, inspirada no estilo barroco de Hampton Court e que ocupa um quarteirão inteiro, o prédio passou por mudanças estruturais intensas que ninguém jamais seria capaz de adivinhar olhando de fora. Dá pra crer que esse exterior com cara de “bolo de noiva” tem esse interior ultra moderno? A construção foi inaugurada em 1906, originalmente como a primeira loja de departamentos de Oxford Street e vendendo items de mobília produzidos pela empresa Waring and Gillow. Algumas décadas mais tarde a demanda por prédios modernos com conectividade digital, ar condicionado e afins fez com que TODO o interior fosse demolido e reconstruído, mantendo a fachada que é protegida por ser de interesse histórico/arquitetônico. Hoje várias empresas digitais e de mídia (BBC, Microsoft, Apple, Sony, Time Warner, Nike) ocupam o endereço localizado na junção entre Great Titchfield Street e Oxford Street, num relacionamento harmônico entre arquitetura clássica e modernidade.
Esse estabelecimento, que pelo tema me faz lembrar a Vesúvio na Rua da Carioca no Rio, atende pelo nome James Smith & Sons e produz e vende guarda chuvas (sempre uma necessidade no clima chuvoso do reino), sombrinhas, bengalas e similares no mesmo ponto em New Oxford Street desde 1857. A loja foi fundada em outro endereço nas proximidades há quase 200 anos e é uma insitituição local; já teve como clientes lordes, primeiros ministros e membros da realeza. A fachada envidraçada com os letreiros originais da época, detalhes em latão e a plaquinha em forma de guarda chuva resiste ao tempo e é puro charme vitoriano.
The Golden Lion é um pub nas proximidades de St. James e eu achei curiosa essa fachada fininha rococó “ensanduichada” no meio aos outros prédios mais modernos. Foi construído entre 1897 no lugar de uma taverna com o mesmo nome aberta em 1762, e o design é dos arquitetos Eedle and Meyers, responsáveis por vários pubs em Londres. A fachada tem janelas formadas por um mosaico envidraçado, e como ao lado ficava o teatro de St. James (demolido em 1957) o pub tem um tema meio teatral, incluindo o “Theater Bar” no andar superior que contém alguns artefatos resgatados da demolição do antigo teatro. Aparentemente a comida é boa, então entrou na lista pra experimentar! :)
E por fim, a antiga fachada do Lloyds Building não poderia ficar de fora – ou melhor, “de fora” é tudo o que ela é. Como você pode ver melhor nessa foto aqui, é apenas uma fachada mesmo:
O prédio fica bem no meio do centro financeiro. O prédio “novo”, conhecido também como o “Inside out building”, foi construído em 1986 e é um espetáculo em si; as fotos não fazem justiça e ele é bem mais impressionante ao vivo. Todas as estruturas de serviço (cabos elétricos, hidraulicos, elevadores, escadas de incêndio, etc) foram construídas do lado de fora para maximizar o espaço interno, seguindo o estilo do Pompidou Centre em Paris – porém o Lloyds é muito mais bonito, sorry. O prédio serviu de locação para diversos filmes (saca o interior) e a fachada antiga, em Leadenhall Street (onde essa foto foi feita), foi preservada como uma homenagem à história do prédio e da cidade. :)
Outras frentes:
Taís (Irlanda) – Paula (Holanda) – Alê (Ucrânia) – Loma (Coreia do Sul) – Paula (Austrália)
Como sempre faço, escolhi a dedo o pior dia possível pra pôr os pés na rua. O departamento de previsão do tempo aqui na ilhona poderia inclusive dispensar aparelhos e satélites e o cacete a quatro e se guiar apenas por mim. Lolla vai ficar em casa hoje? Tempo firme, períodos de sol. Lolla vai sair? TEMPESTADE. Exceto se ela tiver saído com aquela sombrinha vagabunda de 3 libras da Primark; aí é TEMPESTADE DE VENTO. Esse tempo me trolla.
Entrei num café para fazer joguinhos de paciência com a chuva; basicamente ver quem enche o saco primeiro, eu ou ela. Pedi um café preto (tô evitando leite esses dias; carbs are not welcome) e perguntei se havia creme. Perguntei de ZUA, claro, porque o lugar tinha cara de moderninho, as xícaras pareciam penicos (vide foto acima) e a vendedora era tão hipster que só faltou me responder que creme era “muito mainstream”, mas que eles tinham leite de búfalas albinas nepalesas. Apenas fez cara de irônica (de um jeito fofo) e respondeu “we have MILK” e eu pensei “enfia na bunda” mas disse apenas “obrigada, fica sendo preto, mesmo”.
Não existe amor, nem creme de leite em Islington. Maldita classe média socialista que odeia tudo o que é bom.
Pelo menos o café era decente; forte, porém não amargo e bastante bebível. O que é uma benção, em se tratando que eu ia beber com adoçante. Fiquei folheando journals de 2012, roubando flyers, fazendo lista nas notas do iphone, lendo trechos aleatórios dos livros que havia comprado na Book Warehouse e prestando atenção na chuva. ARREGA, MALDITA. E nada de arrêgo ser pedido. Fazer o quê? Arreguei eu. Fui embora. E o pior é que aquele papo de guarda chuvas vagabundo da Primark não era licença poética; era verdade e foi ele que eu tirei da bolsa para encarar a tempestade de vento que começava a se instalar. Joinha.
Marilyn Monroe near Angel station
Eu já tinha passado por um brechó e meique me apaixonado por uma bolsa de 5.50, mas não tinha dinheiros. Tinha que sacar, mas para sacar eu precisava enxergar o caixa rápido e COMO enxergar qualquer coisa com um guarda chuvas no meio da minha cara, se desfazendo no vento e ameaçando me arrastar enquanto não se desintegrava de vez? Um cara riu de mim e eu desejei a ele uma morte lenta e dolorosa – mas aí reparei que era gato e mudei para uma morte dolorosa, porém ligeira, e foi quando o guarda chuvas “inverteu” (cês sabem, o côncavo vira convexo e vice-versa) e ele veio me ajudar e aí eu desejei que ele me chamasse pra tomar um frozen yogurt mesmo e tava tudo certo.
Desentortado o chapéu eu até achei o caixa rápido – mas aí já encharcada e de péssimo humor e carregando sacola pesada (os livros eram capa dura e enormes) não tinha mais clima pra sacar ou fazer compras. Do que muito me arrependi, porque a bolsa era mesmo uma gracinha e CINCO E CINQUENTA. Cheguei à estação pingando água, com o guarda chuva em formato de bacia e me deparo com o seguinte no quadro de anúncios:
Não poderia concordar mais.
Fuck this weather, I’m going home.
Eu sei que sou a Doida do Outono, you don’t have to tell me. :)
É a minha estação preferida, seguida da primavera. O inverno é chuvoso e escuro e longo, o verão na cidade (sem a brisa do mar e da temperatura mais clemente de Jersey) é quente, a luz matinal invadindo a janela antes das seis e se esfregando na sua cara sonolenta. Mas não reclamo. Podia ser pior. Podiam ser os 45 graus e a umidade assassina do Rio de Janeiro…
Prefiro as estações intermediárias, do “começo” da mudança – ao invés da mudança full-blast with lasers. A primavera sendo uma espécie de renascimento das cores, das flores, da luz, de tudo o que é vivo depois de quatro ou cinco meses de árvores peladas, mortas e chão coberto de gelo e lama. Faz bem para a alma depois dos rigores do inverno e da sua pele ressecada pelo aquecimento central. O outono é o começo dos dias mais curtos, das cores mudando nas árvores, da expectativa de voltar a usar casacos e gorrinhos e echarpes e tomar chocolate quente na frente de uma boa lareira quando você já não aguenta mais suar no verão. Mas cada estação tem a sua importância; desde a agricultura até o bem estar mental das pessoas.
Aqui o outono está só começando. Mas a temperatura já caiu um bocado e é só respirar mais fundo para sentir o ar diferente. As frutinhas (comestíveis ou não) nos galhos das árvores que ainda estão verdes. Num sábado eu vi as folhas das horse chestnuts (as primeiras a mudar de cor) ao longo da avenida principal de Woodford Green começando a amarelar e pensei, “tenho que voltar para vê-las antes que caiam todas”. Na segunda feira eu já estava lá, é foi quando fiz essas fotos. No sábado seguinte os galhos já estavam quase todos nus.
Dizem que o outono desse ano promete ser bem colorido por conta das condições climáticas: uma primavera chuvosa seguida de um verão quente e seco. Só espero que venha DIREITO – com delicadeza, e não com a chuva desabando bruscamente já no começo de outubro, cobrindo o céu de nuvens escuras e o vento atropelando as folhas das árvores e derrubando-as antes que tenham a chance de exibir suas cores e só então cair. É meio frustrante quando isso acontece, como se a natureza tivesse nos passado a perna, queimando uma etapa e levando a beleza embora antes do tempo. Tomara que esse ano escape da sanha do inverno apressadinho. Estou aqui torcendo for a proper autumn, cheio de cor e de luz. :)