Spring Cleaning

Às vezes o minimalismo que você precisa praticar não se resume a eliminar coisas tangíveis, mas também atividades, hábitos e atitudes. Fevereiro foi o mês de tirar o foco das gavetas e voltá-lo para o meu dia-a-dia, editando as coisas com que escolho ocupar meu tempo e pessoas que deixo entrar na minha vida. Resolvi aposentar alguns “hobbies” que não estavam mais proporcionando o mesmo nível de satisfação, me deletei de alguns fórums/redes sociais e doei livros que havia começado mas sabia que não tinha mais interesse em terminar – e assim desocupei não apenas o espaço que eles ocupavam nas prateleiras, mas também o meu tempo.

Essa é a raposinha que encontrei tomando sol no jardim há algumas semanas; consegui fotografar com o zoom pelo vidro da janela da varanda. Parecia tranquila, mas claramente doente; as falhas de pêlo nas costas são sintoma de mange, uma doença contagiosa em mamíferos e que infelizmente costuma ser fatal em raposas se não houver tratamento. Pensei em contactar algum santuário para vir buscá-la, mas fui depois informada de que relocar esses animais é um processo difícil e pouco aconselhado.

Postei um vídeo da raposa no instagram e logo surgiram diversos especialistas e entusiastas que sequer viram uma raposa fora do zoológico me explicando em termos pouco simpáticos que eu deveria tê-la adotado ou levado ao veterinário. Como se eu tivesse como capturar e como se animais silvestres dessem excelentes bichinhos de estimação. Nenhum serviço de proteção recomenda domesticar raposas; elas destroem a mobília, roem fios provocando risco de curto circuito/incêndio e por fim acabam descartadas em santuários quando já não conseguem mais ser devolvidas à natureza e sem garantia de aceitar a vida em captividade. Muitas vezes não resta outra alternativa senão a eutanásia.

Por causa desse episódio eu finalmente resolvi restringir replies às minhas stories apenas para pessoas que sigo, o que obviamente chateou alguns seguidores porque perdi muitos. Não sei se perceberam que ainda é possível me mandar mensagens usando o link no perfil ou se não gostaram de ter sido colocados no mesmo balaio que os grosseiros. Mas quase todos os dias em que havia atualização das stories eu recebia pelo menos uma mensagem desagradável, e isso parou. Ok, é chato perder seguidores, mas eu nunca vou ser popular naquela rede; meu feed é confuso, infrequente e não tem um “tema”. O que me interessa é manter um ambiente saudável, e dificultar um pouco as mensagens impulsivas de estranhos parece ter dado certo. Sorry about the colateral damage.

Consegui com o santuário um remédio para pôr no jardim, misturado à comida. Vamos ver se funciona. Porque é assim que se resolvem problemas: com informação e seguindo procedimentos corretos.

A outra novidade do período foi a spring roadtrip de 2019: Mônaco e sul da França – parte dos alpes e a riviera francesa, que eu ainda não conhecia. Visitamos Grenoble, Cannes, Nice, St Tropez, Arles e Laguiole; tirei Biarritz do roteiro por conta da distância, mas uma noite cruzei a fronteira pra Itália e fui jantar em San Remo. O principal evento foi o clima: tivemos dias de chuva que arruinaram planos, dias de sol em praias de areia e de pedrinha, dias de neblina e frio onde dispensamos turismo em favor de lareira e vin chaud, dias de violentas ventanias que quase me arrancaram do chão, dias sem uma única nuvem num céu interminavelmente azul. Em certo momento chegou a nevar um pouco na estrada. Quase não usei a câmera porque well, blogs are kinda dead, aren’t they. Mas acho que ainda tenho ânimo pra fazer uma seleção das fotos das stories para deixar aqui. Maybe soon, maybe never. Let’s see.

Encontramos esse hotel abandonado nos alpes entre Grenoble e Monaco, no meio da route Napoleon. O vento estava inacreditável, a sensação térmica devia estar na casa dos negativos e eu lá, de pulôver primaveril e canelas expostas à hipotermia sofrendo pela minha arte. Risos. Mas as fotos da festa ficaram ótimas e me senti tentada a ligar pro telefone ali na placa, perguntando o preço. Imagina transformar esse hotel numa casa incrível? Cercada apenas de montanhas e céu, o mar da Côte d’Azur à (pouca) distância. E nenhum vizinho, porque como já dizia aquele famoso influencer francês, “l’enfer, c’est les autres”. E eu concordo tanto que escrevi isso no braço.

Throw Back Thursday: Val D’Isère

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Antes que a quinta feira e o Jesus Birthday terminem (no Brasil, pelo menos, porque aqui eles já são história), photo dump do Natal de 2005. Fomos gentilmente convidados a passar uma semana no chalé que um amigo (rico) alugou em Val D’Isère, um estação de esqui nos alpes. Esse foi o primeiro Natal que passei fora do Brasil, foi o perfeito White Christmas e foi direto pra lista de memoráveis para todo o sempre.

Eu nunca tinha visto neve na vida e o primeiro momento em que cruzamos caminho foi durante a parada pra xixi + cigarro do shuttle bus do aeroporto. Quando desci, sentindo o frio da morte, vi aquele pó branco num cantinho ao lado do meio fio e foi encantamento à primeira vista.

Segurei a onda, claro, porque mico de roceiro tropical dando chilique por causa de neve é sempre uma coisa meio ridícula de presenciar por quem já está acostumado/de saco cheio – mas peguei com a mão e fiquei chutando com a ponta dos pés, maravilhada. Depois de chegar na estação propriamente dita eu ia ter neve saindo das minhas orelhas por sete dias – mas foi aquele primeiro contato que se tornou inesquecível.

(sorry amgs pelo spam de fotos de baixa resolução e ruins; apenas pra deixar o registro, ‘k?)

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A árvore de Natal mais escrota da história dos Alpes. Acho que foi “decorada” pelas filhinhas pequenas do amigo do Respectivo, que obviamente não estavam muito interessadas na atividade e cuja mãe não estava lá para dirigir os trabalhos.

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O chalé em si era awesome. Quatro quartos e uma piscina aquecida. O aluguel incluía todas as refeições, preparadas e servidas pelo staff: uma vasta mesa de café da manhã, lanche pós-esqui (todos os dias eles assavam um bolo diferente) e à noite drinks e canapés seguidos de um jantar com entrada, prato principal, sobremesa e vinhos. Agradeci muito não estar pagando por tudo aquilo e aproveitei tudo o que pude.

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Baudelaire no banheiro demonstrando os produtinhos Bulgari.

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Eu, típico papagaio de pirata, fui só pra comer e ver neve. Até me enfiaram um par de esquis no pé, mas durou tempo o suficiente para eu perceber que aquilo não era pra mim e não ia dar certo. Umas das minhas maiores qualidades é saber o tamanho dos passos que sou capaz de dar. Passos esses que não seriam dados com esquis. Arranquei, joguei longe e fui procurar um lanche.

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Comida. ♥ Porque além dos banquetes no chalé havia também os restaurantes. As racletes, os crepes de Grand Marnier, as tortas, as batatas fritas, os vinhos e os cappuccinos. :)

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Havia também o frio. No sol era perfeitamente aceitável, mas assim que ele sumia a gente congelava. Certa vez o fim do dia me pegou toda serelepe de casaquinho e CALÇA JEANS nas montanhas. Voltei pro chalé andando sem sentir as pernas e quando cheguei estava vermelha como se tivesse pego sol das dez da manhã às cinco da tarde em Cancun.

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Pegue aqui o seu saquinho e colete as cacas do seu cachorrinho (ou do seu filho. whatever).

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Dica de esquiadores experientes: “never eat yellow snow” (nunca coma a neve amarela). O que levaria uma pessoa a comer neve me escapa, mas em todo caso, fica a dica. You never know.

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Foguetório de Natal. Não era nenhuma Brastemp Copacabana, mas asseguro que foi bem menos chocho do que parece nessas fotos.

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Foram sete dias de frio, neve, gula e alegria, que provavelmente não vão se repetir porque provavelmente jamais teremos grana para alugar um chalé desse nível (nunca se sabe, but) mas anyway, vivi a riqueza por uma semana (ao som de Last christmas I gave you my heart do Wham! que não parava de tocar em todos os restaurantes, cafés e pistas) e de nada mais me lembro. ♥

Paris no celular.

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Sempre quis ficar num hotel com letreiro luminoso piscando na minha janela. É uma coisa meio film noir, meio romance policial, meio escritor deprimido e fracassado sem grana pra comer, meio submundo decadente. Pelo menos isso deu certo nessa viagem – onde quase todo o resto deu errado. Mas whatever. Ver as coisas dando errado em Paris surely beats ver as coisas dando errado em Duque de Caxias. Or does it?

Marmita Francesa

Voltamos de Paris no domingo. Dessa vez, como estávamos indo de trem e não de avião, optamos por ficar em um hotel perto da Gare du Nord. A decisão foi lamentada: o lugar parecia o fim do mundo, mas com arquitetura Belle Époque.

Valeu a pena pelo fato de não termos precisado sair do hotel com antecedência para chegar na estação; cinco minutos de caminhada e estávamos lá. Mas da próxima vez eu voltarei a ficar no Marais ou em Saint Germain des Prés. É verdade que o metrô parisiense não é tão arrumadinho quanto o londrino, mas é eficiente, extenso, fácil de navegar, barato, integrado à linha ferroviária e com um grande número de estações se levarmos em conta a área que ele cobre. Cumpre muito bem a função e por isso sou grata.

O hotel em si era OK. O quarto não era dos maiores, mas o ar condicionado foi uma benção no calor senegalês e o wi-fi era gratuito e excelente, coisa rara até em hotéis caros. Fiz amizade com dois pombos que dormiam debaixo da minha janela; apelidei-os François e Clementine e os alimentei com farelos de pretzels (que eles não curtiram) e de macarons da Ladurée (que eles amaram; pombo francês e mal acostumado é dose).

O Eurostar fede no verão. Da última vez que usei era inverno e não senti os efeitos. Não sei se é diferente na primeira classe, mas logo o nariz se acostuma e a gente se distrai observando a paisagem passando velozmente pela janela (com exceção dos 20 minutos em que passamos no túnel).

Foi uma visita rápida e não houve tempo para grandes turismos. Apenas alguns almoços, uma visita abortada a Versailles (as filas quilométricas e o calor nos fizeram desistir e pegar o trem de volta) e uma tentativa de compras na Galeria Lafayette – lotada e cara, mesmo com a suposta liquidação. Considerei uma bolsa Marc Jacobs, mas minha aquisição do fim de semana acabou sendo um trench coat na Benetton com 50% de desconto.

O que me surpreende sempre que visito Paris é a qualidade da comida: mediana, beirando ao medíocre. A impressão que tenho é que, se você não estiver disposto a pagar uma pequena fortuna, vai comer mal. A apresentação dos pratos, por exemplo. A comida chega à mesa de forma desleixada, nível botequim pé sujo, mesmo – e pelo mesmo preço eu poderia comer no Ivy.

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Essa “entrada”: fatias de baguete duras com um fiapo de presunto e uma fatia de queijo por cima. Uma torradinha que eu mesma faço na pressa em casa, no microondas, enquanto assisto a novela. Em Paris, chamavam de TARTE no menu e custou nove euros.

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Essa salada chegou à mesa exatamente dessa forma. Molho espalhado por toda a extensão do pratinho de boteco, inclusive na parte de baixo. A mesa ficou um nojo e Respectivo manchou a camisa. Oito euros.

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Esse foi o prato principal. A tábua sobre a qual carne veio disposta estava suja. Mesma coisa para copos e a garrafa de água. As poucas fatias de carne eram tão finas que a gente podia ver através delas. Depois de cozidas ficaram ainda menores. Não fosse essa batata – para crédito do cozinheiro, perfeitamente assada – eu teria saído do restaurante com fome. Mas nem mesmo em um shopping da Baixada Fluminense eu teria sido servida dessa maneira “informal”. Valor: 17 euros.

Vamos comparar aqui brevemente com a qualidade e a apresentação destes pratos:

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Ambos vieram do mesmo restaurante em Jersey (Bass & Lobster) onde o menu de 12 libras oferece entrada e prato principal.

Eu nunca quis comer num bistrô caro em Paris – e por caro eu entendo um prato custando mais de 50 euros… Já comi pratos de quase 40 euros igualmente feios e pouco inspirados. Minha lógica é, porque eu pagaria o dobro ou mais do que pago em Londres? Pelo preço que se paga em Paris por uma refeição, seria possível demonstrar um mínimo de criatividade na hora de montar um menu (chega de crepe, salada de tomate, ovo com presunto e moules a la creme, peloamor) – e pelo menos arrumar a comida com decência no prato.

Reconheço que posso estar indo aos lugares errados. Se você mora em Paris ou conhece bem a cidade e tem dicas, por favor. Eu já tentei diversas áreas, diversas faixas de preço, e quase sempre saio decepcionada. A impressão que fica é de que a França se acomodou com a fama de “melhor cozinha do mundo”, mas eu pelo menos sempre comi infinitamente melhor (e por muito menos) na Inglaterra e na Alemanha, países que não têm uma reputação mundial consolidada em termos de culinária.

Fomos também à Ladurée, como é de hábito – mas estou pensando seriamente em trocar pela Pierre Hermé. Dessa vez optei pela filial antiguinha, na Rue Royale. Achei a decoração caída, as mesas pequenas, as cadeiras *extremamente* desconfortáveis (fiquei com dor nas costas), a ganância por encher o salão de gente fazendo com que as mesas fossem espremidas umas às outras (zero de privacidade e charme), o serviço lento e tudo isso pelo privilégio de pagar 18 euros num sanduíche. E ainda tinha fila na porta. Pelo menos o meu religieuse de morango estava bom, apesar de um pouquinho ressecado.

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Não consigo mais culpar quem visita a cidade luz e opta por existir à base de McDonalds, Brioche Dorée e Starbucks – ou do potão de Cup Noodles comprado no supermercado e preparado no microondas do hostel. Na minha próxima visita vou comprar pão na boulangerie, frios na charcuterie, queijinhos na fromagerie, vinhos baratos e deliciosos no supermercado e fazer piquenique. Yummy.

A cuisine de terroir (que mais parece de TERROR) que me desculpe.

New Year in Dinan

Passamos o ano novo em Dinan. Essa é parte do antigo porto da cidade:

Fiz a foto de pé num viaduto sobre o rio – esse aqui:

Nosso hotel ficava a alguns minutos de caminhada por uma rua de pedras íngreme no final do viaduto. Pequenino e de duas estrelas, mas confortável e bem localizado – bem no centro histórico da cidade e você pode percorrer facilmente todo o centro histórico a pé. Mas para chegar no porto, descer a fatídica rua de pedrinhas escorregadias era necessário. Ou seja, não nos arrependemos de ter levado o carro. :)

O centro antigo é uma graça. O hotel ficava ao lado de uma pracinha, que por sua vez era cortada pela “Rua do Relógio”. Abri a janela na primeira manhã e tudo estava coberto de fog.

O tal “relógio” era uma torre pontuda datando do século 13, e que em algum ponto remoto da história deve ter levado o troféu de “Sino com o Som mais Deprimente da Europa”. Em comparação ao festivo Westminster Chimes do Big Ben, que soa como um convite para uma festa de casamento, aquele toque deprê do sino de Dinan de 15 em 15 minutos (seguido pelas badaladas de hora em hora) parecia convite a um enforcamento na praça principal da cidade – e a cada toque, eu me convencia de que a enforcada seria eu. Depois de uns dias eu acostumei. A torre do relógio/sino, coberta de neblina:

O centro histórico da cidade e suas casinhas com estrutura de madeira que se mantém praticamente inalteradas há mais de 800 anos é uma viagem de volta no tempo.

E as delícias da culinária francesa… erm.

De porco só tinha a cabeça – o corpo era patê moldado.

Na verdade eu tive um pequeno problema de ordem alimentar no primeiro dia. Não incluiu visitas brevemente espaçadas ao banheiro mais próximo; pelo contrário, quase passei fome. Grande decepção no front alimentício. Eu não conseguia achar um restaurante que servisse algo além de ostras cruas ou caramujos. Fora isso, as opções mais populares eram crepes e galettes – que ok, são gostosinhos, mas não são exatamente *comida* na minha concepção do termo.

Na França a culinária tende a ser fortemente local. Ou seja, se você está perto do mar ou de um rio, fatalmente vai ser bombardeado com os peixes e frutos do mar da área. Se a época for de pepinos e morangos na região, acredite em mim: até o fim da estação, você vai comer simplesmente TUDO acompanhado dos malditos pepinos e morangos, até não conseguir mais olhar para eles sem ter alucinações com pepinos voadores perseguindo morangos de bicicleta.

E enquanto isso, o que a pessoa faz? Come macarons. Porque, em compensação, na França existe uma boulangerie fofa em cada esquina. Sem nenhum pepino à vista.

Os macarons eram sabor salted caramel – e NÃO de morango.

Naquele dia acabei tendo que me contentar com um bife de hambúrguer sem pão (e sem tempero, também…) acompanhado de batatas fritas quentes demais num barzinho à beira do rio no porto de Dinan, cuja dona adorava bater papo (ops) e disse que costumava ir a Jersey para as liquidações.

Sim, senhora. Traz mais uma cerveja, por favor. E o saleiro.

Dia seguinte era dia de mercado na cidade, mas já havíamos combinado de ir a Mont Saint Michel, uma cidadela medieval construída numa rocha nas proximidades de Avranches. Fiz as fotos abaixo na minha visita de 2007, mas imagem alguma faz justiça à impressionante visão da cidade à distância, que parece se erguer do meio do mar e da extensa planície à sua volta.

O estacionamento estava muito mais lotado do que eu esperava – mas enfim, essa é simplesmente a atração turística mais visitada de toda a França (com exceção de Paris). Impressiona a variedade de sotaques e idiomas que se ouve pelas estreitas ruazinhas medievais; a população fixa oficial é de apenas 40 pessoas. Segundo a lenda, o arcanjo Miguel apareceu para o bispo Aubert de Avranches no ano de 708 ordenando que ele construísse uma igreja no topo da ilha. Aubert ignorou o pedido do arcanjo até que Miguel simplesmente queimou um buraco no crânio do bispo com o dedo. No pressure!

Fizemos poucas fotos porque eu já tinha visitado o lugar antes no verão – e dessa vez detestei a decoração natalina cafona estragando o clima medieval. Mas o lindo dia de sol e o almoço decente (comida de verdade!) no restaurante Muton Blanc compensaram essa pequena inconveniência.

Tive vontade de almoçar no La Mère Polaurd (foto acima), uma estalagem de 1879 cujas paredes exibem autógrafos de clientes famosos (incluindo Hemingway e Yes Saint-Laurent). O prato mais tradicional é o omelete gigante, de vários sabores; na verdade parece mais um sufflê. São feitos à mão em panelas de cobre e cozidos numa espécie de lareira gigante, como demonstra o vídeo irritantemente alto no site do restaurante. Infelizmente o glamour tem preço: 100g do omelete mais barato custa 18 euros – e, como a porção mínima é de 250g, o almoço mais em conta sai por… 45 euros. É, num omelete. Woohoo! Maybe next time. :(

No último dia de ano o frio estava começando a ficar chato. Vento gelado, roupas não dando conta de proteger o corpo e eu ficando irritada. Tive uma idéia brilhante – para onde os europeus vão quando o tempo está feio, o frio está inconveniente e não há nada melhor para fazer? Se você respondeu IKEA, já pode pedir seu passaporte da União Européia. :) Escolhemos a filial mais próxima, que ficava em Rennes. Passamos algumas horas divertidas e quentinhas dentro da loja e trouxemos para casa algumas bugingangas: copos e taças de vinho, tapetes, luminárias e velas cheirosas, ou seja, tudo aquilo que você sabe que não precisa mas sabe também que não vai conseguir sair sem levar. Típico.

Também enchemos o carrinho com a maravilhosa Ikea food – achei até carne de rena fatiada! Irônico comer renas fritas no natal, não? Aposto que o prato não ia fazer muito sucesso com as crianças. Trouxemos para casa muitos biscoitos (os preferidos do Respectivo), quilos daquele chocolate super doce cujo nome eu sempre esqueço (idem) e refresco de lingonberry (meu favorito!). E, claro, comemos o famoso cachorro quente de cinquenta centavos, que eu acredito ser a única coisa da loja que custa mais ou menos o mesmo preço em qualquer país.

Voltamos quando já era noite e estava na hora de nos preparar para o reveillon à francesa.

(continua…)

Paris.

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torre da igreja de saint-germain-des-prés (o bairro onde ficamos) à noite + minha sacolinha da ladurée. paguei caro pela caixinha de macaroons só para descobrir que os que comprei em chartres, por uma fração do preço, eram bem melhores.

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a famosa escadaria da catedral de sacré-coeur em montmartre e a torre óbvia vista do jardim des tuileries.

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no quartier latin, tomando uma caipirinha num bar que tocava salsa e ritmos latinos. quando anoitece o lugar enche de gente de todas as nacionalidades. os garçons são meio bestas, mas em se tratando de paris, antes besta do que mal educado. à direita, a decoração natalina da galeria lafayette.

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fotos nada a ver: o banheiro do hotel, com uma janela enorme que ficava meio atrás da privada e me fazia perguntar, “será que o vizinho está vendo a minha bunda?” e o menu do “boteco de luxo” les deux magots, onde o preço da comida é inversamente proporcional à qualidade do serviço.

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a famosa place des vosges, tida e havida como o quadrilátero mais belo da cidade; eu achei overrated. e a vista que eu tinha do banheiro do hotel.

está vendo aquela janelinha ali? pois é. tenho certeza de que eles viram o meu traseiro. e devo me dar por feliz, já que não me mandaram a conta do psicólogo.