Tokyo, Part II (and counting…)

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Meu dia começou com café (deus abençoe hotéis que disponibilizam chaleira elétrica e chá/café solúvel no quarto, thanks) e um melon pan comprado numa pequena padaria MARAVILHOSA perto da estação de Akihabara chamada Vie de France. Todos os dias à noite na volta para o hotel a gente passava lá e escolhia um pãozinho diferente para o café da manhã do dia seguinte; eu, claro, tentei provar TODOS, enquanto respectivo escolheu o seu preferido e repetiu várias vezes. Fiz fotos do meu breakfast na cama quase todos os dias, então tenho uma coleção de foto de pão + canequinha na soleira da janela.

Off to Harajuku, mais especificamente Takeshita dori, a rua que é o cartão postal do bairro. Na entrada da rua, logo na frente da saída do metrô Harajuku, fica esse portal meio carnavalesco com direito a telão animado.

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A DAISO deve ter sido a minha primeira parada. Eu já conhecia a filial de Dubai, que é impressionante mas não chega nem perto em termos de variedade e tamanho. Nunca visitei a loja brasileira; eis uma missão para a próxima vez que estiver por lá. A de Harajuku tinha quatro ou cinco andares, não lembro; acho que é uma das maiores filiais. Enfim, quanto mais escada tinha pra subir, mais eu ficava feliz. ♥

As comidinhas encantadoras/diferentes me entreteram por horas a fio.

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Não me animo a comer esses peixinhos secos não, mas quase comprei por motivos de: cute.

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Uma graça a Peko-chan lambendo os beiços; ela é a garota-propaganda dos doces Fujiya e eu queria muito uma bonequinha dela, mas a maioria é vintage e cara pra cacete. As balinhas no entanto custam só 100 yenes e são deliciosas.

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Arranhador de unhas pra gato. Não comprei porque a minha gata não curte arranhar nada – no momento ela apenas espera as unhas crescerem a ponto de começar a prender nas almofadas e aí sou obrigada a aparar eu mesma, enquanto a normalmente pacífica felina se torna possuída por satanás e me rasga a cara com as unhas que eu ainda não tive tempo de cortar. Tenha gatos e termine seus dias como manicure à domicílio, e a gorjeta é um arranhão no seu nariz.

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For sex to which it can relieve it”. Beautiful engrish num pacote de camisinhas com padrão de bolinhas coloridas; muito másculo e sexy, yes.

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Dadas as circunstâncias até que foi pequeno o estrago; é que o dia estava apenas começando e eu não queria carregar peso Harajuku/Omotesando afora. Essas sugar toasts na cestinha, inclusive? Paraíso. Só não comi ali mesmo porque estava organizando a logística no estômago para que coubessem os famosíssimos crepes de Harajuku:

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Sim, tem uma bola de sorvete E uma fatia de bolo dentro do crepe.

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Ok, essas aí são “comidas display” feitas de resina (outro assunto fascinante, fica pra outro dia), e o resultado final que vai parar na sua mão já todo enroladinho é um tanto menos impressionante. But still awesome.

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Os “crepe trucks” com seus letreiros kawaii e mágicas vitrines são fáceis de encontrar pela rua. Onde compramos os nossos eles tinham uma “promoção”: comprando uma bebida no café ao lado você podia comer o seu crepe sentado lá dentro. Bom para quem não gosta de comer em pé/andando ou para quem está a fim de curtir um arcondicionado no verão. :)

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E lá fomos nós, que já nascemos velhos e cansados e trocando dinheiro por conforto. O problema é que eu comecei a querer comer as comidas do café também (CÊ JURA) e acho que no fundo essa é a idéia.

Seguimos caminho por lojinhas bizarras e meio obscuras, com colecionáveis vintage e souvenirs temáticos de todo e qualquer anime que você possa imaginar.

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E não só anime: Pixar, Betty Boop, Snoopy, Disney e etc. também eram populares.

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Roupas: gostei de algumas coisas, mas além de uma bolsa e dois chapéus não comprei nada. As japonesas são geralmente baixinhas e magras; se você tiver mais de 1,70m, pesar mais de 60kg e calçar mais que 35 vai ser um tanto mais difícil achar algo que sirva direito. Resolvi nem perder muito tempo com isso, já que havia tantas outras coisas pra ver.

Algo que sempre admirei em fotos urbanas do Japão é o hábito que as pessoas têm de colocar potinhos com plantas na frente das casas. Muitas ruas não têm árvores e a arquitetura costuma ser meio reta e funcional, sem floreios; assim, talvez para suavizar a cidade, os moradores dão um jeito de trazer plantas para as fachadas, aproveitando todo e qualquer recipiente disponível. É comum ver plantas em baldes, panelas, latas recicladas de alimentos, etc. e não fica nada caótico/poluído mas sim pitoresco e singular. Achei essa lojinha de plantas no caminho e imediatamente me lembrei disso.

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Faz pouco tempo que os japoneses começaram a celebrar o Halloween, mas com o talento que eles têm para fantasias/cosplay e para encontrar a fofura no bizarro é como se eles tivessem sido feitos para isso. O Halloween japonês já é o melhor Halloween do mundo. :)

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Tinha um cocô rosa de pelúcia nessa loja.
E ele sorria. Como cocôs fazem, é claro.

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As drogarias também eram problemáticas; eu queria levar todos os cremes sem nem saber para que diabos serviam porque potinhos coloridos. ♥

“Pode comprar tudo só pra empilhar no banheiro e ficar olhando?”
“Mas e se for creme para hemorróidas?”
“WHO EVEN GIVES A FUCK??”

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Lentes de contato coloridas/estampadas/zumbi/vampíricas. Japonesas jovens são obcecadas por lentes; até compreensível num país onde todo mundo tem olho da mesma cor, mas meio triste se você parar pra pensar. Nas revistas de moda as modelos são geralmente estrangeiras brancas ou japonesas com cabelo pintado de castanho claro e usando lentes azuis/verdes. Aparentemente elas deixam de pintar depois da adolescência, quando começam a considerar casamento – os homens japoneses preferem cabelos na cor natural, que são associados a mulheres sérias e menos desafiadoras. O.o

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Takeshita-dori à noite, superlotada… E olha que fui num sábado; domingo de manhã a gurizada das tribos urbanas capricha na montação e circula para ver e ser vista. Na próxima eu estarei lá. \o/

Já era noite e fomos procurar um lugar pra comer. Esse aqui era bem tradicional:

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Eu pedi esses noodles que são servidos com gelo por cima (eles têm um nome específico mas eu esqueci, sorry) e esse caldinho de legumes; a idéia é mergulhar os noodles frios no caldo quente e fazer “slurp, slurp”, mas eu não consegui ver graça, infelizmente. Essa foi a única refeição decepcionante de toda a viagem, então estou no lucro.

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“Scallop seawater damage.” I can’t even begin to try.
Diante da magnificência deste engrish eu encerro o post.

(A primeira parte está aqui e tem umas fotos aleatórias aqui.)

Throw Back Thursday: Tóquio, 2013

Os planos de fazer muitas e muitas fotos no Japão foram por água abaixo muito, muito rápido. Não que Tóquio não seja uma cidade fotogênica; Tóquio é super fotogênica. Mas por várias vezes eu esgotei a bateria do celular no meio do dia tentando usar o Google Maps para me localizar. E deixei a DSLR dentro da mala no hotel quase todos os dias e levei comigo uma câmera portátil, que nessa viagem se revelou uma bela porcaria e desde então jamais foi usada novamente.

Me arrependi de não ter encarado o peso da câmera durante as andanças? Sim, mas só um pouco. Porque uma câmera portátil era só o que eu queria ter pesando na bolsa durante aqueles poucos dias onde havia tanta coisa para ver, provar, descobrir, conhecer e absorver. Essas são só algumas imagens aleatórias mas resolvi fazer esse post para elas. Porque hoje é quinta feira, quase meia noite, eu tinha que fazer um #ThrowBackThursday de última hora e, bem, o que não é 100% perfeito também é Japão.

Tokyo, day one

Como todos, todas e seus cachorros, gatos, papagaios e urubus sabem, eu sempre quis conhecer Tóquio. Não sei explicar exatamente o porquê; o desejo vem desde a adolescência, quando eu me dirigia à Liberdade atrás de mangás que eu nem mesmo conseguia ler e docinhos cuja beleza da embalagem era metade da razão da compra. Sempre fui fã de todos os clichês: animes, J-pop (e música tradicional, também), sushi e artes marciais (me interessei por Okinawa depois de assistir Karatê Kid II, risos). Há tempos venho tentando realizar o sonho: no ano passado estávamos enrolados com mudança, e no ano anterior eu descobri no dia em que iríamos comprar as passagens que meu passaporte estava vencido. Oops!

A maioria das pessoas talvez pense automaticamente em templos budistas, kimonos, cerimônias do chá e monte Fuji ao imaginar a terra do sol nascente. Já eu penso nessas coisas também, mas só depois de pensar em letreiros luminosos, gothic lolitas e Harajuku girls, gadgets adoráveis, tempura e tonkatsu, cafés temáticos, mochis coloridos, miniaturas, Hello Kitty, J-pop e Blythes, Pullips, BJDs… Tóquio é a minha idéia de Disney. Eu amei tanto a cidade que depois de uma semana tive que conjurar coisas como saudades da minha cama, do meu banheiro e da minha gata para conseguir me arrastar até o aeroporto e voltar para casa. Na maior parte do tempo a situação era I NEVER EVER EVER WANT TO LEAVE!, nível colocar “procurar imóveis para alugar em Tóquio” nos lembretes do iPhone. Nem o preço e o tamanho dos apartamentos me fez desistir.

Então vou me desculpando com quem esperava um relato cheio de paisagens bucólicas e dragões de pedra, mas a vibe aqui vai ser Modern Japan – ou GYARU GOING WILD ON CANDIES. ♥ Não tivemos tempo de ir a Kyoto, mas na próxima viagem ficaremos o dobro do tempo para caber um shinkansen (o famoso trem bala) e ir conhecer o countryside. E sim, no outono novamente. Não ligo muito para o hanami (o festival das cerejeiras em flor, na primavera) porque tem bastante cherry blossoms na Inglaterra; já os maples japoneses vermelhinhos… Ter ido em Outubro nos permitiu testemunhar o halloween craze e é divertido ver o quanto os japoneses aparentemente se empolgam com esse feriado tão “importado” e afastado da cultura deles. Vi muito mais displays de halloween em Tóquio do que em Londres.

Disclaimer rápido: os meus relatos de viagem são apenas uma maneira de guardar imagens (a maioria de celular) e momentos, e não fazer um “guia turístico” ou ter a pretensão de mostrar “como o Japão e os japoneses são” – sempre reviro os olhos quando vejo blogs de viagem fazendo isso porque afinal a gente passa uns DIAS no país e não sai de lá apto a escrever enciclopédias sobre cultura e comportamento. Isso aqui é a minha impressão e as coisas que eu apreciei; as suas podem ser diferentes, então não tomem por lei nada que eu disser e, se alguma bobagem for dita, agradeço que me corrijam, okie? Good.

As coisas não começaram muito bem, não. Respectivo me acordou cedo, mas esqueceu de dizer que teríamos que sair em uma hora. Dei uma lesmada na cama, fui ao banheiro, analisei a situação do que ainda teria que terminar de pôr na mala e só quando ele anunciou “TRINTA MINUTOS PARA SAIR!” eu me dei conta de que OH, SHIT! Resultado: saímos de casa meia hora atrasados, o que foi suficiente para pegar todo o engarrafamento matinal da M25 e da North Circular. Foi uma viagem longa e tensa até o aeroporto, cheia de buscas desesperadas por atalhos e Respectivo nervoso, berrando a cada 20 segundos “I DON’T THINK WE’RE GOING TO TOKYO!” e eu tão chocada pela possibilidade que nem conseguia chorar.

Chegamos em Heathrow no exato momento em que o vôo fechava. Só não desesperei porque há meia hora estava me acostumando com a idéia de que iria perdê-lo. Fomos para o balcão de atendimento ao consumidor e é nessas horas que eu agradeço pela British Airways; fomos prontamente realocados no vôo da tarde para Narita, sem custo extra, sendo que a companhia não tinha a menor obrigação de fazer isso (estávamos inclusive usando milhagens). Agradecimentos à BA por tratar seus clientes com empatia e compreensão ao invés de apenas fontes ambulantes de dinheiro (hello, FlyBe e Ryanair).

Esse foi o café da manhã MAIS RELAXANTE da história da humanidade. Depois de todo aquele thriller, sentar pra comer esses teacakes tostadinhos com manteiga e geléia + um latte cremoso foi o mais perto que eu já estive do paraíso enquanto sentada num pub de aeroporto. Fizemos uma horinha perambulando pelo duty free (quem diria que depois de toda aquela correria a gente ia acabar tendo tempo pra matar? Até comprei uma mochila Cath Kidston super leve e que se provou super útil na viagem) aguardando a hora de fazer o check-in. O avião decolou pontualmente no começo da tarde e 12 horas depois descemos em Tóquio – no final da manhã. Haja jet lag…

Primeiro contato com um “washlet”, o vaso sanitário ninja que lava suas partes (frontal e traseira) e em alguns casos até seca e desodoriza. O “som” é um barulhinho fake de descarga, porque as japonesas aparentemente costumam ter vergonha dos, erm, “ruídos” que a gente faz no trono e acabavam dando descarga o tempo todo para disfarçar, desperdiçando água pra caramba. Daí temos esse botãozinho mágico que faz só o barulho, resolvendo o momento awkward de maneira ecológica. Não é lindo?

Primeiro display de “fake food”, ainda no aeroporto.

Depois de recebermos orientação (em inglês) de uma simpática funcionária do aeroporto, pegamos um Skyliner Express direto para o centro, o que levou menos de 40 minutos em absoluto conforto vendo casinhas, rios, florestas e montanhas pelo caminho. Descemos na estação de Nippori e de lá pegamos uma conexão para Akihabara, onde ficava o nosso hotel. Uma das primeiras visões que se tem da área é o IMENSO prédio da Yodobashi, uma loja de departamentos tamanho mamute com oito andares (sem contar os subterrâneos) de informática, eletrônicos, celulares, eletrodomésticos, beleza, papelaria e brinquedos, coberta de letreiros e led displays luminosos na fachada. Foi ali que a ficha de que eu estava mesmo em Tóquio começou a cair. Nosso hotel ficava logo ali pertinho da Yodobashi e da estação de Akihabara. :)

Várias pessoas me aconselharam a não perder tempo nesse distrito, conhecido por seus outlets de eletrônicos; e como eu não estava a fim de comprar iPads ou câmeras quase evitei, mesmo. Porém a cidade estava lotada, sem vaga em nenhum dos hotéis nas áreas que queríamos (só os muito caros tinham disponibilidade) e o APA Akibahara-Ekimae foi o mais “barato” e centralmente localizado que encontramos – com direito a wi-fi no quarto.

Surpresa: ter ficado ali acabou sendo a melhor coisa, porque Akihabara é totalmente a Tóquio que eu esperava e queria: colorida, agitada, ruas cheias de gente jovem circulando até tarde, restaurantes, bares, cafés (incluindo muitos “maid cafés”; falamos disso em breve), livrarias, LOJAS DE BRINQUEDO ♥ e de videogames vintage, de anime/mangá, model kits e todas as tralhas/cacarecos japoneses que fazem meuzolhinhos brilharem. Pra quem é da tribo otaku, ou geek, ou ainda interessado em cultura pop japonesa, Akihabara não é nada menos que um ponto de peregrinação obrigatório. Para ter uma idéia tinha uma loja da Volks e outra da Azone a alguns minutos do nosso hotel. MONEY PITS, EVERYWHERE. :/ Obviamente percebe-se que eu só entrava no hotel pra dormir…

Anime por toda a parte. Cavaleiros do Zodíaco no trem:

Outra vantagem é que Akihabara está na JR Yamanote, uma linha de trem circular que cobre diversas áreas centrais de Tóquio. Em meia hora eu estava em Harajuku/Omotesando, por exemplo, sem ter que trocar de trem e pagando apenas 190 yens. Em se tratando de transporte muitas vezes eu optava pelo caminho mais simples (sem baldeação) mesmo que fosse um pouco mais longo, porque entender o sistema de transporte pode levar tempo. Não existe apenas uma companhia de metrô, como em Londres ou o Rio; existem várias e cada uma cobra um valor diferente, que também muda de acordo com a distância do trajeto. Sem mencionar os trens, que partem das mesmas estações que o metrô. E como todos os mapas com preços são em japonês, você acaba ficando no escuro e tendo que fazer malabarismo para descobrir o valor necessário a pagar. Então digamos que a Yamanote foi uma mãe quando podíamos usá-la. :)

Seguuuuuuuuuuuuuuuuuuuura, peão!!!

Não existem zonas de preço claramente demarcadas (em mapinhas em inglês…) para ajudar o turista. Para facilitar você pode comprar um passe diário (que é meio caro; cerca de 10 libras) mas permite ao turista usar todas as linhas de metrô e trem em todas as zonas, sem stress. Pra quem vai visitar vários lugares no mesmo dia vale muito o preço, porque economiza tempo e o stress em lidar com um sistema que não é exatamente “tourist friendly”. Táxis estão disponíveis; não achei extremamente caros mas também não são baratos, e com os engarrafamentos comuns na cidade podem acabar custando uma fortuna. Pegamos uma vez só, para cobrir uma distância pequena, e a corrida saiu pelo mesmo preço do bilhete diário “all areas”. No brainer.

Deixamos as malas com a simpática mocinha da recepção (ainda não era hora de fazer check in) e fomos esticar as pernas e reconhecer a área. Primeiro passo foi dar uma fuçada rápida no shopping que fazia parte da estação e também na Yodobashi, já que ela estava ali mesmo…

Pessoa nem vai comprar câmera, mas resistir, quem há de?

Nesse momento acima, enquanto me afogava em centenas de fitas adesivas de papel washi, eu lembrei dazamyga fãs de scrapbooking e FBs e RIALTO. De nervoso. So many options, so little time…

Pra quê colocar uma modelo ou celebridade sem graça na embalagem da sua tinta de cabelo se você pode colocar uma BLYTHE, não é mesmo, minha gente? ♥

E chega então aquela hora tão feliz: a de comer. Assim que entramos num restaurante, TODO o staff (até o pessoal da cozinha) começou a berrar alegremente em japonês e eu levei uns segundos para entender que estávamos sendo saudados. Pelo que entendi é hábito que os fregueses sejam recebidos dessa forma (os decibéis e o tamanho do coral variam de acordo com o estabelecimento) como forma de demonstrar que estão sendo reconhecidos e valorizados. Quando você vai embora a gritaria se repete. Um amor. ♥

Recebemos nossos menus (em inglês) e copos de água com gelo: também é hábito prover a mesa com refis de água gelada grátis e aquelas toalhinhas umedecidas em água quente, para que as pessoas limpem as mãos. Assim que fizemos a nossa escolha tocamos uma campainha para chamar a atenção do atendente, que veio CORRENDO em nossa direção. O staff é atencioso sem ser pegajoso; servem de forma eficiente e educada, sem ficar se arrastando em frente à mesa perguntando se “está tudo bem”, se você “já terminou” ou enchendo a seu copo sem que você peça – o que eu particularmente detesto. Não é comum dar gorjetas no Japão, então ninguém tem que fingir puxar o seu saco por causa de grana. A atenção com que você é servido é genuína.

Primeira refeição completa na área, um belo prato de tonkatsu (porco empanado cortado em tirinhas) ao molho curry com arroz japonês. Estava delicioso e o prato custou cerca de 6 libras. Tomamos também uma cerveja Kirin. Só me arrependi de ter comido todo o arroz, porque já não estava tão acostumada a ingerir carboidratos em grande quantidade e me senti pesada. Não foi culpa da comida, no entanto, e eu recomendo a CoCo Ichibanya Curry House: não é um lugar sofisticado, tem clima de boteco mas você será bem atendido e o menu em inglês com fotos é bônus em qualquer lugar. Ou então você poderá examinar réplicas perfeitas do que está disponível no restaurante já na própria vitrine, se houver um display como esse aqui (que estava na entrada de um maid café local):

Essas “panquecas” abaixo também era super populares, mas juro que não as entendi. Pareciam fatias de pão de forma empilhadas, com coberturas diversas de sorvete, chantilly, frutas, mel e biscoito. Talvez sejam brioches, mas o ponto é: depois que você come a fatia de cima, tem que comer as de baixo puras, sem nada? Eles dão mais chantilly? Mistério para ser solucionado numa próxima visita à cidade, porque nessa não sobrou espaço para isso tudo aí não.

Por falar em menu/comida nós não tivemos muitos problemas. Alguns lugares têm menu em inglês, mas a maioria tem apenas a versão em japonês com fotos; é olhando pra elas que você escolhe, e é apontando que você pede a comida. Não é tão awkward como parece, os atendentes parecem estar habituados.

Devo dizer que fiquei positivamente chocada com a qualidade do atendimento no Japão. Não somente em restaurantes, mas em qualquer estabelecimento, pequeno ou grande. Você entra e é saudado, você pede alguma coisa e eles correm pra atender, você leva a mercadoria para pagar e o caixa sorri e fala com você o tempo inteiro (você não vai entender nada, apenas retribuir o sorriso e balançar a cabeça, mas é fofo), depois aponta com as duas mãos o valor a pagar na tela da máquina registradora, entrega o seu troco e a mercadoria também com as duas mãos e uma reverência. Não importa se você comprou um laptop ou um rolinho de fita adesiva, o tratamento é exatamente o mesmo. Retribua tanta gentileza com o mínimo: não esqueça o konichiwa (olá), o sumimasen (com licença) e o domo arigato (muito obrigado). Sorria sempre e NADA será um problema; eles farão o que puderem para atendê-lo bem. Achei que as pessoas, ao contrário do que acontece em vários lugares do mundo, não demonstram ter vergonha ou ressentimento por servir. Muito pelo contrário.

A cidade também possui vários estabelecimentos como esse aí em cima; mini-botecos que consistem apenas de um balcão (atrás do qual o cozinheiro prepara a comida) e uns quatro ou cinco banquinhos para os clientes. Geralmente ficam próximos a estações de trem e a rotatividade é grande: você deve comer e sair para liberar o lugar; nada de conversinha, outra cerveja ou um café. O preço costuma ser mais em conta; tinha prato completo incluindo a sopinha misô por 500 yens e se você não se incomoda com a relativa falta de conforto e nem com a certeza de que NÃO vai encontrar menu em inglês (vai ser difícil TER menu… aponte pras fotos na parede) é uma boa opção pra comer bem e pagar pouco.

E lá fomos nós queimar as calorias do curry saracoteando pela night iluminada e multicolorida de Akihabara… J-pop em alto volume saindo das lojas, adolescentes abraçados a travesseiros no formato de heroínas peitudas de anime tentando pescar brindes em maquininhas eletrônicas, gente cantando em karaokês, bares onde se pode jogar RPG nas mesas despejando meninos nerds e fofos pelas calçadas carregados de sacolas contendo mangás ou indo para a Super Potato jogar videogames vintage – Virtual Boy, anyone? :) Tem até um Gundam café!

Aí em cima os letreiros na entrada da Maidreamin’, um dos vários “maid cafés” que se espalham por toda a parte. As mocinhas ficam na calçada vestidas de “governantas francesas” distribuindo folhetos para os passantes, convidando-os a entrar. Elas são todas mignon, parecem bonequinhas de anime, falam com voz fininha e são adoráveis; a vontade de pegar meia dúzia delas, enfiar na mala e levar pra casa beira o irresistível.

Ao entrar você encontra um café como qualquer outro, só que as mocinhas vestidas de maids (iguais às que estavam lá fora atraindo a clientela) vão fazer dancinhas, te chamar de senhor ou senhora, sentar na mesa para conversar, desenhar bichinhos na espuma do seu cappuccino com cobertura de chocolate, enfim… fazer o cliente se sentir importante e desfrutar da companhia de uma moça alegre e bonita que vai tratá-lo bem. Meio machista, mas enfim, I won’t judge. Todo mundo parece estar se divertindo. Os meninos, claro, não podem tomar liberdades ou sequer tocar qualquer parte do corpo das moças; tudo acontece num ambiente descontraído, porém de absoluto respeito. Eu achei que as maids são as equivalentes modernas e mais low profile das tradicionais gueixas, voltadas para o mercado “adolescente otaku” ao invés dos ricos executivos que podem pagar pelas companhia das belas mulheres que treinam música, dança e entretenimento por anos e anos.

Decidimos tomar uma cerveja e fomos parar no Tofuro, um restaurante de culinária edo que ficava quase ao lado do hotel. Cervejinha estilo lager feita por eles mesmos, e esse pratinho cortesia com umas coisas que eu estou tentando identificar até hoje… Reconheci algas, a bolinha verde que parecia ervilha e algo vermelho que lembrava uma goji berry. As coisas que pareciam ser carne eu não faço a menor idéia do que sejam. Mas como era cortesia e tava gostoso, peguei os meus hashis e fui.

Depois de passar alguns minutos mesmerizada com a “cabeça de peixe falante” no cartaz abaixo, resolvi pedir uma outra bebida. Era uma espécie de licor de morango com leite e estava muito gostoso – só que não havia traço de álcool no licor. Vai ver eu entendi errado e nem era licor e sim syrup. Whatever. Down in one… gulp!

Well, por hoje é só! Em breve (I hope) a segunda parte da mini-maratona oriental. :)