Rio 22 (álbum de figurinhas)

Quase 30 dias, umas 300 fotos ruins de celular (o tijolão antiquado que eu tive coragem de levar pra rua pois não ia chorar muito se alguém levasse), muitas garrafas de cerveja cercada de amizades que resistem ao tempo, o cinza-concreto/verde-espelhado dos prédios da barra, humildes igrejinhas barrocas de cidade pequena, plantas que custam um rim na europa crescendo de rachaduras nas calçadas, pôres do sol supersaturados, viralatas caramelo e gatos de infindáveis tons, olhar para o céu e buscar nesgas azuis por entre as verdes copas da árvores, estações de metrô inéditas, linhas de ônibus que não existem mais, a alegre paleta de cores do casario colonial do centro antigo, hamburguer por toda a parte tomando lugar das comidas tradicionais de boteco, lojinhas que despejam a china pelas esquinas do saara, inúmeras fatias de red velvet (um sabor que por algum motivo se tornou popular num país que raramente consegue fazê-lo bem, mas seguimos na busca), a umidade da floresta grudando o suor na pele, a arte de rua tomando conta dos muros da zona portuária, a mata atlântica (ah, a mata atlântica), lugares que não visitei, lugares que abriram suas portas, lugares que agora só posso rever pelas ruas da memória. O amor existe e resiste em cada peça desse quebra-cabeças que é a minha cidade. Até nas peças que faltam.

30-something days

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um mês sem wi-fi, sem computador e sem vontade de fazer fotos porque você sabe que a única câmera que tinha coragem de levar para a rua não era boa – nada disso serve de estímulo para a blogueira old school cansada de guerra. apesar de tudo esse setembro passou rápido e aqui estou, tentando livrá-lo de passar também em branco.

setembro não foi agradável, não foi particularmente memorável, e fora ter encontrado os amigos que sobraram (e principalmente, os que ainda queriam ser encontrados) não tenho muita história pra contar ou fotos para mostrar.

a visita não foi de lazer. foi necessária, para resolver perrengues de família. crianças, saibam que morrer é feio, morrer é caro, morrer é inconveniente e traz à tona uma série de pequenos horrores que devíamos poder enterrar junto com o morto – mas que infelizmente acabam fazendo parte do legado. pouca coisa foi resolvida devido à preguiça, à má vontade, a implicância e, no meu caso, sobretudo ao calor – você tem vontade de viver quando os termômetros acusam 37 graus em pleno INVERNO?

essa visita foi triste. pelas circunstâncias, claro. mas também por ver a cidade avançando lenta, cercada de engarrafamentos – consequência de obras e “melhorias” no transporte que ninguém pediu e que beneficiaram poucos. as sombras humanas da cracolândia saem de trás das sombras imaginárias dos viadutos demolidos, disputando espaço no meio das pistas paradas da avenida brasil com homens jovens e torrados de sol vendendo panos de chão. há os que preferem o ar condicionado dos trens e penduram nos vagões as barraquinhas móveis de doces, carregadores de celular, salaminho, detergente, óculos falsificado – o “xópi supervia” que funciona até o encerramento dos serviços e onde comprei paçoca vencida pra ajudar o tio sem perna que me chamou de princesa.

a violência esvaziou as ruas do subúrbio, silenciou o falatório nos becos das favelas, fez a zona sul se esconder da vida real em ubers com balinha e água gelada e limpou as calçadas da zona norte da presença certeira de tias e vós e novinhas e mulekes. refiz trajetos conhecidos de uma vida inteira, mas as ruas desertas agora parecem cenário de silent hill; engoli um solucinho carregado de nostalgia triste ao passar pela tia “olhando as modas” numa cadeira de praia na calçada com marido, cachorro e netos. apelidei meu celular de “celulunda” já que nas raras vezes em que ele saiu para a rua foi preso no elástico das minhas calcinhas, escorregando perigosamente no suor em direção ao asfalto. as pessoas usam seus aifônes de última geração na sala de casa, mas vão trabalhar com um lenovo de 300 reais no bolso – o “celular do ladrão”. qual a graça?

a cidade tão linda, a arquitetura colonial do centro, a geografia que beira o impossível, a mata atlântica cobrindo a serra, o mar infinito e aquele famoso e aplaudido pôr do sol – que você só pode ver da janela, trancado em casa ou pelo vidro do carro morrendo de medo de entrar por engano onde não deve. fui poucas vezes para a zona sul e num desses dias aconteceu um assalto (feat. tiroteio) a poucas quadras de onde eu estava. amiga da minha mãe foi baleada dentro do ônibus, sete e meia da manhã, indo para o trabalho. a cada anoitecer eu era grata por ter sobrevivido, mas o “acabou” que eu ouvia em silêncio na minha própria voz não se referia ao fim do dia.

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⤫ NOPE
⤫ O CALOR O CALOR O CALOOOOOOOOOOOR
⤫ as empresas de ônibus que reduziram severamente a frota; a frequência de certas linhas caiu pela metade.
⤫ o bolo red velvet HORROROSO que eu comi no starbucks. gosto de sabão. só conseguiu ser melhor do que a torta HORROROSA que eu comi na lecadô. nauseantemente doce, massa anguzenta. yuck.
⤫ CPF pra usar o wi-fi do shopping (que não funcionava anyway), CPF pra se registrar na lanráuse, CPF pra receber nota fiscal na casa e vídeo; what the fuck?
⤫ os 2 pratos + 2 guaravitas num restaurante a quilo que me custaram 72 reais.
⤫ QUE LOTE DE NOVELA RUIM DO INFERNO, MELDELS
⤫ três semanas ouvindo minha mãe reclamar do vaso sanitário entupido sem que ela fizesse absolutamente nada para consertá-lo. ORAR NÃO VAI FAZER O COCÔ DESCER MÃE; JESUS ERA CARPINTEIRO, NÃO ENCANADOR.
⤫ não tem máquina de refrigerante no shopping. ou você paga um órgão vital e meio num restaurante da praça de alimentação ou bebe água morna da pia do banheiro.
⤫ o estado de abandono (imundície, pivetes, drogados, poeira das obras do VLT) em que a central do brasil se encontra – especialmente o terminal américo fontenelle.
⤫ os botecos trocando as queridas porções de calabresa, aipim frito e frango à passarinho por invenções hipsters como bolinho de feijoada e tortinha de quinoa – tudo sem graça, sem gosto e sem noção de tão caro.
⤫ legumes mirrados, passados, sujos e vendidos a peso de ouro. um país que produz tanto e com tamanha variedade/qualidade não precisa forçar essa xepa deprimente no povo.
⤫ 47 reais por dois potinhos de frozen yogurt num shopping da baixada. ouch.
⤫ certos sotaques cariocas miserentos: “uaish passarinhuaish, uaish miquinhuaish, tão bunitinhuaish néam?” – argh.
⤫ revistas nacionais custando em reais o mesmo preço que as daqui custam em libras.
⤫ É DÉÉÉBITO OU CRÉÉÉÉDITOOO?
⤫ a coxinha congelada (o recheio estava sólido) que me serviram num boteco na penha e que me esfriou a alma.
⤫ reaprender a jogar o papel no cesto do banheiro e não na privada.
⤫ passageiros “espaçosos” que se expandem feito gás pra ocupar todo o banco do ônibus.

♡ YUP
♡ os novos trens com ar condicionado que me levavam de A a B passando por Z e me custaram apenas 4 reais e 20 centavos.
♡ a melancia gigante que ganhei da minha prima e trouxe no ônibus dizendo pra mim mesma I CARRIED A WATERMELON (dirty dancing ♥)
♡ os beija flores se entupindo de sacarose na janela da minha mãe.
♡ as “tia” do brasil; a gente tropeça na rua e do nada se materializam 30 tias com gelinho e pomadinha e copo d’água. mesmo que você também seja uma tia.
♡ café com bolo no shopping da gávea reclamando do brasil com o amigo que vai te ouvir e entender que a sua necessidade de desabafar frustração naquele momento é mais importante que o impulso dele de defender o país. ♥
♡ a programação eclética do posto ypiranga na frente do apartamento da minha mãe (e ao lado de um puteiro). as putas saem no fim da madrugada e continuam a balada no posto, os alto-falantes dos carros tocando funk proibidão, depeche mode, red hot chilli peppers, pet shop boys, o rappa, iron maiden e haddaway. WHAT IS LOVE? BABY DON’T HURT ME, DON’T HURT ME, NO MORE. às quatro da manhã a janela chegava a tremer com a altura do som (nóis não dorme, mas se diverte)
♡ pessoas que te chamam de amor, querida, amada, BEBÊ. com vozinha fofa e hiper modulada. deveria soar falso, mas você sabe que não é.
♡ a filial roots do bob’s em xerém: layout de pensão da tia genoveva servindo os famosos milkshakes de ovomaltine em mesas de compensado.
♡ churros fálicos degustados às margens da lagoa apreciando os pedalinhos, curtindo a brisa e rezando pra não ser assaltada.
♡ os anúncios de “penção/polsada” pixados pelos muros da av. brasil (diária de 25 reais, café da manhã e wi-fi incluído) que sempre me faziam rir no ônibus.
♡ show do pet shop boys no rock in rio e todos os adolescentes na primeira fila; eles nem eram nascidos quando eu voltava da escola ouvindo domino dancing no walkman. fé na humanidade restaurada.
♡ batata frita de marechal hermes com pedaços de bacon, linguiça, frango e cheddar – very good, mas recomendo um saco individual ao invés de dividir.
♡ subir os degraus da igreja da penha pra bater papo com os urubus nas alturas.
♡ o bolinho de chuva com pedaços de banana da minha tia, uma instituição familiar.
♡ a praça de alimentação gourmet do prezunic com burger king, mcdonalds e habibs.
♡ padaria em santo aleixo às margens da cachoeira onde tomei cafezinho, comi bombocado e um salgado de calabresa que realmente continha calabresa – shocker.
♡ subir a serra velha da estrela em direção a petrópolis, ir para teresópolis via guapimirim, o dedo de deus, o parque nacional da serra dos órgãos, as cachoeiras de magé e os biscoitinhos amanteigados serranos (que agora a gente encontra em todo lugar, cabô a magia).
♡ o inverno brasileiro com cara de outono: folhas mudando de cor nas amendoeiras.
♡ o baile “flashback” no clube dos 500, uma instituição da cidade.
♡ bolo de paçoca com goiabada + cuca de banana que as amigas trouxeram pra tomar café comigo e falar um sem número de bobagens/experimentar roupas/reclamar de políticos/reclamar de macho.
♡ ver minhas fotos espalhadas pelo apartamento do meu pai, cartões de natal meus que ele havia guardado, achar a primeira carteira de trabalho que ele tirou na vida (aos 14 anos!) e o pente ainda cheio de fios de cabelo que eu trouxe comigo. ♥

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escrevo isso de pijama, curtindo os primeiros dias perfeitos de outono (sol, 18 graus) e sem a menor pressa de sair desse sofá. i’m safe at home, and feeling safe is good.
rio, vamos dar um tempo. ainda te acho gato e interessante, mas me liga quando você resolver essas tendências violentas, ok? de longe eu vou torcer por você, como sempre fiz, porque você ainda é bae. e o primeiro amor nem sempre é o melhor amor, mas sempre vai ser o primeiro amor. e tem muito valor agregado nisso.

get well soon, dear. see ya. ♥

Throw back thursday: Santa Teresa (2003)























Há onze anos eu peguei a minha câmera digital Kodak Easyshare (DOIS megapixels, wow!) e subi a ladeira para Santa Teresa. A tenebrosa onda de violência que viria a assolar o bairro ainda estava distante na linha do tempo e eu não tive medo de me levarem a máquina; na verdade fiquei com mais medo de um assalto no ônibus, mas resolvi o problema enfiando a câmera no bolso de trás da calça, claro. #CariocaHacks

Mas a primeira vez mesmo que eu fui a Santa Teresa foi de bondinho, extasiada com a experiência de subir aquelas ruas de paralepípedos e pedrinhas e encantada pelos casarios centenários, românticos e em váriáveis graus de decrepitude. Eu vinha sentada num dos bancos de madeira do bonde ao lado da E., uma amiga da minha mãe que era auxiliar de enfermagem e estava me levando para conhecer o hospital onde trabalhava. Lá chegando me apresentou às pessoas e na cozinha me deu um copinho de gelatina, da sobremesa dos pacientes. E. tinha cerca de 30 anos e gostava muito de crianças. Algumas pessoas não a viam com bons olhos; ela era naturalmente esquisita e ficou ainda mais depois que sofreu um aneurisma. Que foi quase fatal, mas no fim só a deixou mais esquisita – meio adulta, meio criança, uma combinação irresistível para quem era pequeno de fato. Vários amiguinhos meus também eram amiguinhos dela.

E. tinha bonecas, o favorito sendo um “Feijãozinho” da Estrela que ela chamava de André e para quem minha mãe, a pedidos, costurava roupinhas. Rezava a lenda que E. tinha sofrido um aborto natural durante o seu breve casamento (eu lembro que fui à festa, mas eles se separaram pouco tempo depois) e nunca se recuperou da tristeza por ter perdido o bebê. Diziam também que ela “não teria outra chance”, já que o casamento na verdade havia terminado por ela ser lésbica. Isso eu jamais saberei – apesar de ela não usar roupas consideradas “femininas” e ter uma amizade próxima com uma colega de trabalho chamada R.. O que sei é que depois de algum tempo minha mãe me proibiu de ir à casa dela. As mães de algumas outras crianças também vetaram as visitas. O que certamente a deixou muito triste. E a nós também, já que ela nunca fez nada de mal – nada além de miojo com salsicha, deixar que brincássemos com as suas coisas e conversar conosco como se não fôssemos imbecis. Saudades do quarto escuro com pedaços de tijolo aparente onde o reboco tinha caído, do André sentadinho na cama junto das outras bonecas e bichos de pelúcia e dos copos de plástico com refresco colorido em pó. Me pergunto por onde ela anda, se teve filhos, se ainda é amiga da R., se está feliz. Sempre que penso em Santa Teresa (e eu penso em Santa Teresa mais do que gostaria) ela é uma das pessoas de quem me lembro.

Revendo essas imagens eu percebo o quanto fotografava mal. Não que tenha melhorado muito, mas agora eu pelo menos considero detalhes como composição e exposição antes de clicar. Onze anos atrás a idéia não era “fazer bonito” porque eu não pretendia expôr nada – nem em galerias, nem no instagram. Nem mesmo num blog, apesar de já ter alguns. Eu só queria mesmo poder registrar o momento e dar um jeito de trazê-lo comigo num lugar além da memória, já que a minha nunca foi boa. Onze anos atrás levar histórias na lembrança bastava. Mas hoje nessa curiosa vida 2.0 hipercompartilhada eu estou aqui, jogando essas bobagens e fotos ruins ao vento como se elas tivessem valor para mais alguém.

Às vezes eu me pergunto o que foi que mudou mas logo tiro a pergunta da cabeça, evitando atinar acidentalmente com uma resposta que eu não queira ouvir.

Pause.

Amigos, sumi. E não voltei ainda.

Estou no Rio desde o começo do mês porque meu pai se acidentou e precisou passar por uma cirurgia na cabeça. No momento ele está acamado, ainda sem andar e precisando de cuidados em tempo integral. Ficarei aqui por mais alguns dias e volto para casa no início de Dezembro.

Meu acesso à internet tem sido errático: evito “lan houses”, roubo wi-fi liberado do vizinho, quando disponível – gostaria de aproveitar para agradecer à “Júlia” e “Adrienne” pela generosidade de não pôr senha na conexão. Obrigada, obrigada, e continuem assim por favor. :)

Sorry por não avisar antes, mas o ritmo está punk rock, pra dizer o mínimo. Não estou respondendo emails, mas estou encontrável no facebook. Papai está melhorando aos pouquinhos e estamos todos aqui nos dedicando ao seu total restabelecimento.

Só um soluço. Volto já. :)

Jardim Botânico, 2005

Achei essas fotos enquanto fazia backup do HD. Nada excepcional, já que saíram de uma câmera digital barata; mas vale o registro pelas lembranças de um dia longo e divertido de verão, de uma época cheia de felicidade e expectativas.

Eu ainda tenho (e uso) essa sandália. E olha que ela já era velhinha em 2005.

A famosa escultura na entrada do parque recriando em 3D o quadro A Dança, do Matisse. E aí embaixo a aléia principal dentro do jardim, com as famosas palmeiras imperiais.

Respectivo curtindo a experiência.

E fotografando formigas.

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Resultado do trabalho:

Olá, amiguinho!

The Christ.

Os anjinhos da fonte (eu, tentando fazer fotos “artísticas” com câmera de 2MP):

Sim, eu tenho fobia de libélulas. Mas de longe elas são até bonitinhas.

Na estufa de orquídeas:

O Jardim Botânico é um programa imperdível no Rio; especialmente para quem curte natureza e uns minutinhos de paz em meio ao burburinho constante da cidade. Não é hype, não tem muitas “coisas para fazer”, os banheiros são limpinhos mas sem glamour e as opções de alimentação são limitadas, mas o ingresso é barato, a beleza é estonteante, tem pequenas trilhas, lugares bacanas para fotografar e se você for durante a semana ainda leva silêncio de brinde. :)

Colours from home.

Pequeno registro de dias divertidos que passei na casa do meu amigo R. em Angra dos Reis. Tinha um forró brabo rolando na praia e eu considerei seriamente a hipótese de me inserir naquele contexto; porém a minha companhia classy se recusou. Como também se recusou a me levar na “boate do Boboi” para curtir funk de atabaque + cerveja de latinha, vodka e WHISKY – tudo a um real. Não sei se agradeço ou se corto relações.

Por preguiça e medo de assalto levei uma câmera baratinha que só faz o requisito com bastante luz. E o tempo ficou permanentemente nublado e chuvoso, como (fiquei sabendo) é comum nessa região. Os ventos costumam ser tão fortes que ninguém usa “sombrinhas” como essas que a gente carrega na bolsa. Não, não, não – o povo sai pra rua com aqueles guarda-chuvas estilo BENGALA que eu pensava que só eram usados por idosos do sexo masculino. As sombrinhas comuns não servem porque são literalmente carregadas pelo vento. Várias pessoas tinham uma “bengala” LINDA, nas cores do arco-íris, que cobicei assim que vi. Em Angra (ou terá sido Paraty?) eu finalmente comprei uma delas, e fiquei toda pimpona – e depois vi que é claro que não ia caber na mala.

Mas sendo brasileira eu não sei desistir sem tentar. Fiz a mala assim mesmo – com a ponta do chapéu pra fora do zíper. O tio do despacho ameaçou fazer uma cena, mas o charme natural daquela que voz fala (erm, hahaha) acabou convencendo a deixar passar. Na europa isso talvez não colasse, mas há algumas vantagens para a necessidade que o brasileiro tem de ser simpático e agradar. E aqui estamos em plena europa com uma rainbow umbrella from Brazil.

Hey, England, I’ve brought you some colours from back home. Hope you like them. ♥

On the way out.

Minha estadia na wonderful city está chegando ao fim mais rápido do que o esperado.
Da última vez era inverno. Fiquei por três meses e foi com um coração pesado que fui embora, sentindo saudade antecipada das longas viagens solitárias de ônibus na companhia da minha seleção de mp3s e pensamentos. Dessa vez eu sinto que, se tivesse ido embora no primeiro dia, já teria ido tarde demais.

Ponho a culpa em uma combinação de calor (nota mental: NUNCA MAIS Brasil no verão), irritação com meus pais (nunca fui uma pessoa particularmente paciente e o pouco que tenho vem sendo testado todos os dias), dificuldade em me manter numa dieta baseada em proteínas num país obcecado por carboidratos, as decepções de sempre com pessoas, o absurdo dos preços, tédio. Dessa vez meu espírito aventureiro parece ter me abandonado. Não senti tanta vontade de entrar num ônibus só para saber o que há do outro lado da rota. Talvez porque, nas poucas vezes em que tentei isso recentemente, acabei suando em algum fim-de-mundo sem nada para fazer a não ser entrar no próximo ônibus de volta pra casa. O que seria OK caso estivesse frio. Mas com os termômetros quase na casa dos 40 eu perco a vontade de viver – imagine desbravar o mundo pela janelinha de um busão intermunicipal sem ar condicionado.

Eu estava animada para o natal e ele acabou se tornando outra decepção. Numa inocência que já nem combina mais com a minha idade eu esperava reviver os sentimentos de antecipação e encantamento da infância – mas como seria possível se esse apartamento pequeno, quente e barulhento sequer tem cara de lar? Me senti um periquito engaiolado ao invés de uma versão em miniatura de mim mesma decorando a árvore com luzes e bolinhas coloridas ouvindo A Harpa e a Cristandade – por acaso mencionei que essa casa nem tem mais aparelho de som e não posso ouvir música? Por acaso mencionei os mosquitos? Fui estúpida por não me dar conta de que meus natais de infância aconteceram numa época diferente, em casas diferentes e para uma pessoa diferente. Eu não sou mais aquela menina, essa não é mais a minha casa e o dia foi gasto consumindo vastas quantidades de comida e me sentindo levemente desconfortável. Escolhi passar o ano novo sozinha em casa porque não queria nem mesmo estar em família. Minha mãe foi para a igreja (nah), meu pai dormiu cedo, eu não quis me inserir no contexto familiar alheio e as opções de sair pra rua não me apeteceram.

Sei que vou soar ingrata, mas… uma vez que você saiu da casa dos seus pais, não deve voltar.

Passo boa parte do tempo assistindo aos canais do Telecine que, por alguma compensação cósmica, estão todos liberados no pacote barato da minha mãe. E rezando por chuva. Por uma tempestade daquelas épicas, em que o céu escurece às duas da tarde e os trovões acordam os deuses do seu estado de inexistência. Apesar de várias promessas e alguns ensaios, não vi nenhuma assim desde que cheguei e, bem, eu sinto falta. Do barulho que os pingos grossos fazem ao explodir contra o vidro das janelas, do cheiro que emerge da terra encharcada, do verde potencializado depois que a poeira dos dias escorreu das folhas, do ar que eu respiro mais limpo e dos céus se abrindo em luzes peroladas ou até mesmo num arco íris. Se alguém me perguntasse hoje quais são as coisas de que mais sinto saudades eu não citaria o “calor humano”, a cervejinha pós trabalho, a “família e os amigos” e nem mesmo o supervalorizado feijão. Eu responderia que sinto falta desses singelos alívios diários da tensão, como correr debaixo de uma tempestade tropical e admirar a topografia privilegiada do Rio de Janeiro com a mata atlântica se espalhando pelos morros.

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(dado o histórico da família da minha tia em relação a cuidados com animais de estimação ele provavelmente não vai estar por aqui muito tempo; mas foi legal ter conhecido o Prejuízo)

Sinto falta do silêncio. De não ter que suar. De ouvir música ao invés dos caminhões tropeçando no buraco da estrada em frente à janela. Sinto falta da comida (trust me). De lojas cheias de coisas que eu de fato tenha vontade de comprar ou admirar. Da minha cama, dos meus travesseiros, do quarto que eu decorei. Das minhas bonecas, de ter um jardim. Sinto falta da minha vida e a quero de volta – a vida que eu posso ter agora, e não a que eu escolhi deixar para trás há sete anos, com todos os seus riscos e possibilidades. Ela podia ter sido triste, ela podia ter sido linda. Hoje ela não pode ser mais nada – porque simplesmente não foi. Eu segui por outro caminho e essa outra vida, a que eu não escolhi, já não é mais possível. Ela também não me escolheu e anda me lembrando disso aos gritos, todos os dias desde que cheguei. E então eu decidi ouvir.

Não estou triste. Estou apenas reflexiva. Talvez até esperançosa.

Não vou “ficar para o carnaval”, como previamente planejado. Não preciso de mais de uma decepção para descobrir que o carnaval possível não vai chegar aos pés dos carnavais de antes onde, fugindo do samba, eu entrava numa kombi com outros 10 adolescentes para cruzar a ponte Rio-Niterói e passar cinco dias brincando de casinha num barraco perto da praia na região dos Lagos. Mas essa época, essas pessoas, aquela menina não existem mais. Those days are gone. I should let them go.

Estarei voando de volta para o frio em breve.
A vida que eu quis me espera, e a que eu não quis não me esperou. Acho justo.

Beijo.

Beijo pra quem gastou 50 pilas em esmaltinho no Mercadão de Madureira hoje, AEAEAEAEAEAE
Beijo pra quem está doida pra testar esmalte novo mas com a unha cheia de glitter e preguiça de tirar.

Vamos começar a narrativa do dia comentando os SETENTA E CINCO minutos (uma hora e quinze) em que fiquei no ponto aguardando um ônibus. Quem manda apostar na redenção de uma companhia de ônibus que só faz se afundar cada vez mais na própria falta de vergonha e de respeito pelo usuários – incluindo forçar outra companhia de ônibus a REMOVER uma rota porque isso estava ameaçando o seu monopólio.

Enfim, papo chato.

Só sei que aguentei a espera motivada unica e exclusivamente pela raiva e pela vontade de dizer poucas e boas para o motorista. Quando o ônibus finalmente chegou, segundos antes de eu desistir e pagar mais caro pegando outro ônibus, é EVIDENTE que estava lotado. Escorreguei por entre o suor alheio para conseguir 15 centímetros quadrados de chão para pisar e comecei a passar mal quase que instantaneamente por causa do calor. E do ar rarefeito porque, convenhamos, era nariz demais ali para pouco oxigênio.

As pessoas queriam impedir o motorista de parar nos pontos seguintes, mas é claro que ele não podia fazer isso. Essa parte eu aceitei e entendi – afinal, se eu estava esperando todo aquele tempo, outras pessoas também estavam e mereciam a opção de entrar na lata de sardinha caso necessitassem. O que eu não entendi e muito menos aceitei: o motorista bancando o INGRASSADO e sendo grosseiro sem necessidade. “Por que todo mundo quer usar essa linha? Porque é mais barata? Paguem mais caro pelo outro ônibus, oras! Tem até ar condicionado! Se optar por pegar esse, não reclama do atraso!!”.

Ouvir isso é melhor apenas do que ser surda. Marginalmente. Ou não; ser surda talvez fosse melhor. A única coisa pior do que ouvir isso naquele momento seria ser surda, cega, muda, ter um poste de eletricidade enrolado com arame farpado e piche enfiado no cu e ter que viajar em um ônibus da União. Ou melhor, só viajar num ônibus da União já é pior do que tudo isso junto. Tive que me manifestar.

– Por que todo mundo quer pegar essa linha mais barata? Porque a diferença no preço não vai sair do SEU bolso?? Porque tem gente aqui que recebe vale transporte que não cobre a passagem do OUTRO ônibus? E porque vai fazer diferença no fim do mês pra quem ganha salário mínimo? E já pensou que se todo mundo resolver pegar o OUTRO ônibus a União vai à falência e você vai pra rua? E aí? Vai pegar ônibus mais caro com o auxílio desemprego?

Não sei de onde saiu essa eloquência. Provavelmente da revolta. Só sei que baixou um silêncio sepulcral no ônibus (nada da salva de palmas que eu estava esperando), o que só serviu pra fazer eco com a resposta do motorista, um murmúrio nos moldes de “a culpa não é minha”. Pelo ATRASO não, mas por fazer piada sapateando em cima do sofrimento de gente pobre a culpa é toda sua, fio.

Desci no ponto já puta, desidratada, com a boca seca e trocando as pernas. Foi difícil achar a agência dos correios – na verdade foi difícil chegar até lá, tentando me equilibrar e me desviar das pessoas passeando à minha frente. Teoria: pessoas que habitam lugares pobres andam muito devagar. O que não é inteiramente compreensível, já que esses lugares costumam ser pouco pitorescos para um passeio. Quando por fim cheguei nos correios (onde, para o meu desespero, lembrei de que precisava subir escadas) tinha uma fila e eu quase desfaleci. Lugar pra sentar? Ar condicionado? Ventilador? Tudo supérfluo. Chegou a minha vez, postei as encomendas (FOTOGRAFEI tudo para guardar como prova do crime caso não cheguem ao destino), e tive coragem de entrar em OUTRO ônibus (que também demorou a chegar e a sair – mas será o Benedito?) para me enfiar no Mercadão de Madureira atrás de ESMALTE.

Eu merecia um longo banho de banheira hoje.
Mas não tem banheira.

Rio, quase 40 graus.

Chuva e sol intermitentes. Internet idem, e que só funciona até o telefone tocar. Calor. Suor, muito. Barulho de trânsito, de engarrafamento, da igreja que faz vigílias quase diárias e me faz compreender por que Deus permitiu que a granada de mão fosse inventada. Voltar a ver amigos, voltar a me irritar com eles. Depender de condução que não tem leis a obedecer. Carestia, 45 reais por um pacotinho de Post-it. Pessoas que me sorriem e falam comigo, pessoas que não olham para mim. Cartões de crédito e dinheiro dentro da calcinha numa bolsinha plástica; kit prevenção de assaltos. Alto da Boa Vista. Alto Leblon. Baixo Gávea. Baixada. Festa. Feira dos Nordestinos. Carne de sol deliciosa, porém paguei seu peso em ouro. Praia de Ipanema à noite. Metrô. Telefone tocando. Toda. Hora. Maquiagem não, filtro solar sim. Panetone com leite condensado. Queijos ruins. Carrocinha de churros. A reforma que ainda não aconteceu na Central do Brasil. Minha árvore de natal brasileira. Inchaço. Brigas. Pele boa, cabelo péssimo. Celular sem plano de dados. Chip da TIM, plano Infinity (stop calling, stop calling, i don’t wanna talk anymore). Ana Maria Braga. Novelas ruins. Reprises dubladas de Everybody Hates Chris me salvando a vida. Beber com minhas primas. Táxi de madrugada. Ônibus que não roda de madrugada. Frangão de Natal. Zero clima de Natal. Planos para o Ano Novo. Saudades. Risadas. Olhos revirando. Ver as coisas de sempre com novos olhos, ver coisas novas com os olhos de sempre. Não saber se fico. Não saber se vou. Não saber por que estou aqui. Não saber por que estou lá.

Calor demais, e o verão nem mesmo começou.

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Home.

Em “casa” há algumas semanas e até sabe-se lá quando.

É a primeira vez que chego sem passagens de volta compradas, o que talvez seja sintomático. Por um bom tempo, enquanto ainda estava do lado de lá, tive sonhos recorrentes com a velha casa onde cresci, ou em que estava indo a lugares que só existem na minha cabeça – e somente enquanto durmo. Sonho com eles sempre, sei exatamente onde ficam, mas eles não existem nessa localização na vida real; pelo menos não da forma como aparecem nos sonhos. Sempre estou animada para a chegada, que nunca se concretiza ou então acordo assim que chego.

Eu daria um braço para estar, acordada, por quinze minutos num desses lugares. Algo me diz que eles significam LAR num sentido mais profundo do que eu consigo compreender. Sou extremamente apegada a lugares e coisas, mais do que a pessoas. Esses do sonho estão além do meu alcance (por ora?), e durante essas semanas tenho me contentado com lugares tangíveis, onde posso estar fisicamente.

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O post passado parece ter causado estranhamento a algumas pessoas. Eu não escolhi a dedo as coordenadas geográficas das imagens; eram lugares onde queria estar, e as fotos foram consequência. A Baixada Fluminense, pelo jeito, só devia mesmo servir para fornecer escravas mestiças para madames da Zona Sul e um destino para o lixo produzido por lá – e fazer a gentileza de inexistir no resto do tempo, que ninguém gosta de sequer pensar que pobres existem, quanto mais ser obrigado a olhar para eles. Falo sem (muita) mágoa. Foram mais de duas décadas na região, convivendo com a ironia e o desprezo de quem teve a “sorte” de ter nascido em (ou relocado para) outro endereço supostamente mais refinado. Nós aprendemos a gostar do que nos é familiar, ponto. Mas valorizo a atitude de quem se abre para novas experiências, não tem medo de se surpreender com o desconhecido e quer sempre se expandir, se ampliar, ao invés de se limitar trancando a si mesmo numa casquinha de segurança questionável se privando de experiências que podem dar uma sacudida na própria percepção do que seja Belo.

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Não costumo glorificar pobreza porque venho de um lugar onde ela me foi esfregada na cara a vida inteira; a convivência trouxe familiaridade e falo mal dela sem remorso. A pobreza é feia, cheira mal e pode ser violentíssima, não só no sentido “guerra civil” da coisa. Quando nos mudamos para a casa onde passei a infância, tinha um projeto de favela logo atrás. Como os moradores passavam por dentro do nosso quintal para cortar caminho (jogando lixo no chão e às vezes dentro da nossa casa, pelas janelas abertas), achamos melhor erguer um muro. Que também serviria para proteger a casa e evitar que nossa cadelinha fugisse. Eles nunca nos perdoaram por isso. Quando o tal muro desabou, durante uma tempestade de verão uns seis meses depois de ter sido erguido e quase matando minha mãe no processo, esses mesmos vizinhos desceram a rua cantando “O Muro Caiu! O Muro Caiu!” enquanto informavam alegremente a todos que minha mãe tinha morrido soterrada (por sorte, um exagero). Nenhum deles foi ajudá-la enquanto ela se erguia do meio dos entulhos e da lama que desceu junto com a enxurrada. Eu nunca os perdoei por isso.

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Mas a minha cidade não merece ser definida pelo ressentimento econômico de parte de seus habitantes, nem pela miopia social de quem nunca sequer pisou nela. E é por isso que, embora hoje eu esteja no que é considerado o “melhor bairro” da região (haha) e passe boa parte do meu tempo no Brasil me divertindo pela capital e visitando pessoas que não moram aqui, ainda gosto de perambular por vielas que me lembram a infância. Para ver as crianças jogando bola descalças, ouvir a buzina do pipoqueiro da tarde, o cheiro do jantar pronto vindo das casas em cujas calçadas as tias fofocam, os moleques ralando joelhos em quedas de bicicleta compradas no ferro velho, os muros pintados com cal e corante que descascam logo dando aquele aspecto levemente decaído que sempre me atraiu, as meninas do subúrbio passeando de shortinho e havaianas, os meninos do subúrbio com camisetas de marcas desconhecidas de surfwear de pé na esquina combinando o fim de semana nas praias da Zona Sul (para desespero dos que pagam IPTU alto pelo direito de viver longe deles). As feirinhas dominicais, os camelôs de porcarias coloridas made in china, a arquitetura impossível de um barraco de madeira dependurado numa encosta de morro, as latinhas de conservas coloridas transformadas em vasos de plantas, a beleza ingênua da iluminação caótica de uma favela à noite, um galo cantando na mureta e acordando a comunidade, as árvores cobrindo o quintal de sementes, as flores selvagens crescendo em meio à terra molhada depois das primeiras chuvas do ano.

Não espero que alguém que não tenha sido exposto a essas coisas desde cedo saiba ou queira apreciá-las. Mas espero o perdão dessas pessoas por achar que uma caixa de concreto sem alma com varandas de vidro verde seja tão estimulante para os meus sentidos quanto um prego enferrujado na parede. Pensando bem, eu prefiro o prego.

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A subida da serra de Petrópolis, cortando nuvens e a mata atlântica, é uma daquelas coisas que fazem ter valido a pena o berreiro que abri quando o cordão umbilical foi cortado; estar ali me compensa pelo breve incômodo de ter nascido. Mesma coisa para o Alto da Boa Vista, onde estive ontem visitando um amigo. Treze graus, pequenas cachoeiras distribuídas por entre a mata com aquela displicência cuidadosamente estudada da natureza, neblina e nuvens baixas para arrematar o espetáculo e eu ali, agradecendo por estar viva, não ser cega e estar exatamente naquele lugar, naquele instante, por merecer aquela visão. Diametralmente oposto em termos de belezas naturais, pegar o ônibus da viação Vera Cruz (agora em novas cores, incrivelmente menos bonitas) para o bairro onde nasci e rever lugares que serviram de pano de fundo para toda a minha infância, adolescência e parte da vida adulta, foi viajar de volta para mim mesma, por mais piegas que essa expressão seja.

O ônibus ainda faz o trajeto circular de sempre e graças a isso não precisei descer no bairro, hoje em dia violento e pouco recomendado. Meus olhos cruzaram com os de um amiguinho de infância parado na esquina da padaria Sol (fechada graças à bandidagem), onde muitas vezes fui cumprir o ritual de comprar picolé domingo à tarde com meu pai. O amigo, todo vestido de preto – o uniforme dos marginais da área – pareceu me reconhecer. Lembrei do dia em que, jogando queimado na rua, tivemos um pequeno entrevero e atirei-lhe a bola no rosto. Bateu num dente e cortou o lábio. Ele xingou bastante mas, minutos depois, sangue estancado, estávamos de novo na atividade. Meio ruivo, mirrado, dentes (ainda) ruins, e os olhos levemente estrábicos que me observaram por alguns segundos antes de se voltarem para o rapaz ao seu lado.

Não, eu acho que ele não me reconheceu. Mas, por via das dúvidas, espero que tenha esquecido aquela bolada.

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(Fotos cortesia do IPAHB – Instituto de Pesquisas e Análises Históricas da Baixada Fluminense).

Rio, por enquanto.

Trinta dias por aí, por lá, por todos os lugares e em lugar algum. Perto de todos e com ninguém. As coisas mais importantes do mundo, nada de relevante. Em casa e longe, muito longe. É assim que eu gosto.

(maioria das fotos cortesia do celular + versão jurássica do photoshop – sorry!)

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foto acima by Bia Braune

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foto acima by Rebeca Rasel

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Petrópolis, Itaguaí, Saara, Rua do Lavradio, Praça XV, Duque de Caxias, Citrolândia, Jororó, Cinelândia. Oi.

Milano – Sigur Rós

Últimas horas.

OH HI peguei o melhor assento do avião, God Bless check-in online. Agora é só esperar que a British não mude tudo em cima da hora e me ferre. Acabo de ver que se trata de um 777. DE NOVO. É só porque agora o vôo é direto e não enche mais de “zécutivo” em São Paulo que só merecemos esse busão voador com duas turbinas? K,then.

Fui almoçar no posto de gasolina aqui em frente. Menu: frango frito, batata frita, arroz à piamontese e salada. E o que provavelmente terá sido a última garrafa de Original da minha vida. Presentes mamãe, papai, o Poderoso Chefão e a sósia loira de Kate Nash (aliás, queimei a cabeça da infeliz hoje tentando passar prancha alisadora). Ia sair pra beber depois com os dois últimos, mas achei mais prudente dedicar meus últimos momentos aqui no Senegal à minha genitora. Por menos que ela mereça.

E hoje a chuva fina e o vento frio dos dias anteriores não se repetiram; abriu o sol e eu não quero vê-lo piorar. Mas, de alguma forma, gostaria de ter mais tempo aqui, com as poucas pessoas com quem eu gostaria de passá-lo.