E aqui estamos. “Consertou o PC, Lolla?” Errr, ainda não. Mas entre erros e acertos, aos chutes e pontapés, trancos & barrancos, here we are. Hoje é sexta, o piso de madeira que compramos mês passado acaba de chegar e o programa dos próximos fins de semana vai ser a reforma do andar de cima. Mal posso esperar para me ver livre do carpete imundo e manchado que herdamos com essa casa há quase nove anos e que ultimamente virou berçário das traças que devoram as lãs e cashmeres do respectivo (os meus pulôveres vagabundos 100% acrílico seguem intactos, haha – as vantagens de ser mão-de-vaca).
Fevereiro na reta finalíssima e essas fotos, que parecem ter sido feitas ontem, foram do Boxing Day – o feriado pós-natalino. 26 de Dezembro de 2021. Todo mundo feliz por ter conseguido celebrar com a família depois do fiasco de 2020 e ao mesmo tempo apavorado com a possibilidade de ter infectado a vovó. A ansiedade certamente não ajudou a digerir o peru, mas como é de costume todo mundo pôs o bloco na rua depois de almoçar as sobras do Natal para fazer A Caminhada. E a gente estava lá fazendo o mesmo e fotografando patinhos no lago. Que também deviam estar felizes por não terem virado o prato principal da ceia de alguém.
Passamos por essa concessionária muito chique que comercializa apenas Bentleys e Rolls Royces e onde gostamos de fazer compras imaginárias. Ok, os carros são legais, mas a minha aquisição seria o imóvel em si; acho lindíssimo e daria uma casa fabulosa, não acham?
A cabine telefônica vermelhinha com a árvore de natal iluminada dentro. I die. ♥
Já estou com saudade do inverno.
Março chegando, preciso me mexer e finalmente comprar as passagens pro Brasil. Não estou animada, não há como estar. Fico feliz por todo mundo que ama voltar pra casa e rever família e amigos, curtir praia, cervejinha, mesa de bar, mil passeios e comida de mãe. Essas pessoas não entendem muito bem por que eu tenho crises de ansiedade e tristeza sempre que preciso ir, mas a realidade de quem vai ficar numa casa confortável, bem localizada, andando de Uber pra todo lugar e colecionando experiências é bem diferente da minha.
A menos que eu decida gastar alguns mil reais reservando um AirBnB, a minha base no Rio é um apartamento pequeno, barulhento (o posto de gasolina em frente vira uma rave às 3 da manhã), quente, sem ar condicionado ou wi-fi e localizado na periferia da cidade. Uber pro centro não sai nada barato, andar de ônibus é problemático por conta de assaltos frequentes e porque as linhas para o centro terminam na Central do Brasil – uma área que nunca foi super tranquila mas agora também é um dormitório/banheiro/cracolândia a céu aberto. Várias linhas de ônibus foram alteradas, extintas ou substituídas por BRTs ou VLTs e eu sinto que não sei mais me locomover na cidade.
Considerando que eu não desejo contato com parentes e a maioria dos meus amigos saiu do Rio (ou do país), o meu único propósito além de visitar minha mãe é resolver burocracias chatas, andar com medo de assalto num calor de 40 graus sem conseguir dormir e sendo hostilizada ao vivo por desafetos. Não é uma perspectiva muito agradável, nem o tipo de recompensa que eu espero depois de passar 12 horas espremida na classe econômica com dois rivotril no sistema (eu tenho claustrofobia). Eu sei que isso não seria um problema para pessoas “normais”, mas sendo extremamente introvertida eu preciso demais dos meus sistemas de apoio para me sentir bem. E eu perco todos eles quando não estou aqui.
Deixar minha casa, meu marido, meu gato, meus hobbies, meus livros e filmes, minhas plantas, minha segurança nas ruas e todas as coisas que me cercam de conforto todos os dias já é chato quando estou indo passar 5 dias saboreando pasta na Itália (e lá pelo terceiro já estou com saudade da minha cama). Imagine um mês inteiro num país que nunca me tratou bem, sempre me fez sentir como se eu não pertencesse e onde eu me sinto cada vez mais deslocada?
E talvez seja essa a diferença. Todo mundo ama voltar pra casa, mas entre erros e acertos, aos chutes e pontapés e trancos & barrancos eu sinto que finalmente consegui construir a minha casa. E agora ela está aqui.
I’m sorry that going back to where you’re from is so complicated :( I hope the trip is as pleasant as possible and that you can return home soon! Did you ever tell the story of how you met your husband? Your life together sounds so lovely!
oi lolla. lamento (?) você ter que vir pro rio e que seja tão desconfortável a experiência pra você. com bastante frequência sinto algo parecido. leio você já deve ter uns bons 10 anos e nunca tivemos a oportunidade de nos conhecer. sou do rio também e se quiser conhecer ou simplesmente a ajuda de uma leitora que anda muito de ônibus, conte comigo ^^
só nos resta desejar sorte para que as burocracias sejam resolvidas com sucesso pra “valer a pena” todo o combo-perrengue né ^^’
Poxa, Lolla.
Espero que você consiga resolver tudo o que precisa por aqui e que a viagem seja boa, na medida do possível.
Fique bem.
1. que vc consiga resolver todas as burocracias o mais rápido que for possível (e que seja indolor/tolerável tanto qto puder ser);
2. lindo que vc encontrou sua casa (e mais ainda vc saber onde ela está) ♥
Amei as fotos. Parabéns. vc é fotografa? Beijos. ah rolls royce é um carro incrível. segue meu blog:
https://romline5.blogspot.com/
Que pena quea sua vinda ao Brazza tenha que ser um momento tão estressante pra vc Lolla, espero que dessa vez seja mais tranquilo (talvez seja mais barato, afinal o real não está valendo nada). Se vc já não tivesse passado tanto perrengue com gente louca te perseguindo e eu tivesse facilidade de acesso ao Rio, faria um “fan meeting” (se vc quisesse é claro).
Enfim boa sorte, manda abraço pra sua mãe.
A casa da primeira foto é belíssima <3
Achei importante a conclusão final da sua reflexão sobre o porque de não gostar das visitas ao RJ. Espero que de alguma forma não seja tão ruim como é de costume, mas que bom que você sabe que tem um lar para onde voltar!
Limonada
É pesado vermos que nossa antiga casa não nos dá mais tanto conforto, mas fico feliz que você tenha sua sensação de casa no lugar onde mora atualmente. Família e antigos amigos que não nos fazem bem não deveriam ser aquele “must have” que devemos ter perto e tolerar. Que sua estadia tenha sido/seja boa e que tudo transcorra bem!
Você vai conseguir!!! E nossa, como é lindo, apesar de ser em outro pais acho que o mais perto desses lagos e climas, seria Gramado. Fotos encantadoras tambem!
que lindo isso de você saber que está construindo sua casa e que sabe onde ela está <3 amei muito as fotos e o seu blog! espero acompanhar mais textos seus por aqui :')
Que amor essas fotos com fog <3 A dos patinhos na água com as casas e o fog ao fundo ficou especialmente encantadora. A essa altura sua viagem para o Brasil já aconteceu e espero que tenha sido o mínimo desconfortável possível. Eu entendo o que você sente por mais que Brasília seja bem mais tranquila que o RJ. Mas eu tb sempre que vou tenho um bilhão de burocracias para resolver e alguns encontros que eu tenho que ir. Me sinto cada vez mais deslocada e distante de várias pessoas, então voltar para o Brasil traz uns sentimentos conflitantes. Fora o voo em si que não é a coisa mais prazerosa do mundo. A saudade do meu lar e das minhas gatas grita. Sinta-se abraçada. Beijos!