It’s my party and I’ll eat what I want to.

Alguns quadradinhos do meu aniversário desse ano. Ganhei de presente do universo uma linda manhã ensolarada de inverno e fomos almoçar no La Goscia de Covent Garden; o lugar estava surpreendentemente vazio (quem conhece a área sabe o quanto isso é raro) e ainda enfeitado com as decorações de natal.

Sempre que sou convidada para algum evento de aniversário percebo que quase nunca convido as pessoas de volta. Eu não costumo fazer festas nem reunir gente, pelo simples fato de que tenho poucos contatos na cidade – e menos ainda pessoas de quem sou íntima o suficiente para convidar. Consigo lembrar de um aniversário em Jersey onde três moças (duas brasileiras, uma cubana) vieram à minha casa e outros dois aqui em Londres com dois amigos de infância (um deles não mora na cidade mas veio especialmente para a ocasião). Fora isso costumo passar um dia tranquilo com Respectivo visitando restaurantes favoritos, passeando por lugares queridos ou fazendo pequenas viagens. Funciona para mim porque não sou muito apegada a aniversários, não gosto de ser o centro das atenções e prefiro passar o dia sem o stress de ter que administrar um evento.

O almoço foi perfeito, apesar de eu ter achando as cadeiras meio desconfortáveis. Mas voltaria fácil pelo coccoli (pãezinhos de massa frita de pizza) de entrada com prosciutto finíssimo e gorgonzola dolce e essas batatinhas assadas no alho e alecrim. Incríveis. Depois fomos passear, olhar as vitrines e tomar sorvete La Gelatiera sentados no solzinho – que logo se pôs e então era Pub Time. Um amigo ligou pra desejar feliz aniversário, descobri que ele estava a menos de 20 minutos de caminhada de Covent Garden e então o convidei pra um drink. Escolhemos o histórico Lamb and Flag (onde Charles Dickens costumava beber) e duas pints + 1 pina colada + 1 Tia Maria depois eu finalmente cambaleei para dentro de uma estação de metrô.

Mais uma voltinha ao redor do sol. Eu realmente não sou apegada a aniversários, mas depois que a juventude vai embora a gente começa a encarar tempo extra – e com saúde – nesse plano com mais gratidão. Não preciso de festa, bens materiais, demonstrações, nem mesmo que as pessoas se lembrem do dia (eu esqueço o de todo mundo). Meu maior presente é este privilégio: a simples alegria de viver, que me permite ser grata por ainda estar aqui.
Happy birthday to me, and bring on the cake.

Whitstable, Kent.

Você tem algum ritual no primeiro dia do ano? Eu não tenho nada particularmente necessário, exceto esse: estar perto do mar e, se possível, trazer uma lembrança dele pra casa. Uma conchinha, ou estrela do mar, vidro marinho ou qualquer cacareco que encontre dando sopa. Nos últimos anos essas lembranças quase sempre foram pedrinhas (pois que as praias dessa ilha costumam oferecê-las em abundância) e a praia escolhida foi a de Whitstable em Kent (já estivemos lá antes).

A cidade vive atulhada de gente e eu, ingênua, acreditei que no dia primeiro de janeiro as pessoas estariam em casa curtindo ressaca e dormindo até tarde. Só que isso aqui não é o Brasil, ninguém dá muita bola pro reveillon (faz frio em dezembro, pra início de conversa) e a praia estava atravancada. Oh well. Mas pelo menos tive escolha: pedrinhas à vontade e uma MONTANHA de conchinhas disponíveis para coleta – desde que estejam vazias é permitido levar algumas para casa.

E assim começou 2022. E que venha leve, pretty please, porque ninguém aguenta mais.