Building shrines for the ashes of dead hopes.

Ficou mundialmente combinado nos últimos 18 meses que romantizar a pandemia e usá-la como suposto trampolim para “auto conhecimento”, “revolução pessoal” e “volta às raízes” é de extremo mau gosto. Mas vou humildemente pedindo desculpas e licença para dizer que pelo menos uma coisa positiva esse período fez por mim: eliminar de vez o FOMO – Fear of Missing Out, o famoso “medo de estar perdendo alguma coisa”, de não ter sido convidado para o evento onde todo mundo está. Depois de um ano e meio vivendo com tantas restrições, aquela ansiedade de “planejar o fim de semana” enchendo a agenda de atividades me abandonou. Sábado passado, por exemplo, eu cancelei uma festa de rua no sul da cidade (com direito a barraquinha de pão de queijo e presença da amiga que eu não vejo desde janeiro de 2020) porque tinha planos muito importantes para aquele dia: resolvi que eu iria me MIMAR.

O mimo? Comprar uma lata de Farrow & Ball Pink Ground na B&Q e passar dois dias pintando a sala de rosa, bebendo Koppaberg e ouvindo a trilha sonora de Dirty Dancing.

Ela faz o evento dela.

Mas às vezes a gente precisa tirar as pantufas, calçar sapatos e ir resolver a vida.

E numa dessas passei em frente à loja da Versace, me deparei com essas ofertas e fui obrigada a pagar o mico de tirar foto de vitrine de grife. Porque a pegada 90s/00s das bolsinhas de piriguete suburbana com os tamanquinhos combinando (tanto nos tons pastel quanto na vibe “sábado no Mercadão de Madureira“) me deixou encantada. Não, não é meu estilo, mas isso foi o figurino de uma época. Quem viveu sabe, e completou mentalmente esse lookinho com uma camiseta baby look, calça de cintura baixa e quem sabe uma boina de veludo se a ocasião merecer.

Já se eu fosse madame, rica e usasse salto acho que só teria sapatos Roger Vivier. Acho finos, delicados e bem old-fashioned – especialmente os modelos forrados de seda. Ok, também tem uma certa vibe “festa de 15 anos da filha da vizinha” mas eu sou cria dos anos 80/90 e compartilhar cafonices retrô é a minha love language.

Foi mais ou menos por ali que eu me dei conta de que não estava longe do Pantechnicon, um mercado nórdico/japonês (i know…) que abriga entre outras hipsterices o Café Kitsune. Que faz um puta egg sandwich e um iced latte bastante razoável. E estava na hora do almoço. Fiz o que tinha vindo fazer na área e depois trotei alegremente em direção à felicidade:

“Kitsune” significa raposa em japonês. O cookie é uma gracinha, mas meio caro pelo tamanho. O sanduíche foi uma reincidência e continua irretocável – eu não sei qual o truque dos japoneses, mas ninguém faz pão de forma gostoso como eles.

“Expect Magic and Miracles” – nada mais mágico e milagroso que encontrar lugar para sentar na Linha Central metrô às quatro e meia da tarde de uma quarta feira. Por outro lado nesse mesmo dia, segundo o aplicativo do NHS, eu estive próxima de uma pessoa aleatória que depois testou positivo para Covid. Na semana seguinte recebi uma mensagem de que, por precaução, teria que fazer auto isolamento em casa por alguns dias. Imediatamente cancelei compromissos, baixei revistas no Readly e me preparei para o pior – meu maior pânico sendo infectar o Repectivo. Porém cumpri a mini quarentena sem nenhum sintoma, yay! Miracles do happen indeed. ♥

P.S.: Fiz um banner novo pro blog. O anterior estava meio infantil, e então eu troquei para esse… que não está muito maduro também. Mas eu gosto dessa cor e não sei mais brincar com tipografia, então por enquanto fica assim.

P.S.2: Estou arrumando a página de links. Percebi que muitos blogs do meu blogroll já tinham sido deletados, infelizmente. Fiz a Marie Kondo na lista, removi os links quebrados e adicionei alguns, animadíssima na missão de ressuscitar a blogosfera. Let’s do this.

10 thoughts on “Building shrines for the ashes of dead hopes.

  1. Ai, que sanduba apetitoso. E que raposinha abubu :)
    Acho que a pandemia mais atrapalhou do que ajudou. As coisas paradas, as coisas fechadas, a gente não sabendo se pode isso, se não pode aquilo, não poder comprar tal coisa quando quiser. Não conseguindo trabalhar direito. Eu mal posso esperar pela segunda dose e que se decrete o encerramento de todas as medidas preventivas. Foda-se esse “novo normal”, tragam o velho que era mais tri.

    1. o velho era bem melhor mesmo, infelizmente a segunda dose (que eu já tomei há meses) ainda não é passe livre pois a gente ainda pode se infectar e transmitir. a maioria das coisas já está funcionando aqui, mas ainda não posso trazer minha mãe. tô cansada de “seguir protocolos” e mais cansada ainda da politização deles na internet.

  2. Fiquei doida pelas bolsinhas da Versace!! E a entrada do café é a coisa mais linda, e só posso dizer que agora estou com vontade de comer pão com ovo, e que pão com ovo mais diferente é esse! Já havia visto alguns parecidos, mas esse é de longe um dos mais bonitos eheh, minha barriga que o diga…

  3. amo as suas fotos e sempre entro aqui pra admirar, ler e reler seus posts. Agora uma coisa que você sempre faz é me deixar morrendo de vontade dessas comidas! hahahaha, obrigada por compartilhar tanto conosco <3

    1. You’re welcome! ♥ Fiquei devendo foto de comida aqui, tanto tempo sem poder sair de casa direito por causa da pandemia e eu perdi o hábito de fotografar as coisas. Mas estamos voltando à atividade. :)

  4. Pão com ovo é vida! Não sabia que Kitsune significa raposa em japonês. Esse Kitsune é o mesmo que lançava umas compilações de música? Menina, que susto esse do covid hein! Ainda bem que deu tudo certo. Eu continuo com minhas saídas meio limitadas mesmo com as duas doses da vacina. Todo cuidado é pouco e não quero pegar essa doença de jeito nenhum.

    1. eu não conheço o kitsune musical, é uma banda? eu acho que não peguei covid, e se peguei foi MUITO assintomático. também não quero, a saúde já não está boa e tenho pavor do tal do long covid. tô desesperada por um booster mas acho que no UK não vai rolar pra minha faixa etária. :(

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