
















Já faz um tempo que eu estou tentando “recomeçar” e mês passado achei que enfim tinha chegado a hora. Eu já estava não-oficialmente nesse endereço há meses (se você não sabia/não tinha notado então dá um scroll que talvez encontre posts inéditos) porque não me adaptei ao novo Blogger. Postar lá se tornou uma tarefa trabalhosa e desagradável, e eu acabava adiando por preguiça de lidar com aquela interface infernal.
Também ensaiei um retorno via Tumblr, porém esbarrei em dois problemas: a limitação de fazer posts “tradicionais” (com título, várias fotos, legendas, etc) e o medo de que em breve o Tumblr desapareça da face da web. Depois que parou de aceitar “conteúdo adulto” a plataforma perdeu muitos usuários e as ações da empresa despencaram. Eu já vi essa história antes, e não quis ser a última a sair e ter que apagar as luzes.
Então o que eu fiz? Já que estava por aqui mesmo, transferi o domínio. Seguimos no mesmo hellololla ponto com, só que agora powered by WordPress.
A outra opção, bem mais popular atualmente, era simplesmente parar de blogar e me concentrar no microblogging das redes sociais. Afinal de contas já são duas décadas – sim, eu venho mantendo esses pseudo diários online há vinte (!) anos. Não seria cedo demais pra aceitar que blogs já deram o que tinham que dar, que o futuro da internet são os vídeos e não mais renovar esse domínio. Me pareceu tentador, não nego. Só que no meu caso então não ia sobrar mais nada pra fazer aqui.
A verdade, amigos, é que eu flopei nas redes sociais. Não sou fluente naquela linguagem rápida e performativa. Não gosto de selfie, não sei fazer vídeos, não sou engraçada, militante, cool ou edgy, não quero postar tutorial de nada e nem dropar bait pra hitar, não tenho tempo para atualizar todo dia a fim de não ficar pra trás e nem talento pra forçar interação e gerar engajamento. E no fim das contas acabar desagradando do mesmo jeito: perdi mais de mil seguidores no Instagram nos últimos dois anos e há uns dez não ganho nenhum no Twitter. Sem falar no hate e comentários passivo agressivos que recebo de brinde no direct. E na sensação de que estou empurrando um “conteúdo” feito por obrigação e que ninguém tem interesse em receber. E que EU estou recebendo conteúdo que sim, me informa, mas também me faz sentir raiva, desprezo, inveja, escárnio. Redes sociais andam drenando minha energia, desequilibrando meu wa, sujando a minha aura e fazendo com que eu me sinta uma pessoa pior. E tudo isso pra que, gente? Eu nem sou influencer, não recebo mimos ou dinheiro pra manter uma “presença online”. Muito trabalho pra pouquíssimo proveito, if you ask me.
Eu tentei durante anos acompanhar a maré, tentei não virar a tia que não sabe mais usar o controle remoto, mas… eu falhei. E concluí que esse não é o meu caminho. SE existe um caminho pra mim, well, it ain’t it.
Eu não quero que a minha relação com a internet dependa da volubilidade de um algoritmo. Eu sou cria da web 1.0 – ou seja, eu sou umbiguista, prolixa, cringe, ultrapassada, meio analógica e ipermeável a trends. Eu sou a dos textos verborrágicos, das opiniões divisivas (mas que não sabe fazer isso render no Twitter por não ter a personalidade gostável que arredonda e atenua as arestas da escrotice), dos posts com 45 fotos, das histórias repetidas, das piadas do pavê, dos arquivos vergonhosos que eu não deleto porque a) everything is copy e b) tudo é parte da caminhada, das letras de música no título, das nostalgias cafonas, das referências do século passado que ninguém pega, da falta de foco, de “target”, de um tema.
“O seu blog é sobre o quê?”
Eu não tenho assunto. Eu tenho apenas a minha vida, um desktop e uma câmera digital defasada. E é com essas simples ferramentas que eu pretendo seguir existindo virtualmente, mesmo que sem platéia; talvez mantendo as poucas amizades que consegui fazer nessa selva de pixels e que já duram os mesmos 21 anos que meus blogs acabaram de celebrar (às amizades que ficaram pelo caminho: até mais, e obrigado pelos peixes!). É com essas ferramentas que eu desabafo frustrações, divido alegrias, guardo registros de viagens, passeios, reformas, gatos e estações, me distraio e, a grosso modo e pulando capítulos, registro a passagem dos meus dias.
É nessa internet que a minha persona online nasceu na virada do milênio, onde eu deixei de ser adolescente e virei adulta. É essa internet que eu conheço, por onde eu sei andar sem ler tutoriais, onde a paisagem me é familiar e eu não preciso decorar coreografias, fazer lives, opinar sobre política internacional, escolher um lado. Essa internet é a minha zona de conforto, meu safe space, o castelo do meu pequeno reino sem súditos. É nessa internet que eu estou envelhecendo, e se um dia ela não existir mais eu vou ligar a chaleira, passar um café, calçar as chinelas, pegar o tricô, clicar na Netflix e deixar de existir por aqui também. Because I’ve decided there’s nowhere else I really want to be.
Até lá, segue o baile.
Hello again.
P.S.: Sim, grandes mudanças no jardim. Falo mais disso nos próximos posts.
P.S.2: Vai ter texto em português, vai ter texto em inglês. Google translate is your friend.
P.S.3: Acho que o feed do blog não mudou, porque o domínio é o mesmo. Enfim, espero que vocês recebam as atualizações.
P.S.4: Quantas vezes aquela vela de citronela apareceu nesse post? Haha. I don’t care. ♥
obrigada ♥
:) ♥
Que bom que resolveu continuar aqui. Acompanho seu blog há alguns (muitos) anos, é um dos pequenos resquícios de quando a internet era um lugar bom. E sim, o feed continua o mesmo :)
muito obrigada por continuar seguindo ♥ (e por informar sobre o feed, aqui no meu reader não atualizou ainda).
Saudades <3
♥♥♥
Adorei as fotos e o texto! Que desbunde estão as suas flores!
E é difícil não floppar nas redes, não? Parece que elas são desenhadas para isso. Entre meus amigos que também são geração 1.0 como nós duas está rolando um movimento back to lander digital, com as pessoas reativando blogs ou migrando para newsletters. Retornando aos textões onde as contraditoriedades e nuances são bem-vindas.
Seu blog sempre foi um dos meus favoritos e é com alívio e alegria que o reencontro ativo. Cheguei no limite com essa coisa de feed infinito e timeline. Automatização mais picareta que inventaram! Mobilizadora da raiva, como você bem disse, contrabalançada com um tédio programado para a manutenção do vício.
Que sorte a minha ter entrado aqui hoje! Lolla querida, aqui me tens de regresso.
:-)
verdade, é um tipo específico de pessoa que tem a manha da comunicação em vídeo (que é o futuro das redes, especialmente no Brasil). assinei algumas newsletters bacanas há alguns anos, mas como email é uma coisa que eu meio que aposentei da vida acabo não criando o hábito de acompanhar. por mais que se limite quem seguimos nas redes sociais sempre chega assunto/gente que de um jeito ou outro faz mal. essa linguagem de ter que falar alto e polemizar me cansa o Wa. tédio programado para manter o vício = é isso. e welcome back! ♥
Super te entendo Lolla. Também já pensei muito em desistir do blog de vez e focar nas fast-social-media porque é o que tá bombando né. Mas eu tenho uma relação de amor e ódio pelo instagram. E essa relação sempre acaba comigo tendo um aumento diária de ansiedade. E acho que tem tudo a ver com o que você comentou, sobre ser “muito trabalho pra pouco proveito”. Então eu escolho minha saúde mental e o meu slow blogging mesmo. Te desejo força pra continuar por aqui ♥
você tá certíssima em priorizar os espaços que te fazem bem. às vezes a gente é super cuidadoso com as pessoas que escolhemos seguir nas redes mas SEMPRE cai na timeline coisas que nos perturbam a harmonia mental. o twitter é bastante problemático pra mim nesse sentido, quase sempre saio de lá me sentindo pra baixo e por isso tenho limitado bastante o uso. sim, rede social é o que está bombando, mas só bomba pra um tipo específico de produtor de conteúdo – o que sabe falar em vídeo. não é o meu caso, haha. ;)
Lolla dear, tinha muito tempo que não entrava aqui e me identifiquei com teus escritos, as usual. Você é engraçada sim! Tem um humor ácido que eu amo. Cara, eu cheguei à conclusão de que eu nunca fui pop, não é nas redes sociais que eu ia ser. Limito o tempo que passo lá e seleciono o que eu quero ver. Tenho mais o que fazer do que passar o dia inteiro scrollando feed. Percebo que está havendo um retorno aos blogs pq muita gente está enchendo o saco de algoritmos. Tenho uma relação meio conflituosa com ig (não tenho twitter, nem tiktok e o fb é abandonado há anos). Gosto de trocar ideias com o povo lá (contigo, inclusive), mas não tenho paciência para ficar gerando conteúdo o tempo todo. Tem hora que dou umas sumidas, posto na hora que me dá na telha e foda-se. Sigo um povo interessante lá que me inspira. Enfim, é isso que me mantém lá. Mas os blogs sempre vão morar no meu coração e fico feliz que você mantenha o seu. Estarei aqui sempre que sobrar um tempinho. Beijos!
eu tenho limitado o twitter por motivos de não me identificar mais com a linguagem do site – era um micro diário, virou plataforma pra lacrar, hitar e brigar. saio de lá com a aura suja e por isso não me demoro. o instagram é menos deprimente nesse sentido, mas tenho preferido cada vez mais consumir conteúdos que trazem paz e postando menos. até porque não tenho muita certeza sobre qual é o tema do perfil, e nem sei se quero que ele tenha um. o facebook eu uso pra trabalho e o tiktok pra ver vídeos de gato hahaha (única rede social com algoritmo que trabalha a seu favor).
Maravilhoso esse texto!
PS: eu também amo PSs
hahaha que username maravilhoso :D
Comecei a apreciar tudo que você fotografa a um bom tempo, e acho que nunca agradeci por poder ver o mundo através dos seus olhos, de lugares que nunca vou conhecer pessoalmente. Sinto muito que a experiência online não seja mais artística (se é que algum dia foi), mas você continua apresentando arte naquilo que nos mostra. Grata pela sua resiliência, faz diferença para muitos eu tenho certeza!
Oi!
Conheci seu blog em algum lugar no tempo entre 2010 e 2014, e sempre gostei muito de suas fotos e seus textos. Hoje me bateu uma saudade do meu próprio blog que fiz mais ou menos nessa época e te reencontrei no meu blogroll. Hoje está sendo um dia especialmente difícil e reencontrar esse espaço virtual tão encantador e aconchegante que é o hellololla me fez muito bem. Um grande abraço!
Que feliz em te redescobrir por aqui! Comecei a te acompanhar há mais de dez anos, mas nas minhas idas e vindas de redes sociais acabei perdendo por um tempo. Espero que o blog continue sendo um espaço gostoso pra você. Pra mim que estou lendo, tá muito bacana. Como você disse em outro post sobre fotografia, venha sempre que tiver o entusiasmo, por que do outro lado estaremos aqui te lendo pelas próximas – espero – décadas.
Acabo de conhecer seu blog, e esse texto me deixou muito feliz pois exatamente hoje estou organizando tudo para retomar com um blog, saudades da época que escrever era um lazer, compartilhar em um refugio pessoal e criar conexões legais além de um algoritmo. Espero encontrar outros textos legais seus por aqui, grande abraço.