Tea and cake in the garden. Bringing out the old mismatched china (I have loads of it; too many trips to Lewes to stock up on cheap cute things) and a store bought victoria sponge because – hear me out – it’s kinda too hot to bake.
I used to love Pip Studio, but I hardly see it in shops anymore. These days I find the crockery a bit too busy, but their glassware is often beautiful. Unfortunately they’re not UK based and I’m afraid of ordering breakable goods that are going to travel far and unwilling to pay VAT. I’ll wait to see if anything nice pops up on Ebay.
Às vezes um dia inteiro de fotos se perde porque a luz não está legal e você pesou a mão na edição/filtros tentando salvá-las. Algumas dessas foram parar nas stories do instagram (a tela de retina ajuda a dourar a pílula) mas a maioria estava juntando pó no hard drive, no aguardo do botão “delete”.
Mas então eu olhei pra elas e lembrei dos dias em que esses momentos foram parar na nuvem. Voltando de uma rara reunião presencial de trabalho (que sempre me deixam ansiosa) e notando o contraste de arquiteturas no entorno da estação de Liverpool Street. Os rastros de vapor no céu dos aviões indo aterissar em London City. As luzes convidativas dos cafés, tentadoras ofertas de um momento ou dois com um flat white quentinho num final de outono à tarde. Usando as botas novas como meio de transporte para passear pela cidade, Scritti Politti no mp3 player e indo conhecer um novo salão de chá (ou melhor, o bolo do salão de chá). Admirando letreiros antigos, memórias de comércios que não existem mais (aqui eles se chamam “ghost signs” e para quem se interessa existe toda uma literatura online sobre o assunto). Uma tarde de sábado em London Bridge provando massas artesanais + cerveja italiana e depois indo atrás de cookies em Borough Market. Uma tarde de domingo em Shoreditch, as luzes coloridas de dezembro no leste da cidade e as compras de natal em Spitalfields: casacos da Uniqlo e skincare da Deciem depois de várias porções de batata frita no Flat Iron.
A saúde mental vai ok. O jardim é um respiro em meio ao caos; transformar os fundos num lugar onde tenho vontade de estar foi uma excelente idéia e eu nem sabia que ia precisar tanto… Falo mais com meus amigos agora do que antes da pandemia, já que o tédio faz com que sejamos mais presentes no whatsapp; a gente acaba se comunicando mais porque se vê menos. Não tem restaurante aos fins de semana e a maioria dos deliveries da área fechou as portas, mas estamos pondo em práticas as receitas variadas que eu colecionava da internet e respectivo até agora tem tido sucesso (ao contrário do meu pão de banana de ontem). Os meus continuam com saúde no Brasil, sobrevivendo como possível aos obstáculos criados por uma política desembestada e sem rumo. Já aqui foi liberado o uso do carro para ir passear em outros lugares, mas ainda é complicado porque os banheiros públicos estão todos fechados. Me desobriguei de aproveitar meu tempo de forma produtiva, mas já li quatro livros (pra quem conhece minha preguiça esse feito é digno de palmas), assisti vários filmes e plantei cinco arbustos. Não fiz faxina pesada uma única vez e também me livrei do dever de sentir culpa quanto a isso.
Mas ainda assim: saudades da minha vidinha chata. Dos dias simples porém preciosos, dos meus lugares favoritos com as minhas pessoas favoritas na minha cidade favorita, imortalizados em fotos ruins que eu vou guardar assim mesmo porque algum dia elas podem ser a única coisa que eu tenho para lembrar das coisas imperfeitas e mundanas que me fazem feliz.
“I actually attack the concept of happiness. The idea that – I don’t mind people being happy – but the idea that everything we do is part of the pursuit of happiness seems to me a really dangerous idea and has led to a contemporary disease in Western society, which is fear of sadness. It’s a really odd thing that we’re now seeing people saying “write down 3 things that made you happy today before you go to sleep”, and “cheer up” and “happiness is our birthright” and so on. We’re kind of teaching our kids that happiness is the default position – it’s rubbish. Wholeness is what we ought to be striving for and part of that is sadness, disappointment, frustration, failure; all of those things which make us who we are. Happiness and victory and fulfillment are nice little things that also happen to us, but they don’t teach us much. Everyone says we grow through pain and then as soon as they experience pain they say “Quick! Move on! Cheer up!” I’d like just for a year to have a moratorium on the word “happiness” and to replace it with the word “wholeness”. Ask yourself “is this contributing to my wholeness?” and if you’re having a bad day, it is.”
Daunted by the energy that might be unleashed were I to concentrate on the supposed task – of what it might subtract, exact and adulterate; and of the gagging staleness that could issue forth, if finally penetrated, from something so long suppressed. Succumbing instead to these afternoons of claustrophobic wandering and restless prostration. Committed, only to non-commitment. Driven, only to distraction.
Shall I compare thee to a summer’s day? Thou art more lovely and more temperate. Rough winds do shake the darling buds of May, And summer’s lease hath all too short a date. Sometime too hot the eye of heaven shines, And often is his gold complexion dimmed; And every fair from fair sometime declines, By chance, or nature’s changing course, untrimmed; But thy eternal summer shall not fade, Nor lose possession of that fair thou ow’st, Nor shall death brag thou wand’rest in his shade, When in eternal lines to Time thou grow’st. So long as men can breathe, or eyes can see, So long lives this, and this gives life to thee.
Abril passou voando. Maio já está quase na metade. O ditado diz “time flies when we’re having fun” e eu nunca concordei muito com isso. É verdade que o tempo se arrasta quando você está literalmente sofrendo, sentindo dor ou aguardando uma ligação do seu oncologista. Mas dias bons não passam correndo; eles se desdobram e se esticam, feito um gato se espreguiçando numa nesga de sol. E enchem páginas de diário com acontecimentos ou reflexões, deixam lembranças, piadas internas e histórias para contar depois.
O tempo voa quando estamos sem direção. Quando os dias se emendam iguais sem previsão de mudança, sem promessas ou expectativas. Eu não estou esperando nada porque sei que nada virá. Nada além do próximo mês, e do outro. Tirei o calendário da parede.
Recebi uma encomenda de plantas; junto com o livro, uma das únicas coisas que o correio entregou. Acho que somos a única casa da rua que não é visitada quase diariamente por caminhões de entrega. Não estamos comprando nada além de comida, e tudo bem. No começo do isolamento eu me comprometi a manter minhas caminhadas (duas a três vezes por semana, como sempre foram) mas entretida com as atividades que arrumei pra me ocupar, logo desisti.
O lilac floriu em abundância por duas semanas perfumadas, assim como o rododendro; a cerejeira se encheu de frutinhos verdes que eu sonhei colher maduros, mas por algum motivo quase todos caíram logo em seguida. Estou meio de saco cheio de limpar a cozinha todos os dias porque ele agora cozinha quase todos os dias, mas à bagunça se sucedem comidas deliciosas (ganhei alguns quilos e pela primeira vez na vida não estou dando a mínima; vamos ver se a nonchalance continua quando eu começar a perder roupas). Não me rendi ao passatempo nacional, não estou assando pães ou bolos (apesar de ter comprado um pacote de 10kg de farinha no começo da quarentena), mas fiz uns waffles que ficaram… meh. Receita ruim, pouco doce, muito farinhenta. Preciso achar uma melhor.
Pintei o cabelo de “mahogany” e a tinta só pegou nos fios brancos. Ficou pavoroso e já consertei a gracinha com o meu castanho escuro de sempre. Depois de uma fase de foda-se, voltei a usar os ácidos na esperança de melhorar o aspecto da minha pele. Economizo em filtro solar e maquiagem o que gasto em café. O jardim tem se mostrado uma lifeline absoluta. Não é bonito, nem bem cuidado; como jardineiros somos excelentes preguiçosos e eu tinha planos que foram adiados por conta do fechamento das lojas. Mas é nele que pego sol, bebo gin & tônica no fim da tarde, me distraio arrancando ervas daninhas, plantando anuais e é onde me sento pra ouvir o canto do melro residente, rir dos esquilos brigando nos galhos, vigiar o ninho dos corvos e quem sabe ter um breve encontro com a raposa. Não é muito, mas é mais do que ter apenas uma janela e eu sou grata.
Eu *nunca* desejo que o tempo passe rápido, mas dessa vez há uma vantagem oculta na brevidade das horas: quanto mais depressa passar maio, menos tempo até virar o calendário para junho. E quem sabe em julho começaremos, aos poucos, a sair da clausura, feito borboletas úmidas largando pra trás o casulo, desajeitadas e incertas, esquecidas de como se mover mas ansiosas por deixar para trás esse tempo de crisálida, testar as asas e voar em direção à luz.
Bradwell-on-sea, Essex. A primeira foto foi feita na parte de trás da capela de St. Peter-on-the-wall, a segunda igreja intacta mais antiga da Inglaterra (anos 660-662). Quero voltar lá quando estiver aberta.
Principalmente carboidratos. Quando seu bolo começa a queimar por cima enquanto continua líquido e cru por dentro – isso é um problema. Eu só reduzi radicalmente a temperatura e esperei pelo melhor. A parte externa estava um pouco carbonizada, mas as entranhas estavam totalmente cozidas, então vou declarar vitória.
O mundo está lentamente se espreguiçando e acordando novamente e olhando ao redor vendo flores por toda parte. Mantê-las florindo é nosso dever, mesmo que sejam ervas daninhas. Meu gramado foi tomado por pequenas coisas roxas e rosa que lembram gerânios, mas que são selvagens e descuidadas e não se importam que eu pise nelas ou as decepe com cortador de grama; eles vão renascer debaixo dos meus pés e dos tocos deixados pelas lâminas. Eles são incansáveis e nunca vão desistir.
“Any patch of sunlight in a wood will show you something about the sun which you could never get from reading books on astronomy. These pure and spontaneous pleasures are ‘patches of Godlight’ in the woods of our experience.”