Back in the kitchen

Eu não lembro mais em qual casa do National Trust fiz essas fotos (não que seja tremendamente importante, quase todas as casas do National Trust são mais ou menos a mesma coisa), mas eu achei essa cozinha interessante. Em algumas casas ela nem mesmo está em exposição; entre a nobreza e os abastados a cozinha era vista como domínio da criadagem e definitivamente não figurava entre os cômodos “sociais”.

O que eu mais gostei nessa propriedade em específico foi o lugar de honra dado à cozinha; não como um cômodo de faz de conta, reprodução estática do que teria sido há várias decadas, mas na forma de um ambiente vivo e em uso. Os artefatos cuidadosamente organizados, pães recém saídos do forno, mantimentos expostos como se estivessem prestes a ser transformados numa refeição, plantas vivas na janela, o detergente aberto na pia como se tivesse acabado de ser usado para lavar as louças nas prateleiras, o radinho que parece esperar alguém entrar a qualquer momento para ouvir as notícias da manhã.

Uma das diferenças que eu vejo entre casas no Brasil e na Inglaterra é o lugar dado à cozinha hoje em dia. No Brasil ela ainda é vista como secundária e funcional, pequena e quase nunca atualizada. Aqui ela é o coração da casa, o cômodo com o qual mais se gasta em decoração, reformas e equipamentos de última geração; uma cozinha grande (muitas vezes maior que a sala) é um dos maiores atrativos de um imóvel.

E quando a gente se pergunta o motivo dessa diferença e percebe que ela tem a ver com quem costuma passar a maior parte do tempo na cozinha lá e cá, a resposta é uma dolorosa lição sobre o bom e velho classismo brasileiro – que, ao contrário do britânico, segue bastante atual.

Rainbow Hill and Yellow Yolks

Uma das peculiaridades de Notting Hill é que o bairro não precisa de primavera pra ser colorido. Tudo bem vir caminhar pelas ruas de casinhas geminadas em rainbow colours no meio do inverno; tem cores pra todo o lado e de quebra você não vai ter que andar feito devoto em meio à procissão de turistas atraídos pelo mercado de Portobello Road (a feira de rua é só aos fins de semana, mas todas as lojas estão abertas de segunda à sexta). Se vier em fevereiro é até capaz de surpreender os primeiros blossoms brotando nos galhos das árvores.

Findo o compromisso, vim descansar os pés e encher o buchinho aqui:

A Eggslut é uma rede de fast food sediada em Los Angeles cujo menu de sanduíches é todo baseado em – you guessed it! – ovos. Como boa eggmaniac (outro bom nome pra uma franquia desse tipo?) eu tive que ir experimentar assim que soube que eles tinham aberto uma filial em Notting Hill.

Gostoso? Até que sim, mas vai pesar no bolso. Um sanduíche de ovo com uma fatia de queijo e duas de bacon (daquele jeito fino e torradão americano) por £9.50 eu achei bem caro (o menu do site não traz os preços, já que isso varia de acordo com a localização). Eles justificam os preços com o velho papo “qualidade dos ingredientes” que a gente sabe nem sempre ser verdade ou justificar a cobrança. O fato é que um sanduíche com carne e um suco saem por quase 20 lilis, aparentemente quase 3 vezes mais do que é cobrado em LA.

Eu não queria ovo frito, mas não achei no menu nada que viesse com ovos mexidos e não fosse vegetariano – você pode adicionar extras, mas o preço começa a ficar ridículo. A oferta de bebidas é limitada a suco de laranja, café, coca cola e água, já que em TESE é uma rede de breakfast food e americano é meio bitolado com essa coisa de bebida, mas a loja tinha clientes na hora do almoço e se você quiser uma cerveja vai ter que ir pra outro lugar. Os pontos positivos foram rapidez no atendimento, lugar tranquilo pra sentar e fazer uma refeição, produto entregue fresquinho e bem apresentado e, para o caso de você estar evitando carboidratos, eles servem o seu pedido com uma saladinha ao invés do pão. All in all uma boa se você estiver com o bolso forrado e querendo experimentar uma coisa diferente – mais ainda se for egglover (juro que eu vou abrir essa franquia).

Sândalo de dândi.

Essa vela de sândalo da H&M é a minha nova obsessão. Além de ser very much aesthetics (taí o ensaio de fotos com uma VELA pra provar) o cheiro é deliciosamente intenso sem ser sufocante.

Sim, porque tem vela que você queima o dia todo só de raiva porque não cheira a nada, tem vela que você não aguenta queimar por mais de 20 minutos pois EMPESTEIA o ambiente e deixa o ar irrespirável, enquanto essa belezinha aí está no fogo há mais de seis horas num quarto FECHADO e tá delícia, tá gostoso.

Até colocaria “Sândalo de Dândi” do Metrô (hello, 80s!) pra combinar, mas depois de 04 dias ouvindo respectivo falando sem parar eu estou tão inebriada pelo cheiro da vela quanto por esse SILÊNCIO maravilhoso… Ser introvert é bom demais, a gente fica feliz por pouco: vela cheirosa, silêncio abençoado e um prato de biscoitos e a mulher introvertida não quer briga (nem papo) com ninguém. ♥

Let there be (some) light.

As manhãs já estão mais claras, mas ainda escurece bem antes das seis.

Finalmente comprei uma luminária nova para a saleta; a vermelha já estava desbotada e não combinava mais com coisa alguma ao redor. Infelizmente a nova veio sem a base + o cone que fica junto do teto e eu vou ter que a) encontrar outros pra substituir ou b) pintar os vermelhos de cinza (ou branco) com tinta spray. Acho difícil conseguir a primeira opção, então lá vamos nós de DIY.

Comprei o tecido listrado pra fazer um caminho de mesa, mas quero voltar com a mesa redonda; só usei essa retangular da foto pra ter mais espaço durante a ceia de natal, mas no dia-a-dia nós não comemos ali e a mesa redondinha é muito mais bonita. E não requer caminho de mesa, rs.

Também estou considerando um tapete para pôr debaixo da mesa. Não gosto da maioria dos acabamentos mas talvez um de sisal bem clarinho? Seria fácil de limpar? Seria arranhado pelo gato até espichar todas as cerdas e virar uma vassoura? Aguardem os próximos capítulos.

Come and find me where we let go.

O sol de inverno é uma coisa magnífica, não é mesmo? Que assim se conserve e que a temporada de dilúvio tenha ficado pra trás porque a gente precisa trabalhar e viver. E comer croissants gigantes e beber café ruim em estabelecimento metido a besta onde “não temos banheiro”, “não aceitamos amex” e “não temos leite semidesnatado mas se quiser temos leite de amêndoas por 20 centavos extra”).