Inside, we are ageless.

eggs + mayo no café da manhã, louça favorita, gato dormindo, colher galhos de forsythia para pôr em vasos, usando o artefato bizarro que resgatei do lixo como suporte de plantas (é perfeito para a função) e enchendo as cestas de flores na frente da casa com violas amarelas e lilás.

Inside, we are ageless and when we talk to ourselves, it’s the same age of the person we were talking to when we were little. It’s the body that is changing around that ageless centre.— David Lynch

Spring Cleaning

Às vezes o minimalismo que você precisa praticar não se resume a eliminar coisas tangíveis, mas também atividades, hábitos e atitudes. Fevereiro foi o mês de tirar o foco das gavetas e voltá-lo para o meu dia-a-dia, editando as coisas com que escolho ocupar meu tempo e pessoas que deixo entrar na minha vida. Resolvi aposentar alguns “hobbies” que não estavam mais proporcionando o mesmo nível de satisfação, me deletei de alguns fórums/redes sociais e doei livros que havia começado mas sabia que não tinha mais interesse em terminar – e assim desocupei não apenas o espaço que eles ocupavam nas prateleiras, mas também o meu tempo.

Essa é a raposinha que encontrei tomando sol no jardim há algumas semanas; consegui fotografar com o zoom pelo vidro da janela da varanda. Parecia tranquila, mas claramente doente; as falhas de pêlo nas costas são sintoma de mange, uma doença contagiosa em mamíferos e que infelizmente costuma ser fatal em raposas se não houver tratamento. Pensei em contactar algum santuário para vir buscá-la, mas fui depois informada de que relocar esses animais é um processo difícil e pouco aconselhado.

Postei um vídeo da raposa no instagram e logo surgiram diversos especialistas e entusiastas que sequer viram uma raposa fora do zoológico me explicando em termos pouco simpáticos que eu deveria tê-la adotado ou levado ao veterinário. Como se eu tivesse como capturar e como se animais silvestres dessem excelentes bichinhos de estimação. Nenhum serviço de proteção recomenda domesticar raposas; elas destroem a mobília, roem fios provocando risco de curto circuito/incêndio e por fim acabam descartadas em santuários quando já não conseguem mais ser devolvidas à natureza e sem garantia de aceitar a vida em captividade. Muitas vezes não resta outra alternativa senão a eutanásia.

Por causa desse episódio eu finalmente resolvi restringir replies às minhas stories apenas para pessoas que sigo, o que obviamente chateou alguns seguidores porque perdi muitos. Não sei se perceberam que ainda é possível me mandar mensagens usando o link no perfil ou se não gostaram de ter sido colocados no mesmo balaio que os grosseiros. Mas quase todos os dias em que havia atualização das stories eu recebia pelo menos uma mensagem desagradável, e isso parou. Ok, é chato perder seguidores, mas eu nunca vou ser popular naquela rede; meu feed é confuso, infrequente e não tem um “tema”. O que me interessa é manter um ambiente saudável, e dificultar um pouco as mensagens impulsivas de estranhos parece ter dado certo. Sorry about the colateral damage.

Consegui com o santuário um remédio para pôr no jardim, misturado à comida. Vamos ver se funciona. Porque é assim que se resolvem problemas: com informação e seguindo procedimentos corretos.

A outra novidade do período foi a spring roadtrip de 2019: Mônaco e sul da França – parte dos alpes e a riviera francesa, que eu ainda não conhecia. Visitamos Grenoble, Cannes, Nice, St Tropez, Arles e Laguiole; tirei Biarritz do roteiro por conta da distância, mas uma noite cruzei a fronteira pra Itália e fui jantar em San Remo. O principal evento foi o clima: tivemos dias de chuva que arruinaram planos, dias de sol em praias de areia e de pedrinha, dias de neblina e frio onde dispensamos turismo em favor de lareira e vin chaud, dias de violentas ventanias que quase me arrancaram do chão, dias sem uma única nuvem num céu interminavelmente azul. Em certo momento chegou a nevar um pouco na estrada. Quase não usei a câmera porque well, blogs are kinda dead, aren’t they. Mas acho que ainda tenho ânimo pra fazer uma seleção das fotos das stories para deixar aqui. Maybe soon, maybe never. Let’s see.

Encontramos esse hotel abandonado nos alpes entre Grenoble e Monaco, no meio da route Napoleon. O vento estava inacreditável, a sensação térmica devia estar na casa dos negativos e eu lá, de pulôver primaveril e canelas expostas à hipotermia sofrendo pela minha arte. Risos. Mas as fotos da festa ficaram ótimas e me senti tentada a ligar pro telefone ali na placa, perguntando o preço. Imagina transformar esse hotel numa casa incrível? Cercada apenas de montanhas e céu, o mar da Côte d’Azur à (pouca) distância. E nenhum vizinho, porque como já dizia aquele famoso influencer francês, “l’enfer, c’est les autres”. E eu concordo tanto que escrevi isso no braço.

Hello Mr. Fox

hello little fox, welcome to my garden. i will try to fix your mange by leaving food out with some healing drugs i got from the animal sanctuary; i hope you come back, take your medicines like a good boy/girl and get better. you’re too pretty for an early death.