cream tea e glicínias para incorporar um pouco de doçura e beleza num dia vagamente indigesto.
a glicínia floresce brevemente no final da primavera antes que as folhas nasçam; em inglês se chama “wisteria” e são tão fotogênicas que têm até hashtag própria no instagram: #WisteriaHysteria. :) perdi o pico da floração porque estava na escócia (e antes estava com preguiça de ir em busca delas pela cidade), mas voltei algumas coordenadas geográficas na direção do norte e lá estavam elas, galhos já cobertos de folhas e quase indo embora, como se esperando por mim.
e pra quem tinha perguntado por onde andava o gato bengal do vizinho:
entre outros lugares, na minha casa.
Passei o dia ontem fazendo pesquisa musical para uma matéria. A parte boa é que conheci coisas novas; a parte menos boa é que me lembrei do quanto a história do Nick Drake é triste.
Ele morreu de overdose de antidepressivos aos 26 anos, desiludido depois de três álbuns que não fizeram sucesso (hoje tidos como referência para muitas bandas, inclusive R.E.M. e The Cure).“Vocês disseram que eu era genial; por que eu não tenho dinheiro e nem fama?” perguntou ao seu produtor. (Nick evitava dar entrevistas e fazer shows para promover o trabalho, o que certamente não ajudava muito)
Extremamente introspectivo e severamente deprimido, costumava pegar o carro dos pais e dirigir sem destino até a gasolina acabar. Uma semana antes de ter sido encontrado no quarto pela mãe (“he was lying across the bed, the first thing I saw was his long, long legs”) uma grande amiga (e paixão platônica) decidiu encerrar a amizade. “Eu não soube lidar com a tristeza. Pedi um tempo e nunca mais o vi novamente.”
Foi enterrado debaixo de um pé de carvalho e seu epitáfio traz a inscrição “now we rise / and we are everywhere” – trecho de “from the morning,” a última música do seu último álbum. Não deixou nota de suicídio.
If he tells me all he knows
About the way his river flows
I don’t suppose
It’s meant for me.
Oh, how they come and go
Oh, how they come and go.