Carlisle, Cumbria.

northerners are though. nortistas são durões e vestem shorts e camiseta com temperaturas próximas a zero e ventos que congelam a alma de sulistas moles. nortistas batizam bares com nomes como “devorados por monstros” e servem coisas que parecem doces, mas são recheadas de carne. nortistas atendem com um sorriso no rosto e nunca dão informações erradas (pelo menos não de propósito). nortistas têm orgulho de seu background de working class e não têm tempo para certos tipos de modernidade, mas têm tempo para todo o resto porque parecem nunca ter pressa. sulistas têm pressa demais. o céu do norte é cinza mas é sabido que o inverno é mais frio quando o céu está limpo e o calor que sai da terra se perde na atmosfera. as nuvens agem como uma estufa, mantendo o calor próximo das pessoas, onde ele é necessário. nortistas apreciam o céu cinza, porque sabem que a luz não é nada sem calor.

Frosty weekend.

o sábado amanheceu coberto de gelo, o teto dos carros e o telhado das casas brancos por causa da geada da noite anterior.

picolé de carro. que delícia, cara.

fomos encontrar g. e r. no soho porque ladies who brunch will be ladies who brunch. passamos na livraria foyles de charing cross onde torramos dinheiro em livros ruins e washi tapes, r. encontrou uma “celebridade” que só ele conhecia e depois fomos comer hamburguer na patty & bun que r. encheu o saco por anos como sendo o melhor hamburguer de londres e ó, gostosinho mas nada demais. os “nuggets de porco” eram bem mais daora.

minha IPA (indian pale ale) da island records tava boa, mas 5 pilas nessa latinha? ouch.

very juicy, though:

depois entramos na porta ao lado porque eu queria provar a famosa kinako french toast com soft serve de matcha do shackfuyu:

bem boa ♥ mas esse pó (o tal “kinako”, farinha de soja integral torrada e moída) em cima do pão foi, a meu ver, desnecessário; sabor forte demais que tomou conta do prato. o sorvete é gostoso, não tem doce praticamente algum – o que nesse caso é aceitável por fazer contraponto à torrada. mas o chá verde gelado tinha gosto de… água gelada. e custando 2.50, foi um copo bem caro de água gelada. infelizmente eles não trabalham com café. da próxima peço água mesmo, ou uma coca cola.

barriguinhas cheias e saciadas, demos um rolê rápido e eles foram para os seus compromissos enquanto eu obriguei respectivo a me levar para o natural history museum para uma exposição de fotos – que estava sold out, e o salão principal lindíssimo que eu queria fotografar está fechado para reformas pelos próximos seis meses. fail.

mas visitamos as exposições permanentes, fomos atropelados por diversos carrinhos de bebê e me apaixonei pelo jogo de chá que continha esse bule:

resolução para 2017? completar esse set!

no domingo, café da manhã no garden centre de abridge – depois de não achar mesa na log cabin e nem estacionamento na blue boar deli.

plantas e gramas cobertas de frost. so very pretty.

e então ele foi embora pra terra do chucrute e eu fiquei só, com os demônios da semana, que não são poucos e estão em polvorosa. coloquei meias na bolsa, comprei uma fatia de cookie pie na millie’s e fui bater na porta dos outros (porque ficar em casa significaria não dormir por sete dias, mas esqueci de levar a cartela de rivotril pra garantir). “outros” que aliás me levam pra tomar “mango, lime and pineapple smoothie” em café vegano saudável enquanto traziam no bolso quantidades ilegais de pó. viver perigosamente é ok se o flat white for descafeinado e fair trade, i guess.

mas tudo bem. uma noite insone de heavy fog, vinho do porto, queijo, cyndi lauper e companhia tranquila era tudo o que eu precisava. clonazepan be damned.

Teutonic treats

“OI MENINAS hoje eu vim mostrar os recebidos da semana kkkk” – brinks.

eu não sou uma viajante especialmente consumista (as únicas coisas que eu consumo em vastas quantidades enquanto turista são comida, 3G e sola de sapato) PORÉM uma das alegrias da alemanha é entrar numa filial da drogaria rossmann e sair carregada. acima o meu “loot” de dezembro; para fins de temática vamos focar só nas maquiagens, mas eu também comprei velas, enfeites de natal, pacotes de chá, adesivos e, é claro, comida. ♥

a rival de loop é marca própria dessa drogaria. os produtos são muito baratos e a qualidade é bastante aceitável. esse bronzer/contourer acima foi o produto mais caro e custou… 4 euros. eu não sou uma “pessoa contour”, mas a parte brilhosa serve de iluminador.

outra compra powered by cuteness: como resistir a esse estojinho de metal com estampa de flores? a marca se chama R de L Young, a versão para adolescentes da rival de loop.

base de 2.99? yup. e é boa. não é matte como a minha base de estimação, mas quebra o galho.

essa sombra (“taupe secret” da marca essence) eu comprei porque achei o padrão bonitinho, rs. e também porque é um ótima cor neutra, em maior quantidade do que vem noe stojo.

brilho labial, batom vermelho (“kiss me if you can”), óleo para lábios ressecados e esse batom líquido matte (“simply be an icon”) que é lindo mas em mim ficou super escuro. vou aproveitar a pegada gótica e usá-lo pra ir pra tanz macabre. 💀

o óleo tem flores secas dentro. 💗

alguém viu esse brilho labial e disse que parecia um absorvente interno. “from lips to labia”, disse. i just quote verbatim, without comment.

a compra mais controversa: essa máscara custou 2.99 e é melhor que qualquer máscara de grife que eu tenha experimentado. o problema é ser eficaz demais: o “false lash effect” do rótulo é pra ser levado a sério pra não correr o risco de sair por aí assim.

a parte de trás parece um corset. ♥

e se eu realmente me irritar com o aplicador que traz meio quilo de produto junto, agora tenho opções: esse kit de silicone com formatos variados para substituir.

e esse pincel? me arrependi de não ter comprado os outros (todos em tons pastel).

uma coisa que eu acho legal na alemanha é que os stands das marcas populares sempre são os mais concorridos. aqui na inglaterra existe uma certa cultura consumista baseada no “status”, e comprar maquiagem barata é visto como coisa de gente pão dura ou sem recursos financeiros. eu já sofri bullying por comprar batom na primark; a dica é pagar 25 libras num batom de grife, que na minha experiência não são melhores, costumam trazer pouco produto e acabam depois poucas semanas de uso; a única vantagem é uma embalagem bonita.

já as alemãs não querem nem saber de status, querem é economizar. 💛 nas rossmanns que eu frequentei nem mesmo existem stands da chanel/dior/clinique/etc, no máximo uma bourjois, maybelline e revlon; mas todo mundo cai matando mesmo em cima da essence. 😄

Goodbyes and hellos.

passamos os últimos dias de 2016 e os primeiros de 2017 entre as vilas de glenridding e grasmere, no lake district (a “região dos lagos” daqui). glenridding fica às margens do lago ullswater e aos pés da helvellyn, a terceira montanha mais alta da inglaterra. já grasmere fica às margens do lago de mesmo nome e, a título de curiosidade, produz uns scones excelentes…

não se engane, esses eram imensos. quantidades industriais de clotted cream, mas regularam a geléia…

trechos da hadrian’s wall, construída no ano 122:

neve no topo da montanha. ♥

note a ovelha encarando. sempre tem uma:

o tema ovino também presente nas lojas (esse jogo de chá de ovelhinhas e as canecas ♥):

minha única tentativa de resolução para esse ano (e os próximos) é tentar repetir a experiência e terminá-los assim: em contato com a natureza e os meus pensamentos. não é exatamente a minha experiência com reveillons; no brasil eles quase sempre envolveram festa/churrasco/praia/piscina e quando não rolava nada disso era motivo pra choro, decepção e aquele sentimento de fracasso enquanto ser humano.

acho que essa busca pela quietude e tranquilidade é sinal claro da velhice chegando – ou já chegada, sentada na mesa e tomando um café. mas se veio trazendo também serenidade e paz de espírito para uma alma inquieta então que seja bem vinda. ♥

Dublin, Day 3

last day. ruas quase VAZIAS às nove da manhã de um domingo, a mão do pavarotti (what) e breakfast num café chamado taste food; pedi panquecas com bacon, veio muito mais panqueca do bacon e QUATRO molhos pra escolher (ou misturar tudo): maple syrup, salted caramel, lemon curd e nutella.

caminhamos até a área do rio pra tentar pegar um busão pro phoenix park, mas perdemos um porque os motoristas só aceitam a quantia CORRETA em moedas (bless london, onde dá pra pagar até com cartão de crédito) e o próximo apenas dali a meia hora. acabamos indo de táxi e foi um desperdício de grana porque o parque é uma enorme área verde, boa para caminhar, correr, andar de bike ou passear cachorrinhos – fora isso não há nada de interessante pra ver ou fazer. aparentemente há veadinhos, mas não vimos nenhum. andamos pra caramba (ok, pelo menos exercício!) e tivemos que pegar outro táxi pra voltar porque sendo o parque gigante não tínhamos a menor idéia de onde ficava o ponto de ônibus mais próximo. :(

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fomos visitar a igreja de saint patrick, que cobra entrada mas é meio mixuruca em termos arquitetônicos. eu queria provar os famosos donuts da rolling donut mas achei que são mais bonitos que gostosos. um rápido rolê no parque st stephens green no centro, parada final para seafood chowder + guiness no the bank e busão pro aeroporto. dublin done and dusted; see ya next time. :)

Dublin, day 2

o dia começou com um nascer do sol promissor da janela do hotel. animada com a perspectiva de um aniversário ensolarado eu caí dentro das roupas e saí correndo em busca de um desjejum à altura.

passamos por lojinhas interessantes vendendo miniaturas, toy art e eu quis levar essa stock inteira pra casa (especialmente os artigos de cozinha), mas estava viajando só com mala de mão, damn. voltamos ao st. stephen’s – o tal shopping envidraçado – onde comi um panini de frango simples e um scone, dessa vez com passas mas ainda sem creme; vou ter que aceitar, né.

fomos conhecer o campus do trinity college e depois andamos até a estação de tara street para pegar o trem em direção a howth. pipoca doce + limericks pra viagem e duas turistas americanas meio perdidas que não sabiam se tinham entrado no trem certo; respectivo se ofereceu pra ajudar e elas não agradeceram, nem deram papo e foram pedir/aceitar ajuda de outro passageiro. chamei respectivo num canto e sugeri que parasse, já que obviamente não estava agradando. elas que pegassem trem errado e fossem à merda. ♥

howth tem uma vibe meio jersey com gaivotas, pier, casinhas coloridas, muitos barcos, bares servindo frutos do mar e uma village muito bonitinha. foi uma experiência diferente do típico roteiro urbano. não fica longe, um dia basta pra ver tudo e a vista é maravilhosa. subimos um pouco a pé, mas logo vimos que não ia rolar chegar no topo. comprei biscoitos numa padaria carregada de delícias e descemos para investigar trajetos: uma das linhas de ônibus (31) vai até o summit.

seafood chowder num dos bares da orla (muito boa, mas não excepcional como a do the bank), pegamos o ônibus e lá em cima ganhei de presente de aniversário um pôr do sol maravilhoso.

como eu não estava apropriadamente calçada achei mais prudente não descer até o farol – bem que eu gostaria. tomamos um café no pub do alto (lotadíssimo, cheio de gente jovem e meninas super maquiadas) e pegamos o trem de volta pra tara (única chance na vida de dizer i’ll go back to tara, risos).

estava meio sem fome pra encarar um super jantar de aniversário e preferi fazer um pub crawl experimentando várias novas e cervejas. encerrei a noite sentada em meio aos pisca-piscas no little ass (melhor name para um restaurante servindo burritos, haha).

Dublin, day 1

chegamos em gatwick por volta das sete; o estacionamento que reservamos deu direito a fast track, o que nos poupou uns minutos, mas com apenas meia hora to spare não ia rolar tomar um super breakfast; os restaurantes todos com fila. peguei a contragosto um sanduíche boring + pipoca + flavoured water na whsmith e aguardei o embarque. o avião da ryanair totalmente claustrofóbico, nível “não ter caído foi lucro”.

do aeroporto de dublin pegamos um shuttle bus que nos deixou bem no centro. andamos um pouco até chegar no hotel, um prédio antigo e bem bonitinho; deixamos as malas e fomos dar um rolê.

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tomei uma guiness no the bank, cujo interior é lindíssimo. ele testou a famosa seafood chowder que eles fazem e que nos foi bastante recomendada; eu só provei, mas achei uma delícia. passamos pela estátua da molly malone onde um cara aleatório e provavelmente bêbado me ensinou a cantar a música – resolvi não cortar o barato dele revelando que eu já conhecia (thanks, sinead o’connor).

entrei na H&M mais bonita que já vi até agora (olha esse teto ♥), passei pelo temple bar que estava lotadíssimo e comi um scone esquisito, com pedaços de framboesa ao invés de passas e MANTEIGA ao invés de clotted cream; aparentemente os irlandeses não dominam a arte do clotted cream, que pecado. o café era na verdade uma loja de chás dentro de um shopping lindo todo de vidro que mais parecia uma estufa francesa/palácio de cristal.

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depois de ver o pôr do sol sobre o rio liffey fomos em busca de um jantar. depois de alguns momentos de desespero sem achar nada que apetecesse acabamos entrando num indiano SUPER popular (as mesas esvaziavam e lotavam de novo em segundos, clientes entrando sem parar) que eu achei apenas ok em termos de sabor mas a conta veio astronômica e o irish coffee me deixou enjoada.

terminamos a noite no bar do hotel bebendo mais cerveja e discutindo os planos para o dia seguinte – this girl’s birthday. :)

6×6: December (goodbye, 2016)

house hunting/houseporn em dulwich, terra das yummy mummies que usam prada e lêem o guardian. a pesquisa de imóveis não era pra mim (não possuo dinheiros o suficiente para habitar a área, e nem gostaria). mas o lugar é bonitinho daquele jeito “candy shop” e a gail’s bakery faz uns pãezinhos hipsters bem gostosos. :)

um dia de natal que começa assim (cidra na banheira, vela perfumada, óleos de banho penhaligons e dean martin na vitrolinha enquanto os ovos estão sendo mexidos na cozinha) não pode terminar mal.

o segredo dos ovos mexidos é pôr leite. ou creme de leite, se você quiser mesmo pisar no acelerador. e o salmão defumado é tradicional (assim como o prosecco). comece o dia bem com 12.5% álcool.

um dia que, entre outras coisas, me ofereceu uma londres vazia de nativos porém cheia de turistas usando casacos pesados demais para os inacreditáveis ONZE graus (quase verão, peoples…) e encantados com a mágica discreta que se espalha por todos os cantos da cidade nessa época. dizem que para o natal em londres ser realmente perfeito só falta neve – e esse certamente seria um bônus, apesar dos transtornos relacionados – mas na real eu diria que não falta nada, não. it’s all good. ;)

teve natal em hannover também, dessa vez pouquíssimo registrado em imagens (a foto acima foi a ÚNICA que eu não fiz com o celular, risos). engordei uns dois quilos em uma semana but OH BOY was it worth it. mercados natalinos germânicos são o bicho. bring on quentão, eggnog, porco assado, bolo e muita batata. ♥ frohe weihnachten!

e na reta final de 2016 teve passeio no norte, mais precisamente lake district/scotland. porque lagos e porque colinas e porque estar perto da natureza faz bem e renova as energias, algo que julguei muito necessário na hora de gritar o “corta!” para 2016 e começar um filme novo, com o mesmo elenco de sempre e um roteiro surpresa cheio de plot twists, mas que (assim espero) também terá um final feliz. para todos nós.

happy new year! and 2017, please, be a darling. ♥

outros dezembros: Alê (Ucrânia) | Ana (Alemanha) | Paula (Holanda) | Taís (Irlanda)

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