ando sem saber o que fazer por aqui. decepcionada com a qualidade das fotos (o sensor precisa de limpeza, mas para ser honesta eu preciso trocar de câmera) e entediada com o ato de fotografar em si, o que consequentemente deixa o meu olhar mais preguiçoso e os resultados mais pobres. quero dar uma direção nova a esse espaço mas falta tempo, motivação e senso de propósito. um enorme “what is it all for?” paira sobre a minha cabeça e uma ausência de entusiasmo e letargia pesam nas minhas costas.
dezembro é um mês festivo, gostoso e complicado. o frio corta, às vezes chove, fica difícil sair porque a cidade já está superlotada com os turistas e os locais que vêm fazer compras de natal – ainda mais agora com a libra baixa; o brexit está sendo excelente para o comércio, quem diria. os locais já aprenderam a dançar no ritmo da metrópole (mas por outro lado entopem restaurantes com suas “festas de natal da firma”); já os turistas não têm obrigação de saber as regras e ocupam o lado errado da escada rolante, passeiam devagar e a passos largos ocupando toda a calçada, entulham corredores de estações de trem sem saber pra onde ir, gritam com vendedores (fico bastante decepcionada quando os gritos têm sotaque brasileiro) e de repente estar na rua se torna ainda mais desagradável do que já é naturalmente. some-se a isso o apelo irresistível do meu sofá + café on tap + wifi gratuito e eu acabo hibernando mais do que gostaria/deveria. minhas caminhadas de dez mil passos foram completamente abandonadas e já sinto a falta delas sempre que subo a escada e meu fôlego se perde.
eu tenho mil idéias para esse mês, outras mil para janeiro mas para isso seria legal parar de dar reload no feedly, no instagram e no pinterest e de acompanhar tretas desimportantes protagonizadas por gente idem em redes sociais. seria também legal parar de acreditar que tenho tempo e disposição para “mil” seja lá o que for. eu tenho hobbies demais, que ocupam espaço demais e nada acaba sendo feito a contento; nada me deixa com a sensação de ter concluído um projeto bem feito ou com a satisfação de fazer algo que me deu prazer. eu tenho que aceitar que na atual realidade simplesmente não há mais tempo para uma série de coisas que poucos anos atrás eu considerava como vitais para o meu bem estar, aceitar a mudança e abrir espaço para novas aventuras. e ver no que dá, já que foi assim que eu escolhi viver. sem planos, ambições e esquemas para longo prazo.
acho que na oficina onde me criaram esqueceram de colar a minha etiqueta de propósito na vida. aquela que nos dá um norte, o objetivo maior, a vocação e a resposta dada em silêncio sempre que nos perguntamos “o que diabos estou fazendo aqui”. a cegonha só percebeu a falha quando já tinha me despejado chaminé abaixo.disse “oh well, she’ll just have to wing it”, deu de ombros e seguiu sua rota. eu sigo a minha, no improviso, sem mapa, roteiro, destino ou expectativas e esperando que no fim pelo menos algo faça sentido.
(esse post fez zero sentido e é um bom exemplo do problema a resolver)
(fotos: jersey e londres, 2009)
o lago artificial foi criado no século 18 e fica em surrey, dentro do windsor park. o nome “virginia” talvez tenha surgido de uma homenagem à “rainha virgem” (elisabeth I). o café é grande, confortável, quentinho e serve bolos/sanduíches decentes. o lago foi esvaziado durante a segunda guerra para que não se avistasse do alto à noite por caças, dando pistas da localização do castelo. às suas margens você vai encontrar parte das ruínas da antiga cidade romana de leptis magna, que há 200 anos foram transportadas de navio de trípoli para a inglaterra a fim de enfeitar os jardins do príncipe regente (mais tarde rei george IV). o lago também foi usado na filmagem de algumas cenas de harry potter. o estacionamento é pago e cobra duas libras por hora. não tem guardanapos na mesa do café. e isso é tudo o que eu sei.
o conteúdo da minha necessaire de maquiagem. não costumo levar muita coisa, sei que existem pessoas que carregam base/rímel/etc mas na rua eu apenas eventualmente uso pó compacto caso minha cara comece a brilhar mais do que o sol (coisa que aqui no reino é bastante comum) e um ou dois batons pra retocar. minhas últimas aquisições têm acabamento fosco (que envelhece, mas tão bonita as boca aveludada sem parecer que você acabou de perder a linha no KFC), têm boa qualidade (o da nyx dura o dia todo, o da rimmel cheira divinamente) e custaram poucas lilis na farmácia.
outras necessidades são os elásticos de cabelo (nunca queira se ver no meio de uma ventania sem ter N A D A com que prender o picumã) e esses são bonitinhos e até ornam caso você queira deixá-los no pulso. o creme para mãos que eu deveria usar com frequência mas sempre esqueço, escova para consertar bad hair days, o álcool gel que me livra de disputar espaço em pia de banheiro de pub (e descobrir que a água está gelada e que o secador de mãos está quebrado… joy of joys), adoçante porque não gosto de açúcar no chá/café (yup, eu decoro as embalagens com adesivos e fita washi because basic bitch) e essa garrafinha cheia de… sal (risos, o padrão aqui é comida sem sal e nem sempre tem saleiro na mesa).
fora da necessaire (até cabe, mas) porém sempre presentes: caderninho pra anotações porque eu não confio 100% em gadgets e meus raybans nesse lindo porta óculos de sereia (sereias usam óculos?)
café da manhã com cookies experimentais que deram certo num daqueles lotes de “novidades” que a gente compra pra experimentar e acaba jogando quase tudo fora por motivos de: eca, yuck, ew ew. esses mini waffles, no entanto: 100% win. melhor ainda acompanhados de lixeratura da melhor qualidade.
walking about london town e a alegria de conhecer gente vivendo em pedacinhos da cidade que você adora e ter um motivo extra para circular por eles (e a conveniência de ter onde fazer um pit stop pra fugir da chuva, tomar um café e dar um update no arquivo de fofocas).
almoço de criança: panquecas, waffles e salgadinhos no my old dutch (o webdesigner tem 8 anos) de kensington. tia lolla recomenda o reduto para aqueles turistas brasileiros clássicos – ou seja, que não gostam de “comida inglesa” seja lá o que isso for, têm paladar infantil (fritura e carboidratos, basicamente) e não gostam de gastar dinheiro com comida porque precisam comprar a primark inteira – aproveitem que a libra está baixa. a cerveja de frutas é surpreendentemente boa e tem em vários sabores, o queijo de ervas é delicioso e as panquecas butterscotch, american style, estão entre as melhores que eu já comi em londres (e eu já comi muita panqueca em londres, trust me). e a moça ainda te dá leite condensado (ou chocolate, ou maple syrup, ou salted caramel) pra jogar em cima. i die.
o jantar no turco local, por outro lado, foi 100% #ComidasFeia, mas depois de tanto açúcar eu precisava compensar com uma orgia de proteínas, okay? okay.
essa é uma das minhas cerejeiras (ou pé de ameixa, não estou bem certa). nunca deu um fruto sequer pra agradar a jesus, porém é a mais bonita do outono pois as folhas ficam vermelhas. pena que duram pouco e ela já está peladinha; mas cheia de brotos para os cherry blossoms da primavera 2017. o ciclo da natureza não é lindo? vocês já não estão de saco cheio de me ouvir falar de outono? yes you are, but bear with me; só mais uns cinco ou seis posts com folha amarela caindo e we’re done. até outubro de 2017.
tinha essa hashtag nos trending topics de londres no twitter: “my earliest memory of london”. e eu parei pra pensar qual tinha sido a minha primeira lembrança daqui e de repente me vi de novo sentada no banco de trás de um black cab cruzando a famosa rua oxford e vendo a palavra BENTO BOXES no wasabi de tottenham court e pensando BITCH I HAVE ARRIVED I’M FUCKIN’ HOME e hoje eu sento nesse mesmo wasabi pensando “meh, esse onigiri veio com pouco recheio, my life sucks”
exatamente como quando eu era criança e tinha que esperar 12 longos meses pela “barbie do ano” (que sempre chegava no natal depois de uma tarde idílica com mamãe na rua da alfândega no centro do rio a fim de checar o estoque das lojas de brinquedo) e hoje em dia eu posso entrar sassy as fuck na toys’r’us e jogar a prateleira inteira da mattel dentro do carrinho e por causa disso a coisa meio que perdeu o allure.
como a gente se acostuma fácil com as coisas e dali é um passo para desprezá-las, não é mesmo?
mas eu nunca deixo me encantar com música e com a passagem das estações. as notas de uma canção nunca mudam (remixes e versões infelizes à parte) e ao mesmo tempo mudam tanta coisa. todo ano o ciclo se repete (folhas caindo, narcisos brotando, dias ficando curtos e longos) e todo ano eu me sinto inspirada. duas coisas gratuitas (mensalidade do spotify à parte), simples e que nunca se negam, nunca nos viram as costas. the music will always play and fill the silence with memories and joy. the spring will always come after a cold and harsh winter. trust. wait. celebrate. (fim da msg motivacional brega da semana)
Você sabe por que tantas casas na Inglaterra têm janelas fechadas com tijolos como essa da foto acima (e abaixo)? Elas foram todas fechadas na mesma época e não, não houve nenhum “surto de privacidade” assolando o Reino; isso aconteceu logo depois da implantação da “window tax”, um imposto sobre o número de janelas. Não havia ainda imposto sobre renda (considerada uma informação confidencial), mas quanto maior a casa mais janelas ela teria, então era óbvio que os moradores deviam ser abastados – taca imposto neles! Foi quando muitas famílias decidiram se livrar de “janelas supérfluas”, especialmente as laterais e aquelas cuja vista não era assim tão deslumbrante.
Depois que saímos do parque em Richmond fomos tomar um sorvete e fazer fotos, mas quando chegamos ao green já estava escurecendo. Compramos tortinhas no Maids of Honour café e dirigimos de volta para casa, admirando pelo caminho as cenas finais dessa estação que começa a dizer adeus.
Ruas de Richmond, sua high street cheia de lojas chiques e seres humanos cor de rosa usando trench coats Burberry. Cheguei quando o sol ainda estava bonito em Kew, mas no desespero pra fazer xixi segui direto e acabei na fila de um banheiro do Starfucks. Aproveitei a oportunidade pra tomar meu primeiro “copo vermelho” da estação, um eggnog latte (ok, mas enjoativo e NÃO VEIO NO COPO VERMELHO, what a sham) e um cinnamon bun (o da ikea é menor, porém mais gostoso pois mais açucarado e molhadinho). Fiquei admirando um grupo de crianças (dois meninos e uma menina) de uns 9 ou 10 anos sentados numa mesa sem adultos, bebendo calmamente seus cafés limited edition. A menina parecia uma princesa passando um dia em meio à plebe, o cabelo preso num rabo de cavalo e os sapatinhos de fivela de couro envernizado sem um arranhão. O menino mais alto parecia um filho perdido do Zac Goldsmith e o menor usava um uniforme de escolinha de futebol. Os três conversavam entre si animadamente, porém com tamanha educação e poise que por um momento pensei serem adultos com nanismo.
Por algum motivo isso me lembrou dos meus 20 e poucos anos, onde por acaso ou circunstância eu fazia coleguinhas mais novas e as mães das meninas logo tratavam de nos afastar. Eu nunca fui uma pessoa muito madura, e enquanto as moças da minha idade sofriam de ansiedade já antecipando complicações concretas/imediatas como pós-graduação, carreira, casamento, filhos e pagar as próprias contas, eu sofria de ansiedade esperando pela manhã de sábado quando ia finalmente comprar as canetas gel perfumadas com tampa de bichinhos na rua da Alfândega. Tínhamos pouco em comum e nada pra conversar. Eu preferia bater papo com as meninas que curtiam boy bands, roupas novas e coisas de papelaria.
Hoje em dia as ruas do centro antigo do Rio ficam um pouco longe pra uma weekend trip e eu compro as minhas canetas na Amazon. O resto continua praticamente igual.
Quase sentei na mesa das crianças e perguntei qual era a boa, qual era o time do esportista, qual a matéria favorita da princesa na escola e se o mini mauricinho tinha um trust fund. Tomei o gole final do meu eggnog já frio, vesti meu casaco de brechó e saí porta afora atrás do sol que, derrotado, já entregava os pontos para as nuvens. The radio silence continues.
Último fim de semana de outubro, véspera de halloween, acordei ouvindo Bolshoi; puta bandinha 80s underrated; eles eram bons. Também acordei me decepcionando com comida; o biscoito de bruxa lindinho que eu comprei era de gengibre (portanto horrível) e duro feito cimento. Raspei a cobertura (também já meio dura) e descartei o resto. Minha caneca de calavera no entanto é top. Dia também de celebrar o fim do horário de verão. Minha gótica interior regozija: darkness, come to mamma.
Tempo escuro e cheio de neblina, fomos passear na floresta de Epping onde catei muitos galhos de carvalho cheios de folhas amarelinhas. Epping fica LINDA nessa época do ano, tanto a floresta quanto a high street. As árvores que eu vi amarelinhas na semana anterior já estavam com os galhos quase nus, mas todo o resto parecia ter explodido em cor nos últimos dias. Parece que você está no meio do interior e no entanto tem uma estação de metrô ali perto – ok, zona 6, mas anyway, incredible. Quero me mudar pra lá – haha, i wish.
Alguém aprendeu a fotografar com foco manual, né? Desculpem as 300 mil fotos de teias de aranha cobertas de orvalho. Passou.
Comemos bolo no Belgique perto do green (a pracinha gramada que você quase sempre encontra no centro de uma village interiorana). Esse cheesecake de pêra e caramelo é muito bom e o grenoble do respectivo também. Eu geralmente não curto patisseries francesa (muito creme, pouca massa), mas essa é uma exceção.
Passamos na M&S pra comprar ingredientes para o jantar: pig, bacon, carrots, leek, wine… comprei flores pra casa, enchi a banheira de sais e nela fiquei até a hora do jantar, acompanhado de garlic bread e vinho valpolicella.
October is sadly gone, but november trudges on and it’s almost that time of the year again. We’re gearing up already. ♥
Outubro acabou e foi lindo. O melhor mês do ano até agora (mas com um 2016 péssimo feito esse convenhamos que a disputa não foi difícil) e esse tem sido o outono mais bonito que eu já vi por aqui. A natureza está literalmente enlouquecida, numa trip lisérgico-fluorescente com um céu azul perfeitamente azul como background. Pelo chão as pilhas de folhas amarelinhas/laranjas/vermelhas de maple são um convite diário a fazer a louca do outono e sair pulando/chutando/jogando pro alto.
Tenho feitos muitos passeios a fim de admirar a paisagem; muitas vizinhanças e villages novas, portinhas coloridas, comida. Muito halloween também. Meu primeiro ano “dando doce” e percebendo que a) as crianças são umas graças, mas a empolgação aqui realmente é vibe quarta feira de cinzas se comparada aos estados unidos e b) doce de halloween é um fracasso: chocolate, balinhas Haribo e uns pirulitos anêmicos. Foi pra isso que a gente assiste tutorial de makeup de calavera e deixa metade do salário do mês na loja de fantasia? Doce de Cosme e Damião vence. Muitas saudades de quebrar o dente mordendo um Zorro, das cocadas 100% açúcar, do Batom de chocolate genérico, velho e esbranquiçado, daquele doce de abóbora em forma de coração que eu levei anos pra aprender a gostar e das banananas MEU DEUS AS BANANADAS
Meu pico glicêmico foi lá no Everest via Aconcágua só de escrever esse parágrafo. Voltemos à programação pseudo-paleo normal, sim?
(sim. até sábado que vem. teehee.)
Outros outubros: Alê(Ucrânia) | Ana (Alemanha) | Paula(Holanda) | Taís (Irlanda)
E agora mais um daqueles posts chatos cheios de imagens que todo mundo pula, rs. Fui a Derby levar os hard drives para tentar salvá-los; o dele vai ser recuperado mas o meu, aparentemente, é caso perdido. Me pergunto se foram os caras da outra assistência que ferraram com o drive de propósito depois que eu não aceitei o orçamento deles. Perdi um ano de fotos, já estava consoladíssima e partindo pra outras (paciência, segue em frente, tem outras viagens e memórias pra fazer) mas é chato não saber se fui sacaneada – tenho a nada suave impressão que sim. Enfim, aprenda a lição e FAÇA BACKUP.
A fim de aproveitar o deslocamento fomos visitar Calke Abbey, uma propriedade do National Trust nas redondezas. Jardins bacanas cheios de ovelhinhas, displays de halloween pras crianças (vide post anterior) e a casa em si é incrível – caos reinando, os moradores eram tipo os loucos das coleção e colecionavam de tudo: conchinhas, minerais, gravuras, louças e principalmente ANIMAIS EMPALHADOS. Eu não fotografei as salas de taxidermia porque como o excesso de luz estraga os items as janelas estavam fechadas e os cômodos escuros. Mas são MILHARES, as paredes estavam cobertas de displays de vidro entulhados de bicho morto em poses naturais (alguns devorando outros, what fun). E olha que eles venderam a metade antes de doar a casa… Bem creepy.
A iluminação para fotos não estava das melhores e como a maior parte da casa não tem aquecimento central estava bem frio lá dentro. Tive pena dos voluntários que ficavam no porão – o frio era de matar e para não congelar eles tinham que ficar sentados perto de um aquecedor elétrico ligado na tomada.
Para os seguidores fãs de Downton Abbey e afins, as propriedades do National Trust são abertas à visitação (algumas fecham durante os meses mais frios/escuros de inverno) e valem a pena caso você esteja visitando e se interesse por história, interiores e como a “outra metade” (nobreza, aristocracia, landowners) vivia séculos atrás. Cada cômodo tem um velhinho voluntário para responder dúvidas e presentear os visitantes com curiosidades e fofocas dos ex-moradores. No site você poderá encontrar as mais próximas da área onde você estiver hospedado (algumas em Londres ou condados adjacentes) e ajuda para planejar a viagem. :)
Estou me sentindo um fracasso enquanto blogueira porque não postei quase nada sobre o outono e o halloween; outubro foi um mês virado na quinta velocidade por aqui e fui relapsa, I beg forgiveness. Andei pela cidade, pelo interior (as fotos acima, exceto a primeira, são de uma manor house que visitei quando estive em Derby), comi em restaurantes/cafés novos, inaugurei a temporada de velas perfumadas/banhos de banheira com música, terminei projetos que estavam emperrados e sem sair do lugar há tempos e comecei outros que, espero, tragam resultado. Houve alguns problemas, mas muitos outros foram solucionados; acho que na reta final o ano finalmente resolveu andar pra frente.
Uma parte chata foi ter visto o gatinho bengal parando de comer e ficando letárgico. Assustada depois do que passamos com a Chantilly nós o levamos no veterinário a fim de ler o microchip e descobrir o dono (ninguém atendia no número de telefone que ele tinha pendurado na coleira). Microchip lido e dono identificado, ficamos sabendo que o gato já tem 14 anos (eu nunca imaginaria) e problemas renais e hepáticos. O dono disse que ia levar no vet da família e dar notícias, mas as notícias nunca vieram. Belo dia o gato aparece na minha porta, pele e osso. Eu o deixo entrar, mas decido ligar pro dono anyway porque ele poderia estar em tratamento/sendo medicado, e sabendo agora o que sei, eu não poderia mais alimentá-lo. O dono veio buscar o bichano, disse que o gato “escapou” de casa (e veio direto pra minha; I wonder why…), foi super seco quando respectivo tentava dar dicas, respondia tudo com “tá, tá”, foi saindo logo e disse que o gato “já tinha vivido mais do que eles esperavam”. Fiquei com uma impressão que pode não corresponder à realidade. Eu espero que ele fique bem ou que não sofra quando chegar a sua horinha de ir.
Fechando a tampa do inventário de bruxas de outubro: apesar de ser bem auto suficiente, me sentir esgotada depois de um certo nível de interação social e preferir fazer as coisas sozinha (introvertida clássica) eu fico meio confusa quando sou vítima de desfeitas que penso não merecer. Por outro lado consideração, afeto e amizade são coisas que a gente não força ou exige – elas acontecem ou não. Mas hoje em dia acho que não tem tanto a ver com “fazer por merecer” mas com passar a imagem correta (ainda que fake). Antes eu acreditava que, sendo eu o denominador comum, o problema só podia estar comigo. Agora acho graça dessa idéia e me recrimino por ter pensado assim, assumindo uma culpa que sei que não é minha. A gente vive dizendo que a humanidade não deu certo e que as pessoas são horríveis, right? E a teoria se comprova na prática toda vez que a gente sintoniza a TV no noticiário ou despenca na seção de comentários dos portais de notícia. Então ser rejeitado por 90% da raça humana só pode significar coisa boa? :) E quantas vezes você viu gente que age de forma pouco ética com você e com os outros (falando mal pelas costas, sendo desnecessariamente cruel, manipulando pessoas para se afastarem por ciúme/insegurança, se esbaldando no body shaming, etc) mas que coleciona amigos e mensagens de feliz aniversário nas redes sociais (muitas vezes vindas dos pobres coitados que você já ouviu serem criticados)? Ser legal nunca foi requisito para ser popular. Você só precisa passar a vibe certa. As melhores pessoas que já conheci na vida sempre tiveram poucos amigos – respectivo sendo um bom exemplo.
E esse foi o meu display/macumba de halloween 2016. Risos. Pensei em fazer uma mini festinha em casa mas não tive tempo de planejar; acabei usando parte das decorações para fazer esse “altar” de outono/equinócio/colheita/all hallow’s eve, tudo junto e misturado. Ficou num canto da varanda, evoluindo com cada nova adição e juntando poeira e teias de aranha – so authentic. :) Eu adoro a parte terror/slasher movie do halloween, mas por algum motivo acho meio estranho encher a casa de diabos, almas penadas, caveiras cheias de sangue e membros decepados.
Os olhos da caveira acendem. ♥
Look! A rat! E eu estou in love por essa corujinha preta.
Orgulho das teias de aranha do meu display, todas 100% verdadeiras. Agradecimentos às centenas de aracnídeos que ocuparam minha casa o verão inteiro; finalmente foram úteis. :)
E o orgulho também da minha pequena virginia creeper verdadeira que foi amarelando aos poucos e perdendo folhas em tempo real; um pedacinho do outono indoors:
No domingo pré-halloween fui passear em Epping e achei esse galho de carvalho. Foi devidamente incorporado:
O que mais teve: comida, claro. Sem chance dar açúcar para as crianças alheias e não rolar nada pra mim. Eu tinha comprado corante preto para fazer cupcakes, mas a preguiça + falta de tempo venceram e acabei me entupindo de french fancies em edição especial de halloween (esses montinhos em cima sempre me lembraram covas) com direito a cruz; os ossinhos ensanguentados foram o toque final de creepyliciousness.
Ontem eu passei numa Poundland por volta das cinco da tarde, em pânico porque pensei que ia faltar doce, e esbarrei no momento em que o staff casualmente removia a decoração da loja. Teias de aranha e caveiras de glitter sendo arrancadas da parede e enfiadas de qualquer jeito em carrinhos de supermercado junto com as fantasias, doces e enfeites que não foram vendidos. Vibe total de fim de festa. Fiquei melancólica. Peguei dois saquinhos de Haribo e pirulitos, joguei na cesta e me encaminhei para o caixa, deixando pra trás prateleiras sendo esvaziadas de gatos pretos e abóboras e se enchendo instantaneamente de papais noéis, festão e pisca-pisca.
Hello november. October will be missed, but we must look forward.
Countdown to the second best time of a year that’s going too fast.
p.s.: sobrou um monte de doces. vou guardar pro ano que vem. p.s.2: doce de cosme e damião >>>>>>>>>>>>> doce de halloween. p.s.3: as crianças estavam uma graça. o winner do meu concurso particular foi um captain america de uns 2/3 anos que berrou “tick o teeeeeeet”, foi entrando casa adentro (a mãe teve que segurar pela fantasia), pegou 3 doces depois que a mãe disse “só um” e perguntou se eu tinha bolo. p.s.4: pedi doces na minha própria casa e assei marshmallows numa vela perfumada. ficaram uma delícia e o cheiro estava on point, thanks for asking.