Three things.

Como essa semana está sendo corrida, eu viajo amanhã cedo (e não fiz a mala ainda) e não queria encerrar agosto nessa negligência sendo que cumpri tão bonitinho a meta de 2/3 posts por semana, well, vamos de meme.

3 coisas que me dão medo
– insetos
– doenças
– violência

3 coisas que me dão preguiça
– falar no telefone
– videologs
– gente que diz “vai estudar”

3 coisas que eu gosto
– estrear agenda nova
– lençóis limpos
– escova de dentes elétrica

3 coisas que eu sei fazer
– costurar
– me enganar
– fazer um bolo de limão decente, desde que o forno ajude

3 coisas que eu não sei fazer
– cozinhar
– tricô
– amigos

3 assuntos preferidos
– música
– nostalgias
– viagens

3 assuntos que eu não curto discutir
– política
– seriados
– livros

3 cheiros preferidos
– cimento fresco
– terra molhada
– velas da yankee

3 cheiros que eu detesto
– cigarro
– carro a álcool
– perfumes marc jacobs

3 melhores comidas
– bolo
– biscoito
– pizza

3 piores comidas
– quiabo
– inhame
– chocolate amargo

3 piores redes sociais
– facebook
– facebook
– facebook

3 melhores redes sociais
– qualquer uma
– que não seja
– o facebook
(ok: instagram, tumblr e twitter)

3 melhores bebidas
– coca zero
– cidra de pêra kopparberg
– lágrimas dos inimigos, etc.

3 piores bebidas
– suco de melancia
– café do starbucks
– pepsi

3 coisas que me acalmam
– joguinhos do orisinal
– cantar
– fazer colagens

3 coisas que levam todo o meu dinheiro
– comida
– artigos de papelaria
– brinquedos

3 coisas em que eu detesto gastar dinheiro
– remédios
– transporte
– maquiagem

3 coisas que me estressam
– pessoas que falam alto
– lentidão
– engarrafamento

3 coisas que eu vou fazer essa semana
– ir à praia
– tentar evitar carboidratos
– fotografar bodes

3 coisas que eu fiz na semana passada
– comi bolo red velvet na quermesse do bairro
– achei calpico em chinatown
– peguei o 174 e fui passear em duck wood

3 coisas que eu quero fazer em breve
– ir a jersey visitar as miga
– uma tatuagem
– sair pra beber com R. e G.

3 coisas que eu deveria fazer em breve
– tomar uma decisão difícil
– perder 2kg
– me mudar

3 coisas que eu não quero fazer
– tomar a decisão difícil
– comer menos a fim de perder os 2kg
– me mudar

Easy like sunday morning.

Nova caneca preferida da semana. Pip Studio, I love you. ♥

Nova geléia preferida da semana: as fatias inteiras de laranja: ♥

Pain au chocolat dele. O meu pain aux raisins já tinha acabado. ♥

Agora vamos terminar de acordar, decidir entre um piquenique ou um almoço no café do parque e aproveitar o segundo dia do último feriadão até o natal. Em meio a uma heatwave. Faz calor, mas os dias estão cada vez mais lindos. E a minha estação favorita já se anuncia nas maçãs amadurecendo nas árvores.

It’s (slowly) getting better.

Our memories depend on a faulty camera in our minds

Café da manhã à francesa na Patisserie Saint Anne em Hammersmith, esticar as pernas em Chiswick, almoçar dim sum com cerveja no Steam e de sobremesa o pior cupcake da história da humanidade na Lola’s em Covent Garden. Eu podia ter comprado duas cartelas de adesivos coreanos na Artbox pelo preço desse negócio. Já comi dois lá e não gostei de nenhum.

I’m a Butterfly

Outro dia eu vi as primeiras folhas amarelas numa árvore e isso me bastou para me deixar dividida. Se por um lado esse verão bombou no mau sentido (ou seja, chegou explodindo tudo, inclusive alicerces dos quais eu dependia para o meu bem estar mental e felicidade) por outro me parece ainda muito cedo para tirar as botas de cano longo da gaveta.

Quem sabe só dessa vez eu gostaria de esticá-lo um pouco mais. Umas duas ou três semanas, pra caber talvez uma minitrip para Jersey ou Cornwall (que eu já tinha planejadas, mas tive que des-planejar), ou mais uns dias indo bater perna no centrinho de chinelo com um sorvete derretendo casquinha abaixo e deixando as mãos meladas, mais uns dias de pôr do sol dourando as águas do Tâmisa enquanto eu caço monstrinhos de pixel em Canary Wharf, mais uns dias sentada na grama do Hyde Park com um ipad e uma marmitinha contendo junk food japonesa do oriental market, mais uns dias mergulhando semipelada no Ladies’ Pond de Hampstead Heath (onde por motivos óbvios não dá pra fazer foto, mas imagine um paraíso no meio da cidade), mais uns dias sem que o peso dos casacos, pulôveres e cachecóis sobre a pele não servisse de metáfora para o peso dos problemas a resolver e das tristezas irresolvíveis que a gente carrega vida afora.

Mais uns dias pra sair de short e camiseta, como se vida pudesse ser tão leve e descomplicada como o meu guarda roupas de verão.

E isso me deixa cabreira, porque de outra feita eu sou um bicho do inverno. O outono nem começou ainda e eu já quero cashmere, bonfire night, folhas caindo, halloween, manta de lã, pumpkin spiced latte, música de natal nas lojas, luzinhas piscando, edredon no sofá, pijama de flanela, lareira, botas de cano longo, meias de dedinho, mince pies, festas de natal da firma, january blues, valentine’s day, neve.

O verão pra mim às vezes se torna essa coisa opressiva, trazendo a obrigação moral de sair, se divertir, curtir o sol, provar pra si mesmo e pro mundo que você está having a great time – quando tantas vezes “having a great time” na sua opinião significa se alojar embaixo de um cobertor tendo spotify, netflix e um pacote jumbo de biscoitos à mão. O verão às vezes é uma das coisas que eu olho e penso, “já passei da idade”. Talvez porque tenha perdido a graça, eu tendo vivido tantos anos num país onde verão era sinônimo de “escaldante” e “interminável”.

Mas terminando o verão está, e em breve os dias serão curtos e escuros e eu talvez não tenha o conforto de um ou outro casulo emocional ou físico para deixá-los também quentinhos e confortáveis. Talvez os casulos possíveis me tragam ainda mais desconforto e eu precise forçar a casca, quebrá-la e sair, mas as asas ainda frágeis e úmidas dessa minha crisálida metafórica não vão mais encontrar o calor do fim do verão e nem a cor do fim da primavera. As rosas já terão empacotado pétalas e brotos até junho que vem, o sol vai despencar para trás do horizonte às quatro da tarde e o projeto de borboleta fora de época vai ter sorte caso sobreviva.

Ou não.

E pra adicionar uma dose merecida de fofura, “shameless bengal appreciation post”:

Eu estou roubando esse gato? Provavelmente.
Ou melhor, ele está de mudança.

The week.

Verão chegou atrasado mas chegou né? Dispenso temperaturas beirando (ou acima de) 30 graus – mas céu azul e poder passear de chinelinho? Hell yes. Bring it on.

O gato bengal do vizinho anda se engraçando pro nosso lado. Visitas quase diárias incluindo tomar conta do meu sofá e dormir o sono dos justos. Outro dia pernoitou no conservatório. Considerando seriamente me mudar e inclui-lo na mudança. :)

Comprar doce japonês/chinês/coreano só por causa da embalagem fofa: quem nunca.

Pub lindo em Coulsdon Commom, Surrey. Pena que a comida era mais ou menos.

As lulas fritas estavam ok, no entanto.

A chicken pie também, mas o purê de batata…

O bolo de framboesa do menu de verão da Ikea por si só vale a viagem até a sua filial mais próxima. Esse recheio? Parece sorvete. Quero outra fatia agora.

Sushi do Wasabi comido na tampinha da marmita de chicken teriyaki da colega + strawberry daiquiris no Missoula de Birmingham. A segunda taça eu derrubei no chão e o bar inteiro aplaudiu. Mais palmas para o barman, que me serviu outra de graça. Há micos que vêm para o bem.

Coleguinha faz bolo red velvet em casa e convida para comê-lo. :) Girl didn’t skimp on the frosting: olha esse oceano de creme. Dá vontade de mergulhar.

Ir pra Camden não é mais tão legal quanto há uns dez anos (porque superlotado) mas ir pra Camden é sempre legal. Especialmente pra comer junk food à beira do canal, num pátio cheio de barraquinhas de comidas hipster. Escolha seu sabor de sorvete, seu sabor de biscoito, sua cobertura e pode chamar o SAMU.

Tinha pedacinhos de biscoito dentro do sorvete.

Banquete libanês em Shepherds Bush.

E isso aqui era a sobremesa.

Não vou mostrar o prato principal porque um prato com diversos tipos de carne desfiada pode ser uma delícia, mas não é exatamente fotogênico. Mas basta dizer que eu saí do restaurante rolando. Como deve ser.

Eu não sou muito fã de doces árabes (não curto mel, pistachio ou massa folhada, mas é claro que comi assim mesmo), daí decidi comer sobremesa (de novo) em outro lugar:

– Por que coca diet se o bolo tá cheio de açúcar e creme? Não faz sentido.
– Licença poética.

Chatos que não entendem o conceito de DAMAGE CONTROL merecem respostinha irônica.

Latte art:

Aqui não teve art (nem era latte), mas teve uma hora de papo entre um compromisso e outro durante um dia horrível cheio de notícias horrorosas. Eu realmente precisava desse café e dessas risadas.

Esse post (uma espécie de “momentos legais da semana anterior”) deveria ser entrar toda segunda feira e hoje é QUINTA? Sorry about that. ¯\_(ツ)_/¯

Happy Father’s day

Obrigada por amá-la. Obrigada por cuidar dela. Obrigada por assumir toda a despesa, burocracia e encheção de saco a fim de trazê-la para mim. Obrigada por aceitá-la na nossa cama na Alemanha – especialmente durante aqueles dois meses onde eu, deprimida, entediada e cansada do frio e da escuridão, voltei sozinha para Jersey e deixei vocês dois naquele apartamento claustrofóbico para se conhecer e começar uma amizade. Obrigada pelos telefonemas com “cat updates” onde você me informava que estava indo para cama “com o meu livro e a sua gata”; às vezes não havia livro, mas havia sempre a gata.

Obrigada por comprar as guloseimas favoritas, pelos apelidos engraçados, por compôr canções para ela, pelas risadas diante dos seus pequenos (e grandes) fracassos (não era a felina mais ágil, graciosa ou esperta do planeta…) e por nove anos de afagos no seu pêlo macio e brilhante enquanto ela se aninhava ao seu lado absorvendo calor e afeto. Obrigada por não perder a calma toda as vezes em que ela vomitou no carpete ou fez cocô no sofá. Obrigada pelas vezes onde você teve que limpar aquela bunda (desculpaí a indiscrição). Obrigada por dizer ao veterinário “não importa o preço” quando ela esteve prestes a perder o olho para uma infecção; você poderia simplesmente ter autorizado que arrancassem, mas pagou uma fortuna para salvá-lo. Obrigada por acordar a cada três horas para pôr colírio durante pós-operatório e ter que correr atrás dela pela casa assim que ela passou a associar o som do alarme com situações desagradáveis e caía fora quando ele tocava.

Obrigada por ir atrás dela quando ela “brincava de fugir” e chacoalhava o barrigão redondo na rua pra cima e pra baixo, feito um barril de pêlos rolando a ladeira. Obrigada por dar de presente de natal aquela cama suspensa que a gente pendurava no aquecedor e por ajeitá-la ali com o seu cobertorzinho favorito e por não se mexer quando ela adormecia tranquila no seu colo e você não queria acordá-la. Obrigada por lhe afagar o narizinho – ela adorava. Obrigada por sair no meio da noite (meia noite, pra ser exata) procurando um supermercado 24h a fim de comprar um edredon novo porque ela tinha feito xixi na cama *exatamente* quando chegávamos em casa cansados depois de uma semana fora; obrigada por mesmo assim deixá-la dormir na cama aquela noite.

Obrigada por saber o quanto ela significava pra mim e amá-la por isso, mas obrigada também por deixar que ela conquistasse você e entrasse no seu coração. Obrigada por segurar minha mão quando o veterinário friamente recomendou o impronunciável “provavelmente seria melhor…”. Obrigada por segurar minha mão na saída e me dizer “não importa; vamos tentar”. Obrigada pela sua coragem ao dar as injeções duas vezes por dia sob o pêlo das costas e, tão carinhosamente quanto possível, fazê-la engolir comprimidos. Obrigada por nunca demonstrar raiva, frustração, cansaço ou reclamar, nem uma vez. Obrigada por ter dado a ela uma chance, obrigada por aqueles quatro meses de extras de amor, abraços, passeios no sol, franguinho cozido, afagos no nariz e sonecas no conservatório que não teriam existido sem você e pelos quais serei eternamente grata. Obrigada por segurá-la no colo enquanto ela aos poucos nos deixava (em casa, naturalmente, me poupando da terrível decisão num ato final de gentileza) e por comprar aquela caixa de ferramentas laranja na B&Q onde eu fiz um desenho dela e então depositei seu corpinho embrulhado no cobertor preferido junto com um pacote do seu biscoitinho favorito enquanto cantávamos as canções que fizemos para ela.

Obrigada por abraçá-la com tanta ternura na última noite, naquelas horas que eu não sabia ainda serem as finais enquanto eu fazia a última foto; eu fiz *tantas* nas últimas semanas imaginando cada uma como a derradeira e no fim essa veio sem pensar – eu só queria guardar aquele momento, e aquele amor, pra sempre. Obrigada por chorar. Obrigada por me abraçar enquanto eu chorava como se uma parte assustadoramente imensa da minha vida tivesse deixado de existir, porque você sabia que sim. Obrigada por todas as vezes que você diz “I miss your cat” e logo corrige para “I Miss Her”. Obrigada por não desistir dela. Obrigada por amá-la. Ela te amou de volta. Ela te amou de volta.

Stop.

Slow down.
Pare de correr.
Pare de checar se ele leu a mensagem.
Pare de deletar as fotos que não recebem likes.
Pare de se perguntar o que os outros querem. O que você quer?
Não se preocupe se os vizinhos estão ouvindo. Não ouça os vizinhos.
Pare de comprar o afeto das pessoas às custas do seu bem estar emocional.
Aceite que você tem pouco controle sobre a opinião alheia a seu respeito.
O filme da sua vida nem sempre será um sucesso de público e crítica. Tudo bem.
Pare de se preocupar se o som que sai do seu fone de ouvido está alto demais e incomodando alguém.
Um dia os seus problemas não existirão mais. Um dia você também não.

Pare de poupar os outros às custas do seu sofrimento. Tente nunca ferir ninguém, mas se tiver que escolher a quem magoar, nunca magoe a si mesmo.
Pare de se achar inferior por não ser popular. Os populares também erram. Não transforme uma aleatoriedade da vida em outro peso dentro do seu saco de culpas.
Ignore a necessidade de se adequar às expectativas. Até mesmo as suas.
Pare de checar o email, as notificações, o número de likes, retweets e compartilhamentos o tempo todo. Aquele coração? É feito de pixels.
As pessoas boas também vão mentir para você.

Pare de se desculpar por estar triste, doente ou sem energia.
Pare de tentar fazer com que os outros gostem de você. Eles vão gostar – se quiserem.
Pare de se forçar a aceitar o que você não pediu, nem quer; tudo tem um preço e você não precisa dessa dívida.
Pare de fazer perguntas cuja resposta você já sabe. Ninguém poderá respondê-las melhor do que você mesmo.
Pare de correr atrás da felicidade. As pessoas que se declaram felizes o tempo todo estão mentindo. As que se declaram infelizes o tempo todo também.
Aprenda o que é felicidade. A sua. Para não esperar demais. Para não esperar de menos.

Pare de comprar por impulso. Falar por impulso. Amar por impulso.
Pare de depender tanto. Aprenda a cozinhar. Pintar uma parede. Usar o Google.
Pare de repetir os mesmos erros, os mesmos caminhos, as mesmas pessoas.
Nem todas as lições serão óbvias, nem todas serão sutis. Nem todas ensinarão algo.
Aceite que nem sempre pessoas ficam, nem sempre pessoas são necessárias, nem sempre pessoas fazem bem, nem sempre pessoas devem ficar. Let go.
Pare de sentir demais. Evite sentir de menos.

Pare de sufocar conflitos e evitar confrontos. Não se cresce sem esses enfrentamentos.
Pare e observe os outros. Enxergue a tristeza que não se vê. Saiba que ela está lá. Desenvolva empatia, por você e por todos.
Mas o mundo não lhe deve nada e você não deve nada ao mundo.
Pare de ser a pessoa em que lhe transformaram.
Pare de tentar consertar o mundo enquanto estiver tudo quebrado na sua casa e no seu coração.

Pare de buscar realização seguindo o caminho dos outros. Encontre o seu chamado, o que você ama fazer sem pressão e sem necessidade. Nem sempre isso vai pagar as suas contas. Faça assim mesmo. Viver não é apenas pagar contas.
Entenda que algumas situações são como um dente que dói. Arranque-o. O vazio é melhor que a dor.
Mas saiba que há dores muito entranhadas no tecido do seu coração e que fazem o músculo pulsar; elas são parte da sua essência, vêm de muito tempo, de outras vidas. Com essas é preciso aprender a dividir o espaço como quem divide um cobertor pequeno à noite. O cobertor nunca servirá aos dois, mas não desista: puxe sempre para o seu lado.

Aceite que alguns sacrifícios são necessários, mas nem todos. Nem todos.

you can choose a ready guide in some celestial voice;
if you choose not to decide you still have made a choice.

you can choose from phantom fears and kindness that can kill
i will choose a path that’s clear,
i will choose free will.

Fotos: Cambridge, UK.
Música: “Freewill” Rush.

A little bit of shine.

Perdendo o preconceito com maquiagem da Primark. Eles andaram investindo e melhorando a qualidade dos produtos e hoje em dia recebem boas reviews de quem entende do assunto.

Eu não costumo usar cores fortes nos olhos; fico entre os tons de nude/marrom. Ou seja, não preciso de produtos com muita pigmentação. Achei que essas basiquinhas têm a mesma fixação que as minhas sombras “de grife”; ok, o estojo não é tão bonito quanto o da Givenchy, mas de qualquer modo ele fica dentro de uma gaveta.

Essas cores são basicamente o que eu uso; não senti falta de preto/grafite porque acho que sombra escura e pesada não me favorece.

O pincel aí embaixo foi uma revelação. Eu nunca consegui ficar satisfeita com base alguma e colocava a culpa no produto. Na verdade eu não estava sabendo aplicar o de modo que favorecesse o meu tipo de pele. Espalhar com pincel chato jamais deu certo e eu usava os dedos, mas quando testei o stippling brush (dando leves batidinhas na pele ao invés de espalhar o produto) encontrei Jesus. Aplicação rápida e cobertura uniforme, sem marcas de pincel.

Thanks for the love, Primark! E tendo eles custado baratinho OU sido financiados por meio de algumas horas extras/pequeno empréstimo/venda de um orgão semi-vital: não se esqueçam de lavar seus pincéis regularmente para aumentar a vida útil e proteger a saúde da sua cútis. ♥

P.S.: Isso não foi um publieditorial. Até porque a Primark não precisa; vende tanto que não faz anúncio em TV/revista e nem tem e-commerce.
P.S.2: (mas até que eu levo jeito pra jabazeira, né)
P.S.3: O nome da linha é P.S. Quantos P.S. cabem nesse post?

Long weekend.

Depois de horas de trânsito lento chegamos a Somerset por volta das sete da noite; mas porque é verão ainda era dia claro. Coletamos a sogra em casa e fomos direto para o Merry Monk.

O menu não era muito inspirador, mas a carvery (uma espécie de “bufê de assados”, bastante popular por essas bandas) parecia excelente e então foi esse o pedido. Sem arrependimentos: a carne estava maravilhosa e eu poderia ter comido um balde inteiro daquela batata assada com creme de leite.

De sobremesa ele pediu salted caramel pancakes e eu esse toffee “lumpy bumpy” que apesar de gostoso era meio enjoativo porque doce demais.

Incrivelmente ainda estava claro quando chegamos na casa do cunhado onde fomos muito bem recepcionadas pelas cãs. Dormi mal porque o colchão parecia feito de geleca e afundava no meio. Eu também não tinha o meu travesseiro extra e tenho dificuldade para dormir sem ele; tentei usar um ursinho de pelúcia que parecia adorável mas em termos de aerodinâmica não funcionou e acabou descartado e expulso da cama.

Mas é bom acordar no silêncio e com a claridade do dia entrando pela janela. O interior realmente recarrega as energias, mas depois de um tempo ali eu preciso recarregá-las na cidade. Weird.

Comemos sanduíches de bacon feito no forno com suco de laranja sendo atentamente observados pelas cãzinhas, lindas e muito afetuosas apesar do cheiro característico de cachorro e da ocasional tripa de baba vindo parar na minha roupa. Brincamos de “fetch the ball” no jardim com trilha sonora de passarinhos histéricos e uma vista interminável dos Somerset levels. Fomos checar o “book exchange” da village (dentro de uma cabine telefônica abandonada) onde respectivo pilhou alguns livros. Logo fomos buscar a sogra pra dar um rolezinho por Exmoor.

Visitamos Arlington Court pela manhã e caminhamos por gramados felpudos como carpetes e quentinhos do sol. Dentre todas as outras coisas possíveis me apaixonei por uma mesa em marchetaria e um elefante vermelho translúcido dentro de uma bell jar.

Os quartos tinham as janelas fechadas para que a luz não estragasse a seda pura que cobre as paredes ao invés de papel. Mesa posta para festas imaginárias com convidados de uma aristocracia que não existe mais. Brinquedos caros para crianças ricas. Coleções de miniaturas, pratarias, conchas e objetos náuticos. Por toda a parte detalhes rebuscados e folheados a ouro, cobertos por brocado e trazidos de viagens, deixando claro que as pessoas tinham dinheiro – e naquela época era considerado de péssimo gosto NÃO ostentar.

Mas o Bolo Victoria no café não tinha creme de leite batido no recheio, só geléia, e por isso fomos lanchar em outro lugar.

(sei lá se era século 14 mesmo, mas não economizaram no creme)

Lynmouth, eu estava com saudades; oito anos desde a última visita. A geografia da baía é incrível, o mar pontilhado de barquinhos coloridos se aninha entre encostas verdes felpudas e eu quis comprar todas as conchinhas; infelizmente custavam caro, eu não tenho casa de praia pra justificar conchas na decoração e a graça é catá-las na areia. Não tivemos tempo de passear por Lynton, a village que fica no topo e onde cada esquina tem cara de cartão postal. Foi numa de suas lojas que comprei minha querida bota de chuva azul com estampa da tatuagem old school. Só passamos de carro e fizemos uma tour rápida pelo “vale das pedras” onde bodes passeiam livremente e eu quero voltar para fazer caminhadas (e amizade com bodes, claro).

Jantamos no Jubilee Inn, nosso antigo pub favorito em Molton – que passou cinco anos fechado e reabriu totalmente transformado em gastropub com direito a chef francês. Achei o decor e o menu meio pretensiosos para a região, mas a simpatia do staff e as batatas fritas valeram a parada. :)

The Week

Passei o sábado saltitando pelas calçadas de pedrinhas da high street de Ledbury e arrependida por não ter uma câmera melhor na bolsa. Não achei nenhum restaurante que me chamasse a atenção, no entanto (aparentemente Ledbury é um pólo gastronômico, mas eles devem esconder os restaurantes porque não vi nenhum), e acabei indo jantar pizza em Worcester. O cheesecake do Pizza Express é uma delícia – e isso vindo de alguém que nem gosta de cheesecake.

Na sexta achei um sapo debaixo de uns potes de plantas quebrados. O grito foi ouvido pelo Respectivo que estava na garagem do outro lado da casa. Ele pôs luvas e transportamos o bicho para o fundo do jardim, longe dos pássaros e numa área de sombra, onde ele poderá viver feliz, seguro e longe o suficiente de mim.

Por que será que comida de estrada sempre parece ser tão boa, mesmo quando não passa de um sanduíche de caixinha e uma garrafa de chá gelado? Deve ser o entusiasmo da viagem, de parar naqueles cafés populados por gente de toda a parte, cada grupo com um destino diferente, gente que você nunca viu antes e provavelmente não vai ver mais e que se cruzaram ali, naquele ponto aleatório do espaço-tempo, em busca da mesma coisa: um xixizinho rápido, uma esticada nas pernas e um café.

Em Malvern assisti a uma peça encenada por bonecos no Theatre of Small Convenience – o menor teatro do mundo, segundo recorde registrado no Guiness. Deve ser também a peça mais rápida do mundo: “6 minutos de nonsense”, conforme explicou o velhinho que controla todo o espetáculo atrás da cortina. O teatro, que funciona num antigo banheiro público vitoriano, abre somente aos sábados, de 2 às 6. Saí, pendurei uma citação de Shakespeare no boneco do próprio que fica na porta do teatro usando um par de óculos escuros com estampa tortoise shell (“é verão”, explicou o velhinho) e fiquei sentada no estacionamento do supermercado tomando um McFlurry e ouvindo alguém tocar violino por trás de alguma janela enquanto o sol iniciava o seu caminho de descida por trás dos Malvern Hills.

E é claro que em Worcester era necessário existir uma vitrine decorativa composta por vidrinhos de Lea and Perrins, o famoso Worcester Sauce (ou “molho inglês”, como o conhecemos no Brasil). This is the Original and Genuine. Não aceite imitações.

Teve um churrasco com amigos em casa no domingo também, mas depois de taças de espumante rosé, cidra e Pimm’s, well, acabamos não registrando nada. A única lembrança é a carne que sobrou no freezer. E os prováveis quilos que ganhei depois de comer 1/3 de uma pavlova.

Opa. Achei uma foto da ex-pavlova.

Ela mora nos meus quadris agora. Burp.

Atta boy, August. ♥