Sobre aniversários (e macacos).

Sempre tive um crush naquele macaquinho mascote da Kipling, desde quando levava minhas pernas pré-adolescentes para bater no shopping, lanchar junk food e fazer pesquisa de preços. Chegando à conclusão de que até mesmo a bolsinha de lápis custava mais do que a minha mesada permitia, perguntei à vendedora se podia comprar só o macaco. Ela riu, me deixou de lado e foi atender outra pessoa. Fosse hoje, plena era das redes sociais enquanto ferramentas de bullying reverso, eu faria um textão indignado no facebook que ganharia 30.000 compartilhamentos pedindo boicote e quiçá provocaria a demissão da funcionária metida. Mas em 1992 os únicos cursos de ação possíveis eram, a saber:

a) sair da loja, ganhar na loto, voltar sacudindo quinze sacolas da Pakalolo ou Cantão e ter o meu momentinho Julia Roberts em Pretty Woman gritando “MISTAKE! BIIIIG MISTAKE!”

b) sair de loja de orelha murcha, voltar pra casa e assistir Pretty Woman chorando dentro de um pote de sorvete.

Pelo menos o sorvete era Kibon.

Passei uns anos desenvolvendo um certo odinho socialista àquele primata pedante e a tudo o que ele representava; nos meus delírios proletários eu jogava uma bomba atômica em cima da loja e o macaco dentro de uma jaula de tigres de pelúcia famintos. Mas ainda bem que a gente não é adolescente pra sempre e a maturidade me trouxe um emprego (argh) e um salário no fim do mês (urrú) – uma pena que na época meus principais interesses atendiam pelos nomes de Antarctica, Brahma, Original (e ok, Bavaria depois do dia 20) e bares levavam quase todo o meu dinheiro. E depois que passei a bolsas “adultas” eu acabei empurrando a idéia do macaquinho para o fundo da gaveta de desejos reprimidos da infância.

Até agora:

O batom é reposição de estoque porque o meu estava no fim e eu peguei de graça com o meu cartãozinho de fidelidade da Boots; que mun-rá abençoe muito essa drogaria, amém. Respectivo me trouxe esse perfume de Gibraltar.

E assim começam as celebrações pré-aniversário da Lolla, sem facada no bolso mas com muito amor, bolo, cheirinho de rosas e macacos de pelúcia – no caso macaca, que atende pelo singelo nome de Melissa.

Welcome home, Mel. Not a day too soon.
Antes tarde do que nunca. ♥

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