Aleatórias de sexta

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Nos anos 90 no Brasil se você fosse homem e não curtisse bermudão, tênis com meia e bonê então você era gay. Isso não faz o menor sentido. Lembro quando meu melhor amigo apareceu com uma camisa de listras finas cor de rosa e foi recebido com bullying corretivo pra ir “colocar blusa de homem”.

Isso me deixava confusa porque os gays que eu conhecia não usavam “uniforme de gay”; na verdade eram os rapazes hétero que aderiam a um código de vestimenta extremamente rígido, como se tivessem medo de passar a mensagem errada. Sempre achei que viver assim, com pavor eterno de que alguém questionasse a sua sexualidade com base em coisas tão aleatórias quanto a cor da sua camiseta era estressante demais.

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Boa parte das minhas roupas era costurada pela minha mãe; o resto vinha de liquidações de lojas de departamento ou bazares de igreja e às vezes customizadas por mim. Eu gostava da idéia de ter uma peça que era só minha, de ver o meu dedo no design do que eu vestia. Só que isso ia totalmente na contramão do conceito de moda das outras mocinhas suburbanas como eu: usar o que todo mundo estava usando. Nunca entendi qual era a graça.

Não que esse tipo de coisa inexista por aqui, mas pelo menos as tribos são mais variadas. E mesmo que alguém desaprove ou ache graça do que você veste quase ninguém ousa comentar ou olhar feio caso você decida se expressar de maneira diferente. 2015 e em pleno Rio de Janeiro as pessoas ainda acham graça nas minhas meias, nos meus sapatos, chapéus e bolsas – e fazem questão de me informar disso. Sim, até estranhos. Principalmente eles.

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Por que estou dizendo tudo isso? Ontem na rua eu vi uma senhorinha de meia calça vermelha, sapatinhos de fivela amarelos, um vestido azul escuro esvoaçante e cabelos rosa pastel presos num coque. Eu tentei seguir e fazer uma foto para guardar na memória aquela inspiração mas a tarde já ia longe, as pessoas se embolavam umas nas outras entrando em seus respectivos metrôs e acabei perdendo de vista aquele farol colorido iluminando a minha hora do rush.

Antes disso um menininho no colo da mãe apontou para a velhinha em technicolor: “MOMMY, HER HAIR! IT’S LOVELY!” Ela virou-se, deu uma risada e um aceno antes de desaparecer por trás de uma nuvem de ternos azul marinho e blazers feitos sob medida em Saville Road. A sola de borracha das maryjanes, ao contrário dos saltos agulha, não martelavam “plic, plec, plic, plec”. Ela seguiu seu caminho sem fazer ruído, como se flutuasse. She was lovely indeed. ♥

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E agora senta (ou foge) que lá vem aquela modalidade de mimimi cheirando a creme anti-espinhas que eu devia ter deixado lá na quinta série, porque facepalm, cê já deveria ter matado esse chefe e passado dessa fase, Lolla. Mas enfim. Eu geralmente não ligo pra ser importante na vida dos outros; meus melhores amigos ficam semanas/meses sem fazer contato, e quando nos encontramos continuamos melhores amigos. Mas o abraço especial de hoje vai pra quem te aluga quando precisa de apoio moral pra encarar uma situação/evento difícil ou tedioso, mas logo que chegam os Amiguinhos Coolcê tá dispensado. Note que os Amiguinhos Cool nunca estão disponíveis para ajudar naquelas situações tediosas porque, sendo cool, eles obviamente têm coisa melhor para fazer com o tempo. Não. Para isso serve você, o Panaca Útil.

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Tá tudo bagunçado de novo porque, como alguns de vocês já viram em outras redes sociais, tô mudando tudo de novo. E não será a última vez, porque meus ataques de “quero mudar tudo) são cíclicos. Perdi a vista do jardim, mas ganhei em luz. E em espaço, porque joguei fora muita coisa que vinha guardando por preguiça de me decidir se valia a pena manter ou não. Terminei de arrumar tudo na quarta e desde então tenho estado feliz com a nova configuração das coisas, pela daybed embaixo da janela e pela luz que entra por ela de manhã nesse finzinho de verão de dias já consideravelmente mais curtos.

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Esse ano eu estava meio chué por conta da mudança das estações, mas já passou. Tudo o que eu precisava era de um novo ninho quentinho (done), meias novas (check!), pijamas novos (em breve) e a proximidade das coisas e pessoas que fazem tudo parecer melhor. E em breve a minha estação preferida, mas enquanto ela não chega… let’s put the kettle on.

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