Postman’s Park

Se você assistiu Closer (Jude Law sendo um babaca, Natalie Portman sendo uma linda, Clive Owen sendo gostoso e Julia Roberts sendo… bem, nada) talvez lembre da cena em que, no dia em que se conhecem em Londres, Dan e Alice entram num pequeno parque com um mural coberto de azulejos inscritos. Se chama Postman’s Park, e tem esse nome porque a sede dos correios ficava nas imediações e os carteiros costumavam almoçar e descansar ali, um cantinho silencioso e tranquilo apesar de estar bem no meio do centro financeiro.

É preciso um pouco de atenção para encontrar, porque a entrada é bem discreta:

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O parque fica geralmente vazio, exceto na hora do almoço onde uns gatos pingados que trabalham e circulam pela área sentam ali para comer seus sanduíches. Sempre que estou pelas redondezas faço o mesmo. O local é tão tranquilinho que acabou entrando num guia de lugares silenciosos na cidade, chamado Quiet London.

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Dentro do parque fica também a entrada da igreja de São Botolfo (melhor nome), que existe no local há “apenas” mil anos, tendo sido demolida e reconstruída depois de sobreviver ao Grande Incêndio de Londres de 1666 – que começou numa padaria na Alameda do Pudim (nome bastante apto, inclusive) e envolveu a cidade em chamas durante três dias.

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Aos domingos há um culto da Church of Scotland e o interior da igreja é bem bonito.
E sim, eles dão chá, bolo e biscoito no final. Eu posso ou não ter me aproveitado disso.

A maior parte das igrejas aqui tem seu próprio mini-cemitério incorporado e São Botolfo não é exceção. Um dos motivos pelos quais o parque está um pouco acima do nível da rua é que, ao invés de cavar uma sepultura, os corpos costumavam ser colocados no chão e a terra jogada por cima. Bizarro ou fascinante, depende do ponto de vista.

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Nos fundos do parque encontramos por fim o mural com azulejos inscritos: é o Memorial ao Sacrifício Heróico, uma homenagem a 54 cidadãos comuns que morreram salvando ou tentando salvar outras pessoas.

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É de reviver a fé na humanidade, e também de partir o coração.

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Mãe, eu salvei meu irmão, mas não consegui me salvar.” :(

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Não vou colocar a foto da plaquinha mais famosa, mas se você já viu o filme e/ou não teme spoilers, pode ver todas elas aqui. Existe até um app pra celular com todos os nomes e as histórias de cada pessoa envolvida.

Fica a dica para quem estiver saracoteando pelas imediações da Catedral de Saint Paul e quiser uns minutinhos de tranquilidade em jardins bem cuidados. De vez em quando algum fã do filme aparece e passa uns bons minutos lendo e fotografando o memorial, mas fora isso você só vai estar na companhia dos pássaros e das flores. ♥

E claro, de todo mundo que está enterrado ali, bem aos seus pés.
Brrrrr.

Twinings, 216 Strand

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Com mais de 300 anos de tradição em comercializar chá, a Twinings é uma verdadeira instituição cultural britânica. A companhia conta com o Royal Warrant recebido da Rainha Victoria e desde então é a fornecedora oficial de chá para a família real. Também conta o privilégio de ser o chá preferido da Senhora Minha Mãe; sempre levo caixinhas, que segundo ela acabam em poucos dias e são extremamente disputadas pelas amigas e vizinhas.

Curto os chinesinhos na fachada:

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Em 1706 Thomas Twining comprou o estabelecimento conhecido como Tom’s Coffe House em Strand, Londres. A localização era perfeita, bem na fronteira entre Westminster e a Cidade – uma área que logo depois do Grande Incêndio se tornou popular com a aristocracia local. Nessa época as Coffee Houses eram bastante difundidas e apreciadas, onde homens de todas as classes sociais se reuniam para beber, fazer negócios e jogar conversa fora. Costumavam atrair clientes com interesses em comum; poetas frequentavam um estabelecimento, militares frequentavam outro. O machismozinho padrão da época ditava que as damas respeitáveis não podiam frequentá-las ou mesmo entrar nelas; as aristocratas aguardavam em suas carruagens enquanto os empregados compravam o chá.

Apesar dos esforços em reprimir o consumo através de taxas altíssimas, a bebida acabou se tornando extremamente popular no começo do século 18 – especialmente entre as classes mais abastadas que passaram também a comprar chá para consumo doméstico. 216 Strand foi provavelmente a primeira loja a vender chá a granel em Londres. :)

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Eu ando meio obcecada por tomar chá, e ver todos esses sabores em caixinhas de metal colorido à minha disposição não foi financeiramente confortável.

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As caixinhas temáticas com estampa de Union Flag. :)

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E latinhas com silhuetas do skyline londrino:

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“Please smell me” – oh, I did. :)

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Chá preto + pétalas de rosa. Poético. ♥

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O conteúdo dessas garrafinhas de Darjeeling deve ser muito especial a fim de custar 45 libras.

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Como sugere a tradição: tem café, também. ;)

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E acessórios para a sua Tea Party:

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Esse é o “bar degustação”, ou Loose Tea Bar, onde você pode pedir para experimentar os sabores à disposição na loja (também é possível montar a sua própria caixinha personalizada com os sabores que você escolher):

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Eles mantém em exposição uma pequena amostra de objetos históricos.

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E aparentemente um dos meninos do One Direction é tão fã da infusão de Limão e Gengibre (segundo reza a lenda ele sempre toma uma xícara antes de entrar no palco) que ganhou a sua própria caixa personalizada; “Naturally caffeine free…that’s what makes you beautiful!

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Saí da loja apenas com uma caixinha bem básica, daquelas que a gente encontra em supermercado – mas esse sabor eu ainda não tinha visto no Sainsbury’s e as teabags avulsas são amostrinhas. :)

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Fiquei até constrangida em ganhar uma sacola tão chique pra carregar uma caixinha que custou 1.50

para encerrar a visita, o pensamento filosófico do dia:

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Quite. ;)

I miss my pre-internet brain.

Bons tempos aqueles em que eu conseguia ler um livro de quase 1000 páginas inteiro em menos de 48 horas. Bons tempos onde praticamente qualquer livro de 1000 páginas conseguia prender o meu interesse por 48 horas. Estamos falando aqui de uma pessoa que  lia bula de remédio. Não sobrou UMA da gavetinha de remédios do banheiro sem ser estudada de cabo a rabo. Decorei mais nomes de princípios ativos e compostos químicos sentada na privada do que nas aulas de Bioquímica na faculdade.

É oficial: a internet comeu o meu cérebro.

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Decidi cancelar a assinatura do Netflix porque não tenho mais o foco necessário para assistir filmes inteiros. Nem mesmo vlogs com mais de dois minutos (às vezes 30 segundos é o limite da minha atenção). Levei dois dias pra assistir Boyhood, que eu queria muito ver, e estou até agora me recuperando psicologicamente da ruindade da película e do TEMPO que ela levou pra acabar. Eu sou a pessoa que se desespera na sala de cinema porque já desligou o celular mas esqueceu de googlar a duração do filme, e agora vai ter que sentar ali por sabe-se lá quantos minutos sem saber quando termina. Não faço a menor idéia de quando vou terminar de assistir todos os episódios da minha coleção de DVDs do Moomin, e tenho mais vergonha de admitir essa incapacidade adquirida do que de confessar publicamente que eu possuo uma coleção de DVDs do Moomin (e da Candy Candy também).

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Eu sou a pessoa que deixa de postar fotos por preguiça de escrever as legendas. Uns anos atrás eu achei que tinha material interessante e suficiente para encher um livro, comecei a escrevê-lo e hoje em dia tenho crises de riso ao me lembrar disso. Não porque o assunto seja risível (embora de certa maneira seja, mesmo), e sim porque eu realmente acreditei que depois de 2001 eu conseguiria escrever qualquer coisa que exigisse mais de duas horas de esforço.

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Meus hobbies estão abandonados. Atividades que necessitem atenção, persistência, detalhismo e criatividade estão sendo delicadamente empurradas para baixo do tapete. E entre homens reclamando do suposto feminismo em Mad Max, ou nove usos para a pasta de dente que você nunca imaginou, ou saber quem pagou pelo casamento da filha do Gil eu vou me acostumando a receber esses pequenos drops de informação, rápidos de ler (e mesmo assim às vezes pulando parágrafos), fáceis de metabolizar e de esquecer logo em seguida. Abrir um artigo, rolar a barra até o fim, concluir que é longo demais, jogar nos favoritos para “ler depois” e esquecer logo em seguida. Comecer a escrever um texto, a editar uma imagem, desanimar diante do tamanho da tarefa, colocar o trabalho numa “lista de coisas a fazer” e esquecer logo em seguida.

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Não estou curtindo, mas não tenho idéia do que fazer para reverter o processo – e em meio às tentativas fracassadas de diminuir o passo e absorver informação de maneira menos frenética, temo descobrir que se trata de um processo sem volta. Temo descobrir que nunca mais vou conseguir ler um livro e que o aumento geral da duração dos filmes (dos 90 minutos padrão da minha infância para as duras horas comuns hoje em dia) me faça desistir de ir ao cinema. Seriados já não assisto porque quando contemplo a enormidade de OITO temporadas com dez episódios cada eu realmente sinto que ain’t nobody got time for that.

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Outro dia ganhei esse sapo repousando em cima de uma pedrinha. Chamei de Teófilo e achei o lugar perfeito pra ele no meu vaso de suculentas/cactos. Observo o bichinho estático, mas que na minha imaginação está prestes a pular e eu me pergunto quando será o próximo salto e para onde ele vai dessa vez. É mais ou menos assim que acordo de manhã; sem saber ainda quando vou, ou para onde. Só sei que não vou passar muito tempo num mesmo lugar e que ando pulando demais, e assim como o meu sapinho de resina talvez seja hora de encontrar uma pedra no sol e, em paz contemplativa, voltar a simplesmente estar.

These are a few of my favorite shoes.

Imbuída do propósito de desprovar a noção geral de que eu só tenho UM sapato resolvi iniciar essa mini série com alguns dos meus preferidos. Lembro de passar tardes na infância emburrada dentro de alguma sapataria – que era minha idéia de inferno na terra. Mamãe sempre foi “shoeholic” e eu, que não via graça nenhuma em sapatos, quase falecia de tédio, revolta e impaciência.

Mas agora tudo mudou e assim como quase todo mundo que entra na idade adulta (?) eu estou me transformando na minha mãe (inclusive descobrindo um amor inenarrável por ROUPA DE CAMA, outro trauma de infância revisitado; fica pra outro post) e hoje em dia sapatos são coisas legais. Aqui começamos a Season Red, que terá duas partes, mas logo aviso que não costumo variar muito em termos de cores por motivos de maximizar possibilidades de combinação com roupas – então deverá ter uma LONGA SEASON BLACK.

Esse cute little red number foi adquirido para substituir outro favorito vermelho, por ser muito parecido:

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Logo no primeiro dia de uso eu fui para uma festa de aniversário que começou num restaurante português com drinks e petiscos; mas de lá para o outro restaurante (chinês com karaokê) onde a festa e o jantar aconteceriam eu tive que andar por quase 40 minutos com um sapato novo nos pés e, lógico, ganhei bolhas. *sad trombone*

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Próximos vermelhinhos da lista: essas mary janes:

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Zero glamour e nem vou tentar me defender, mas são tão confortáveis!

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As meias coloridas são pra fazer contraste. Vamos fingir que eu não saio de casa parecendo uma explosão na seção de tintas da Leroy Merlin, ok? Ok.

E para encerrar hoje, isso mesmo: uma Melissa (eu engolindo as palavras de quando disse que não mais pagaria preço de couro por sapatos de plástico).

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Ok, vou ter que partir o coração de quem diz que o modelo Aranha é o único da Melissa que não machuca os pés. Porque machuca os meus, sim – I’m such a sensitive little flower, after all. Prefiro usar com meia, o que nem sempre é possível. Mas estamos aí na batalha, eu e essa Melissa, porque acho o modelo bastante bonitinho e, de fato, não machuca TANTO quanto outras Melissas que já usei.

“Os anos 80 ligaram pedindo a sua infância de volta, Lolla Moon”

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Cause I’m out in the club
And I’m sippin’ that bub,
And you’re not gonna reach my telephone

[6 on 6] Spring

Ok, ok, eu sei que não estou postando nada além de flores aqui desde que a primavera começou a pôr as pétalas de fora, mas 1) o tema do 6×6 desse mês é… primavera, e b) esse lugar fica lindo demais nessa época do ano. Ado pelas ruas e sem saber pra onde olhar: cerejeiras em flor, azaléias vermelhas, lilacs roxos, forsítias amarelinhas, wisterias azuis, clematis rosas e brancas transbordando de cima dos muros, árvores em folhas novas formando túneis verdes por cima das estradas, campos e mais campos de canola amarelinhos, uma maravilha.

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Canola fields forever…

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Você sabia? A primavera é a época em que as ovelhas começam a parir ovelhinhas. ♥ Por isso é que carne de cordeiro faz parte do menu tradicional de páscoa (sorry!!).

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Forsítias e cerejeiras.

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Essa também é a época em que os patos começam a acasalar. E formam casais bonitinhos que andam juntos para todo o lado, como esse aqui tomando sol em cima de uma mureta. Love is in the air…

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Narcisos! Os arautos da primavera, ou melhor, do fim do inverno. Avistar os talos brotando em direção ao sol significa que a temperatura vai começar a esquentar.

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Magnólias são sem dúvida alguma uma das minhas florações preferidas. Poucas coisas são mais lindas do que os galhos ainda sem folhas carregados de flores gigantes. Parecem balões de gás escapando para o céu.

Outras : Taís (Irlanda) – Sarah (Noruega) – Alê (Ucrânia) – Paula (Holanda) – Rita (Portugal)

Categories 6x6

Why would I wanna be anywhere else?

Esse dia foi massa: estava em St James’ Park para fotografar uma “cliente” aproveitando a magnificência desse display de tulipas e a moça quis uma foto embaixo de uma cerejeira em flor – very romantic. O que ocorre: um pombo caga na cabeça dela. Está falecido o menino romantismo.

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When everything else fails, think sugar. Hummingbird Bakery to the rescue. ♥

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Devo informar que nunca consegui comer uma inteira e sempre tenho que levar quase metade pra casa. O colorido é o famoso Rainbow Cake; gostoso, mas tem sabor de chiclete (ou seja, artificial). O de limão e framboesa, apesar de menos instagramável, é excelente. Falta experimentar Salted Caramel e Red Velvet. Semana que vem tem mais. \o/

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Eu tô bem triste porque soquei meu laptop (que ok, já estava velho e pronto para ser substituído) e matei o disco rígido. Exatamente quando estava prestes a levantar da cadeira para pegar o HD externo e fazer o backup final. How stupid is that? Levei o dito cujo para um desses serviços especializados em recuperação de dados e me cobraram 600 pilas para salvar o conteúdo. Erm, acho que não, né. #Fuén

Perdi aproximadamente um ano e meio de imagens. Inclusive o resto das fotos do Japão, as de Luxemburgo, as do celular que eu tinha acabado de baixar, fotos de referência, gifs, textos já escritos pro blog, etc. Mas depois de refletir eu aceitei. Segue em frente, Lolla, tem outras aventuras. A única consequência é que eu não vou ter como compartilhar; mas se os leitores quiserem eu abro uma vaquinha online pra cês me ajudarem a pagar a recup… well, deixa pra lá.

Mas enfim, só para lembrar: NÃO SOQUEM O SEU COMPUTADOR. E façam backup. :)

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E as cerejeiras já estão se despedindo por esse ano. Até 2016. ♥

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E daqui a pouco tem mais frô – pra vocês que curtem e pra vocês que não aguentam mais, também. :)