Little by Little

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Depois de dois longos dias, as prateleiras da cozinha. Ufa. Furamos a parede em mil lugares diferentes (o parafuso quebrava, ou o local acabava não sendo adequado, etc) e tivemos que preencher, lixar e pintar todos os furos – inclusive os que as antigas prateleiras que estavam no lugar deixaram. Kitchen is now… 10% complete. :(

E os sofás chegaram. Montamos em meia hora (novo recorde?).

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(Eu devia ter passado a capa à ferro antes, mas enfim, vocês entenderam o conceito, risos)

O outro veio para a biblioteca:

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Essa mesinha está no momento passando por um processo de “makeover”.

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As caixas de móveis ainda por montar foram para a garagem. A aceitação da desistência.

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Sobrou muito espaço numa das estantes e eu pensei em redistribuir os livros entre elas, deixando lugar para objetos decorativos. Mas pra quê encher prateleiras de enfeites quando posso reservar o espaço para encher de futuros livros? Afinal, é uma biblioteca.

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Chantilly aprovou. Especialmente na parte da manhã, onde tem mais sol…

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Não leu nada por enquanto, mas acho que ela vai gostar do meu Book of the Cat.

O console que eu também herdei do escritório veio pra sala depois que eu movi o meu “console de caixotes” para a varanda). Também estou considerando pintar.

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O jardim está se recolhendo aos poucos sem a minha ajuda (eu deveria, mas chuva, escuro, frio, etc) porém eu queria deixar registrado aqui que estou encantada com o tom de vermelho outonal da cerejeira. Recolhi essas folhas do chão mas não tive coragem de jogar fora (ainda).

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Esse arbusto (cotinus) que plantei no fim da primavera chegou com folhas cor de vinho que depois adquiriram uma decepcionante coloração verde escura opaca. No outono, entretanto, elas se revelaram:

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E essa pequena que continua desabrochando flores no meio de Novembro? Bless. ♥

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We’ll call it Christmas when the adverts begin.

Os chás não têm, na verdade, gosto de abacaxi, laranja ou maçã.
Mas eu gosto das embalagens.

Chá novo e revistas velhas.

Os comerciais de natal começaram na TV. Ainda não vi o da John Lewis, que todos os anos produz alguma peça sentimental que vira o assunto da semana. Confesso que o único de que eu gostei foi esse, de 2010. Outro dia vi o primeiro anúncio natalino da Coca Cola de 2014 e me assustei: o ano oficialmente acabou.

Por essa época os jornais chegam pesados de catálogos de coisas que eu não tenho interesse em adquirir e usei-os para fazer uma fogueirinha no quintal. Comprei mais uma caneca para a minha coleção de louças da Ikea. Fiz doze quadradinhos coloridos de crochê; faltam apenas mais 348 para a colcha que eu provavelmente nunca vou terminar. Passei duas horas tentando pôr prateleiras na parede da cozinha (sem sucesso), assistindo Big Trouble in Little China com os meninos e pensando em como é terrível passar o Natal no Brasil e como é bonito o Rio de Janeiro no inverno. Saudade e alívio.

Yet another sunday.

Changes in light.









A luz mudou, muitas árvores já quase nuas, os dias são curtos, o vento se sente mais frio e a chuva fina irritante aos poucos começa a fazer sua aparição diária. Fase de instrospecção e análise e remoção de excessos. As camadas de lã e algodão que uso para me proteger do clima já são pesadas demais; não preciso arrastar peso extra por dentro.

Não quero mais cultivar em mim o que eu mesma não entendo. O veneno desnecessário, as indiretas diretas, as tentativas de atingir quem está apenas levando a vida – de uma maneira talvez vagamente reprovável, mas que se não prejudica por que raios importa? Por que me manter voluntariamente ao redor de gente a quem tenho tantas críticas a fazer? Preguiça de dar unfollow, block, deletar o contato do telefone, tirar o nome da lista de cartões de natal? Medo de acabar sem ter ninguém para dar like no status, na foto de festa, no selfie inseguro, na curadoria de fragmentos tentando reafirmar que a vida é bela e por favor, concordem, porque aí sim talvez eu acredite?

Abrir as garras desse afeto interesseiro e deixar as pessoas irem. Se tudo o que conseguimos pensar quando pensamos nelas se resume a escárnio, então para o bem de todos (delas e nosso) talvez devêssemos considerar esquecê-las. Otimizar o banco de dados, deixar na mente apenas o que valer o espaço que ocupa. Vamos nos deixar ir. Nos despedir com um aceno de mão imaginário e a consideração que não foi bastante para que pudéssemos ser amigos mas que talvez seja suficiente para nos libertar do estorvo da insinceridade.

The Green Den

No final do ano passado eu me apaixonei por suculentas e a varanda estava cheia delas. O romance prossegue, mas como 2014 não tem sido um ano dos melhores houve uma certa negligência e o contato se tornou mais esporádico. Agora, cerca de um ano depois do primeiro encontro, estamos tentando reacender a chama da paixão. A vantagem das suculentas é justamente a sua resiliência a maioria continua aí, firme e forte. E pronta para mais períodos de seca. :)

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Suculentinhas novas nascendo:

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Cactos também, por que não?

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Muitas perderam a cor e “esticaram”, infelizmente. Suculentas, além de pouca água, gostam de MUITA luz – quanto mais escuro for o verde das folhas, mais toleram a escuridão; as clarinhas ou coloridas precisam de sol para manter a cor, do contrário ficam escuras e opacas. A varanda não é o melhor lugar pra elas, mas é o mais iluminado da casa, então eu prefiro escolher as minhas mais pela forma do que pela cor.

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Então não sei se compro alguns “móveis de jardim” ou se apenas faço umas almofadas coloridas pras cadeiras, algumas plantas altas para pôr no chão e deixo assim mesmo. No momento isso não é prioridade, então eu tô usando mesmo é pra fazer crochê e escutar música – ocupando o espaço, a fim de evitar que o respectivo transforme a área em depósito de ferramentas.

[6 on 6] Neighbourhood

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Admito que a área central do borough de Havering não é o lugar mais tradicional, cool ou pitoresco de Londres. É o coração do subúrbio, quase divisa com o condado de Essex. Há vantagens: o comércio é excelente, relativa segurança, boas escolas, transporte abundante (várias linhas de ônibus e trem), pubs e muitos parques espalhados pela vizinhança. Já em termos de arquitetura… Digamos que no século passado houve uma expansão muito rápida de população, casas precisaram ser construídas depressa e nem sempre o fator aesthetics foi levado em consideração. Existem diversos prédios antigos e casinhas vitorianas, mas não são a maioria.

Essa é uma “market town” e o mercado medieval que existe aqui há 800 anos continua operante, três dias por semana. É claro que ele mudou muito desde então, e hoje em dia ao invés de vacas e porcos vivos podemos encontrar barracas vendendo comida, plantas, artigos de decoração, roupas usadas e CDs bregas. Temos três shopping centers e muitos clubes noturnos. Os restaurantes são meio mais ou menos, no entanto.

De modo geral eu curto morar aqui. Nos permitiu conseguir uma casa maior e ter um pouco de verde, espaço e silêncio. :)

Outros cantinhos na Irlanda (Taís), Holanda (Paula), França (Nicole), Portugal (Rita) e Noruega (Sarah).

That was the week that was.

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Sentindo frio de casaco dentro de casa. Que sensação maravilhosa. Vela aromática ancestral da Ikea. Perfume intenso, qualidade bem melhor do que as que eles produzem ultimamente. Achei três numa das caixas da mudança e elas estavam até meio oleosas, desprendendo essência durante anos de abandono. Se não me engano vieram de Bristol em 2005, quando comprávamos coisas para a casa que estávamos começando a arrumar. Nove anos.

Achei três, já queimei duas. Eis a derradeira

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Duas coisas que se fazem muito aqui nessa casa ultimamente: chá e bagunça. Mal posso esperar pra essa “mudança” acabar logo.

Inacreditáveis 20 graus no meio do outono, poucas nuvens num céu de brigadeiro, eu maldizendo a idéia de ter colocando uma camiseta de manga por baixo do vestido de lã. Beautiful end to a somewhat shitty month.

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A parte menos beautiful foi, como sempre, o atendimento no Caffé Concerto. Não sei por que insisto. Nem por que eles insistem em contratar essas moças que parecem ser alheias ao conceito de sorrir, retribuir o “hello!” e não agir como se trabalhar ali fosse o maior infortúnio de todos e cada cliente apenas mais uma inconveniência. Eu sei como é chato ser antisocial e ter que bancar a Miss Simpatia no trabalho. Mas se você quer trabalhar no setor de HOSPITALIDADE é necessário aprender a arte da falsidade. Do contrário eu fico chateada, você não ganha gorjeta e, se as reviews do estabelecimento no FourSquare e Trip Advisor continuarem a prejudicar o estabelecimento você pode ir parar na rua. E nós não queremos isso, então por favor, da próxima vez por obséquio não jogue o prato na minha mesa? Tenho certeza que você não faz isso com a vasilhinha do seu dog. Grata.

À noite tivemos festejos halloweenicos numa casa grande no centro, onde eu ameacei não ir porque não queria sair da dieta com doces. A solução foi inusitada: meu amigo, sem me avisar dos planos, me trouxe uma bandeja de LINGUIÇA.

– Eu trouxe uns chocolates diet e só posso beber vodca, ok?
– Eu acho que ele trouxe linguiça pra você.
– Haha, ele é zuão.
– Não, acho que não é brincadeira, ele trouxe linguiça mesmo.
– Gente, ele não ia trazer LINGUIÇA pra festa, né? É claro que é brincadeira.

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Não era. Uma bandeja com UM QUILO de linguiça apimentada de vaca (!) se materializou em cima da mesa, junto com uma garrafa de vodca. A festa era mais do mesmo: música ruim e gente chata bêbada/drogada/ambas/apenas bêbada e chata mesmo, por isso ficamos no conservatório (onde havia uma TV, um sofá florido da Ikea e um gato felpudo tirando um ronco embaixo da mesinha de centro) assistindo Splash (1984! 30 anos desde que Daryl Hannah saiu do mar pelada, pegou um táxi e foi parar na Bloomingdale’s) e fatiando linguiça com uma faca imensa de açougueiro e bebendo vodca misturada com diversos tipos de bebida sem açúcar. Mais low carb, impossível. ♥

E assim se foi Outubro. Mês perdido entre caixas e poeira, uma caçamba estacionada na frente da casa e muitas idéias para os próximos meses. Mun-rá give me strenght.

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O caminhão da mudancinha chegou, e com ele esse céu depois da chuva. ♥

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Halloween pelas ruas.

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Roubando o pastel de nata alheio pra fazer foto pro instagram. :D

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No carro, tendo idéias e vendo a cidade anoitecer.

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Comecei o dia no shopping, terminei jantando numa filial semi-vazia do Café Rouge em Weybridge esperando o engarrafamento LETAL na M25 morrer.

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Conseguiram fazer arte na espuminha do meu Americano – que não leva leite, e por isso eu fiquei boquiaberta. O bife estava gostoso. Não tem foto. :)

Coisas que eu acho nos supermercados aqui:

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1. Uma lata de corned beef, supostamente feita no Brasil, com o nome da cidade capital do condado do Devon e que ainda por cima é “halal” (o método de abate de animais aprovado pelo islamismo). Que mistura!

2. Sopa com sabor de… cock. I say no more.

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Have cat? Have box? WILL have cat in box. :)

Goodbye October.

Foguetório de Guy Fawkes na rua. Acho engraçado eles anteciparem a data pra “cair no fim de semana” quando a festa acaba antes das nove da noite anyway e não é como se fosse atrapalhar a “school night” das crianças.

Respectivo passou o dia em Stratford embalando tudo para pôr na van alugada e mudar o escritório. Veio brevemente descarregar caixas em casa e voltou para dar carona aos ajudantes. Abri uma champagne barata do Tesco, sentei na frente da casa sozinha e fiquei observando os fogos na rua, alternando o olhar entre o céu escuro pontilhado de pólvora em chamas e a grama meio úmida e pontilhada de folhas de outono sob os meus pés. Uma vibe reveillon, trilha sonora e cenário, como se eu tivesse de novo 10 anos e, de saia balonê amarela sentada sozinha no canteiro do jardim olhando a grama e os fogos e ouvindo os estouros, sentisse uma curiosa paz. Havia uma festa acontecendo em outro lugar; havia várias festas acontecendo em muitos lugares, a minha bebida estava gelada (outrora Keep Cooler, agora champã de 13,99), o clima estava ameno (verão no reveillon do Rio, outono a 20 graus Celsius aqui) e não havia absolutamente nada nem ninguém para interromper meus pensamentos.

Bliss.

Welcome, November.
Outubro não prometeu, mas também não cumpriu. Os últimos 30 dias foram caóticos, cansativos e frustrantes.
Esperando que os próximos sejam melhores. ♥