

Depois de dias de desculpas esfarrapadas pra me deixar esperando, finalmente o caminhão do brechó veio buscar as coisas que vendemos. A maioria móveis do antigo escritório do Respectivo, mas também a nossa geladeira de Jersey, que estava ocupando espaço na garagem. No momento usamos uma pequena que veio com a casa, já embutida nos armários da cozinha. Não é grande, mas serve duas pessoas.
Lembro de quando a comprei, nove anos atrás, numa visita a Bristol com uma van emprestada do amigo do Respectivo. Fomos com a cunhada, e graças ao poder de persuasão dela conseguimos a geladeira pela metade do preço – porque era uma devolução de cliente que tinha recebido a cor errada. Ela também conseguiu que a loja nos vendesse um fogão que estava no mostruário. O vendedor tentou explicar que não era possível, mas ela fez o menino “subir para falar com gerente” umas cinco vezes (até se ofereceu pra subir ela mesma), até que o o cara deve ter perdido a paciência “VENDA PRA ELA, DÊ O FOGÃO PRA ELA, FAÇA QUALQUER COISA MAS TIRE ESSA MULHER DAQUI!”.
A geladeira funcionou muito bem por vários anos, e era legal apertar um botão na porta e tirar água filtrada e geladinha, ou apertar outro botão e tirar gelo (em cubo ou moído, à escolha). Só que era grande demais para o espaço disponível nessa casa, so it had to go. Fiquei meio triste vendo a bicha indo embora, eu e esse meu apego bizarro a coisas. Tchau, Big Fridge, you’ve been a good girl. Espero que vá para uma casa legal e tenha muitos anos de vida servindo a uma família grande, com crianças e adolescentes abrindo suas portas de 5 em 5 minutos e uma mãe que encha suas prateleiras de tupperware cheios de sopinha e carne congelada e cerveja pro churrasco e bolos de aniversário. ♥

Prateleiras das lojas já tomadas por enfeites de natal desde o final de setembro. Acho terrível que tenham passado por cima do halloween, mas a Inglaterra nunca foi exatamente fã desse feriado – apesar de ele ter se originado aqui, fora umas festinhas domésticas para crianças com copos de papel estampados com caveiras e festinhas em pubs para bêbados vestidos de vampiro, well… Nada.

Três semanas desocupando espaço, colocando piso no sótão, arrumando lugar para coisas que estavam guardadas há anos em caixas cheias de aranhas mortas que estão sendo abertas aos poucos. Umas das coisas que achei foram as minhas agendas da adolescência. *insira risadas histéricas*

O sótão, agora funcional, já está recebendo caixas (revistas, coleções, enfeites natalinos, lixos com carga emocional que ninguém consegue jogar fora, etc) e a mudança se tornando mais real com cada item que encontra a sua posição definitiva.

Eu curto essas mini tigelas de cerâmica porque foram feitas pelo Respectivo na aulas de pottery, quando ele ainda era um pirralho de calças curtas.




Acho que ainda temos mais uma semana de trabalho pela frente.
Depois disso é iniciar o processo de empacotar o jardim, dar um up na temperatura do aquecedor, tirar as luvas da gaveta, trazer os cobertores para o sofá, pensar no que vou comer no Natal e, aos poucos, começar virar a página de 2014.