That was the week that was.

1. Um dia desses, admirando o céu nublado.

2. TopShop é o melhor lugar pra comprar sapato na promoção. E eu já mencionei a alegria de ser novamente época de usar botas?? ♥

3. SWEATHA WEATHA. ♥ E hora de arrumar esse armário…

4. Essa suruba de cogumelos.

5. Essa cabeça aqui fazendo cara de “BITCH, PLEASE”.

6. Os melhores e mais bizarros lugares para tomar brunch na cidade. Pergunte-me como.

7. Achar no meio da faxina uma lata cheia de canetas que você esqueceu que tinha.

8. Food is my boyfriend.

9. Cappuccino perfeito.

10. Abrir a revista e só ler vdds.

(A título de curiosidade: “That was the week that was” / TWTWTW / TW3 era o nome de um programa jornalístico/humorístico do começo dos anos 60 aqui na Inglaterra)

I’ll tell you my sins and you can sharpen your knife

Vamos brincar de compartimentalizar? Vamos.
Extrovertidos = estímulos externos, comunicação, agitação, gostam de sair, formar laços e de cachorro. Introvertidos = estímulos internos, análise, tranquilidade, gostam de ficar em casa, da própria companhia e de gatos. E muitas vezes os extrovertidos vão achar os introvertidos meio esquisitos/chatos, e os introvertidos por sua vez vão achar os extrovertidos meio básicos/irritantes.

Isso é só uma observação minha, e não está escrito em nenhum livro ou pedra. Nem mesmo naquela debaixo de que eu, como boa introvertida, me escondo. Vivo me explicando para extrovertidos, que costumam analisar ao pé da letra tudo o que ouvem. Talvez por não terem tempo de refletir sobre o que acabaram de ouvir porque precisam chegar logo a uma conclusão a fim de “manter a conversa andando”. Perdi as contas de quantas vezes interrompi uma opinião precipitada para perguntar, “eu sei que você OUVIU o que eu disse, mas você ENTENDEU o que eu quis dizer?”

Respira, doido.

Outro dia eu li no jornal sobre um experimento feito com dois grupos de pessoas: um que havia se declarado como “extrovertido” na entrevista e outro que havia se declarado “introvertido”. Depois da entrevista elas eram deixadas individualmente em uma sala e ouviam “você se importa de esperar aqui por 15 minutos?”. Na sala havia uma botão que, quando apertado, fazia com que músicas tocassem e luzes se acendessem. Os introvertidos apertavam o botão uma vez, descobriam o que ele fazia e não apertavam de novo. Os extrovertidos passavam os 15 minutos apertando o botão continuamente. Necessidade de estímulo externo. O introvertido abana a cabeça. “Passaram os 15 minutos olhando pro nada”, pensa o extrovertido. E abana a cabeça também.

Certa vez eu estava com duas pessoas na casa de uma delas. Enquanto tomávamos cerveja na piscina, o cachorro do dono da casa (um desses raros introvertidos que prefere cachorro a gato, embora ele reclamasse que o bicho era “carente”) escapa pelo portão que o moço da entrega de gás tinha deixado aberto. Saímos para a rua a procurar o cão. A extrovertida diz, “vamos pedir ajuda pra procurar, perguntar às pessoas se elas viram o cachorro”. O introvertido diz, “o cachorro é meu, eu sei como ele é; não preciso pedir ajuda a ninguém, não complica”. O introvertido assobia e chama pelo cachorro; a extrovertida começa a parar pessoas na rua a fim de perguntar se elas por acaso viram um cachorrinho marrom. Notei que ela perdia mais tempo procurando gente para procurar o cachorro do que, efetivamente, procurando o cachorro. O introvertido perdia tempo reclamando disso.

Embora o reclamão fosse chato (e nem todo introvertido é chato, juro – embora possamos parecer assim para extrovertidos) eu reconheço que a necessidade da outra de interagir para tudo, de buscar nos outros, mesmo que fossem estranhos, um certo consolo no meio do desespero não ressonava em nada comigo. Ela teria tropeçado naquilo que estava procurando, tão focada estava em fazer o mundo inteiro saber que tinha sumido. O chato assobiava.

Por fim eu achei o cachorro. Seguro pela coleira, levo portão adentro, fecho o trinco e volto para a rua a fim de procurar os dois e anunciar a minha descoberta.

Os dois: “onde ele estava??”
Eu: “não sei, eu estava ali parada e irritada com vocês quando senti algo lamber o meu dedo.”

Isso descreve de forma mais ou menos precisa a minha personalidade.

(fotos em Battersea Park / Albert Bridge / Chelsea Embankment, iphone)

And your lips go blue with your thoughts

Saldo do prejuízo de ontem:

Descobri que a lojinha da Artbox, que antes ficava em Camden mas fechou anos atrás, se mudou pra uma galeria em Seven Dials e aumentou muito de tamanho. ♥ Fui atendida por uma mocinha japonesa super simpática e admirei artigos de papelaria ao som de J-pop. Me senti em Tóquio de novo; só faltou uma maquininha de gashapon num canto – fica aí a dica, Artbox. :)

Eu estava querendo esses Sonny Angels “moreninhos de praia” há um tempão. Ontem mesmo ele já estava dando pinta no Instagram.

As canetas são uma graça e bem fininhas (ponta variando entre 0.3 e 0.4), como eu prefiro. Os bloquinhos eu pretendo usar como post-its (basta colar com fita washi). A 1,80 cada eu me arrependi de não ter comprado outros; num deles o personagem é uma “berinjela bêbada”. Gotta love Japan.

Os dots de feltro não têm utilidade prática, apenas decorativa. Eu também deveria ter comprado mais porque eles tinham todas as cores do arco-íris.

E o melho é receber suas compras nessa sacolinha que eu não tive coragem de jogar fora.

Ali perto tem a Magma Books onde eu encontrei mais um exemplar da revista Flow.

No fim do dia eu fui pegar meu trem em Victoria Station e já que estava ali mesmo fucei as prateleiras da HEMA (já falei dela aqui). Eles têm uma variedade bacana de caderninhos tamanho A6 de capa dura, que funcionariam muito bem como agendas/planners ou até mesmo journalling se você não for muito prolixo.

Mais uma das muitas surpresas dessa cidade: parar num posto de gasolina e descobrir que Alfred Hitchcock nasceu ali (quando era uma casa e não um posto de gasolina, claro):

E quando olho pro lado me deparo com essa singela homenagem de um artista local ao diretor de Os Pássaros: (destaque para a pequena Tippi Hedren desesperada, o que imediatamente me faz lembrar dessa Barbie, risos).

Love you, London. ♥

Alexandra Nurseries

Seguindo a indicação de um blog eu outro dia fui parar nesse garden centre: Alexandra Nurseries. Eu acho fofo que a palavra “nursery” aqui signifique creche, quarto de criança pequena e loja de plantas; ou seja, qualquer lugar onde coisas estejam sendo “cultivadas”, sejam bebês ou tomates. Essa aqui vende plantas, vende comida, vende itens vintage e fica escondida numa curva do caminho chamada Penge no sul da cidade.

Devo dizer que em matéria de preços não é o lugar mais barato. Eu costumo comprar minhas plantas em Chigwell e Longhouse, onde a relação custo X benefício é bem melhor. Mas lá eles não têm cafés nem comercializam objetos. Então eu acho que esse lugarzinho aqui vale a pena para passar uns momentos charmosos do seu dia tomando café com bolo (e devo dizer que os bolos, que eu não provei, tinham uma cara ótima) cercado de flores e plantinhas verdes enquanto considera a compra de frescuras vintage.

Aeonium purple. ♥

O cantinho das suculentas:

Na lojinha fica também o balcão que serve bolos, cafés, saladas e pães caseiros.

SE20 é o código postal de Penge. Uma almofada com o seu CEP bordado? Define bairrismo. :)

Livrinhos de bonecas de papel (alguém aí lembra?) dos anos 70.

Peguei meu aeonium, meus vasos de terracota velhos (três libras cada um e Respectivo quase infartou: “MAS SÃO VASOS DE TERRACOTA VELHOS!” – “vintage”, eu corrigi), entrei no carro e voltamos para casa. Vale o passeio. Experimentem o bolo por mim e me contem.

The Fragrance List: Amarige

Motivada pelas perguntas que recebo sobre perfumes favoritos eu resolvi criar essa “tag” sem tag para falar dos meus. No momento o “bottle count” da casa está em treze frascos, mas a minha wishlist é enorme – hello, Escentual.

Um deles é um caso típico de Amor X Ódio: Amarige, da Givenchy. É uma fragrância clássica e intensa, garantia de sucesso com as gerações mais velhas – especialmente aqueles cujo olfato começa a diminuir com a idade e não é mais tão simples perceber aromas sutis. Mas um amigo meu, na casa dos 30, se recusa a me ver se eu estiver usando porque deixa ele enjoado. “Fresco”, eu pensava, mas na verdade através dos anos eu encontrei perfumes que tiveram o mesmo efeito sobre mim, portanto agora eu costumo ser mais compreensiva com os reclamões. O que não quer dizer que eu não irei usar ocasionalmente quando sei que vou encontrar o fresco, só pra irritar. :)

Amarige foi criado em 1991 para a House of Givenchy. O design do frasco foi inspirado no design da “Bettina Blouse”, uma das peças da primeira coleção de Hubert de Givenchy – batizada em homenagem à sua modelo e musa Bettina Graziani. É um floral adocicado com base amadeirada e tem notas de flor de laranjeira, pêssego, violeta, ameixa, orquídea, rosa, gardênia, sândalo e baunilha. Mas, como todo perfume, vai ser percebido de maneiras diferentes em contato com a pele de cada pessoa. Minha mãe adorou, o que é um problema porque agora ela gasta um vidro desses a cada seis meses e espera ganhar um novo. Ouch. :/

De vez em quanto até eu pego bode do Amarige. Preciso deixá-lo de lado por uns tempos, esquecido no fundo de uma gaveta escura, e esperar pelo dia em que eu vou me lembrar dele e sentir uma vontade irresistível de sentir o perfume. Outro dia achei isso colado numa agenda velha: “I like to spray a bit of Amarige in the air and walk into the mist, feeling like a goddess afterwards; the kind of woman that walks into a party and causes everyone to fall in love with her a little bit.

To my beautiful, tortured nemesis.

Foi só depois de alguns meses que eu deixei o Brasil em definitivo que finalmente quebrei um hábito de anos: deletar sucessivas contas de email e criar novas, para fugir de você. Eu passava horas rabiscando idéias esdrúxulas para nomes de usuário em guardanapos de boteco, páginas de revistas, livros, agendas… Até hoje quando resolvo revirar os rastros físicos do meu passado, na forma de um livro querido de infância ou um encarte de CD, eu esbarro nessas palavras (“deaddonnut”… “miss_ann_thrope”… “perfectlyhideous”…), que não fariam o menor sentido aos olhos de estranhos mas que me afundam a alma em desconforto.

Seu ódio por mim fez com que você focasse nas nossas diferenças; minha tentativa de compreender o seu ódio me fez buscar nossas similaridades. E durante esse processo eu percebi que em alguns aspectos nós éramos bastante parecidas. O dia em que chegamos usando os mesmos sapatos baratos, ainda que você tivesse dinheiro para calçar os tênis mais caros. O fato de que não nos importávamos muito com maquiagem ou cabelo. De que nunca optávamos pelos sabores mais populares na sorveteria – eu pedi jaca, você fingiu vomitar mas pediu feijão “porque era engraçado”. De que nos recusávamos a usar *qualquer* peça na cor branca durante o reveillon. Aquela tarde em que nós duas gritamos ao mesmo tempo “não tira! deixa aí!” quando alguém tentava sintonizar outra rádio no carro porque começou a tocar Joy Division. Nossas respostas assustadoramente parecidas nos cadernos de perguntas. A falta de traquejo social e inabilidade de jogar conversa fora – o lance era abrir a alma ou nada. A tola fascinação juvenil pela chuva/roupas pretas/Londres. A risada compartilhada na mesma piada ruim que ninguém mais entendeu. As opiniões vagamente controversas e o gosto pelo humor escatológico. O medo de que ele eventualmente fosse encontrar outra pessoa com quem se importar. E em meio a todas aquelas pessoas, a Solidão.

Você me disse e fez coisas horríveis. Impensáveis, hediondas, monstruosas. Coisas que poriam você na cadeia. Coisas que me fizeram questionar os níveis mais básicos de confiança nos humanos. Mas você devolveu o meu livro pelo correio e colocou um saquinho de balas na caixa – que eu, sinto dizer, joguei fora por medo de envenenamento. Você me defendeu quando me acusaram injustamente. Você me ajudou a procurar o cordão que eu perdi na piscina. Você pediu perdão (e eu fingi não perceber o seu ar de escárnio no background). Você pediu sorvete de jaca no dia seguinte. Eu não lembro se provei o de feijão.

As últimas notícias suas que chegaram a mim por contatos em comum não eram boas. Sua vida estava exatamente onde naquela última tarde eu previ que estaria: no esgoto. Com essas palavras eu virei as costas e não nos vimos mais de frente. Mas eu encontro você quase todos os dias, nas palavras cruéis dos outros onde a sua voz ainda ecoa. De certa forma eu lamento pela natureza grotesca da sua queda anunciada, mas é assim que os grandes caem: espetacularmente. Você esteve no topo e foi de lá que despencou. Impossível não machucar.

Percorrer meus arquivos online (blogs, sites, FAQs) sempre que você me descobria e deletar coisas que eu não queria que você lesse fez com que eu me perguntasse várias vezes por que diabos eu não optava pela solução mais simples, colocando senha em tudo. Era assim que eu me rebelava contra a sua perseguição? Me punindo com angústia desnecessária? E do que, afinal de contas, eu tinha medo? Dando scroll freneticamente através dos anos, me perguntando até onde você tinha chegado nos meus arquivos e o quanto já teria lido – eu estava correndo contra o insondável. E nem era como se eu realmente me importasse em apagar os supostos segredos; não é como se eles realmente fossem segredos para você. Não havia uma única frase que você já não tivesse ouvido antes – de mim, dele, dos outros. Nem um único episódio que lhe fosse desconhecido. Meu medo não vinha da vergonha, mas sim do orgulho. Eu sabia que você se lembrava de tudo; eu só não queria que você soubesse que eu me lembrava também.

Porque em pelo menos uma coisa eu queria muito que nós fôssemos diferentes. Mas bem, nós não somos.
Nós nunca vamos nos livrar do passado.

If you read this. I hope you’re well.

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Este post faz parte da blogagem coletiva “Das cartas que eu nunca te escrevi” do Rotaroots, um grupo de blogueiros saudosistas que resgata a velha e verdadeira paixão por manter seus diários virtuais. Para ler todas as blogagens coletivas do Rotaroots, clique aqui. Quer participar? Então faça parte do nosso grupo no Facebook e inscreva-se no Rotation.

Lately and around.

Comprei um pacote de mistura para pão Atkins.
Not pretty, mas ficou ótimo.

Tem bastante nozes, mas não compromete o sabor e nem o gostinho de pão.

Ficou muito bom com manteiga salgadinha e café + creme.
Infelizmente deixei fora da geladeira sob sugestão do respectivo e dias depois estava com gosto rançoso. Tive que jogar o resto fora. :(

Coisas que andei comendo por aí:

Frango coberto de presunto de parma + queijo derretido e molho de tomate. Quase uma pizza. (@ Il Boteglio)

Fígado de frango (que eu adoro) em molho de laranja + redução de balsâmico. (@ Morello’s)

Coisas que a Chantilly andou comendo. Isso é o que eu chamo de “prato colorido” e “dieta balanceada” (jargão de nutricionista, haha). O inconveniente é que ela costuma vomitar por esporte – e esse vermelho vai ficar lindo no meu carpete bege…. Not.

Passeios na Ikea. Que está ficando cada vez mais cara. Aliás a Ikea UK é uma das mais caras do mundo; desvantagens de ganhar em libras?

Registrando o primeiro dia desse verão em que foi possível sair usando um pulôver.
Adivinhe? Está acontecendo.

O céu está azul, mas em breve isso deve mudar.
Na rua fiquei olhando esses saplings (“filhote de árvore”, como eu chamo) e pensei que daqui a 200 anos, se ninguém cortar, eles ainda estarão aqui. I will be long gone, and so will all my problems. Um pouco de perspectiva nessa tarde. :)

[6 on 6] Architecture

Hoje é dia 6 e o Projeto 6 on 6 não pode parar. Infelizmente pra mim ele quase parou porque o dia escolhido para pôr a câmera na bolsa e sair pela cidade não podia ter sido um fracasso maior. Depois de semanas de sol e céu azul o tempo amanheceu nublado e a luz chocha destruiu as fotos; nem photoshop na causa deu jeito. Outra coisa que destruiu as fotos e eu só fui perceber na hora de editar é que a lente estava suja. Um cacetada de manchinhas nas fotos que eu fiz o possível para remover na edição, mas meu talento é limitado. Some-se a isso o fato de que eu estava com dor de cabeça – valeu, cetose! – e a área que escolhi fotografar por ter elementos arquitetônicos únicos e de épocas diferentes é extremamente movimentada (trânsito e pessoas) durante a semana e… já era. :(

O plano de mostrar prédios em particular – como o Staple Inn, uma antiga estalagem medieval da era Tudor e que sobreviveu ao Grande Incêndio de Londres de 1666 e aos bombardeios da Segunda Guerra – foi por água abaixo. Sorry. Tento me planejar melhor mês que vem. :/

Outras cidades: Paula (Holanda) – Nicole (França) – Taís (Irlanda) – Rita (Portugal)