Looking for flying saucers in the sky

Tá certo que Londres é famosa pelo ar vitoriano das suas ruas e pelos palácios e monumentos inescapavelmente associados ao passado – Big Ben, Buckingham palace, Tower Bridge, Admiralty Arch, Saint Paul’s cathedral, Trafalgar Square, Westminster Abbey, Tower of London, Battersea station, Kensington palace, etc. Mas os novos e modernos prédios que vêm sendo construídos durante a história mais recente são uma atração à parte – e um dos melhores lugares para se observar de vários ângulos essa arquitetura contemporânea é a área em torno da estação de London Bridge.

Daqui é possível ver o “Walkie-Talkie”, o “Gherkin” (pepinão), o “Cheese grater” e Heron Tower. Num dia bonito e quente como ontem as pessoas que trabalham nas proximidades gostam de pegar uns rayitos de sol nas escadarias do City Hall enquanto consomem o sagrado sanduíche da hora do almoço. A área não costuma receber muitos turistas durante a semana, e pra quem quiser comer bem ali pertinho tem o Borough Market, com comida artesanal, orgânica e deliciosa.

Enfim, é um daqueles pontos da cidade que te faz sentir dentro de um cartão postal gigante.

O único senãozinho da área é ser meio “labiríntica”. Como os prédios são altos você não vê o horizonte e pode ser meio complicado se orientar. Fora que tem um baita Tâmisa bem ali no meio do caminho, right? Nada que um bom GPS não resolva, mas outro dia eu me perdi ali com uma amiga que veio de outro país e me senti meio estúpida – ok, não ajudava muito o fato de que estávamos tagarelando pelo caminho. Preciso passear mais pela área para me familiarizar. Plano já em ação!

A mensagem filosófica na fachada minimalista do London Design Museum (eles costumam mudar a frase, alternar com grafites, pinturas, etc):

The Shard:

A foto indefectível:

Butler’s Wharf, no antigo porto de London Bridge. Quando ele foi desativado (e depois de anos de abandono) os galpões foram transformados em prédios de luxo iniciando a revitalização de uma área que sempre tinha sido meio insalubre. A parte térrea foi ocupada por restaurantes, cafés, bares, floristas, lojas de produtos artesanais, delicatessens, etc.

Os apartamentos são grandes e as paredes internas repetem os tijolinhos da fachada externa; perfeito pra um decor estilo industrial. O sócio do Respectivo alugou um apartamento ali por uns tempos para uso dos co-workers, onde tive a chance de me hospedar e acordar com a vista da Tower Bridge da janela. Surreal.

Os barquinhos no rio com os prédios de Canary Wharf no background, a pontinha do One Canada Square no horizonte.

Ali perto do City Hall tem uma pracinha escondida por um quadrilátero de prédios residenciais e cafés. Costuma ser bem tranquila e bem no meio dela tem um chafariz habitado por esculturas de meninas se banhando ou tomando sol, deixando seus “pertences” às margens.

Parece que ela estava fazendo notas com o papel e a caneta e parou pra refletir. Bem ali atrás deixou o par de sapatilhas e o relógio (oculto). A câmera espera o momento certo de entrar em cena pra registrar um momento – que deve ir parar no instagram, haha.

Aqui eu já estava em Elephant & Castle, onde tinha ido almoçar; como também gosto muito do design do Strata e suas enormes turbinas de vento encarando os céus, ei-lo:

Em Oxford Street eu, sei lá, curti a mensagem da vitrine – apesar de ser um tanto irônica em se levando em conta que eu estava na maior shopping street da Europa, uma das ruas mais capitalistas do planeta: tem TRÊS filiais da Zara, duas Primarks, três H&M, a principal loja da Forever21 no Reino Unido, a matriz mundial da TopShop (cinco andares), etc. Simple things? Sei.

E agora chega, que o post já perdeu totalmente o foco e as aleatoriedades tomaram conta. ;)

(Fotos feitas com um iPhone 5S e editadas com o Snapseed)

Hallelujah Anyway

Eu tenho uma pequena coleção de livros usados bizarros que “me aconteceram”. Eu nem mesmo tinha saído para comprar livros, mas uma banquinha de promoção sorrateira me apareceu no meio de uma calçada e… São vários exemplares de coisas que se jogaram no meu caminho, às vezes tão estranhas que parecem não ter um nicho nessa dimensão e sim caído de outra realidade; eu jogo o nome no Google só pra encontrar online e me certificar de que realmente existem.

O exemplar abaixo, por exemplo: não consegui deixar para trás um livro que mistura ilustrações com fotografia, poesia surrealista e tem sereiazinhas misândricas – que não somente NÃO encantam marinheiros como também se fingem de podres para afugentar pretendentes – numa vibe “prefiro estar morta feat. decomposta a te dar bola”

Priceless. Ok, na verdade teve preço sim. 3 libras.

Trespassers will be prosecuted welcome. ♥

Hallelujah Anyway foi publicado há 30 anos e já está out of print.

Enquanto fazia esse post fui procurar um link do autor, Patrick Woodroffe, e descobri que ele morreu há pouco mais de dois meses. Mais ou menos na mesma época em que eu subitamente me lembrei desse livro e fui fuçar as caixas de mudança para encontrá-lo. Bizarro indeed.

Try to catch a deluge in a paper cup

Ontem eu percebi cedo que o calor ia passar dos limites do tolerável e, como sou masoquista, vesti meus leggings de bolinha e fui fazer caminhada em Havering-atte-Bower, uma área de conservação ambiental aqui perto.

Havering-atte-Bower faz parte do borough de Havering (onde eu moro) e é quase divisa com Essex. Fica numa área um pouco mais elevada e essa pracinha gramada (ou “Green”, como eles chamam esses espaços) fica no topo e a vista lá de cima é fabulosa; dá até pra ver Canary Wharf e o Millennium dome ao longe. Ao redor da praça há uma igreja com um cemitério antigo, casas com janelas floridas e a estrada para Stapleford Abbotts.

Passei uns momentos de tranquilidade nesse banquinho curtindo a brisa e a vista, até que um cachorrinho chamado Tango veio bater papo e fizemos amizade.

Vi esse objeto exposto na beira da estrada, achei que fosse algum tipo de instrumento de tortura e estava certa; tanto servia pra chicotear pessoas quanto para mantê-las no lugar até a puliça chegar. Note que houve um tempo em que os ingleses não eram assim tão “gentis”.

Essa cidade é mesmo um lugar esquisito; você sai do metrô e em 20 minutos de caminhada pode estar levando uma chuva de mato picado pela cara porque um camarada num TRATOR está moendo grama seca para fazer comida de vaca pro inverno. Que a julgar por esse calor está ainda bem, bem longe de chegar.

Nostalgia

“When things went wrong for you? When the knives came out for you?”

“You don’t have to have the solution, you’ve got to understand the problem and don’t go hoping for a miracle. All this will fade away.”

I’ve been missing parts of my previous lives lately.

[6 on 6] Summer













Essa semana foi um tanto quando “difícil” em termos de temperatura; quente demais. Entretanto essa é a minha vida: reclamar de praticamente todas as estações, mas gostar de todas elas em (quase) igual medida e não se imaginar vivendo num lugar onde elas não existam.

O verão aqui é feito de reclamações, de heat waves incômodas em lugares que raramente têm ar condicionado, transporte público em modo SAUNA e superlotado de turistas, vermelhidão de quem esqueceu o filtro solar em casa, dias que amanhecem cedo demais (é esquisito ver um solzão lá fora às cinco da manhã, especialmente quando você precisa dormir e ele lá, brilhando na sua cara).

Por outro lado também é feito de dias de céu azul que se estendem até depois das nove. A chuva dá uma folga; mas quando cai, cai de verdade ao invés da deprimente chuva fina britânica. O verão é a época das rosas, da cerveja no pub à beira do rio, de apreciar o “british summer dress code” (risos), de morangos frescos com creme, de churrascos de quintal regados a sangria de Pimm’s, de praias de pedrinhas e crianças em chapéus coloridos, de rapazes de shorts e moças de vestido, de lotar aeroportos em vôos charter para as férias anuais no mediterrâneo, de visitar os jardins das manor houses (e bolo! bolo!), de sair correndo do escritório na hora do almoço para comprar gostosuras na Fortnum & Mason e fazer picnic no Hyde Park com os amigos, de viver na bicicleta.

O verão é a época dos festivais de música (Glastonbury, Reading, Latitude, Isle of Wight…), dos eventos esportivos (Wimbledon, Henley Regatta, British Grand Prix, Cricket, The Open…), do carnaval de Notting Hill, de passeios de barco em Cambridge, de nadar em Hampstead Heath, de passar o domingo comendo e fazendo o people watch nos mercados de rua (Borough market, Brick Lane, Camden lock, Broadway market, Columbia road, Spitalfields…), assistir filmes de graça ao ar livre em London Bridge, descobrir raves secretas, esquecer que a mesa da cozinha existe e fazer todas as refeições no jardim, rezar pra não chover no fim de semana em Cornwall, parques de diversão e summer fêtes, escalar o monte Snowdon, saltitar pelos dales, enfim… Tempo de aproveitar a vida lá fora enquanto o sol está brilhando.

Porque daqui a pouco ele se esconde por mais 6-8 meses e, mesmo que estejamos reclamando agora, acredite: quando o verão voltar ano que vem (e se voltar, porque não há garantias) ele será recebido de braços abertos. Shine on, you little fucker. We love ya, really. :)



Outros verões: Taís (Irlanda), Paula (Holanda), Yumi (Japão), Rita (Portugal), Nicole (França).

The Summer is tragic.

Meus CÍLIOS estão ardendo. Minha NUCA está ardendo.
Estou queimada em partes do corpo que eu não sabia que tinha e olha que eu estava bem mais coberta do que a temperatura pedia. Meu Babybel DERRETEU na bolsa e isso porque a temperatura não passou dos 28 graus – mas tente sobreviver a isso num engarrafamento de saída escolar sentada do lado do sol (eu SEMPRE escolho o lado do sol no ônibus; quem disse que não tenho talentos?) na janela que não abre (que pena? ainda bem?) cozinhando por uma hora e meia depois de ter passado meses hibernando. Certeza que eu ganhei um câncer de pele (ou trinta) hoje and I’m not amused. Duas semanas tá bom, né? Já é o bastante, né? Chega, já deu, enough, basta, cansei de verão – CORDEI KERO OUTONO.

Até porque já consegui, depois de muitas tentativas falhas (e molhadas…), fotografar os veadinhos de Richmond num dia de sol, SEM CHUVA. ♥

Yeah, that’s what we do on sunny days. :)

Hoje, apesar da insolação, tive um dia supimpa; fui a Debden e descobri que Debden não é uma localidade, é uma abstração, porque é o único lugar do universo conhecido cuja filial do Sainsbury’s (supermercado) não tem banheiro. Isso desafia ao mesmo tempo a ordem mundial, as leis da Física, as regras da FIFA e quebra a netiqueta. Ser mulher e ter bexiga pequena é uma coisa complicada e chata, especialmente quando ela passa uns dois dias trabalhadíssima em se livrar da retenção de líquido – ou seja, obrigando você a fazer xixi de 5 em 5 minutos.

Too much information? Too bad. Dane-se.
Too much xixi é bem pior – especialmente quando não tem banheiro no Sainsbury’s. Consegui um honesto num posto de gasolina (ÚNICO outro lugar ainda aberto naquele fim de mundo às CINCO da tarde), mas postos de gasolinas não são exatamente famosos pela qualidade dos seus banheiros. Nesse, por exemplo, eu encontrei uma revista pornô jogada no chão (classy…) e o porta papel higiênico estava trancado com cadeado. I kid you not:

(vou omitir a foto da revista em nome dos menores de idade que talvez esbarrem nesse blog; estava aberta numa imagem particularmente indecorosa e eu não quis pôr a mão ali pra virar a página, sorry).

Vi um homem passando na rua em Leytonstone com uma cobra amarela GIGANTESCA pendurada no pescoço, e logo atrás uma senhora carregava nos braços um bebê usando uma espécie de burca. O BEBÊ, não a senhora. Como a senhora em si não estava usando burca eu imaginei que a vestimenta da criança pudesse ter objetivos irônicos. Fiquei parada olhando para a dupla e apostando mentalmente quantos minutos se passariam até que algum muçulmano ofendido viesse tirar satisfações (da SENHORA, não do bebê), mas ela continuou andando e virou a esquina incólume. #ThisIsLondon

Tomei um latte ruim (felizmente barato) numa patisserie (único lugar não totalmente ocupado por homens esquisitos) em Leyton a fim de ter um motivo válido para usar o banheiro. Sim, de novo.

Também passei por um lindo campo aberto em Woodford Green, cuja grama que provavelmente foi verde durante a primavera já secava sob o sol. Duas crianças totalmente vestidas de preto brincavam com uma bola laranja e fiquei pensando que em breve será Halloween de novo. E com o Halloween virá Outubro, virá o outono finalmente e as folhas do carvalho vão novamente entulhar o meu jardim. Yay.

Tentei comprar sapatos em Walthamstow. Sem muito sucesso.

Em Loughton ouvi um HELLO GORGEOUS de um velho careca, sentado ao volante de um Bentley conversível azul marinho com estofamento off-white e placa personalizada. Anotei o número da placa. Nunca se sabe.