Cinco dias em Jersey, dois dias de sol glorioso, rever pessoas, lugares e sentimentos. O azul dominou as fotos, o céu, o mar e o meu estado de espírito. Curioso é que em inglês “blues” representam tristeza, enquanto no português “tudo azul” quer dizer justamente o contrário. Nessa, pelo menos, eu estou com Camões.
Estou aqui editando fotos e curtindo o tempo nublado e úmido, um contraponto gostoso ao sol do feriadão. I’ll be back soon.
Month: May 2014
Rapeseed fields forever
Toda primavera é época de apreciar as plantações de rapeseed, a planta da família da mostarda e do repolho e que dá origem ao óleo de canola. A safra britânica de 2014 foi particularmente abundante, já que o preço do óleo aumentou muito devido a baixas nas colheitas de outros países. Ou seja, muitos quilômetros do countryside cobertos por um tapete de flores amarelas…

(fonte da imagem: Daily Mail)
Fico encantada admirando a explosão de cor pela janela do carro, mas nunca consigo fotografar porque os campos quase sempre ficam às margens de estradas sem acostamento e fica difícil parar. Mas enfim, eis uma tímida tentativa… E a intenção de sair por aí “rapeseed hunting” em 2015. :)




Bittersweet.
Sempre que volto do shopping de busão passo por essa fachada e fico torcendo para que o sinal esteja vermelho e eu possa admirá-la por mais do que apenas alguns segundos:

O sábado foi dedicado a english sausages + bacon no Log Cabin Café e muita escavação no jardim selva.




Afofamento de gatos:

Foi também um dia de introspecção e reflexão. Estou atravessando uma daquelas fases, que felizmente vai embora tão rapidamente quanto chega. Mas enquanto estiver por aqui é preciso auto-análise. E agradecer por toda a bosta que eu não preciso mais engolir na vida, o que faz com que os pequenos incidentes desagradáveis sejam encarados com perspectiva. Para conseguir ser feliz na vida que eu tenho é preciso aceitar a que eu não tenho – porque ela até poderia ser melhor (ou não?), mas também poderia ser muito, muito pior.
Even in the middle of the winter we must realise there’s a garden inside that needs tending.

E apesar de alguns momentos amargos…

(faltou uma apóstrofe ali?)

E conforme me foi solicitado no instagram, receita da queijadinha sem (muitos) carboidratos:

1 ovo, uma colher de sopa cheia de cream cheese, duas colheres de sopa de leite de coco, duas colheres de sopa de coco ralado (sem açúcar, pfvr), 20-30 gotas de adoçante líquido, fermento, 3 minutos no microondas (potência alta). Voilá! Fica bem comível e sacia o desejo por doces de quem faz restrição de açúcar/farinha. A receita pede que se leve à geladeira, mas eu comi quente mesmo porque: sim. :)

E agora de volta ao jardim. Plante, Lolla, plante… ;)
My mind is calm and animal and sharp and reborn


voltei à kensington, agora com 3g; da última vez a vodafone tinha falhado comigo. me apaixonei por uma menina japonesa na plataforma do metrô – pele de porcelana, cabelos negros longos e lisos, visual goth chic: saia longa, botas e jaqueta, tudo preto, tudo caro, tudo lindo.

a estação de metrô da high street também é linda. na rua, dois jovens distribuíam amostras de uma bebida nova e ganhei uma caixinha de café latte com água de coco. apenas 6.6g de carboidrato por 330ml.

encontrei por acaso um pequeno jardim no meio de um quadrilátero de casas geminadas de rico, com muitas cerejeiras e magnólias em flor – uma visão. achei graça quando fiz check in no 4square e algumas pessoas recomendavam o jardim afirmando que “era bom para fazer picnic ou jogging” – o que provavelmente era mentira ou ironia, uma vez que o jardim é privado e é preciso chave (privilégio dos moradores) para entrar.







segui andando e encontrei a igreja e fiz fotos do cemitério, o chão coberto de daffodils. sentei numa mureta para tomar café da manhã (queijo que trouxe de casa + a tal bebida que ganhei, relativamente bebível).



uma coisa engraçada é que vi umas poucas pessoas passando por mim, inclusive uma mulher com uma menininha, todos saindo de um portão do meu lado esquerdo; terminado o “recreio” tentei sair por ele também e me dei conta de que não era um portão e sim uma extensão da grade. não havia um lugar por onde aquelas pessoas poderiam ter entrado, e eu procurei. vamos lembrar que eu estava sentada num cemitério. creepy.



na verdade tive sorte de não conseguir sair por ali. dei a volta e já ia indo embora quando percebi uma entrada lateral, um túnel com teto ovalado. segui por ele e encontrei a fachada frontal da igreja. havia algumas pessoas dentro, uma senhora junto com um homem de meia idade, e outra mulher com uma menina – de uns 10 anos, mas vestida tradicionalmente de criança em cores clássicas, como os ricos costumam fazer. dois pequenos jardins onde pessoas comiam lanche, conversavam ou futucavam celulares. a senhora e o homem de meia idade e a menina pareciam me observar. anos de self conciousness me ensinaram a perceber olhares com o canto dos olhos. a menina olhou para a minha bota, eu pus os óculos e fui embora.

Esse lustre é e-nor-me.



entrei em algumas lojas da high street, inclusive uma pc world onde os vendedores me sorriam quando entrei e me tratavam por ma’am. peguei um ônibus para willesden onde fui apresentada a um autêntico cafezinho servido numa deli portuguesa. sentei numa mesa da calçada ao lado de dois hipsters gatos – que por acaso eram gaúchos. willesden é uma espécie de gueto brasileiro, i shouldn’t be surprised.
kensal rise. ladbroke grove. notting hill. desci de propósito no lado errado de portobelo road para poder caminhar por ela até a estação. pessoas em bandos. algumas lojas fechando. portobello tem uma vibe diferente durante a semana, sem a multidão de turistas ou de barracas vendendo lixo vintage. choraminguei com a cara boa das pizzas na porta do arancina, encontrei um amigo e entramos para um café. pela janela do primeiro andar olhei as cabeças passando apressadas lá embaixo e uma melancolia com gosto de caafé expresso me pegou. roubei azeitonas da pizza alheia e me arrastei até o metrô, onde peguei meu evening standard do dia e um cara tentou me fazer entrar numa loja e comprar uma bolsa louis vuitton usada.

sebos de livros. ♥

foco is overrated. ♥

comprei três revistas new yorker numa charity shop, a mais velha de 1960 e a mais nova de 1976. 50 centavos cada uma, eles tinham uma caixa cheia, mais de 100. eu quis levar outras, mas o peso se tornaria insuportável para carregar – especialmente na sacola de supermercado com alças finas que me deram e cortaram meus dedos. a idéia era usar para fazer colagens, sempre é. mas eu tenho dezenas de revistas antigas (anuários fotográficos, catálogos, revistas semanais femininas, etc), todas compradas com o mesmo propósito e jamais cortadas porque tenho pena de destruir algo que resistiu intacto por tanto tempo e é mais velho que eu. uma espécie de reverência sem sentido porque afinal é só papel, de tiragem não-limitada. mas o que importa é o pedaço inadulterado de história nas minhas mãos.
acabo tirando muitas xerox.
Changing seasons.

Primavera na reta final. Algumas flores que começaram a abrir recentemente, porém, vão nos acompanhar por todo o verão e começo do outono. Quando as rosas começam a desabrochar, no entanto, você sabe que a primavera está fazendo as malas para ir e o verão fazendo check-in no 4square.

Cor tão bonita que eu me recusei a ajustar os tons da foto. Essa pequena rosa trepadeira perdeu uns “bracinhos” numa ventania semanas atrás, quando uma das cerejeiras que ainda não havia sido plantada tombou em cima dela. Quase morri; todos os cinco galhos que se quebraram tinham botões. Pus num vaso para ver se pelo menos desabrochavam, mas como viajei naquela semana cheguei em casa quatro dias depois e encontrei a água podre e os galhos mortos. Ela já deveria estar cheia de flores, mas espero que se recupere.
E ontem mesmo com o ventinho e a chuvinha esporádica também foi dia de plantar arco-íris:


Replantei as mudas de gerânio que consegui cultivar com sucesso esse ano. Quando puxei esse aí embaixo (que já está inclusive florindo) pude ver as micro-raízes se formando. Awww.

E ainda tem mais, muito mais pra plantar antes que o verão chegue:


Acho que deixei pra plantar os bulbos de dália tarde demais esse ano (me esqueci deles; o dedo “verde” falhou) mas vamos tentar e esperar pelo melhor.
Quando me vejo envolvida com plantas, mudas, fertilizantes, podas e regadores me dou conta de que cedo ou tarde todo mundo se transforma na própria mãe. :)

Gato perdido no tsunami reencontra a família depois de três anos – awww.
Lindo pinboard: old hollywood black actresses.
Londres na primavera.
Laury e seu cãozinho fiel.
Lista de “filmes ruins”; quantos você já viu?
Essa casa. ♥
19 cidades encantadoras para a sua wishlist turística.
15 lugares famosos e seu verdadeiro entorno (questão de ângulo?)
Os piores monumentos do mundo.
In Bruges – Part Two
O dia seguinte, único full day em Bruges, foi gasto explorando a cidade a pé. Sendo compacta, o turista consegue se locomover muito bem com a ajuda de um mapa/GPS. Para os adeptos acredito ser possível alugar bicicletas.



Cores de outono em plena primavera: pode sim. :)




Outra opção turística é fazer cruzeiros de barco. Descartei porque fazia frio demais.


Chocolates por toda a parte, de todos os tipos (inclusive os NSFW, haha); eu não curto chocolate e por isso não comprei nenhum (só chocolate quente), mas as vitrines estavam lindas:

Macarons bem mais em conta do que os da Ladurée.





Bric-a-bracs. ♥ Eles também têm suas indefectíveis feirinhas de “antiques” (tralhas, pra ser mais exata) e foi lá que comprei essas plaquinhas para a porta do lavabo; nunca mais as visitas vão abrir a porta do armário de vassouras por engano:

Bruges também é famosa pelo artesanato, mais especificamente esses finíssimos e delicados trabalhos em renda.

Ok, o peixe é meibrega, mas o micro rendado manual das escamas coloridas é impressionante.

Impressionante também é arquitetura da cidade:








O cachorrinho é famoso; está SEMPRE nessa janela, parte de uma casa com vista para o canal e é figurinha carimbada em todos os álbums de fotos de quem visita Bruges. Não posso culpá-lo; quem não gostaria de ter um canto como esse na vida?
E para os chocólatras… Chocolate quente versão “faça você mesmo”:



Yes, it tasted as good as it looks. ;)
Levo Comigo

1. MP3 Player: dificilmente saio de casa sem, companhia indispensável para relaxar e mentalizar virunduns nas longas viagens de ônibus. Especialmente no Brasil funciona que é uma beleza para dificultar interações sociais com estranhos sem noção – aquele tipo que puxa papo no ônibus.
2. Oyster Card: Ok, já podemos pagar o ônibus passando o cartão de débito na leitora e em breve o metrô também vai contar com essa facilidade.
3. Espelho: quase não uso (na verdade não gosto muito de espelhos, rs), mas de vez em quando é preciso retocar um batom ou checar se desenvolvi um quadro súbito de icterícia – hipocondria rules. Esse bonitinho com capa de cetim eu ganhei de brinde da senhorinha simpática do stand da Dior numa loja de departamentos em Jersey.
4. Álcool em gel: Detesto lavar a mão com água depois de usar o banheiro na rua porque a) não curto ambiente de banheiro, quero só fazer meu xixi e sair logo ao invés de disputar espaço na pia com estranhas ; b) nem sempre o secador automático funciona e você é obrigada a sair do banheiro com as mãos molhadas e c) mesmo quando funciona tenho horror daquele barulho. Fora que o conteúdo da garrafinha (da My Melody e veio de Tóquio) ainda serve pra limpar mão melada de sorvete na rua ou depois de confraternizar com os germes transporte público.
5. Óculos: na maior parte do tempo só porque eu acho bonito e esconde as olheiras, mas não vou negar que muitas vezes meus olhos agradecem por não tomar aquele sol de meio dia. Esse modelo aviator é clássico e orna com a minha cara redonda. E Ray-ban sempre, porque depois de comprar um óculos caro e ele arranhar do NADA agora eu só quero saber de lente de vidro.
6. Agenda/planner: eu até tentei usar o iphone com esse fim, mas um dia eu precisei acessar um endereço e anotar algo importante e a bateria do celular tinha acabado… Tive que sair procurando papelaria para comprar papel e caneta, mas o endereço ficou mesmo proibido pra mim, yeah yeah. Depois desse triste episódio eu decidi usar o celular para telefonemas, fotos e mensagens – e o bom e velho papel para todo o resto.
7. Chaves: auto explicativo. O chaveirinho do Darth Vader é o toque de nerdice necessária para animar um item básico e já serviu para iniciar uma daquelas conversações awkward com desconhecidos no metrô. Que nem sempre são horríveis; nesse caso no fim da viagem já estávamos discutindo um projeto de tatuar a Death Star.
8. Adoçante: desde a adolescência eu não adiciono açúcar a nenhuma bebida. Antes a preocupação era apenas o peso, mas agora eu também sei o quanto o açúcar faz mal à saúde; se for pra chutar o balde prefiro um pedaço de bolo do que um café melado. Esses tabletinhos adoçam na medida certa e sem deixar gosto amargo na bebida.
Um nono item seria o celular, mas precisei dele pra fazer a foto, HE. ;)
In Bruges – Part One

Parada para abastecer e fazer xixi num posto de gasolina em algum ponto da Bélgica ou Holanda, eu catando pinhas do chão para fazer enfeites de natal. As seis horas e meia de Callais para Hannover passaram bem mais rápido do que as quatro de Hannover para Bruges; minhas costas quebraram, meu traseiro tornou-se quadrado e eu só pensava em dormir porque isso não vinha acontecendo direito desde o primeiro hotel.
Quase chegando em Bruges o satnav avisou de algum perrengue na estrada e nos redirecionou para uma rota alternativa cruzando a pequena village de Damme, que inclusive é uma graça e voltei pra visitar depois. A estrada era uma beleza: canal de um lado, campos verdejantes cheios de vaquinhas de outro e um corredor de árvores às margens. Não consegui uma foto que fizesse jus, mas fotografar através do vidro de um carro em movimento é só pra ninja.

Chegamos ao destino e não sei se por causa do cansaço e daquele fim de tarde cinzento eu me senti… underwhelmed. De início achei Brugge meio insossa. Não ajudou que o hotel ficava meio afastado do centro, numa rua morta que inclusive estava em obras e em frente a uma igreja enorme onde eu já cheguei fazendo mil fotos que saíram TODAS uma merda por motivos de luz péssima porque o tempo estava nublado. O tempo, aliás, estava FRIO. Levei vários vestidinhos porque acreditei na previsão da meteorologia que anunciava 18 graus e agradeci muito por ter comprado aquela malha grossa em Hannover.



Fomos procurar um lugar pra comer e percebi que a vibe gastronômica de Brugge é meio Paris: bife com fritas, mexilhão com fritas, galete com fritas, crepe com fritas, fritas com fritas. Quarteirões inteiros da mesma coisa. Tédio alimentar beirando depressão. As variações eram um tal de waterzooi (sopa de galinha?) e um cozido de carne de vaca, ambos supostamente pratos típicos da Bélgica.


Entramos num restaurante APENAS porque tinha lareira – eis a medida do desespero (e do frio). O garçom veio me perguntando se eu era espanhola (what. the. fuck.) e ofereceu o “drink da casa”, que respectivo logo aceitou e eu fiz cara de “não, obrigada”. Até parece que eu vou aceitar uma bebida que eu não escolhi e cujo preço desconheço; esse tipo de oferta tem toda a cara de “caça turista otário”. Os tais drinks chegaram e pareciam uma laranjada carnavalesca: tinha um foguetório aceso dentro dos copos que ficou soltando faíscas na mesa e quase chamuscou cabelos.

Pedi o tal do waterzooi porque frango é frango e você sempre (?) sabe o que esperar. Estava gostoso; uma sopa grossinha simples, com base de gema de ovos e creme de leite. Os pedaços de peito de frango cozidos nesse caldo estavam bem brancos, mas ó: tava bem feitinha, cremosa e pelo que eu vi de fotos de waterzooi na internet podia ter sido bem pior. Ele foi de cozido de vaca, que eu provei e achei bom, mas a carne meio… doce. Não que sabores atípicos me assustem, apenas achei inusitado.
O highlight da refeição, no entanto, foi a “sobremesa”. Pedi só um café, que veio porém acompanhado de biscoitinhos, balas e esse mousse de licor de limão com creme batido por cima. Novamente, quase pedi outro só pra ganhar mais.

O bar do hotel estava fechando quando voltamos, mas o moço bacana da recepção topou nos vender cerveja se a gente levasse para beber nos quartos. Carregamos copos e garrafas elevador acima e só devolvemos no dia seguinte.
Quando amanheceu descemos para o café da manhã e foi lá que a minha páscoa realmente começou. O salão de café era enorme com uma mesa no centro repleta de baixelas de comida, uma delas transbordando de waffles fresquinhos, ainda quentes e cobertos de açúcar de confeiteiro. Se a viagem não tivesse valido de mais NADA, esses waffles teriam sido o bastante. ♥ I’m in love. ♥ (comi uns cinco)


Saímos em busca da Igreja de Our Lady para ver a escultura de Michelangelo, mas a fila na porta desanimou. A igreja no entanto é linda, mais de 120 metros de altura – a segunda construção de tijolos mais alta do mundo. Um dia, que não seja feriadão de páscoa num país famoso por seus chocolates (ou seja, lotado), eu volto.

Bruges, obviamente é cheia de canais. Me lembrou um pouco Amsterdam, só que mais compacta.






Bruges também é cheia de bicicletas. Outra coisa que me fez lembrar Amsterdam.




(to be continued…)