♬ Speeding Cars – Imogen Heap
Month: June 2013
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É engraçado olhar para essa foto e pensar que nunca mais vou sentar nessa sala novamente. Eu escolhi essa porta na madeireira, eu escolhi esse sofá desconfortável na loja de móveis, eu quebrei esse vaso redondo de flores, eu pintei essa parede. Eu tinha uma mecha acobreada no cabelo e não tenho mais. Outro dia mesmo eu joguei esse vestido fora. Eu esqueci esse chapéu no ônibus. Eu vivo esquecendo chapéus no transporte público. Essa menina sou eu, mas eu não me reconheço na foto. Nela eu estou mais jovem, mais gorda, mais ingênua, menos cínica e estava aprendendo a usar o timer da câmera e o tripé. O interesse por fotografia vem diminuindo com o tempo. O interesse por decoração de interiores, não. Para ser sincera eu nem sei se me lembro direito da pessoa sentada no sofá. Hoje eu não faria uma mecha acobreada no cabelo, mas me pareceu uma idéia excelente na época. Exceto a mecha, eu não me lembro do que fazia na época. Dessa sala, no entanto, eu me lembro muito bem.
Weight is coming off.
Parece que quando eu falei sobre paciência aqui, algumas pessoas entenderam errado. Eu não estava de saco cheio e pedindo às pessoas que tivessem calma. Eu estava pedindo serenidade para mim mesma num momento de turbulência.
Mas aí alguns entenderam errado, como sempre; porque nós, humanos, pensamos cada vez mais pelo umbigo. Não, não era um fora em vocês. Era um pedido para mim. Em todo caso, minhas desculpas a quem se ofendeu. Peace. :)
Enfim. Taí, eu pintei minha penteadeira de branco.
Não sei se lembram, mas ela era originalmente de madeira bem escura:
Só que eu peguei um asco recente por móveis escuros que não sei explicar. Tudo tem que ser de madeira clarinha ou pintada de branco/colorido. Tá vendo a cadeira? Ela tá me dando ziquizira, mas não quero pintar de branco *também* pra não ficar muito combinandinho, e aí estou sem idéia para cores. Bem, aí outro dia eu estava na Ikea e me peguei desejando essa penteadeira icônica. E aí me lembrei que já tinha coisa muito melhor em casa; só faltava mudar a cor. ♥
Troquei os puxadores de ferro (?) por esses de plástico imitando cristal, para não pesar muito o look.
Esse conjunto de escova, pente e espelho é uma graça. Achei num brechó há alguns anos atrás, e desde então ele vive em cima de penteadeira. Acho levemente irônico ter um espelho de mão em frente a um espelho enorme, mas enfim. Ironia anda tão atual. ;)
Esse cantinho parece que foi importado de Jersey. Fora a posição da cadeira de balanço, tá quase tudo igual, inclusive o que está em cima desse gaveteiro da B&Q que eu pintei e revesti a frente das gavetas com papel de parede. Hoje eu acho a idéia até boa, mas a realização não se provou tão boa quanto a idéia. A escolha do papel, talvez; sei lá. Só sei que ficou com cara de mobília de senhorinha octogenária morando numa casa construída em 1945 (e jamais reformada depois disso), cercada de gatos e xícaras rachadas e manchadas pelo histórico de décadas de chá Earl Grey, que ainda assiste novela pelo rádio, toma banhos semanais (precisando ou não) e nunca mais renovou o guarda roupas desde que ficou viúva em 1989 (ok, na verdade ela não renova o guarda roupas desde que não conseguiu perder o peso que ganhou na última gravidez, nos anos 60). Nada contra, mas não era exatamente o look que eu estava procurando. Vou tirar o papel, repintar de mint green e trocar os puxadores. Vamos ver como fica. ;)
E, já que estava de pincel na mão mesmo, dirigi meus esforços para esse pequeno aí embaixo:
Comprei por uma mixaria em Rochester; a etiqueta diz 25 lilibetes, mas me saiu por 20 porque a dona da loja de móveis usados é um amor e me deu um desconto – que pagou pelo potinho de tinta cinza que usei para transformá-lo. Eu estava procurando por uma mesinha de cabeceira sem gavetas e sem muita “cara” de mesinha de cabeceira. Em termos de decoração eu sou fã de soluções improvisadas; de transformar em cadeira o que não era uma cadeira, em mesa o que não era uma mesa. Não consigo entrar numa loja e comprar o armário combinando com a cama e com o gaveteiro e com as mesinhas de cabeceira. É claro que isso facilita em muito a tarefa, mas eu prefiro um pouco de caos na minha ordem, para animar a vida. :)
Depois da primeira camada, ainda com a fita isolante protegendo o vidro:
Prontinho!
Mas não me dei por vencida ainda. Tô pensando em cobrir esse vidro por dentro com tecido estampado, ou então fazer uma cortininha interna. Quê que cês acham?
♯♩♪♫♬♭ Shuffle – Bombay Bicycle Club
Paris no celular.
Sempre quis ficar num hotel com letreiro luminoso piscando na minha janela. É uma coisa meio film noir, meio romance policial, meio escritor deprimido e fracassado sem grana pra comer, meio submundo decadente. Pelo menos isso deu certo nessa viagem – onde quase todo o resto deu errado. Mas whatever. Ver as coisas dando errado em Paris surely beats ver as coisas dando errado em Duque de Caxias. Or does it?
All we need is just a little patience.
A vida anda complicada. Problemas chatos de família. Problemas chatos de saúde. Problemas. Chatos, muito chatos. Chatice inevitável, daquelas que você precisa aceitar e empurrar com a barriga – porque tentar pular por cima, feito corrida de obstáculo, só vai causar um tropeção. Muita calma nesse momento. Saber esperar, e admito: não sou boa nisso.
A montanha de caixas de papelão que nos rodeava diminuiu bastante, graças ao meu esforço. Esvaziei DEZOITO delas, das grandes, numa só noite. E isso foi apenas UM cômodo – a cozinha. Esvaziar caixas de mudança é um exercício curioso de expectativa e frustração. Descobri que o item que você MAIS quer desempacotar será *sempre* o último item no fundo da última caixa. Antes dele, você vai desembrulhar trezentas coisas que farão com que se pergunte, “mas POR QUE afinal eu trouxe isso???” Enfim. Agora o oceano de caixas se transformou em várias pocinhas de tamanhos variados; a maioria delas concentrada no closet e no quarto em cima da garagem. Mas ainda ocupa espaço. E eu gostaria de já ter resolvido isso. Mas no momento o exercício da vez é o da paciência.
O conservatório estava uma cópia carbono do inferno de Dante até semana passada. Consegui organizar a área, que estou usando para secar roupas num pequeno varal portátil (a secadora da casa não funciona; preciso instalar a minha, mas só depois que a cozinha nova estiver no lugar) e também para pintar móveis. Ainda está em fase de transição, mas já demonstra potencial para se transformar num cantinho de relaxamento e contemplação. Tudo o que eu precisava para ONTEM. Mas por ora temos o potencial, e já é alguma coisa.
Esse baú de madeira pertencia ao pai do Respectivo; era onde ele guardava os seus pertences pessoais no internato. As cadeiras de rattan foram compradas numa fábrica na subida para a serra de Petrópolis, comecinho de 2005. Gosto muito delas embora não combinem mais tanto assim com o meu estilo. Às vezes a gente precisa ligar menos para coisas como “estilo” e mais para coisas como conforto, familiaridade e contentamento. Deve ser a velhice chegando, e concluir isso no mesmo dia em que uma vendedora de loja perguntou se meu pai era meu IRMÃO (ele tem 80 anos) é, de fato, alguma coisa. :)
Essa é a metade do sofá que ficava na nossa sala em Jersey. A outra metade está na sala aqui. Por enquanto essa metade vai ficar aqui no conservatório. No fim da tarde a luz do sol bate ali, e se não faz muito calor é gostoso curtir o solzinho. Se faz calor o conservatório vira uma sauna e é preciso abrir as janelas. As paredes, de tijolinho como o exterior da casa, foram pintadas de cinza claro pelo meu pai.
Esse banquinho de alumínio foi uma compra impulsiva na Home Sense. Não sei se me arrependi, mas ainda acho bonitinho.
Estamos com um pequeno problema de excesso de móveis para jardim. Herdei alguns do antigo dono desta casa, trouxe os de Jersey (inclusive os que também herdamos com aquela casa) e comprei mais um. Ou seja.
Já comprei algumas plantinhas, no entanto. Tem um mercado de rua três vezes por semana aqui pertinho que é o paraíso das flores a preços amigáveis. E dos CDs de música estilo “trilha sonora de Anos Dourados”. E de trailers vendendo bife, queijo, frutos do mar, sapatos, roupas usadas e “antiguidades” (tralhas). Meu tipo de mercado de rua. E um dos mais antigos, também – existe no mesmo lugar há cerca de 800 anos.
Essas cadeiras verdes nós herdamos com a casa (tem uma mesa, também). Falta um pedaço de madeira nessa aqui. Planejo fazer um makeover em breve.
Makeover que, em parte, já aconteceu. Porque elas eram assim:
A primavera já faz as malas para partir; o verão desponta no setor de desembarque. As folhas já mudaram de cor, de verde claríssimo para um verde mais “folhoso” (dã), denso como as copas das árvores que há poucas semanas estavam ainda quase nuas. Custou a vir, esse verão. Ainda claudicante (choveu semana passada e o céu emburrou por vários dias), mas as malas já estão na esteira. Carimba logo esse passaporte.
O dragão veio da Home Sense. A gárgula foi sobra da festa de Halloween que eu planejei mas não fiz ano passado. Hoje eles protegem no jardim. Isto é, apenas quando o dragão não está dormindo e a gárgula não overdosou em Prozac.
Por falar em Prozac, adivinha quem está MUITO feliz com o calorzinho? Dica: não são (apenas) os gerânios.
E nem apenas a gata. ;)
Vem logo, verão. Estamos precisando e muito de luz.
Mas sem correr. Esperar por algo bom e garantido é quase tão gostoso quanto esse sol da manhã.
Paciência. ;)
Said, woman, take it slow
It’ll work itself out fine
All we need is just a little patience
Said, sugar, make it slow
And we come together fine
All we need is just a little patience
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