Arboretum Part II

Hoje eu fui ao supermercado comprar luzinhas para a minha árvore de natal substituta. A “oficial” e todos os enfeites foram empacotados junto com a mudança e estão, nesse momento, dentro de algum galpão escuro. Provavelmente irritados por terem sido excluídos desse Natal sem poder desempenhar sua função e ter seus 30 dias de fama anuais.

Quando desci do ônibus na porta do supermercado, um casal de idosos estava saindo na minha frente. Ele desceu primeiro, se virou e estendeu a mãozinha enrugada e trêmula para ajudá-la a descer as escadas – que aqui felizmente são bem baixas, ao contrário do que acontece no Brasil onde os idosos precisam escalar o Everest. Ainda assim ela deu uma tropeçada e ele abriu os braços para segurá-la. Os dois já eram bem velhinhos, e se ela de fato tivesse caído com força teriam ambos se espatifado no chão, já que ele provavelmente não teria forças para evitar a queda.

Por sorte ela consegui se equilibrar no último minuto, mas ainda assim sorriu e apertou a mão que ele ofereceu. Achei o gesto dele e o reconhecimento dela de uma fofura ímpar. Sou romântica feito um muro de chapisco grosso, mas admito que casais de idosos sendo fofos um com o outro é uma coisa adorável de se ver.

E o resto das fotos do Winkworth Arboretum:

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Depois que saímos fomos almoçar num pub local, o “The White Horse”.

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Comi uma salada Caesar com frango, queijo brie e bacon. Respectivo foi de faisão, que estava sendo anunciado como selvagem mas ele disse que tinha “gosto de ave de supermercado”. Dali a cinco minutos ele trincou o dente num pedaço de CHUMBO. Ou seja, ou tem gente caçando faisão nas prateleiras do Tesco ou o bichinho era selvagem mesmo. :)

Por que será que coca cola (diet ou não) de garrafa de vidro é sempre mais gostosa do que a de garrafa plástica ou latinha?

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E agora, o resultado do mini sorteio das cartelinhas de brincos: Isabela Celina Cavedem e Maria Eduarda Mello, please, dêem um passinho à frente e me mandem seus endereços. :) Se as leitoras não se manifestarem em uma semana eu jogo os brincos na roda de novo.

Fiz o sorteio colocando em papeizinhos os nomes de quem pediu pra ser incluído, mas OLHA, isso dá trabalho. Queria saber se vocês têm alguma dica de como fazer isso online. Eu até tinha o endereço de um site, mas que obviamente não existe mais. Gostaria que os próximos sorteios fossem mais rápidos para organizar.

Sim, próximos. Achei fun fun fun e, de vez em quando, vou sortear alguma bobagem baratinha aqui – PELA DIVERSÃO, vamos frisar, antes que alguém me desça a lenha por sortear bijuteria da Primark. Esse blog não tem fins lucrativos e eu não recebo absolutamente nada de nenhuma marca; aqui é tudo feito por amor à blogagem de raiz. ♥ E essa semana tem esses grampinhos para cabelo:

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Comprei os meus especialmente pela coroa e a caveirinha (gótica E monarquista, ok?), mas a cor fluo desse sinal da paz e a asinha com strass também são fofos. Então, mesmo esquema: só deixar um comentário aí avisando que querem participar. Está aberto a todo mundo, seja de que país for. ♥

“Love ain’t no walk in the park”

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Nesse outono tenho ido a muitos parques, tanto aqui pelas redondezas quanto em outras cidades. Ar puro, espaço, a possibilidade de admirar o céu sem muitos prédios ao redor, comer bolo nos cafés, quase sempre um laguinho povoado por aves aquáticas, flores na primavera, folhas coloridas no outono… Parques são awesome. O único problema é que eles atraem pessoas, que em muitos casos costumam estragar um bocado a experiência.

CONTRAS:
– Levam seus cachorrinhos para fazer cocô na grama/calçadas e não limpam.
– Fazem cara feia quando pensam que você está fotografando a criancinha remelenta deles ao invés da paisagem outonal. Lady, no.
– Disparam em bicicletas atropelando pessoas – inclusive nas áres restritas a pedestres, onde ciclistas nem mesmo são permitidos.
– Dão alimentos impróprios para os animais e que fazem mal a eles – pão, por exemplo.
– Deixam o lago imundo com os pedaços de pão apodrecendo.
– Fazem barulho, gritam, espalham uma cacofonia de sotaques estridentes pelo ar.
– Jogam lixo no chão, deixam lixo para trás quando recolhem seus piqueniques.
– Arrancam galhos de árvores e flores. Crianças arrancam quase todas as flores de um canteiro sob o olhar dos pais, que não dizem nada.
– Homens puxam conversa com mulheres sozinhas, deixando-as apreensivas.
– Estragam minhas fotos com sua presença nem tão cheia de graça.

PRÓS:
– Fazem cappuccinos excelentes no café do parque. ♥

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As fotos acima são cortesia do Snapee, a versão japonesa e “kawaii” do Instagram e que em alguns países já é mais popular que o próprio. Uma pena que ele reduza tanto a qualidade das fotos. Se alguém tiver conta lá e quiser me adicionar: @hellololla.

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E eu não esperava que fosse receber TANTOS comentários no post anterior. Uau. Então tinha uma pá de gente lendo esse tempo todo quietinhos, mas comentam para ganhar brinde, né? HAHA. Compreensível. ;) Como a “procura” foi grande eu resolvi comprar mais uma cartelinha de brincos para adicionar ao sorteio. Não achei exatamente igual (eis um “problema” da Primark, eles estão sempre renovando o estoque); o modelo é o mesmo, mas as cores variam um pouquinho. Enfim, esse fim de semana vou sortear ambas entre as pessoas que manifestaram interesse, ok? O resultado entra segunda ou terça. Obrigada a todo mundo que se manifestou. ♥

Falando em parques, estive no Arboretum Winkworth no começo do mês. Ele faz parte do National Trust e fica no interior do condado de Surrey. Segundo consta é um dos lugares mais bonitos do sul da Inglaterra para admirar as cores de outono.

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Desculpem pelo spam; para não ficar pesado demais eu publico o restante das fotos junto com o resultado do sorteio.

Estou enchendo o saco da platéia com fotos de folhas, eu sei. O clima em Jersey é um pouquinho mais quente que o daqui, por isso as árvores não costumam mudar tanto assim de cor. Estou encantada com a beleza da cidade e do interior nessa estação. Ando por aí admirando tudo com os olhos, com a câmera, com o celular e com a memória. Muito feliz por estar aqui. ♥

Cheap as chips.

Como eu sabia que uma colega aqui curte caveirinhas (assim como eu), comprei para nós duas essas cartelinhas de brincos na Primark:

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Ok, as caveirinhas não são exatamente Alexander McQueen, mas tinha também uma cruz (a gente curte), os outros brincos eram usáveis e a cartela inteira custava apenas dois dinheiros. Ok, done deal. Mas qual não foi a minha cara de bunda quando, ao lhe entregar a pacotinho, a caléga simplesmente franziu o nariz e disse, “Primark? Não, obrigada. Não uso nada de lá.” Slap! Tomou, Lolla?

Tá pensando que se trata de alguma treta ideológica com trabalho escravo/infantil ou que a Primark fez a Marisa praticando bullying gordofóbico com os consumidores?? Nope! A caléga simplesmente não compra em “loja de desconto” porque tem “vergonha de usar uma coisa que todo mundo sabe que custou barato” – palavras dela. Achei interessante a declaração e vim aqui perguntar pra vocês: procede? Alguém aqui tem problemas em usar roupas de lojas populares, mesmo se a qualidade não for tão inferior à das lojas de departamento?

Eu compro na Primark desde que descobri a loja. Prefiro os básicos, porque a qualidade tende a ser melhor e o preço idem. Não costumo gastar muito com vestimenta; a exceção são bolsas, porque sendo clássicas e de boa qualidade eu sei que vão durar a vida inteira. Já roupa eu vou detonar lavando na máquina, vai sair de moda, eu vou me cansar. Sapatos eu vou enfiar na lama, gastar a sola, meus pés vão crescer (sabiam que depois dos quarenta anos os pés crescem alguns milímetros por década??). Ou seja, não vejo sentido em pagar fortunas por essas coisas – apesar de não criticar quem faça. Cada um gasta seus suados dinheiros onde bem entender; o importante é movimentar a economia.

Outro dia entrei na filial da Primark em Stratford pra comprar essa bolsinha de maquiagem que vi com outra amiga (que não tem vergonha de comprar lá):

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Espaçosa, de camurça preta com apliques de pedrinhas douradas. Bem perua. Duas lilibetes. Infelizmente lá chegando acabei sendo sugada para dentro do buraco negro das Barganhas Imperdíveis. UMA HORA depois, 70 lilis mais pobre, eu saí da loja com duas sacolas pesadas. Comprei uma pá de coisas, entre elas esse sapatinho aí embaixo.

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Mesma idéia da bolsa de maquiagem, só que com pedrinhas multicoloridas. Super confortável, uma fofura desnecessária com um quê de carnavalesco que me deixará satisfeita se durar até o próximo inverno.

Essa bota foi uma compra mais incerta. Fui fisgada pelos spikes – que viraram de vez “tendencinha”, o que significa que poderei comprar coisas com detalhes pontiagudos, esperar a moda passar e então usar à vontade, haha.

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Rodei um tempo com a bota dentro da cestinha e tentei várias vezes devolver para a prateleira, mas não consegui por motivos de: CONFORTO. Como ela é meio larga em cima dá pra usar com meia grossa no inverno.

Eu já tinha mostrado aqui esse anel em preto, e resolvi comprar o verde também:

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Já que eu não posso comer na rua, sobra troco em moedinhas para alimentar meu complexo de princesa. SHINY!

Cachecol e gorro de tricô. Boa qualidade e não muito diferentes que os da GAP.

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Ainda sobre os básicos, a lingerie da Primark também é aceitável. Eu jamais entrarei na Victoria’s Secret ou Agent Provocateur, então essas aí cumprem a função.

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Eles também têm thermals, peças feitas de malha levemente escovada por dentro a fim de torná-la mais quentinha. Imprescindível quando a coisa fica climaticamente desafiadora. Em várias cores e modelos diferentes.

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Achei esse cabide interessante para guardar colares e echarpes; difícil foi achar um que não estivesse com pelo menos um gancho quebrado:

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MELHOR MEIA CALÇA. Sério. 150 denier (bem grossa), opaca, de algodão quentinho, tamanho perfeito (não sobra, não falta e não fica descendo) por 3 libras.

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À esquerda pacote com duas fronhas avulsas (que eu estava precisando) e dois pacotes de lenços umedecidos de limpeza. Quebram um galho para tirar maquiagem.

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Também comprei pijamas de fleece e um roupão de capuz TÃO macio e quentinho que eu quero usar o tempo TODO. Quero uma corner shop com drive thru.

Então, tô sem saber ainda se eu sou uma mão de vaca que devia tomar vergonha e ir fazer compras em lojas decentes OU se a minha colega não passa de uma coitada metida a besta que não quer que as pessoas saibam que ela não tem dinheiro – sendo que não temos mesmo e é isso.

Lembrando que isso não foi um publieditorial da Primark – que nem precisa; vende mais que chocolate na páscoa e se dá ao luxo de nem ter loja online. E se alguém aqui quiser dar um lar à cartelinha de brincos rejeitada, só falar aí nos comentários. Se tiver mais de uma pessoa que queira, farei sorteio. Lol.

E por falar em barganhas/pechincha/pobreza, olha o que eu achei na rua sexta feira passada quando estava indo jantar:

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O aparador estava junto ao muro de uma clínica dentária e eu prometi que, se estivesse lá na volta, eu o levaria pra casa. Bem, estava, e agora mora no meu “hall”. :D Não sei se pinto, se deixo na cor natural, se coloco vidro ou azulejos antiguinhos para cobrir esse buraco no meio, se uso o buraco para colocar guarda-chuvas ou uma planta… Mil idéias.

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Your trash, my treasure. ;)

Say hello, wave goodbye.

Semanas atrás eu disse um adeus às pressas, meio relutante, meio incerto porque não sabia se ia voltar ou não para o dia da mudança. Não voltei. E acho que já sabia que não voltaria; foi apenas um truque (in)consciente para evitar o momento do adeus – que sempre, sempre me incomodou. Não funciono em despedidas, especialmente as irreversíveis. Afaguei a Maluca, que dormia em sua cama favorita: um enorme cachorro de pelúcia do lado da janela que mais recebe sol. Um banho no banheiro azul (“não é o último” – mas foi), que eu projetei, decorei e pintei sozinha; observei a vista da janela e os erros de iniciante que o meu pincel deixou nas paredes. Olhei pela janela do sótão, minha vista preferida, o jardim que já estava sendo cuidado por estranhos. Entrei no carro para o aeroporto a fim de pegar meu vôo para Londres e, atrasada, esqueci de olhar para trás.

Uma semana depois, assim que o último caminhão de mudança saiu, Respectivo trancou a porta da frente e jogou a chave para dentro pela abertura do correio – em definitivo, oficializando a entrega. Mas deixou para chorar no carro, quando o amigo que veio ajudar com as caixas já tinha ido embora. Na saída arrancou do muro a placa de madeira velha e gasta (que nunca trocamos) com o nome da casa e a trouxe consigo. Maison de La Palloterie. Que doravante se chamará “Saint Honoré” (argh, se me permite) e não nos pertence mais.

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chave da casa, quando a recebemos em 2004

Muito obrigada, Jersey. Por tudo. Por me acolher, me ajudar a adaptar, me ensinar a ser daqui. Pela beleza, as vacas, a comida, os poucos mas queridos amigos que fiz, o sótão rosa, os natais e aniversários, os muitos pubs visitados, as manhãs de domingo ao som do vento nas árvores e do sino da igreja, as longas caminhadas de inverno onde nos conhecemos aos poucos através dos seus atalhos, pelo silêncio, pela Maluca e por seis anos maravilhosos com o meu melhor amigo.

Goodbye and thank you. We’re missing you already, and hope to see you again someday. ♥

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