Por essa pint e essa garrafa de cidra de pêra, oito libras e 20 centavinhos. Ouch. Eis o preço de beber na cidade. E a minha cidra “orgânica” era ácida demais, nem um pouco doce. Já provei a tradicional, de maçã, feita numa fazenda em Jersey pelo método antigo de prensa de madeira e não consegui descrever o sabor – é como um tapão na cara, só que bom. O aspecto da bebida no copo pode ser comparado a xixi que ficou esquecido no penico por vários dias. O cheiro, por sorte, é bastante diferente.
Mas cidra de pêra eu só espero que seja mais ou menos doce e gelada. Por isso tentarei me manter fiel às minhas marcas preferidas. Quanto à orgânica… Bem, minhas credenciais ecológicas nunca foram das melhores, mesmo. :)
Camden ainda é, apesar dos turistas, dos adolescentes espaçosos e da invasão dos chineses, um dos lugares mais, erm, “interessantes” para se comprar cacarecos na cidade. Fiquei chateada ao perceber que fecharam a filial da Artbox – mas enfim, sempre existe a internet. :)
Certa vez uma amiga se recusou a me acompanhar dizendo que “não ia a Camden porque não era uma gótica de 13 anos”. Ou seja, a pessoa claramente não passou da área dos camelôs, não curtiu o que viu, deu meia volta e entrou de novo no metrô.
Bastava se enfiar pelas vielas e porões do Stables Market e do Camden Lock para encontrar antiques, roupas vintage, lojas de segunda mão, um indiano carpinteiro que faz molduras lindas pelo preço de um prato de curry, a vovó que vende vidros de perfume antigos, o rapazinho que vende malas lindas dos anos 40, 50, e 60, o stand de revistas usadas (comprei uma Vogue de 1967), a “praça de alimentação” onde você pode comer gororoba de qualquer lugar do planeta servida numa marmita por 4 libras (rodeada por pombos engordurados querendo roubar um pedaço de frango), lojas de sapatos alternativos, as lojinhas de hippies vendendo incenso, tapetes e almofadas coloridas, os salões de beleza onde mini peixinhos comem as peles mortas dos seus pés, a ala dos góticos, a ala das lolitas japonesas, a ala dos mudernos eletrônicos, as lojas chinesas vendendo essas roupinhas rendadas que estão por TODA a parte, as lojas chinesas vendendo por 30 libras (or best offer…) réplicas das bolsas de mil libras que a gente encontra na Selfridges, lojas de móveis usados, lojas de móveis hype, restaurantes e cafés servindo comida do mundo inteiro, descansar de tudo isso tomando uma pint e observando os barquinhos no canal.
Mas a verdade é que eu sempre serei uma pseudo gótica de 13 anos, e talvez por isso o lugar ainda exerça um certo grau de fascinação sobre mim.
Praticamente todas as lojas traziam cartazes imensos e deseducados na porta: NO PHOTOS. Juro que não entendo, acho deselegante e me faz perder a vontade de entrar e comprar qualquer coisa.
Só não sei até quando exatamente essa fascinação vai durar, dadas as atuais circunstâncias – sim, é isso mesmo, vou começar a reclamar. Percebi que vários brechós, por exemplo, foram substituídos por lojas de tralhas made in China. O problema é que todas essas lojas vendem praticamente a mesma coisa (no caso de Camden, roupinhas rendadas em estilo mori girl e bolsas de grife falsificadas) e o mercado todo vai acabar se descaracterizando e perdendo muito em qualidade/originalidade.
Para quem quiser passear mais por Camden, um vídeo bacana. :)