Fete Paris

Há tempos eu estava de olho nesses blushes da coleção Fete Paris da Bourjois. É claro que a principal atração para mim eram as embalagens – ilustradas com pontos turísticos de Paris pela designer Juliette Buré. Já faz tempo, mas só semana passada eu consegui pôr a mão nesses potinhos.

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Há outras cores/ilustrações (aqui você vê todas).

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É inegável a fofura das embalagens (apesar de serem de plástico), pequenas o bastante para caber na bolsa e completas com um blush aplicador + espelhinho.

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A casinha de tijolos vermelhos nos fundos de um condomínio ao norte da cidade não foi amor à primeira vista. Eu fiz fotos de celular, usei meus passos para medir os cômodos, me certifiquei de que mais da metade dos nossos móveis jamais caberia ali e fui embora.

Não foi amor à segunda vista, tampouco. Passei semanas olhando as fotos e tentando me acostumar aos cômodos pequenos e escuros, ao carpete vagabundo, aos materiais de má qualidade. Tentando mobiliar mentalmente cada quarto com os poucos móveis que iríamos levar e falhando em conseguir um resultado agradável. Como consolo, a noção de que aquela era uma casa de aluguel, temporária, e que não precisava ser perfeita. Como ele mesmo havia dito “it’s a place”. Um lar é mais do que apenas um lugar, e o que tínhamos era apenas o lugar.

A rua é longa, arborizada e a casinha fica no final dela. Número 13, que eu não lembro mais se representa sorte ou azar.

Se essa casa fosse minha, eu trocaria todas as portas e janelas de madeira escura por outras branquinhas. Porque elas deixam o ambiente mais leve e alegre. Porque elas complementam melhor os tijolos vermelhos. Porque elas aumentam a sensação de espaço. Porque eu preferiria assim

Nenhum dos móveis por enquanto é nosso. Exceto a roupa de cama florida, que veio da filial da iKea logo ali pertinho. Aos poucos vai-se deixando marcas pela casa e espaços se transformam, ganham identidade e alguma alma.

O jardim em formato de “L” que quase nunca vê a luz do sol deverá ganhar flores, mas não poderei plantar árvores. Tudo em nome da não-permanência. Plantas, somente as que couberem em vasos. Mas cor é necessária (essa cerca de madeira não parece extremamente triste sem ela?), então os meus gerânios de Jersey deverão cruzar o canal da Mancha. :)

No último dia em que passei na casa que vai abrigar o começo de mais uma grande mudança, enchi a banheira. Abri a janela e fiquei lá dentro, a água quente como um abraço assegurando que tudo ia ficar bem. Os pássaros cantavam sua melodia de boas vindas e os esquilos vinham espiar o banheiro através da janela aberta. Um deles ameaçou entrar, mas logo desistiu e correu para o topo da árvore onde morava. Para casa, que é para onde corremos quando buscamos segurança e onde podemos relaxar e guardar as máscaras no fundo de uma gaveta.

É apenas um lugar. Mas, pelo tempo que for necessário, preciso aprender a torná-lo meu.

Temos telefone, temos internet, temos endereço.
London, here we go. :)

p.s: foto do início do post: vista do Smithfield Market em Londres através da janela do Il Boteglio.

Organizando.

Organizei todos os meus papéis nesse armário de metal da Ikea.

Divididos por assunto para facilitar, dentro de sacos plásticos seláveis.

Mas não tenho feito muita coisa nesse sentido por conta da mudança. Tenho tanta coisa para organizar e guardar e me falta coragem de tirar tudo de caixas e espalhar à minha volta para me divertir em meio à bagunça. Odeio indefinições e essa sensação de estar no limbo.

Dos males o menor

Ontem à noite eu estava percorrendo as ruas do bairro onde passei a infância no Street View do Google (uma das melhores invenções da humanidade, logo depois da eletricidade, Coca Cola e penicilina, nessa ordem). E eu queria descrever pequenas coisas em detalhes, como o fato de que a casa em que nasci continua sendo verde, só que em outro tom, que a padaria da esquina virou uma drogaria vendendo cremes de cabelo barato ao invés do melhor bolo de fubá do mundo e sequilhos ruins, que o banco de praça onde sentei com meu melhor amigo e despejei sobre ele cinco anos de sofrimento e self loathing não existe mais porque a praça não existe mais, que a moça solteira e feia que dava aulas de violino eu não sei se ainda existe porém a placa com o telefone dela ainda está no mesmo muro, que o nosso bar preferido continua no lugar e aberto e na calçada em frente o mesmo buraco no cimento que nos proporcionou quedas e risos hoje certamente tomba outros bêbados e que eu não consegui achar a casa onde o F. morava porque o Street View não incluiu a rua dele e eu fiquei tentando fazer com que o bonequinho amarelo subisse a ladeira em vão.

Mas eu não vou dizer nada porque meia hora depois o esforço de acompanhar as imagens danificou meus olhos, eu fiquei vendo escotomas cintilantes pelo resto da noite e fui dormir assustada achando que ia acordar cega. Acordei com dor de cabeça.