Mês passado enquanto eu examinava o estoque da Crabtree & Evelyn em Covent Garden, meu nariz esbarrou casualmente nesse vidrinho aí embaixo. Regra geral, meu olfato é bastante seletivo, fiel à meia dúzia de perfumes que uso desde sempre (apesar de ter seus ocasionais surtos de galinhagem e experimentar novidades). Mas nesse caso foi impossível controlar: paixão à primeira vista (cheirada?).



A história do perfume, segundo o site, é deveras bonitinha: eles teriam pedido a um botânico especializado em rosas para desenvolver uma flor “de beleza e aroma singulares” para se tornar a fragrância principal da marca. OITO anos e 30.000 plantinhas depois, surgia a Evelyn. Apesar de floral, o perfume não tem nada de “cheiro de avó”, é moderno e tem uma fixação ótima.
O único ponto contra fica sendo o frasco, meio sem graça como todos os da marca. Mas esse porém se torna mínimo quando se leva em conta a qualidade e o preço: paguei 30 libras – cerca de 90 reais – por 50ml de Eau de Parfum (sim, parfum). E eu já aprendi que, modo geral, quanto mais bonito o invólucro, mais sem graça, ou até mesmo ruim, o conteúdo. O mercado está cheio de perfumes em frascos que são verdadeira obras de arte mas que cheiram a desinfetante.
Saí pelas ruas sacolejando a bolsinha prateada da loja e me achando a típica patricinha de Kensington, sentada num café em Covent Garden, curtindo um latte macchiato pós-shopping (infelizmente o acompanhamento era aquele cupcake-angu horroroso… Nada é perfeito). No final da tarde encontrei o Respectivo para jantar, mas antes passamos na Floris para comprar o pós-barba que ele usa há mais de 20 anos. A Floris é a perfumaria mais antiga de Londres (desde 1730) e, na minha opinião, também um ponto turístico; toda a mobília é de época, assim como os enormes armários de apotecário com prateleiras de vidro curvo. Puro luxo vintage.
Na véspera chegamos tarde e a loja já tinha fechado. Naquele dia as luzes ainda estavam acesas, a loja cheia de gente, parte do balcão coberta de taças de rosé espumante e uma senhora muito chique e distinta veio nos recepcionar na entrada, oferecendo vinho e canapés. Olhamos um para a cara do outro. PENETRA feelings. Mas não precisávamos temer, foi pura sorte: eles estavam lançando perfume novo aquele dia, em edição limitada, e a festa era uma boca livre para os clientes (urrú).
Respectivo comprou o pós-barba enquanto a senhorinha fazia small talk e os garçons continuavam trazendo bandejas. Comecei a me sentir meio mal (oi, calça jeans, casaco de chuva e tênis com estampa de caveirinhas? LUXO), até porque tínhamos reserva num restaurante libanês. E ali estava eu, forrando o estômago e ficando bêbada antes da hora. Até que começou uma PALESTRA demonstrativa do tal novo produto; foi quando puxei o marido pelo colarinho “ok, já bebemo, já comemo, já compramo; bora vazar daquiiiii??”. No que ele responde: “Você quer o tal perfume novo? Tem cheiro de rosas!!”
OPS. Errr… Olhei pra minha sacolinha da Crabtree & Evelyn, pensei no meu *outro* perfume de rosas dentro dela e concluí que não precisava de mais um. Mas né? Levanta a mãozinha aí quem recusaria um vidro de perfume assim, edição limitada, caído do céu? Quem disse que a frase “já tenho perfumes demais” faz ALGUM sentido?? “Oh, hohohoh, generosidade sua, querido… YES.”
E foi assim que o Snow Rose veio parar no meu armário. E confirmo que ele é diferente, mas absolutamente TÃO BOM quanto o Evelyn. E o melhor: ganhei um creme para mãos de brinde, o Rosa Centifolia. E MAIS: como o total da compra (perfume + pós-barba) ultrapassou 50 libras, levei um vidro de gel de banho com cheirinho de frutas cítricas grátis.





Foi assim que eu adicionei ao meu pequeno arsenal de aromas dois perfumes florais, do tipo que eu nem costumava notar antes, ambos com cheiro de rosas, sem esperar, no mesmo dia e eles se tornaram absolutos favoritos.

Não preciso mais tomar banho até 2011.