The sock ultimatum.

Todo dia de manhã era a mesma coisa.
Respectivo tentando achar um par de meias, não encontrando o par de meias desejado e dando uma vociferadinha básica (que tem mais cara de frustração do que de irritação; eu já falei aqui o quanto Respectivo é ZEN? Se disse, repito). O diálogo é mais ou menos esse:

Lolla: mas a gaveta de meias está CHEIA de meias!
Respectivo: sim, mas são meias de inverno.
Lolla: são o quê?!
Respectivo: meias de inverno. veja, o material delas é mais grosso…
Lolla: quero nem saber. vim de um país onde meia é meia, sem diferenciação sazonal.
Respectivo: ahá, pois TENTE usar uma meia de inverno dessas no calor de 40 graus do Rio de Janeiro! ONDE estão minhas meias de verão??
Lolla: I HAVE NO IDEA. E aqui NUNCA faz 40 graus! pode ir usando suas meias de inverno/outono/primavera e me deixe dormir!

Aham. Hoje, vesti a fantasia de Boa Esposa e fui tentar elucidar o Curioso Caso das Meias de Verão Desaparecidas. Comecei por retirar todas as meias de inverno da gaveta porque, já que estamos no VERÃO, seria mais prático guardar as de lã grossa numa caixa no armário do que deixá-las ali, ocupando espaço e confundindo a rotina matinal do Respectivo. Retiradas todas as meias de inverno da gaveta, adivinhem o que eu achei embaixo delas?

Isso mesmo. As meias de verão. Dois meses de encheção de saco que poderiam ter sido evitados se alguém tivesse se dignado a procurar. E nem teria sido preciso uma exploração arqueológica – era só ter enfiado o braço um pouquinho mais pro fundo. Suspirei. Pus as meias de verão na caixa destinada às de inverno e me dirigi ao topo da escada. Lá embaixo, na sala, Respectivo batucava alegremente no teclado do seu computador (eu já falei aqui que ele está trabalhando EM CASA? Mais sobre isso em breve – se eu sobreviver). Assobiei, ele olhou pra cima e eu anunciei: “EI, não era você quem estava procurando pela coleção primavera/verão de meias da lojinha de 1,99? TOMA!”

Virei a caixa e aproximadamente 30 pares de meias (dobrados par a par cuidadosamente em forma de bolinhas) caíram na cabeça do folgado; um deles foi parar dentro da xícara de chá.

Ah, as alegrias da vida doméstica… Pure bliss. Vocês conseguem entender essas meninas de 19 anos (cronológicos ou mentais) que dizem que “casamento é uma coisa ultrapassada e eu nunca vou querer um marido, BLÁ BLÁ BLÁ”? Eu não consigo – apesar de já ter tido 19 anos e dito exatamente a mesma coisa. Existe algo melhor do que ter alguém sempre a postos para que possamos torturar??

Se existir, não me contem. Quero manter a ilusão de que minha vida é fan-tás-ti-ca e que fazer guerra de bolinha de meia às nove da manhã vestindo pijamas é a melhor coisa que já inventaram depois de purê de batata instantâneo.

Family Affairs

Então, amanhã minha prima Andreia (ex-prostituta e atualmente evangélica semi-praticante e dona de sacolão) se casa na igreja. Véu, grinalda e recepção para 300 (!) convidados. Eu não acredito que vou perder esse acontecimento social digno de figurar na coluna do Ibrahim. A bichinha é empreendedora e merece admiração; sem contar o bolo que foi feito pela minha mãe e a batida de maracujá + torta salgada da minha tia. Acho que vou ali nadar até o Rio de Janeiro.

O noivo, Leonardo, é uma figura. Lembro dos churrascos inesquecíveis que ele costumava promover em sua casa nos confins do bairro Independência, terceiro distrito do município de Duque de Caxias. Carne de primeira, cerveja geladíssima, muito funk carioca e A NATA da sociedade de Independence comparecendo. Se você nunca dançou o “Rap do Sapinho” calçando havaianas num quintal de terra batida com um copo de Itaipava na mão, então você não viveu, meu amigo.

Falando no copo, lembrei de uma historinha pitoresca. A prima Andréia, num período de transição entre o job no puteiro e o ramo de hortifruti, trabalhou em “casa de família” (um eufemismo desnecessário pra doméstica) onde cuidava de uma velhinha esclerosada cuja filha mais velha passava metade do ano nos Estados Unidos. Então, na maior parte do tempo, eram só a Andréia + a velha louca + o gato no apartamento de três quartos na Tijuca. Quer dizer, isso até a velha ter posto o gato dentro da pia da cozinha e jogado uma chaleira de água fervendo em cima do bicho “porque a água estava fria demais para tomar banho” – mentalize, por favor, o estado mental da anciã. Minha prima, para matar o tempo e espantar o tédio, costumava dar a Elza em vários itens de uso pessoal da velha; já que era louca não daria por falta de nada. Como de fato não deu (e se desse e ameaçasse dar com a língua nos dentes, Andréia ameaçava contar para a filha a verdadeira razão por trás dos boletos no veterinário).

Belo dia, geral curtindo um churrascão patrocinado pelo noivo da prima, eu sentada no quintal em cima de um caixote de madeira, prato de linguicinha fatiada numa mão e copo de cerveja na outra, pintolixando alegremente. Daí entra o Leonardo (que tinha acabado de sair pra comprar mais cerveja) correndo portão adentro, sem cerveja, branco feito o vampiro de Twilight: “Ó ANDRÉIA, ESCONDEASCOISA QUE SANDRA TÁCHEGANAÍ!!”.

Sandra era a filha da velha esclerosada, que por acaso estava no Brasil. A velha (que até podia ser esclerosada, mas não era surda) ouviu Andréia combinando os preparativos do churras com o noivo pelo telefone e achou que seria divertido dizer à filha que a empregada lhe havia convidado para um rega-bofe em sua casa no sábado. ALL HELL BROKE LOOSE. De repente panelas, pratos, copos, almofadas, quadros, talheres, brincos e o que-mais começaram a ser removidos de suas posições iniciais e atirados às pressas dentro do armário. Meninos, eu vi: uma panela de arroz ser tirada do fogo e jogada atrás da televisão. Lençóis, fronhas, camisetas e calcinhas sendo arrancados do varal de roupas e enfiados dentro do forno. Me levantei inocente (até ali eu não sabia de nada) e fui perguntar quem era Sandra e o que estava acontecendo. Resposta? “Querida, ME DÁ AQUI ESSE PRATO, eu vou ali pegar outro pra você!”.

Sandra chegou e foi prontamente abraçada por uma Andréia suada e ofegante.

Sandra: Ué, Andréia, mamãe te deu essa saia minha?
Andréia: …

Expirado e ocupado.

Depois de passar horas tentando comprar uma passagem de avião pela inútil EasyJet (o nome ImpossibleJet faria bem mais sentido), desisto e resolvo descansar uns dez minutos porque de tanto segurar o fone na orelha eu já não estava mais sentindo o meu braço. Para matar o tempo sentada no sofá, começo a folhear as páginas do meu passaporte distraidamente até me dar conta do pequeno detalhe: o dito cujo tinha EXPIRADO. Em MAIO.

Eu aqui, numa boa igual à poupança Bamerindus, achando que passaporte tupiniquim era igual a passaporte ingrêis que só expira em dez anos. São CINCO, Braziu. Resumo bem resumidinho da ópera: MIFU. Agora, passaporte vencido, duas opções: correr e dar entrada no pedido de cidadania e passaporte (processo que pode levar até oito meses) ou correr e renovar o verdinho e ficar à mercê do consulado – que já está com todos os horários agendados até OUTUBRO.

O que significa que minha viagem para Tóquio dançou. Fuck my Life. Passeio, por enquanto, só pelo Reino Encantado, porque não preciso de passaporte para vôo doméstico. Bora ir encher o pote de cerveja na Irlanda e acordar com o nariz num bueiro cantando “Danny Boy”. Maaas enfim, podia ser pior. Eu podia ter conseguido comprar as passagens. Olha o prejuízo aí, minha gente. Me livrei; thanks, EasyJet, por não prestar.

E por falar em cerveja, algumas ilustras da festinha que se estendeu pelos domínios do La Calla, do Dog and Sausage e do fatídico The Lounge (que anda sempre TÃO vazio que me pergunto COMO eles conseguem pagar o aluguel do imóvel). No Dog and Sausage tive que aguentar um inglês bêbado me pedindo pra “dar uma sambadinha”, porque B1 havia lhe informado que éramos brasileiras. Minha contra-proposta: “só se você me fizer agora uma xícara de chá vestido de guarda do palácio de Buckingham”. Aí ele foi tentar imitar os guardinhas e caiu. STRIKE.


A cara das pessoas vai piorando gradativamente à medida que a noite vai deixando de ser uma criança. As poses também (prometi que não ia postar as piores).

E por falar em festa, buátchy e banheiro… Se há uma coisa que me irrita é ter que esperar anos numa fila de banheiro porque as moças não conseguem simplesmente fazer xixi. Precisam faxinar o banheiro sempre que vão utilizá-lo (não seria mais fácil comprar uma bolsa maior e carregar escovão e água sanitária?). Ok, a natureza resolveu que mulheres deveriam fazer xixi sentadas, mas se todas as mulheres de fato se SENTASSEM na privada ao invés de tentar fazer tiro ao alvo ou praticar kama sutra com o vaso sanitário, não haveria xixi respingado em volta. Fica-a-dica.

Quando há xixi respingado em volta (quase sempre), eu suspiro. E passo um pedaço de papel higiênico em volta e me sento. No fim das contas, por causa do ácido úrico, o xixi é um líquido estéril. Ninguém precisa nem quer se sentar numa poça de mijo, mas um eventual respingo não vai implantar nenhum alien no seu corpo, juro.

Outra coisa que não entendo: a necessidade de sempre carregar uma amiga para ir ao banheiro. Quantas vezes ofendi involuntariamente as minhas quando, na mesa com outras pessoas, elas me puxavam o braço e diziam “ain, vamo no banheiro?” e eu, sem entender o modus operandi da coisa: “não, tudo bem, eu não preciso agora”. A resposta costumava vir em forma de muxoxo e algo como “AI SUA GROSSA, PRA ME FAZER COMPANHIA!”, e eu não podia deixar de pensar se ela tinha medo da loira do banheiro ou se ia querer que eu entrasse no cubículo com ela, sentasse no seu colinho e fizesse cafuné enquanto ela completava a tarefa. Façam-me o favor, marmanjas.

A melhor coisa de se ir pra balada com uma amiga não é carregá-la pro banheiro com você; é pedir a ela que continue na mesa tomando conta da sua bolsa. Porque levar BOLSA pra banheiro feminino (onde muitas vezes não há nem papel higiênico, imagine lugar para “pendurar acessórios”) é que é a verdadeira roubada. Fica-a-dica-II.

The Garden shed.

Fim de semana movimentado: aniversário de amiga na sexta, zoológico no sábado e muito trabalho no domingo: terminada a montagem da summer house (confesso que foi preciso ajuda profissional), comecei a pintá-la. Essas fotos foram feitas na semana passada, quando ocorreu a fatídica queda do meu iPod dentro da lata de tinta… Não chorem, ele sobreviveu – e ontem terminei o exterior (que é azul). Faltam apenas alguns detalhes nas portas e janelas.

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Respectivo “inspecionando” a pintura. Eu mereço.

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Para que serve isso? Bem, as opções são várias; muita gente usa para guardar ferramentas de jardinagem e proteger as plantas mais sensíveis ao frio (e que não precisam de luz durante a hibernação) durante o inverno. Outros usam o espaço extra como estúdio ou escritório, quarto para as crianças brincarem ou simplesmente um cantinho do jardim onde relaxar. No meu caso, a summer house veio para resolver um problema. No lugar onde ela foi montada, havia uma estufa de plantas bem vagabunda e velha, toda quebrada. Como eu não sou assim tão apaixonada por jardinagem a ponto de consertá-la ou comprar outra para pôr no lugar, resolvi jogar fora.

Só que embaixo da estufa tinha uma placa de concreto para servir de base, já que o terreno do jardim é irregular. O trabalho que daria quebrar tudo para replantar grama e flores sairia mais caro do que comprar essa casinha e pôr em cima. De quebra, temos agora um motivo para visitar o fundo do jardim, onde a gente praticamente nem ia e que acabava ficando meio abandonado. Sem falar que esse tipo de anexo sempre valoriza o imóvel. Acho que resolvi o problema bem a meu modo: arrumando mais um lugar para pintar e decorar. Vou pôr uma pequena mesa junto à janela e uma estante para guardar coisas. E procurar em lojas de móveis usados por cadeiras interessantes que eu possa pintar, para pôr na varanda. E flores, é claro. Muitas flores.

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Sempre volto do zoológico ainda mais apaixonada por animais e com uma lista de bichos de estimação meio impossível: um aye-aye, um morcego frutívoro, um suricate bebê, um rato gigante pulador, um lêmur, um pato sibilante africano e um gorila. Dá pra ser?

E depois do zôo, o sábado terminou com torta de framboesa e chocolate branco:

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Scones com creme e geléia:

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Pudim de pão com sorvete de baunilha:

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Yum, yum. ♥

Do it Yourself.

E o que fazer com o resto das horas disponíveis no sábado de chuva? Renovar um abajur barato comprado na B&Q:

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Cortar o pano para as cortinas:

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Cobrir a mesa do PC com oilcloth (nunca mais manchas, nunca mais medo de derrubar café; Percival aprovou):

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Note que a cúpula do abajur é ainda um PROJETO, por isso está assim desengonçada.
Note também Dikkens sentadinho ali na mesa (porque ele gosta de ser notado, that’s all).

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Tirei todo o lixo da estante e agora ela vai guardar, principalmente, minhas revistas (até não caber mais; aí eu começarei a pirar e/ou jogar revistas fora. Ou a comprar estantes, o que é mais provável):

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E a cozinha finalmente começa a deixar de ser branca-suja pra ser amarelinha pastel. Acho que ficou legal com o azul do armário.

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Ufa, deu pra cansar. Ainda bem que essas tintas são todas à base de água e não estragam o esmalte (mulherzinha mode ON). Amanhã começo a pintar a summer house. :)