Blossom, baby, blossom.

Os bulbos que plantei em dezembro estão começando a desabrochar.
Eu gosto de flores de plástico; elas são práticas. Mas nada supera o prazer de ver algo que você plantou e nutriu se abrindo para a luz e para a vida.

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Aí embaixo bulbos de jacinto que comprei no garden center semana passada; mal posso esperar pelas cores.

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Replantei nessa cesta de madeira, forrada com plástico.
E incluí bulbos de crocus que já estavam desabrochando.

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Últimas horas.

OH HI peguei o melhor assento do avião, God Bless check-in online. Agora é só esperar que a British não mude tudo em cima da hora e me ferre. Acabo de ver que se trata de um 777. DE NOVO. É só porque agora o vôo é direto e não enche mais de “zécutivo” em São Paulo que só merecemos esse busão voador com duas turbinas? K,then.

Fui almoçar no posto de gasolina aqui em frente. Menu: frango frito, batata frita, arroz à piamontese e salada. E o que provavelmente terá sido a última garrafa de Original da minha vida. Presentes mamãe, papai, o Poderoso Chefão e a sósia loira de Kate Nash (aliás, queimei a cabeça da infeliz hoje tentando passar prancha alisadora). Ia sair pra beber depois com os dois últimos, mas achei mais prudente dedicar meus últimos momentos aqui no Senegal à minha genitora. Por menos que ela mereça.

E hoje a chuva fina e o vento frio dos dias anteriores não se repetiram; abriu o sol e eu não quero vê-lo piorar. Mas, de alguma forma, gostaria de ter mais tempo aqui, com as poucas pessoas com quem eu gostaria de passá-lo.

Lovefool.

Outro valentine’s longe do meu valentino; mas tudo bem porque para nenhum dos dois a data faz sentido. Na verdade acho tudo tão cafona e fake que ignorar o dia dos namorados faz qualquer casal subir automaticamente na minha estima e escala de valor humano. Jantares com comida meia boca em restaurantes decorados de balões em forma de coração. Cartões com poesia ruim. Comerciais de TV piegas celebrando o amor… pelo seu dinheiro. Gente que ainda acredita no “real sentido da data”. Ew.

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Hoje vi um dog preso a uma corrente. O bicho mal conseguia alcançar a tigela de alumínio no fundo da qual jazia meio gole de água quente. Vontade de localizar o responsável pelo martírio do bichinho e decapitá-lo.

A mulher vem aqui em casa conversar com minha mãe e pede a ela que leve a tevê pequena para o quarto. A tevê não pode ser usada porque o controle remoto foi levado pelos gnomos. A mãe adentra a sala perguntando se eu, que jamais ligo aquela tevê, sei onde ele se encontra. Mas é claro que não sei. A mãe lança um olhar cobiçoso para a tevê grande da sala (onde eu me encontro, não assistindo televisão). Eu sei que ela vai me pedir para sentar na sala com a mulher, e é um pedido bastante razoável, uma vez que a sala é dela. Mas aí a pergunta não cala: “mãe, ela veio conversar com você ou ver tevê?”. Olho para a mãe, mas projeto a voz para o quarto ao lado. Espero que a mulher tenha ouvido. Ser premeditadamente grossa é um dos poucos prazeres da minha vida.

Tive que comprar outra mala. Comprei só quatro peças de roupa neste país e consegui encher outra mala com 24kg – não “pergunte-me como”. 100 reais na Gripon, aquela loja horrível que só vende trapos, frequentada por quem obviamente prefere economizar na vestimenta do que na cerveja. Cada um com as suas prioridades.

A mocinha colando a fita adesiva com o nome da loja em cima da minha sacola e eu gritando por dentro PLEASE DON’T DO THAT. Não quero sair por aí carregando uma sacola amarelo-ovo maior do que eu anunciando aos quatro ventos que eu sou o tipo de pessoa que faz compras na G-R-I-P-O-N. Andei da loja até o ponto de ônibus em frente ao armazém do Prezunic. Passei por dentro do corredor do “shopping” do mercado, antes. E lembrei de mim mesma, bem pequena, quando o supermercado era novo em folha e ainda se chamava Rainha – antes de mudar de nome umas 300 vezes – saracoteando por entre os corredores, enchendo o carrinho de coisas, transportando as bolsas para o porta malas do carro. Bolinho Ana Maria. Sucrilhos. Keep Cooler no natal. Cadernos e canetas na seção de papelaria. Shampoo e creme de cabelo. Ingredientes para fazer bolo. Life was so much easier. Entrei no ônibus Bela Vista-Beira Mar, passei com dificuldade pela roleta (mala na bolsa com fita da Gripon) e fiquei triste pensando que viver jamais voltará a me encantar como na infância.

Too many humans.

Ontem eu achei que fosse uma barata se embaralhando entre os dedos do meu pé, e estava errada. Infelizmente o ato reflexo foi mais rápido que a percepção racional, e no susto soquei a tela do laptop. Ele sobreviveu, mas quebrei uma unha na base. Dói e vai doer por uns bons dias.

O calor chegou àquele nível onde eu me sinto mal e sufocada o tempo todo. O tempo TODO.
Enquanto isso, neva em Jersey. Neva em LONDRES. 30cm de neve em Londres. Isso beira o inacreditável.

Em duas semanas, tudo acaba. E eu volto.

Na sala, mãe, pai e tia. Que acreditam piamente que eu esteja interessada na conversa.
Há gente demais nessa casa, vozes demais, pessoas que não param de falar. Há uma conversa aborrecida e inútil no background desse post. Velhos são obcecados por morte e tragédias e falam disso com entusiasmo o tempo inteiro. Não partilho. Não suporto.

A vida já é triste demais sem focar no pior dela.