And the JeriMoon is born.

Nunca pensei que fazer um Jack O’lantern fosse tão divertido.

O Halloween não bomba muito na Inglaterra. A tradição foi importada pelos yankees, que colocaram pilha alcalina na brincadeira e tentaram revender pelo dobro do preço pros ingleses – que decidiram não comprar. Não vi nenhuma criancinha vestida de monstro e poucas casas tinham decoração típica. Mas é claro que sempre há quem queira lucrar com a inocência consumista das criancinhas britânicas, e enfeite o quintal para vender umas abóboras superfaturadas.

Making of e resultados:

Daqui a 20 dias mudança para a casa nova, e eu que gosto de empacotar e organizar coisas estou animada.

Dentro de cinco semanas Rio de Janeiro, amassar minha gata, fofocar com a minha mãe, abraçar o meu pai, fugir de alguns amigos-entre-aspas e organizar a papelada.

Temporary life.

Excesso de otimismo = ingenuidade.
Algumas pessoas até podem se sentir bem ignorando que o mundo é como uma maçã; por mais bonito que seja, é preciso remover as ocasionais partes podres, porque a) uma vez podres, elas não voltam a ficar boas e b) se as deixarmos ficar, elas aceleram o apodrecimento de todo o resto.

Tem quem prefira colocar a maçã na geladeira, eu prefiro pegar a faca na gaveta. Práticas diferentes, e eu prefiro o meu resultado. Mas respeito que não se incomode em provar o amargo das partes escurecidas da fruta.

A previsão do tempo para o final de semana indicava chuva, mas tivemos dois dias de sol. Bom, o sol estava lá no céu, mas calor que é bom nada. No sábado fomos à cidade e compramos um monte de DVDs e CDs (entre eles Donnie Darko e Laranja Mecânica).

Ontem me deu um piripaque emocional. Comecei a achar tudo à minha volta um tédio. O fato de ser domingo à noite não ajudou, aliás, domingos à noite não deveriam existir. A raça humana deveria entrar em coma induzido todos os domingos depois do almoço em família e acordar na segunda de manhã. Era cedo demais para dormir, tarde demais para sair para dar um passeio, e ele no andar de baixo feliz da vida vendo programa de automobilismo e lendo revistas de automobilismo.

Como sempre tenho o antídoto para os meus próprios males, diagnostiquei meu problema. Essa é uma casa provisória, estou vivendo uma situação provisória em todos os sentidos da palavra e, como sou ansiosa, isso me estressa. Preciso das minhas coisas, preciso refazer meu environment. Preciso do meu material pra desenhar e costurar. Preciso de toda a parafernália que não me deixa sentir tédio por um só momento. Sem isso vou ficar andando pelos cômodos e batendo com a cabeça na parede.

Na saída de carro para a cidade, reparamos na enorme quantidade de cogumelos que crescia no jardim. Na volta, resolvemos fotografá-los, uma vez que esses toadstools apodrecem e murcham com a mesma velocidade com que aparecem.

Pets are love.

Anteontem o jantar foi de chef. Trutas na manteiga, couve-flor gratinada com queijo cheddar e abóbora assada no óleo. Tudo muito fresquinho e gostoso. Ele não faz compras mensais. Quase todos os dias na hora do almoço ou no fim do expediente vai ao mercado e compra os ingredientes do que pretende preparar no mercadinho do seu amigo J. Com o qual, aliás, travei um curto porém interessante diálogo quando estive lá sábado passado. Ele tinha ido ao banheiro e me largou sozinha com o J., no meio de pepinos, chuchus e batatas.

J: Ele não está dando nos seus nervos?
Eu (meio sem entender): Não…
J: Ele está muito feliz.

E ontem levamos as cadelinhas do R. para um passeio:

La Palloterie + Elizabeth Castle

Impossível conseguir ficar brava com um cara que engraxa seus sapatos e faz sopinha de legumes para você quando está resfriada. Me demito sumariamente do posto de cozinheira da casa, depois dessa – se bem que, na verdade, nunca sequer me candidatei à vaga…

Fui conhecer a casa. Ele já havia estado ali outras vezes, mas para mim foi a estréia dos meus pés naquela rua, naquele quintal, naquele jardim. Sensação de “o resto da minha vida começa depois da soleira desta porta”. Passeei pelo jardim, imaginando futuras tardes colhendo maçãs, pêras e figos e o sol que vai se pôr todas as tardes nos fundos da casa e que nascerá todas as manhãs pela janela do quarto.

A casa é super antiga está meio depauperada porque há pelo menos 50 anos não vê uma obra. Vai precisar de muita manutenção; muito trabalho pela frente.

No domingo fomos ao Elizabeth Castle, na baía de St. Aubin. É uma das fortalezas construídas na ilha, há mais de 400 anos. Fica no meio do mar; para chegar lá é preciso esperar a maré baixar e então caminhar por uma estradinha de um quilômetro. Quando a maré está alta a estrada fica submersa, mas o castelo ainda pode ser acessado através de um veículo muito engraçado chamado “Duck” (na verdade um anfíbio adaptado). Dentro do castelo há um museu contando em detalhes a sua história, além de um café com toda uma variedade de delícias.

Por falar em comida, na segunda eu comi Fish and Chips. Tradicionalmente entregue embrulhado em papel jornal. É só abrir e adicionar catchup à gosto.

I do like mondays.

A casa está uma bagunça; passamos o fim de semana todo na rua ou cozinhando (chilli con carne, yay), e tem uma pilha de louça do tamanho do Big Ben me esperando na pia. Sem falar nas montanhas de jornal espalhadas pelos cantos, mas enfim.

No sábado fomos tomar café da manhã no Driftwood em Archirondel e depois passear em St Catherine’s Woods. Jersey tem ambientes para todos os gostos; praias de areia, praias de pedrinhas, montanha, florestas, lagos, countryside, cidade, colinas, dunas, sítios arqueológicos, bunkers da época da ocupação nazista… Chego a duvidar que se trata de uma ilha.

Nossa caminhada em Saint Catherine’s (que fica perto de onde vamos morar) durou uma hora e meia, e contou com a companhia do Richard – e também de Ruby e Moly, suas respectivas cadelas.

Na volta fomos para o Les Fontaines, o pub aqui da rua, porque eu queria comer frango com molho curry. Podia ter sido feita em casa, mas no pub é mais divertido… Peguei leve na cerveja porque ainda lembro do meu animado diálogo com a privada na semana passada.

Hoje tem visita à Maison de La Palloterie. Futuro lar. Já conheço a casa por fotos, já passei algumas vezes em frente, mas hoje devo ir até lá pela primeira vez.

Autumn Skies

Fui passear em Sorel, aqui perto da casa. O céu estava algo, digamos assim, “infotográfavel” de tão bonito. Ventava muito mas a noite estava clara, e podíamos ver ao longe as outras três ilhas do canal (Guernsey, Alderney e Sark) e o litoral da França.

Fomos a outro supermercado, chamado Morrissons, e lá achei uma infinidade de queijinhos, frios, carninhas interessantes, além de um monte de sabores incomuns de refrigerante diet (o que você acha de refrigerante de BANANA? Depois que passei a comer feijão doce e arenque defumado no café da manhã não estranho mais nada). São baratinhos, têm zero calorias e a cor do sabor framboesa é um pink fofo:

Image



Minha low carb está salva, mas eu me permiti sair da linha nos finais de semana. Ontem à noite fomos a um italiano no centro e comi batata frita como se nunca tivesse visto. O dono do restaurante é um velhinho chamado Bruno, a simpatia em pessoa. Parabenizou pela “bonita namorada brasileira”, me deu pizza e fez piadas em inglês macarrônico. Obviamente, eu bebi… Vinho, Kir Royal e duas tacinhas de Limoncelo.

Essas imagens são da lateral da casa e do terreno que fica ao lado.

We’re here.

Esse post devia ter sido feito ontem, mas eu me tranquei do lado de fora da casa por cinco horas. Quase morri no avião, bebi vinho e cerveja e passei mal com vontade de vomitar, enjoada e com a flora estomacal em chamas por causa de uma interação inesperada do álcool com os remédios que eu tinha tomado. Pra melhorar, meu vôo atrasou duaa horas porque a aeronave estava com uns probleminhas (cue eu me cagando de medo) e o vôo foi cheio de turbulências… Parte boa: passar pela imigração foi ainda mais fácil que da primeira vez.

Funcionária Indiana: do you have a job?
Eu: no…
Funcionária Indiana: are you a student?
Eu: hm… ahn… yes. (L-I-A-R)
Funcionária Indiana: how long will you stay here?
Eu: two months
Funcionária Indiana: where are you gonna stay?
Eu: Jersey…
Funcionária Indiana: Ok.

E pronto. Carimbou meu passaporte e me mandou passar. Nem tive que mostrar os documentos extras. Deve ser porque ela viu que eu já havia estado lá antes e saído no prazo.

Desembarquei mal humorada. Por causa da dor, do atraso e do vôo infernal e, injusta como sou, já disposta a soltar os cachorros em quem nada tinha a ver com isso; felizmente todo o mau humor passou com um abraço. ♥ Tomei um banho rápido no hotel do aeroporto, vomitei no banheiro enquanto ele combinava a saída por telefone com a recepção e me senti novinha em folha, haha. 50 minutos depois estávamos em Gatwick, outro aeroporto e outro vôo, agora para Jersey. Finally, at “home”. Na mesma noite demos uma passada rápida em frente à casa onde vamos morar; é linda, apesar de aparentar ser maior do que as nossas necessidades. O jardim no entanto é uma graça e parece ser de fácil manutenção. Em breve ele vai agendar com os atuais moradores uma visita.

Também fomos comprar comida, porque ele estava há cinco dias longe de casa e a geladeira estava fazendo eco. E foi quando me dei conta de que vou ter que me adaptar para fazer dieta low carb aqui. Nem adoçante líquido eu achei.

Hoje o dia amanheceu ensolarado, apesar do frio. Estamos no Outono, a vegetação em várias matizes de amarelo, dourado, marrom, laranja e vermelho. Devo me armar de alguma coragem, muitos casacos e ir dar uma voltinha. Vai demorar até cair a ficha de que aqui é mais fácil eu ser atropelada por um navio voador comandado por um unicórnio do que ser assaltada.

Não achei guaraná diet, requeijão e iogurte natural sem sabor. E ele preocupado, revirando as prateleiras atrás do que eu queria. Sinceramente, eu achava que caras assim não existiam. Porque é facil ser legal com a namorada quando ela está sendo legal. Difícil é conseguir não se irritar quando ela está um pé no saco, reclamando e fazendo exigências. Eu não quero ser um problema, mas também preciso de soluções (lá vou eu pra internet pesquisar opções). Foi quando em casa ele me disse que existe sim prazer em se fazer coisas para aqueles que amamos, ainda que impliquem em sacrifícios, desde que haja reconhecimento. E grata eu sei ser, sim. Aí tudo ficou bem e nós ficamos ouvindo Led Zeppelin e comendo queijo gouda. :)

Agora vou tomar meu english breakfast (que não vai ser full porque não posso comer os feijões e nem a torrada) e tentar descobrir como funciona a minha new little camera.
Happy happy girl, here.