Morrissey!

why did you stick me in self-deprecating bones and skin, Jesus?
do you hate me?

Pronto, cheguei. Na verdade cheguei na segunda feira, mas a preguiça e o cansaço nem me deixaram chegar perto desse teclado.

No sábado de manhã quando saímos de Jersey o aeroporto estava lotado. Uma hora depois estávamos em Manchester. O clima na cidade estava pavoroso (frio e vento mais frio ainda), mas enfim, eu estava em Manchester. À tarde fomos ao Imperial War Museum, que eu achei bem interessante (tem sessões de slides, fotos perturbadoras acompanhadas de depoimentos emocionados e emocionantes). No meio do caminho uma pequena tempestade e tivemos que passar uns minutos debaixo da marquise de um pub – que estava fechado, infelizmente.

À noite fomos ao cinema (Shrek 2…) que eu achei legalzinho. Comi um balde de pipoca tão grande que pensei em levar pra casa e usar como banheira. E o refrigerante? Pedi “large” achando que viria um copo de 500ml e tive que beber um litro e meio de coca cola! As porções aqui são absurdas. De volta ao hotel eu consegui ainda beber quase 2 litros de cerveja no hall enquanto via uma galera enorme chegar do show dos Pixies.

No dia seguinte fomos ao shopping da cidade. A área onde ficamos hospedados parece ter sido reformada recentemente porque todas as construcões eram bem novas. O shopping é legal, lojas de brinquedos, papelaria e um pequeno telão onde eram exibidos trailers de filmes indianos. Voltamos para o hotel porque ele queria assistir a corrida de F1 em Silverstone e depois fomos andando até o Old Trafford Cricket Ground, para o show do Moz.

Acho que o público do Morrissey mudou muito; olhando para aquelas pessoas de cabelo verde, tattoos e roupas da hot topic eu lembrei dos fãs que eu via nos velhos vídeos dos Smiths: meninos de óculos, topete, camiseta branca da banda e jaquetas jeans surradas. Tão jovens e tão lindos, puros, inocentes e tristes.

Antes do show que viemos assistir foi preciso aturar três bandas. Quer dizer, eu até gostei da primeira, tinha umas musiquinhas legais e o vocalista era gato… A segunda eu mal vi porque estávamos tentando comprar uma camiseta para mim, mas tanto as oficiais quanto as vendidas pelos camelôs não agradaram. Desistimos, comemos batata frita, bebemos cerveja e voltamos para o gramado, a tempo de descobrir que os New York Dolls estavam fazendo uma cover lastimável da Janis Joplin. Fomos ver um moleques jogando futebol e por lá ficamos ate que o NYD se dignaram a evacuar o palco. Dali pro show do Morrissey ainda levou um tempo, e eu congelando de frio.

Enfim, Stephen Patrick on stage. Entrou elegantíssimo, de blazer, e bem mais em forma do que estava no show do Rio. Abriu com piadinhas sarcásticas e uma das melhores músicas do You Are The Quarry, na minha opinião: You Have Forgiven Jesus e bati palminhas feito uma histérica quando ele deu uma risadinha irônica depois de: “I was a good boy, I wouldn’t do you no harm”. O set list foi meio esquisito mas incluiu umas boas canções dos Smiths, entre elas There’s a Light that never goes out, não por acaso uma das músicas da minha vida. Pulei tanto e pularam tanto em cima de mim nessa hora que agradeci por estar com ele bem ali atrás de mim, me segurando para que eu não caísse. Aliás, que companhia maravilhosa ele é. Paciente, sorria o tempo todo, e o fato de eu saber que ele não é especialmente fã do Morrissey só fez aumentar a grandeza do gesto e do bom humor com que ele aturou cotoveladas, pisadas, empurrões, cinco horas de espera e um babaca que jogou cinza de cigarro no casaco novinho dele.

Como sempre teve camisa sendo esfregada nas partes pudendas e depois jogada para o platéia. A única ressalva foi que não teve bis. A meu ver o show acabou cedo demais, quando eu poderia passar a noite inteira ali. Consegui uma camiseta do festival na saída, como souvenir. E de volta ao hotel, sonhei que estava pulando ainda e de fato pulei a noite inteira, enquanto dormia (acordei umas três vezes, sobressaltada).

Amanhã voltamos pra Londres pro show do Simon & Garfunkel. ♥

Hoje é dia de Maria.

Hoje é dia da faxineira.
Eu devo ter problemas sérios. Porque desde ontem estou me sentindo mal ante a perspectiva da presença da criatura. É apenas uma moça portuguesa chamada Maria. Mas eu tenho medo de gente. Vou comer uma maçã verde e me enfiar debaixo da cama. Com alguma sorte, ela nem vai perceber que estou em casa.

Aliás, falando em jantar, ontem ele resolveu vestir aquelas roupas típicas escocesas, colocar um CD de músicas idem e me ensinar a dançar. Foi divertido dançar com um cara vestindo saias e com uma faca enfiada no meião, confesso. Mas meia hora pulando pela sala e meu órgãos vitais quase saíram pelos poros. Preciso voltar a me exercitar.

E ontem chegaram pelo correio essas gracinhas:

Ok, tentem não me odiar muito.