Eu não sei o que faço aqui.
E sei menos ainda o que vocês fazem aí.
Para mim tudo é meio estranho agora. Parece que estou presa dentro de uma garrafa de vidro em exposição e todos do lado de fora me observam. Mas não me sinto mal porque vejo que todos eles também estão dentro de garrafas. Alguns se dão conta disso, outros não.
Talvez os que não percebam sejam os mais felizes. Eles apontam dedos para os outros e rolam de rir. Só que o fato de parecerem felizes não quer dizer que de fato estejam. Tomara que estejam. Se é para ser prisioneiro de uma garrafa de vidro e nem saber, é melhor que pelo menos a ignorância os deixe felizes.
Os que percebem não riem. Sofrem, mas há um paliativo: sabem que está em seu poder quebrar o vidro, sair das garrafas e respirar.
Mas que porcaria de vidro DURO, esse.


